segunda-feira, 18 de março de 2013

Perdoar seu atropelador...


18/03/2013 - 03h00

Ciclista atropelado na avenida Paulista diz que motorista furou sinal


TALITA BENDINELLI
DE SÃO PAULO

O motorista Alex Siwek, 21, que no último 10 de março atropelou o ciclista David Santos Sousa, 21, atravessou o semáforo no vermelho antes de acertar o rapaz numa esquina da avenida Paulista.

A afirmação foi feita por David, que está há uma semana em uma cama no Hospital das Clínicas. A defesa do atropelador disse que vai aguardar a perícia para se manifestar.
Com o impacto, o braço do ciclista foi decepado e ficou no carro de Alex, que fugiu e jogou o membro num rio, impossibilitando o reimplante.
"Eu vi os carros parados no farol, mas ele passou no vermelho em alta velocidade. Tentei desviar, mas não deu tempo", disse David. "Não lembro de mais nada. Acho que morri por um instante."
Apesar da dor, ele afirma que perdoa seu atropelador porque "ninguém deve guardar mágoa de ninguém".
O ciclista conta que há cinco meses havia sofrido outro acidente de bicicleta, na esquina da casa onde mora na divisa de São Paulo com Diadema (Grande São Paulo).
Reprodução/Facebook
O ciclista David Santos Sousa, 21, que teve o braço decepado, no Hospital das Clínicas
O ciclista David Santos Sousa, 21, que teve o braço decepado, no Hospital das Clínicas
"Virei a esquina da minha rua e fui atropelado por um carro que fazia a conversão. O motorista olhava para o outro lado", conta. Ele não ficou machucado, mas a bicicleta ficou bastante danificada.
Após o acidente, o rapaz decidiu investir R$ 650 em uma Caloi 10 nova, mais leve e fina, que facilitaria o percurso de cerca de 20 km que fazia diariamente entre sua casa e o trabalho, no Instituto do Câncer (zona oeste da cidade) --ele escalava o prédio para limpar os vidros.
A bicicleta era o meio de transporte preferido, pois diminuía pela metade o tempo do percurso. De transporte público, a distância levava 1h30. Pedalando, 45 minutos.
Para pagar dívidas, como a feita com a nova bicicleta, o rapaz, contratado para trabalhar de segunda a sábado, resolveu fazer turnos extras, aos domingos. No domingo em que foi atingido por Alex, David já trabalhava havia duas semanas, sem folga.
Desde o acidente, ativistas realizam protestos para chamar a atenção para a insegurança nas ruas -ontem foram dois, um deles com a presença da mãe de David. Para ajudar outros ciclistas, o rapaz decidiu criar a Associação de Proteção ao Ciclista.

Acidente com ciclista na avenida Paulista

Marcelo Oliveira/Leitor


Ciclista perde o braço em acidente na avenida Paulista, em São Paulo Leia mais

Animais recebem microchip contra doenças no interior de SP


16/03/2013 - 03h15

Animais recebem microchip contra doenças no interior de SP


PAULA SIEPLIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

A cidade de Presidente Prudente (a 550 km de São Paulo) aposta em um aliado do tamanho de um grão de arroz para controlar a população de cães e gatos, e combater doenças: um microchip.
O aparelho é colocado por baixo da pele, na área do dorso. Nele são armazenadas informações do dono e do pet.
Nessa espécie de "censo" animal, o Centro de Controle de Zoonoses espera identificar 42 mil cachorros e 10 mil gatos. Até o momento, foram inseridos chips em cerca de 60 cães --os gatos só entram em uma segunda fase.
A cada dois meses, um novo bairro é percorrido para a implantação dos microchips. A previsão é que a aplicação seja finalizada até 2017.
O serviço é gratuito e obrigatório. Os donos de animais ficam sujeitos à intimação e, se em 30 dias não os levarem, pagam multa de R$ 478 --o valor é reajustado a cada ano.
Segundo o diretor do Centro de Zoonoses, Célio Nereu Soares, as informações do animal com chip são incluídas em um banco de dados no órgão municipal.
Ficam disponíveis ali as características do bicho, nome e endereço do dono e histórico de vacinações.
A intenção é que, depois de feito o implante, técnicos possam identificar quais animais encontrados na rua possuem dono e quais serão colocados para adoção.
Outro foco é prevenir e controlar doenças. No ano passado, houve 26 casos de leishmaniose em cães, sendo 13 autóctones --contraídos dentro do município-- e 13 importados. Não há registro de casos de raiva na cidade.
O investimento inicial da prefeitura no censo é de R$ 60 mil. Cada chip custa cerca de R$ 15 --só no início deste ano, 4.000 foram adquiridos.
Divulgação/Prefeitura de Presidente Prudente
Agentes do Centro de Controle de Zoonoses implantam microchip em cachorro em Presidente Prudente; chip armazena dados do animal e do proprietário
Agentes do Centro de Controle de Zoonoses implantam microchip em cachorro; chip armazena dados do animal e do dono

