sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

“esverdear” a economia...


Economia verde busca avanço na Rio₊20

Meta é diminuir impacto de produção e locomoção: agricultura, transportes, energia, lixo, indústria e água são estratégicos

26 de janeiro de 2012 | 16h 07


Karina Ninni
Um dos temas eleitos pela ONU para a Rio+20 é a economia verde, conceito que designa um modelo de desenvolvimento baseado em baixa queima de carbono, eficiência no uso dos recursos e inclusão social. Grosso modo, a ideia é “esverdear” a economia, estudando soluções de investimento nos setores verdes - e em outros originalmente não tão amigos do ambiente.
Plantadeira deita sementes sobre a palha: método é a aposta da agricultura brasileira - Epitacio Pessoa/AE
Epitacio Pessoa/AE
Plantadeira deita sementes sobre a palha: método é a aposta da agricultura brasileira
O desafio parece imenso - e é. O tema é abordado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) desde 2008, quando foi lançada a Iniciativa pela Economia Verde. Em 2011, o Pnuma lançou o relatório A caminho da Economia Verde. Diante da complexidade do tema, a abordagem foi dividida em duas grandes áreas: capital natural (que inclui agricultura, pesca, água e florestas) e energia e eficiência no uso de recursos (energias renováveis, indústria, construções, transporte, turismo e cidades).
“Seja pelo crescimento das energias renováveis na Alemanha, na China ou na Índia, pela propagação acelerada da agricultura orgânica e sustentável em Uganda e Argentina ou pelas políticas de transporte sustentáveis de cidades como Curitiba, há muitos exemplos sinalizando que a transição está em andamento”, diz o porta-voz do Pnuma, Nick Nuttall. Para ele, a Rio+20 é uma oportunidade de dar escala e acelerar a incorporação dessas transições.
Agropecuária. No Brasil, que vem se destacando na produção de alimentos - somos o maior exportador de carne do mundo e o cultivo de grãos cresce em média 4% ao ano -, o setor agrícola merece atenção. “Trata-se de inverter o olhar e transformar uma agenda negativa, de custos adicionais, em oportunidades de negócio. Especialmente pela capacidade que temos de produzir sem degradar e sem comprometer o futuro”, diz o agrônomo e chefe da Embrapa Meio Ambiente, Celso Vainer Manzatto.
A aposta da agricultura brasileira é nos sistemas integrados de produção (agrossilvopastoris), na minimização de danos e emissões de gases-estufa pela incorporação de práticas como plantio direto (sem revolver o solo ou fazer queimadas), na recuperação de áreas degradadas e na redução do uso de insumos tradicionais e aumento do uso de insumos biológicos (como o rizóbio, bactéria que capta o nitrogênio do ar e o fixa no solo).
Para reduzir as emissões dos gases carbônico, metano e do óxido nitroso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou há dois anos o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). “O ABC incentiva práticas que a agricultura brasileira tem há décadas. Mas exige reciclagem das equipes técnicas e dos produtores rurais. E também um tempo para que a aprendizagem do novo sistema seja internalizada”, afirma Derly Dossa, chefe da assessoria de gestão estratégica do Mapa. Ele afirma que o Brasil tem hoje 27 milhões de hectares cultivados no sistema de plantio direto. “A meta é melhorar e aumentar mais 8 milhões de hectares em dez anos.”
Manzatto, da Embrapa, lembra que a participação da agricultura nas emissões é grande. “Das metas de redução voluntárias do Brasil, da ordem de 36%, 29% têm de ser reduzidas na agricultura”, diz. Dossa afirma que a meta do ABC é abranger 30 milhões de hectares (o equivalente ao território da Itália) nos próximos dez anos, prioritariamente no Cerrado. “Mas Paraná e Rio Grande do Sul estão se mexendo muito rapidamente, por conta do aumento do preço das terras e a degradação que já sofreram.”
Transportes. Outro tema que merece olhar atento são os transportes, que respondem por boa parte das emissões em países como os EUA e vêm aumentando sua participação nos países em desenvolvimento. A frota brasileira cresceu de menos de 10 milhões de veículos, em 1980, para quase 40 milhões em 2009. Levando-se em consideração apenas o CO2, foram emitidas 170 milhões de toneladas em 2009, 38% originadas de automóveis.
Desde 1986, o governo brasileiro mantém o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Os veículos são divididos em pesados, leves, motocicletas e máquinas agrícolas e rodoviárias. O programa regula monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e material particulado. “Uma fase do Proconve é sempre a combinação de uma data com um novo limite de emissão”, diz Rudolf Noronha, gerente de Qualidade do Ar do MMA. “Avançamos muito em tecnologia. Em 1985, um carro emitia o equivalente a 56 autos de hoje. O problema é a somatória das emissões”, afirma.
Há duas semanas, o Proconve entrou em sua sétima fase para veículos pesados, com a adoção do diesel S-50, que tem 50 partes por milhão de enxofre (atualmente ainda usamos, em muitos locais, um diesel com 1,8 mil ppm de enxofre).
Noronha chama a atenção para a emissão das motos. “Até pouco tempo atrás, uma moto emitia por quatro carros. Hoje uma moto equivale a um veículo leve. Mas é um equilíbrio que a gente mantém a muito custo”, revela.

