quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Desperdício de água!


02/08/2012 - 05h00

Condomínios descartam água de lençol freático na rua


RICARDO GALLO
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Um condomínio de luxo de São Paulo e um prédio de escritórios vizinho jogam fora, todos os dias, a água retirada de um lençol freático que fica sob os empreendimentos.
O filete de água sai quase continuamente de tubulações dos prédios e escorre pela sarjeta até chegar a uma boca de lobo. Os imóveis ficam na rua Frei Caneca (região central).
O problema ocorre porque, ao erguer a garagem subterrânea, a construção atingiu o lençol freático -um fenômeno comum na cidade, dizem especialistas, e que gera um desperdício não calculado de água.
O que mina do subsolo das edificações está sendo canalizado para a rua. Segundo a Toledo Ferrari, construtora responsável pelo condomínio e pelo prédio de escritórios, o ideal seria jogar essa água em uma galeria pluvial, mas não havia nenhuma ali. A solução foi levá-la até a sarjeta.
A prática não é ilegal, porém: não há lei que impeça o construtor de descartar a água.
Aproveitá-la exige autorização do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão estadual que decide sobre a retirada de água subterrânea.
Outro empecilho, segundo especialistas, é o custo, que encareceria o empreendimento.
Como a água é limpa, seria possível reaproveitá-la para descarga, para regar jardins ou limpar o quintal, diz.
Essa prática é cada vez mais comum, por exemplo, em prédios comerciais.
"É um absurdo esse desperdício. Nunca vi coisa igual", afirma a aposentada Neusa Viana, 73, moradora do condomínio Paulista Home Resort, entregue em 2011, com três torres de 28 andares.
Diretora de outorga de recursos hídricos do Daee, Leila de Carvalho Gomes afirma que "jogar fora" é impreciso, uma vez que a água vai parar no rio e, assim, cumprir seu ciclo hidrológico.
O que falta, diz, é conscientização para reaproveitar essa água de maneira correta.
No caso da Grande São Paulo, porém, toda a água que vai parar nas ruas é levada, por meio das bocas de lobo, até o rio Tietê, que é poluído -com isso, seu uso é inviabilizado.

Editoria de Arte/Folhapress

SAIBA MAIS
No Estado de São Paulo, quase 75% dos municípios são abastecidos, pelo menos em parte, por águas retiradas de seu subsolo. Isso representa o abastecimento de uma população de aproximadamente 5,5 milhões de pessoas.
Em todo o Brasil, 2.153 cidades (39% do total de municípios) estão nessa mesma situação, de acordo com ANA (Agência Nacional de Águas), órgão vinculado ao governo federal para gestão dos recursos hídricos brasileiros.

Mudanças climáticas e governança global


31/07/2012 - 03h00

Tendências/Debates: Mudanças climáticas e governança global

LUIZ CARLOS BALDICERO MOLION


http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1128752-tendenciasdebates-mudancas-climaticas-e-governanca-global.shtml