Rios e Ruas


17/03/2013 - 03h50

A cinza e árida São Paulo 'esconde' a história de 300 cursos de rios


AMANDA KAMANCHEK
DE SÃO PAULO

Quem diria que a São Paulo árida e cinza tem uma grande história sobre um rio. Uma não, 300 histórias de rio, segundo o geólogo Luiz de Campos Jr., 51, que coordena o projeto Rios e Ruas.
Segundo ele, esses cursos de água têm 3.500 km de extensão. "Não se anda mais de 200 metros na cidade sem passar por um desses cursos", diz Campos.
Vamos contar a história de um rio que tem nome de pássaro: o Saracura. Ele nasce escondido, atrás da avenida Paulista, e escorre pela avenida Nove de Julho, depois segue pelo vale do Anhangabaú, até chegar ao rio Tamanduateí, ao lado do Mercado Municipal.
Para vê-lo, somente seguindo as pistas que restaram sob prédios e rodovias. São as galerias pluviais, os bueiros e os fundos de vale que trazem essas evidências.
Na pequena rua sem saída Garcia Fernandes, atrás do hotel Maksoud, impera outro clima. Menos luz, umidade latente e temperatura amena indicam que ali nasce o Saracura.
A água é conduzida até uma galeria pluvial e segue assim até chegar ao Tamanduateí. É o que acontece com 99% desses cursos de água.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress
O rio Anhangabaú, que é canalizado para desviar da sua rota, deságua no poluído rio Tamanduateí
O rio Anhangabaú, que é canalizado para desviar da sua rota, deságua no poluído rio Tamanduateí
Em dias de chuva, quando transbordam os bueiros, é possível ver uma água translúcida descendo pela rua Rocha, onde fica o lavador de táxis Onofre Sabino, 81. Ele puxa por uma mangueira parte da água da nascente, que brota num terreno, para lavar carros desde 1986.
"Nunca faltou água em todos esses anos", diz Sabino. O lavador diz saber que ali há uma nascente e que ela é sua principal fonte de renda.
Dali, ele explica, a água desce pela rua Rocha até a praça 14 Bis, no Bixiga -- bairro onde viviam os negros recém-libertos, nos anos 1930, e que hoje abriga a escola de samba Vai-Vai.
"Aqui foi um brejo até os anos 1960. Quem morava na região era muito pobre", diz Fernando Penteado, 66, diretor de Harmonia da Vai-Vai. "Nadei no Saracura até o fim dos anos 1950, quando começaram a canalizar o rio", diz.

Nos períodos de chuva, o Saracura faz aparições, inundando a praça 14 Bis. "Brincamos que de vez em quando o Saracura se invoca e diz: 'tô aqui'", afirma o sambista.
Ao chegar à praça das Bandeiras, ele se junta aos rios Itororó (que vem da av. 23 de Maio) e Bixiga. Os três formam o rio Anhangabaú, que segue dali até a rua 25 de Março e deságua no poluído rio Tamanduateí, na avenida do Estado. É o fim da história do Saracura.
Editoria de arte/Folhapress

Peixes mortos na lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio


16/03/2013 - 16h21

72 toneladas de peixes mortos são retiradas de lagoa na zona sul do Rio


MAÍRA RUBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Na tarde deste sábado, a Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana) finalizou o trabalho de remoção dos peixes mortos na lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio. Do local, foram retiradas 72 toneladas de peixes mortos, a maioria da espécie Savelha.
A mortandade foi registrada desde a última terça-feira (12). A suspeita é de que a forte chuva do último fim de semana tenha carregado uma grande quantidade de carga orgânica (lixo, esgoto e folhas), o que pode ter provocado a redução do oxigênio da água e a mortandade dos animais.
As mortes foram registradas após a qualidade da água atingir seu nível crítico entre as tardes de segunda-feira e terça-feira (12). As medições são feitas diariamente pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio.
Marcelo Sayão/Efe
Milhares de peixes mortos flutuavam na Lagoa Rodrigo de Freitas, devido à contaminação da água, e o cheiro é forte
Milhares de peixes mortos flutuavam na Lagoa Rodrigo de Freitas, devido à contaminação da água, e o cheiro é forte
Para o trabalho de remoção dos peixes, foram mobilizados 194 garis que tiveram o apoio de quatro embarcações, caminhões e Kombis lava-jato. Os funcionários retiraram pequenos peixes que ficaram presos na vegetação para garantir que o problema do mau cheiro seja resolvido.
O forte odor no local atrapalhou atletas que, nos últimos dois dias, participaram da seletiva sul-americana de remo na Lagoa.