Acessibilidade em edificações




Para garantir acesso de deficientes, prédios devem ter alternativas às escadas

http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas/9/artigo241101-1.asp 

Por Rodnei Corsini


Para um acesso universal, uma edificação com escadas fixas ou rolantes deve ter rampas ou elevadores como alternativa ou, então, uma plataforma elevatória. As escadas que levam em conta a acessibilidade já preveem algumas características - como corrimão, sinalização dos degraus etc. - que não bastam, evidentemente, para garantir o acesso de maneira autônoma e segura a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Confira quais são as diretrizes para esses mecanismos de acessibilidade.

Daniel Beneventi
Clique aqui para ver infográfico


1) Sinalização
As normas de acessibilidade destacam os cuidados com a sinalização. Deve haver sinais sonoros (nos elevadores) e táteis - Braille e piso tátil. Além disso, as escadas com plataforma e as suas alternativas devem ser indicadas com os seguintes sinais visuais:
 Rampa Elevador Escada rolante com degrau para cadeira de rodas Escada com plataforma móvel
2) Rampas
Todo piso com inclinação superior a 5% é considerado uma rampa. A inclinação (i) da rampa é obtida em um cálculo em que se multiplica a altura (h) por 100 e se divide esse resultado pelo comprimento (c) da projeção horizontal: i = (h × 100)/c. Para inclinação entre 6,25% e 8,33% devem ser previstas áreas planas, de descanso, a cada 50 m de percurso. A inclinação transversal máxima aceitável é de 2% e a largura mínima recomendável é de 1,5 m, sendo o mínimo admissível 1,2 m. As rampas devem ter, ainda, um corrimão duplo com altura de 0,92 m e 0,7 m, respectivamente.
3) Elevadores
Os elevadores devem ter cabine com dimensões mínimas de 1,1 m x 1,4 m. Devem exibir a identificação do pavimento em ambos os lados do batente, respeitando a altura entre 0,9 m e 1,10 m, visível a partir do interior da cabine e do acesso externo. É preciso, também, que tenham um espelho fixado na parede oposta à porta para permitir que o cadeirante veja a indicação do pavimento. Os botões devem estar entre 0,89 m e 1,35 m de altura do piso.
4) Plataformas elevatórias
As plataformas elevatórias podem ter percurso vertical ou inclinado. Para uso público, devem ter no mínimo 0,9 m x 1,4 m. A projeção do seu percurso deve ser sinalizada no piso. Os pavimentos atendidos pelas plataformas devem ter dispositivos de comunicação para solicitar auxílio. Como não é normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o equipamento deve atender as seguintes normas técnicas internacionais: ISO 9386-1/2000 (elevação vertical) e ISO 9386-2/2000 (elevação inclinada).
5) Plataforma vertical
Em edificações de uso público, essa plataforma pode ser usada para vencer desníveis de até 2 m. Se for usada um modelo enclausurado, pode-se usar para desníveis de até 9 m.
6) Plataforma inclinada
Deve ter parada programada nos patamares da escada ou, pelo menos, a cada 3,2 m de desnível. Caso ela obstrua a escada, deve-se usar um dispositivo basculante. Deve ser previsto, ainda, assento escamoteável para atender também pessoas com mobilidade reduzida.

Fontes: Normas ABNT NBR 9050 e NBR 13.994, livro "Mobilidade Acessível na Cidade de São Paulo" (Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida - 2005).

Sabão magnético pode limpar vazamentos de óleo



Inovação Tecnológica
http://www.ie.org.br/site/noticia.php?id_sessao=4&id_noticia=6407
Publicado em 24 de Janeiro de 2012
A capacidade do sabão magnético em responder ao magnetismo permite que uma ampla gama de suas propriedades seja alterada ligando ou desligando um campo magnético externoBrown et al
Cientistas criaram um sabão magnético. 