Um resfriamento global, com mais invernos rigorosos e má distribuição de chuvas, é esperado nos próximos 20 anos, em vez do aquecimento global antropogênico (AGA) alardeado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
O AGA é uma hipótese sem base científica sólida. As suas projeções do clima, feitas com modelos matemáticos, são meros exercícios acadêmicos, inúteis quanto ao planejamento do desenvolvimento global.
Seu pilar básico é a intensificação do efeito estufa pelas ações humanas emissoras de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), por meio da queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, das atividades agrícolas e da pecuária ruminante.
Porém, o efeito estufa jamais foi comprovado, nem sequer é mencionado nos textos de física. Ao contrário, há mais de cem anos o físico Robert W. Wood demonstrou que seu conceito é falso. As temperaturas já estiveram mais altas com concentrações de CO2inferiores às atuais. Por exemplo, entre 1925 e 1946 o Ártico, em particular, registrou aumento de 4°C com CO2 inferior a 300 ppmv (partes por milhão em volume). Hoje, a concentração é de 390 ppmv.
Após a Segunda Guerra, quando as emissões aumentaram significativamente, a temperatura global diminuiu até a metade dos anos 1970.
Ou seja, é obvio que o CO2 não controla o clima global. Reduzir as emissões, a um custo enorme para a sociedade, não terá impacto no clima. Como mais de 80% da matriz energética global depende de combustíveis fósseis, reduzir emissões significa reduzir a geração de energia e condenar países subdesenvolvidos à pobreza eterna, aumentando as desigualdades sociais no planeta.
Essa foi, em essência, a mensagem central da carta aberta entregue à presidenta Dilma Rousseff antes da Rio+20 --assinada por 18 cientistas brasileiros, eu inclusive.
A trama do AGA não é novidade e seguiu a mesma receita da suposta destruição da camada de ozônio (O3) pelos clorofluorcarbonos (CFC) nos anos 1970 e 1980.
Criaram a hipótese que moléculas de CFC, cinco a sete vezes mais pesadas que o ar, subiam a mais de 40 km de altitude, onde ocorre a formação de O3. Cada átomo de cloro liberado destruiria milhares de moléculas de O3, reduzindo a sua concentração e permitindo a maior entrada de radiação ultravioleta na Terra, o que aumentaria os casos de câncer de pele e eliminaria milhares de espécies de seres vivos.
Reuniões com cientistas, inclusive de países subdesenvolvidos, foram feitas para dar um caráter pseudocientífico ao problema inexistente, foi criado o Painel de Tendência de Ozônio no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e foi elaborado o Protocolo de Montreal (1987), assinado pelos países subdesenvolvidos sob ameaças de sanções econômicas. O Brasil também assinou, para ter sua dívida externa renovada.
Em 1995, os autores das equações químicas que alegadamente destruíam o Oreceberam o Nobel de Química. Porém, em 2007 cientistas do Jet Propulsion Laboratory da NASA demonstraram que as suas equações não ocorrem nas condições da estratosfera antártica e que não são a causa da destruição do ozônio.
O AGA seguiu os mesmos passos, com reuniões científicas, a criação do IPCC, o Protocolo de Kyoto e o Nobel (da Paz?) para o IPCC e Al Gore.
Essas foram duas tentativas de se estabelecer uma governança global. Qual será o próximo passo? A Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas da Biodiversidade e Serviços (IPBES)?
LUIZ CARLOS BALDICERO MOLION, 65, doutor em meteorologia pela Universidade de Wisconsin (EUA), é professor da Universidade Federal de Alagoas
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Os supermercados que não fornecerem gratuitamente embalagens de papel ou material biodegradável a seus clientes estão sujeitos a multa diária


01/08/2012 - 20h29

Supermercado que não der sacola de papel ou biodegradável será multado

DE SÃO PAULO


Os supermercados que não fornecerem gratuitamente embalagens de papel ou material biodegradável a seus clientes estão sujeitos a multa diária de R$ 20 mil por ponto de venda, até o limite de R$ 2 milhões.
A decisão desta quarta-feira foi tomada pela juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª Vara Cível do Fórum João Mendes.
Segundo informações do Tribunal de Justiça de São Paulo, a decisão atinge os supermercados filiados à Apas (Associação Paulista de Supermercados), Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), Sonda Supermercados e Walmart Brasil S/A.
Ainda segundo o TJ-SP, a Apas ainda deverá informar, em 48 horas, a relação de seus associados e orientá-los a cumprir a determinação judicial, sob pena de multa de R$ 100 mil.
O prazo começa a contar a partir da publicação da decisão no "Diário Oficial" da Justiça.
Há, no Estado, 1.200 redes (com 2.700 estabelecimentos) filiadas à Apas. A Folha não conseguiu contato com a associação ou com os supermercados.
Em decisão liminar, a juíza Cynthia Torres Cristófaro, da Primeira Vara Central da capital, havia determinado no dia 25 de junho que os supermercados voltassem a distribuir gratuitamente sacolas plástico na boca do caixa.
Cristófaro decidiu que as empresas tinham 48 horas para cumprir a medida, no caso das sacolas plásticas, e 30 dias, "gratuitamente e em quantidade suficiente embalagens de material biodegradável ou de papel".
Como não havia punição prevista na liminar da juíza, a SOS Consumidores, órgão de defesa do consumidor autor da ação civil pública que deu origem à decisão da Justiça, pediu multa diária de R$ 25 mil se as redes descumprissem a liminar.

