Corporativo certificado
Veja os custos detalhados de uma torre corporativa com pré-certificação Leed Prata, situada dentro do bairro planejado Cidade Pedra Branca
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Por Aline Mariane
Na cidade de Palhoça, em Santa Catarina, está sendo construído o bairro planejado Cidade Pedra Branca, formado por 47 quadras e com potencial para construção de 2 milhões de metros quadrados. O bairro foi projetado segundo princípios de sustentabilidade e sua ocupação deve ser concluída em cerca de 15 anos a partir de 2013. Entre os projetos que despontam no loteamento, está a primeira torre do Edifício Pedra Branca Corporate Center, empreendimento corporativo de cinco pavimentos, térreo e um subsolo, que começou a ser construído em agosto de 2012 e deve ser entregue já em abril deste ano.
O projeto recebeu pré-certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) nível Prata, fornecida pelo U.S. Green Building Council, na categoria Core & Shell - para projetos da envoltória e da parte central do edifício. A obra pertence à construtora e incorporadora Pedra Branca - também responsável pelo bairro que leva seu nome -, e o plano da empresa é entregar, ainda em 2013, mais dois empreendimentos residenciais, dois comerciais e uma rua com lojas, restaurantes, cafés, banco e prestadoras de serviços.
O primeiro desafio da construtora foi encontrar um sistema construtivo rápido o suficiente para finalizar a obra da torre comercial em oito meses. "O prédio será alugado e, em termos de retorno [financeiro], quanto mais rápido vier o faturamento, melhor será a rentabilidade", explica o consultor de projeto da Pedra Branca, engenheiro Dilnei Bittencourt. O preço do aluguel será de R$ 30/m² de área privativa por mês.
Para cumprir o prazo estabelecido, a empresa optou pelo sistema pré-fabricado de vigas, pilares, escadas e lajes. Mesmo sendo entre 5% e 6% mais caro que o sistema convencional, a rapidez que a obra demandava tornou o pré-moldado mais vantajoso, segundo o consultor. "Se utilizássemos o sistema moldado in loco, ainda estaríamos concretando. Mas hoje [fevereiro de 2013] já estamos em fase de acabamento e fechamento, e no final de março o prédio estará pronto para ser ocupado", informa Bittencourt.
Foram investidos mais de R$ 12 milhões na construção do Pedra Branca Corporate Center. O terreno de 1.766 m² terá área construída total de 7.402 m². As lajes serão planas e desimpedidas, com 12 opções de plantas, e a empresa locatária poderá escolher qual a melhor alternativa de acordo com sua necessidade. O núcleo central com elevadores, escada de incêndio, dois banheiros coletivos e copa deixa as lajes livres para readequações de layout. "As empresas são muito mutáveis, começam com cinco funcionários e daqui a pouco estão com dez. Por isso pensamos nessa laje plana e com flexibilidade de instalações e dimensões de sala", explica o consultor.
A menor sala poderá ter de 30 m² a 40 m², tamanho mínimo para comportar uma janela para iluminação e ventilação natural. As divisórias internas serão feitas em gesso acartonado, seguindo as necessidades do usuário, e as instalações elétricas serão colocadas nos locais definidos pela incorporadora juntamente com o locatário. Foram implantadas também bandejas externas ao prédio para sustentação do ar-condicionado do tipo split.
O fechamento da fachada será feito em steel frame com placas cimentícias revestidas em cerâmica e granito. Na caixa da escada, nos elevadores e no reservatório superior, o sistema utilizado foi alvenaria de blocos de concreto. Caso o locatário decida por fazer forro, o pé-direito do térreo será de 4 m e o dos demais pavimentos, de 3 m. O custo da construção por metro quadrado foi de R$ 1.562,62 e, até o fechamento desta edição, cerca de metade do empreendimento já havia sido alugado.
SustentabilidadePara conquistar a pré-certificação Leed, a construtora Pedra Branca agregou diversas soluções de sustentabilidade à torre corporativa. As fachadas leste e oeste, por receberem mais luz solar que as outras, terão pele de vidro laminado de 4 mm, com camada de polivinil butiral (PVB), e mais 4 mm de vidro incolor comum. O fator de proteção solar aplicado ao vidro absorverá cerca de 70% da energia que passaria por ali. Esse cuidado elevou o custo do item esquadrias e vidros, tornando-o o segundo mais caro do orçamento, atrás apenas da superestrutura. As outras duas fachadas, na frente do empreendimento e atrás, terão janelas com brises e vidros com fator de proteção solar menor.
O empreendimento também terá telhado verde em seus 750 m². "Inicialmente, teríamos apenas um percentual de cobertura verde, e o restante (maior parte) em telhado convencional, com estrutura de suporte e telhas metálicas", conta Márcio Orofino, sócio-consultor e Leed Acredited Professional da ENE Consultores. Porém, a implantação da cobertura verde em todo o empreendimento, além de atender a requisitos da pré-certificação Leed, contribuiria em outros aspectos, como redução do escoamento superficial durante a drenagem, filtragem da água pluvial e redução do gasto dos ocupantes com paisagismo, pois seriam usadas espécies que consomem pouca água e não exigem irrigação adicional. O telhado verde também confere ao empreendimento melhor desempenho térmico, pois reduz o ganho de calor pela cobertura.
A construtora está buscando a etiqueta Procel Edifica nível A, fornecida pelo Ministério das Minas e Energia e aplicada a edifícios que atendem a critérios de economia de energia elétrica. As salas têm medidores individuais internos. "Isso pode permitir, no futuro, a compra de energia no mercado livre, o que pode até reduzir os gastos", ressalta Bittencourt.
O Pedra Branca Corporate Center terá, ainda, reaproveitamento de água da chuva e redução de resíduos no canteiro de obras por conta do uso dos pré-fabricados. Veja, a seguir, o orçamento detalhado do empreendimento. No conteúdo extra, disponível na versão online do
Guia da Construção, você encontra também a relação dos itens atendidos pela construtora para obtenção da pré-certificação Leed.
Apoio de engenharia: Maria Fernanda Matos