O sabão, feito com sais ricos em ferro dissolvidos em água, reage a um campo magnético externo quando colocado em uma solução. 

Essa propriedade em um sabão totalmente funcional, que lava de verdade, pode ser a solução para a limpeza de derramamentos de óleo, já que ele pode ser facilmente coletado após o uso, reduzindo o impacto ambiental. 

Os cientistas procuram há muito tempo uma maneira de controlar os sabões - ou surfactantes, como eles são conhecidos na indústria - para aumentar sua capacidade de dissolver óleo em água e depois removê-los. 

Agora a equipe do professor Julian Eastoe, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, achou a solução. 

Sabão magnético 

O grupo já havia trabalhado em sabões sensíveis à luz e ao dióxido de carbono, assim como a alterações no pH, na temperatura ou na pressão. 

Mas sua inovação mais marcante é a mais recente de todas, o primeiro sabão do mundo sensível a um campo magnético. 

O sabão magnético foi produzido através da dissolução de ferro em uma variedade de materiais inertes, compostos de íons cloreto e brometo, muito semelhantes aos encontrados nos amaciantes de roupa e nos enxaguantes bucais. 

A adição do ferro criou centros metálicos no interior das partículas de sabão. 

Surfactantes à base de líquidos iônicos, compostos principalmente de água com alguns complexos metálicos de transição, têm sido sugeridos como potencialmente controláveis por ímãs há algum tempo. 

Mas sempre se considerou que seus centros metálicos ficariam muito isolados dentro da solução, evitando as interações de longo alcance necessárias para que eles se tornassem magneticamente ativos. 

Aplicações dos sabões magnéticos 

As aplicações potenciais dos surfactantes magnéticos são enormes. 

Sua capacidade de responder ao magnetismo permite que uma ampla gama de suas propriedades seja alterada ligando ou desligando um campo magnético externo. 

Isso inclui a condutividade elétrica, o ponto de fusão, o tamanho e a forma dos agregados e até a rapidez com que ele se dissolve em água. 

Esses fatores são fundamentais para a aplicação de sabões em uma variedade de ambientes industriais. 

Suas propriedades magnéticas também tornam mais fácil sua captura e remoção, sugerindo novas aplicações em limpeza ambiental e no tratamento de água. 

Experimentos científicos que requerem um controle preciso de gotículas de líquido também podem ficar mais fáceis com a adição deste surfactante e de um campo magnético. 

Bibliografia: 

Magnetic Control over Liquid Surface Properties with Responsive Surfactants 
Paul Brown, Alexey Bushmelev, Craig P. Butts, Jing Cheng, Julian Eastoe, Isabelle Grillo, Richard K. Heenan, Annette M. Schmidt 
Angewandte Chemie International Edition 
20 JAN 2012 
Vol.: Article first published online 
DOI: 10.1002/anie.201108010 

Tóquio pode ter super terremoto nos próximos quatro anos


BBC
Publicado em 24 de Janeiro de 2012
Segundo cientistas, um terremoto de grandes proporções tem muito maior probabilidade de atingir a capital japonesa, Tóquio, nos próximos anos do que o governo tem anunciado. 

A equipe, da Universidade de Tóquio, afirma haver uma probabilidade de 75% de que um terremoto de magnitude 7 atinja a região nos próximos quatro anos. 

O governo tem anunciado que as chances de um evento como esse são de 70% nos próximos 30 anos. 

O grupo de cientistas que faz as previsões para o governo ainda não se manifestou sobre os novos dados estudados pela equipe. 

Tremores 

A última vez que Tóquio foi atingida por um grande terremoto foi em 1923, quando um terremoto de magnitude 7,9 matou mais de 100.000 pessoas. 

Os pesquisadores da Universidade de Tóquio basearam-se em dados que mostram um crescente aumento no número de tremores na capital desde o terremoto de 11 de março de 2011. 

O alerta vem menos de um ano depois que um terremoto seguido de tsunami devastou a costa nordeste do Japão. 

Eles afirmam que, em comparação com anos normais, tem havido cinco vezes mais tremores na área metropolitana de Tóquio desde o desastre do ano passado. 

Encruzilhada tectônica 

O Japão está localizado em uma encruzilhada tectônica apelidada de "Anel de Fogo do Pacífico". 

Por isso o país é considerado um dos mais sujeitos a terremotos em todo o mundo. 