7 BILHÕES DE SACOLAS
Por ano, os supermercados paulistas distribuem 7 bilhões de sacolas plásticas descaráveis. "Substituí-las por 7 bilhões de sacolas de qualquer outro tipo de material em nada amenizaria o problema ambiental", diz a Apas.
"Em linha com o Plano de Produção e Consumo do Ministério do Meio Ambiente e com o acordo firmado em maio de 2011 com o Governo do Estado de São Paulo, a Apas acredita que a melhor solução para o país seria a redução do consumo de sacolas", diz a associação.
Segundo ela, "isso condiz com o acordo setorial firmado entre a Apas (Associação Brasileira de Supermercados) e o Ministério do Meio Ambiente que visa reduzir em 40% das sacolas descartáveis até 2015".

Bolsa Verde do Rio vai negociar ativos ambientais neste semestre


30/07/2012 - 05h00


DENISE MENCHEN
DO RIO

A primeira Bolsa para a negociação de ativos ambientais do Brasil entra em operação neste semestre.
Batizada de BVRio (Bolsa Verde do Rio), ela quer atrair proprietários rurais e empresários com a comercialização de créditos que os ajudem a cumprir a lei ambiental.
Editoria de Arte
Bolsa verde
Bolsa verde
Em vez de ações de empresas, a BVRio vai negociar cotas de reserva legal florestal, certificados de emissão de gases do efeito estufa e créditos de carbono. Cada um tem uma finalidade específica.
No caso dos créditos de reserva legal, a ideia é que o proprietário rural que conservou uma área de vegetação nativa maior do que a estipulada pelo Código Florestal possa "vender" o excedente a quem desmatou além do limite, desde que as propriedades tenham o mesmo bioma.
O mecanismo permite que proprietários com áreas de produção já consolidadas saiam da ilegalidade sem necessariamente ter que reflorestar suas terras. Ao mesmo tempo, premia quem optou por manter a vegetação.
"Isso não adiciona novas árvores, mas consolida áreas de conservação", diz o presidente-executivo da BVRio, Pedro Moura Costa.
Uma vez na Bolsa, o proprietário terá suas terras monitoradas por satélite para que não desmate a área após a venda dos créditos.
Atualmente, a BVRio realiza o cadastramento de intenções de compra e venda de créditos de reserva legal para ter uma noção do potencial do mercado e do preço. O objetivo é dar início às transações no quarto trimestre.
A negociação de certificados de emissão de gases do efeito estufa, porém, ainda depende de decreto do governador do Rio, Sérgio Cabral, que estipule metas de redução das emissões para a indústria do Estado.
Com a regulamentação, cada empresa vai receber uma quantidade específica de certificados, que funcionam como licenças para emitir, de acordo com a capacidade e o custo de redução das emissões de cada setor.
Assim, uma empresa que tiver mais dificuldade para cumprir suas metas poderá adquirir os certificados de outras que superarem as suas.
Outra opção será comprar créditos de carbono gerados por projetos em áreas como reflorestamento e tratamento de resíduos sólidos.
BOVESPA
Desde 2007, a Bovespa já comercializa créditos de carbono. A negociação é feita em leilões específicos.
No último, em junho, o volume de negócios foi de R$ 4,5 milhões. A Mercuria Energy Trading, de Genebra, adquiriu créditos obtidos pela Prefeitura de São Paulo com projeto de geração de energia a partir de gases de aterro sanitário.