Tóquio está localizada em uma das áreas mais perigosas. 

Tecnologia de tratamento térmico do lixo


Tratamento de resíduos sólidos


Prefeitura de São José dos Campos opta pela queima de lixo urbano, gera renda com a venda de energia elétrica resultante da combustão e aumenta vida útil do aterro da cidade

Por Marina Pita



Contando os dias para o fim da vida útil de seu aterro, São José dos Campos decidiu tomar providências antes de ter de remediar a gestão de resíduos da cidade. Depois de um ano e meio de estudos, o município tem hoje em consulta pública um projeto de licitação para conceder o direito de construção e operação do sistema de aproveitamento energético do lixo a uma empresa privada, por meio de uma parceria público-privada.


Usina termoelétrica


As áreas 1 a 5 são divisões do aterro sanitário, sendo que 1, 2 e 3 não recebem mais resíduos sólidos. 
Área 4 está funcionando com novas melhorias implantadas.
Área 5 ainda não entrou em operação.
ETRS.ADM é a área destinada à implantação da sede administrativa da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos.
Área 6 está destinada à construção da usina de recuperação energética de São José dos Campos.


A sexta maior cidade do Estado de São Paulo com cerca de 630 mil habitantes e dona do 21o maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil produz diariamente 672 t de lixo, volume semelhante ao produzido por grandes cidades do País e com tendência de crescimento. Apesar de ter ampliado os programas de conscientização da população e a coleta seletiva de lixo cobrir praticamente toda a área urbana, o município trava uma corrida contra o tempo para definir como lidar com o esgotamento do aterro sanitário em cerca de 13 anos se nada for modificado.
Dois fatos agravam o problema. O primeiro deles, a predominância de área de preservação ao Norte da cidade por ser região de manancial. E, em segundo, a impossibilidade de novo aterro sanitário na zona Central e Sul do município por conta da resolução 04/95 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que impede a construção de aterros a menos de 20 km de aeroportos.
Para evitar maiores gastos futuros com a destinação final de resíduos sólidos urbanos, uma das soluções encontradas foi o tratamento térmico do lixo, aproveitando o calor para geração de energia elétrica, que, por sua vez, pode ser comercializada de forma a não onerar o contribuinte, por meio da instalação de uma Usina de Recuperação de Energia (URE). "Não apoio a energia termoelétrica, mas sim uma solução para o problema da destinação final do lixo com reaproveitamento de energia em um momento de desenvolvimento tecnológico que nos permite ter a garantia de não poluir o ambiente", afirma o secretário de meio ambiente de São José dos Campos, André Miragaia. A iniciativa encontra respaldo no plano nacional de saneamento básico, que prevê a busca de alternativas ao aterramento do lixo e a expansão da vida útil do atual aterro.

Adotada em diversos países como Portugal, Itália, França, Alemanha, Holanda, Espanha e Estados Unidos, a tecnologia de tratamento térmico do lixo ganhou força como alternativa para amenizar o passivo que representam hoje os aterros depois da atualização da política estadual de resíduos sólidos (lei estadual 21.300) pelo decreto 54.645, em agosto de 2009, e da aprovação da política nacional de resíduos sólidos (lei federal 12.305) em agosto de 2010 e regulamentada pelo decreto 7.404, de dezembro de 2010.
As duas leis somadas à Resolução da Secretaria de Meio Ambiente (SMA) de novembro de 2009 - que estabelece os limites operacionais, de emissão, critérios de controle e monitoramento para disciplinar o processo de licenciamento do aproveitamento energético de tratamento térmico de resíduos sólidos em usinas de recuperação de energia - fecham o arcabouço legal que sustenta este tipo de iniciativa.
Para se certificar da viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto, a prefeitura encomendou um projeto de engenharia, realizado pela Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP), que se valeu de informações técnicas obtidas em seis instalações visitadas - sendo uma no Canadá, uma na Bélgica e quatro na Holanda - e de discussões com fornecedores em relação à disponibilidade atual de tecnologia, para definir qual a melhor solução para o caso brasileiro e, mais especificamente, de São José dos Campos.
A EBP considerou ainda a resolução do Conama 316/02 que determina que a implantação de sistema de tratamento térmico de resíduos de origem urbana seja precedida de implementação de programa de segregação de resíduos integrado com o sistema de coleta e tratamento térmico para fins de reciclagem ou reaproveitamento. O entendimento da diferença do lixo produzido no Brasil para lixo produzido na Europa também foi levado em consideração, uma vez que há maior volume de matéria orgânica (lixo úmido) nos resíduos sólidos urbanos nacionais - em São José equivale a 56% do total produzido -, o que diminui o poder calorífico da mistura e reduz a produtividade de energia.
Há ainda um componente da posição política da gestão municipal que aposta na reciclagem e que já conta com um centro de triagem para separar o material advindo da coleta seletiva, que vem sendo estimulada e ampliada. Assim, foi escolhido um mix de tecnologias para o caso de São José dos Campos, que combina três principais processos: a separação inicial, a biodigestão da fração úmida - com indicação para a anaeróbica - e a incineração da fração seca do lixo.


AGECOM
Instalações da usina de recuperação energética de São José dos Campos deve ser semelhante a infraestrutura da usina termelétrica Termoverde, de Salvador (BA), na foto ao lado
Recuperação de energia

Como se vê no projeto que abre esta reportagem, fará parte do sistema de recuperação energética um sistema mecânico de pré-processamento, com o objetivo de separar os componentes orgânicos digestíveis, ou seja, parar partículas com pequeno diâmetro (menor que 45 mm) que contém elevadas quantidades de orgânicos, como sobras de comida. Este sistema incluirá cilindros (trommel), grades, peneiras e telas, equipamentos para remoção de metais ferrosos e não-ferrosos e esteiras para transporte dos resíduos ao longo do processo e encaminhamento dos materiais processados até áreas de estocagem designadas. Depois do pré-processamento de resíduos - fundamental para maximizar o retorno de energia e minimizar os investimentos do capital - será separado o material reciclável, do conjunto inorgânico.
Em seguida, o material orgânico será decomposto por meio da biodigestão anae­róbica. O material resultante será bombeado aos reatores de digestão, onde ficarão de 20 a 25 dias. Este é o reator que produzirá biogás, especialmente o metano, 21 vezes mais poluente que o gás carbônico, e que poderá ser vendido para o uso em veículos.
Miragaia lembra que o processo de biodigestão traz vantagens ambientais em relação ao simples aterramento do material orgânico, uma vez que todo o metano pode ser captado, enquanto no aterro cerca de 50% do gás acaba escapando pela camada porosa de terra que encobre o lixo e causando poluição. Os detritos desses processos também podem ser reutilizados como fertilizantes, a depender de sua composição. A dispensa do resíduo no aterro será cobrada do concessionário, que continua sendo de gestão da Urbam, o que acaba estimulando o empreendedor a dar outro fim a este material, aponta Miragaia.
O sistema de combustão de queima em massa terá capacidade de 388 t/dia e utilizará a fração separada durante o pré-processamento, ou seja, aquilo que não puder ser reciclado. A queima será feita por meio de um sistema de turbina a vapor, um gerador. Como resultado da combustão, estima-se a produção de 35.000 t/ano de cinzas pesadas e 3.900 t/ano de cinzas leves.
O equipamento de controle da poluição do ar previsto será usado para remover contaminantes dos gases de exaustão antes da liberação à atmosfera. De acordo com Miragaia, o valor dos sistemas de filtros e demais tratamentos para evitar poluição correspondem a dois terços do valor do empreendimento.



Veja imagem ampliada aqui

PPP: modelo de concessão
O projeto de usina de recuperação de energia de São José dos Campos deverá ter uma capacidade mínima de processamento de 750 t/dia, escala que exigirá um investimento estimado em R$ 189 milhões. Neste valor, financiado junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não está considerado o custo de desapropriação da área para instalação, a cargo da prefeitura, da planta ao lado do atual aterro municipal.
A usina terá capacidade de geração de 16 MW, sendo que 4 MW devem ser usados para o funcionamento da própria unidade de reaproveitamento energético. Os 12 MW sobressalentes poderão ser comercializados pela concessionária e são a base da viabilidade econômica do projeto. Essa quantidade de energia equivale a um quinto do consumo de eletricidade da população de São José.
O modelo de exploração se dará por meio da parceria público-privada (regulamentada pela lei 11.079/04) em que o concessionário pagará pelo resíduo sólido fornecido pela Urbam, responsável pela limpeza urbana do município e disposição final do lixo. O maior lance por tonelada será um dos fatores a serem considerados no processo licitatório. O concessionário terá como fonte de renda a comercialização da energia produzida e a venda de materiais recicláveis obtidos com o processo de separação inicial do lixo. Não foi considerada na modelagem econômica a venda dos subprodutos do processo e de crédito de carbono, embora a prefeitura considere que essas sejam receitas acessórias possíveis de exploração pelo concessionário. O prazo de concessão será de 30 anos, com perspectivas para retorno do investimento inicial em oito anos. Segundo estimativa da prefeitura, depois de concluída a licitação serão necessários cerca de quatro anos para o início das atividades.
De acordo com o secretário do meio ambiente, André Miragaia, a parceria público-privada foi escolhida para evitar que o município tivesse de taxar os contribuintes para a realização do investimento na planta e manutenção do processo. Além disso, aponta, o parceiro privado possui experiência no negócio e é capaz de prover serviços de alta qualidade.

Barreiras acústicas metálicas


As variáveis principais de cálculo e projeto para instalar painéis metálicos em rodovias e reduzir a propagação de ruído



Por Giovanny Gerolla



Isolamento acústico é o processo que impede por reflexão ou absorção a passagem do som de um ambiente para o outro. Em rodovias de vários países da Europa, a construção de barreiras acústicas já é uma realidade regulada por lei e normas técnicas. No Brasil, porém, as regulamentações são escassas, o que pode conduzir a dúvidas sobre o desenvolvimento de projetos e a contratação de obras.
Os painéis metálicos são, hoje, os mais aplicados na Europa em chapas de aço galvanizado de 1 mm de espessura, ou de alumínio, de 1,2 mm. Coloridos e de fácil substituição, têm vida útil de até 15 anos. O Institue of Noise Control Engeneering divulga que o ótimo desempenho na redução do barulho desses painéis varia de 5 dBA a 12 dBA. Conheça as premissas para elaboração de projeto:

Projeto
Para se elaborar o projeto de barreiras acústicas, é necessário elaborar: a) estimativa de fluxo de veículos por meio da contagem de automóveis, utilitários, motos e veículos pesados do trecho em que se pretende instalar os painéis; b) medições de ruído, desconsiderando resultados produzidos em momentos de grandes fluxos - tráfego intenso a baixas velocidades -, ou com chuvas e/ou ventos a mais de 18 km/h; c) cálculo das barreiras (dimensões e capacidade de isolamento acústico).
Medidas de cálculo
O cálculo da barreira deve avaliar: a propagação geométrica a partir do foco emissor de som; as condições meteorológicas (temperaturas, graus de umidade, ventos) que influenciam a absorção da energia acústica pelo ar; e as próprias condições do terreno e de ambiente (existência ou ausência de vegetação).
Variáveis importantes
Importante avaliar o conjunto de fenômenos de difração e de reflexão que possam existir em determinados locais, a certas alturas de barreira e de acordo com as características de absorção e de isolamento do material aplicado. Agirá também sobre a eficácia da barreira não só sua distância em relação a focos emissores e receptores, mas a opção por painéis simples ou espessos, ou mesmo a aplicação de sistemas paralelos (barreiras nos dois lados de uma única via).
Caminhos da energia sonora
Nem toda a energia acústica que atinge a barreira volta para o outro lado da pista; uma parte dela ultrapassa, por cima, a própria barreira; outra é refletida para pontos diversos do lado oposto a ela e outra é dissipada pela cobertura da superfície (grama) e pelo ar. Reflexões múltiplas entre painéis planos e paralelos podem reduzir a eficiência do sistema, se aumentam os ruídos pré-existentes em mais de 3 dBA. Para evitar tal efeito, a relação "distância entre painéis x altura dos painéis" deverá acompanhar a proporção 10:1. Se isso não for possível, serão necessários materiais como lã de rocha ou de vidro.
Execução
Concluído o projeto, sua execução é posta em concorrência ou licitação, de acordo com os custos orçados. A execução estrutural pede, de forma geral, fundação em estacas ou sapatas de seção retangular, atendendo aos requisitos de segurança e cálculo da NBR 14.313. Após a escavação, os perfis estruturais, dimensionados de acordo com a altura da barreira e a espessura dos painéis, são encaixados nas respectivas fundações, e posteriormente betonados.

Leis, normas e publicações
Tanto a ABNT NBR 14.313, com diretrizes para cálculo de absorção acústica e montagem de barreiras, quanto regulamentações locais, como é o caso da 389/2010/P da Cetesb (publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 24/12/2010), propondo limites máximos ao ruído lindeiro em função dos diferentes tipos de ocupação urbana, servirão como fonte de consulta para a contratação de projeto de obras, além da fiscalização e manutenção das barreiras.

Fontes: Associação Nacional de Empresas de Acústica (Anea), Consplu, F.H. Aidar Engenharia