segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Comunidades criam redes wi-fi abertas

Comunidades criam redes wi-fi abertas


Por Kate Murphy em 10/12/2013 na edição 776
Reproduzido da Folha de S.Paulo/The New York Times, 3/12/2013; intertítulos do OI
 
Como a maioria das pessoas, Kim Thomas tem uma conexão banda-larga em casa que ela usa para verificar seu e-mail, navegar na internet, ouvir músicas e assistir a vídeos. Mas, diferentemente da maioria das pessoas, Thomas, de 56 anos, que é diretora em uma fundação beneficente em Portland, Oregon, não tem uma conta mensal. Tudo o que ela fez foi comprar um roteador e uma antena para o telhado. Custo total: cerca de US$ 150. Thomas participa do projeto Personal Telco, uma das redes sem fio comunitárias que estão crescendo no mundo todo.
Essas redes alternativas, construídas e mantidas por seus usuários, surgem em um momento em que os provedores de serviços de internet são limitados em número e acusados de cooperar com espiões do governo. “Eu vejo amigos que têm conexão a cabo e suas contas continuam aumentando. Eles não têm controle, mas se sentem dependentes disso”, disse Kim Thomas. Uma rede sem fio aberta é basicamente um grupo de roteadores sem fio interconectados, ou nódulos, que propagam o tráfego entre usuários e também emitem serviços em banda larga a partir de nódulos conectados à internet.
Talvez a maior e mais antiga seja a Athens Wireless Metropolitan Network, ou AWMN, na Grécia, criada em 2002 por pessoas frustradas com o lento avanço da banda larga na cidade. Hoje a rede tem mais de 2.500 usuários em toda a área metropolitana e nas ilhas vizinhas e, em algumas áreas, oferece velocidades de mais de cem megabits por segundo, comparados aos 4 a 7 Mbps da conexão a cabo residencial típica e das conexões DSL (via telefone) nos Estados Unidos.
Código, roteadores e antenas
“É realmente rápida. Mas seu acesso limitado à internet não importa para muitos usuários porque a rede tem seus próprios serviços”, explicou Joseph Bonicioli, presidente voluntário da associação que supervisiona a AWMN. Ele disse que a organização tem suas próprias máquinas de busca, serviços de telefonia VoIP, assim como “fóruns, atividade social e conteúdo como vídeo”.
As redes sem fio comunitárias – ninguém verificou quantas existem, mas provavelmente são milhares em todo o mundo – devem sua existência a avanços relativamente recentes na tecnologia sem fio. Muitas dessas inovações na verdade vêm da radioastronomia. “Houve alguns progressos realmente incríveis nos últimos dez anos”, disse Sascha Meinrath, diretor do Instituto de Tecnologia Aberta, OTI na sigla em inglês, na Fundação New America em Washington, que tem sido o núcleo do movimento de rede sem fio aberta.
Em outubro, o OTI divulgou seu kit de construção Commotion, que oferece instruções passo a passo para montar uma rede sem fio aberta usando código-fonte aberto e roteadores e antenas comprados no comércio. O foco da OTI, que recebeu apoio financeiro do Departamento de Estado dos Estados Unidos, é oferecer instruções para pessoas que vivem em países repressivos em todo o mundo e para ativistas nos EUA.
Experiência social
Como as redes abertas são autônomas em relação à internet, elas não podem ser fechadas por um governo. As redes também são mais difíceis de vigiar porque os dados oscilam de maneira imprevisível entre os nódulos, sem um polo centralizado. “Aí você vê as muitas facetas do governo americano”, disse Meinrath. “A realidade é que exatamente a mesma tecnologia que protege os defensores dos direitos humanos e da democracia no exterior será incrivelmente útil para evitar a espionagem doméstica.”
É claro que quando você deixa os confins da rede aberta e aponta seu navegador para o Facebook ou o Google as proteções desaparecem. Você fica tão vulnerável à vigilância quanto qualquer pessoa. Mas cada vez mais as redes abertas estão diretamente ligadas à espinha dorsal da internet para alcançar maior velocidade e eliminar gateways intermediários e suas restrições. Esse é o caso da Freedom Network em Kansas City, Kansas, assim como de muitas redes europeias que incluem FunkFeuer em Viena, WirelessAntwerpen na Antuérpia e Freifunk em Berlim. “Estamos trazendo a espinha dorsal da internet até o roteador doméstico”, disse L. Aaron Kaplan, especialista em segurança de computadores em Viena e cofundador da FunkFeuer. “Quando há descentralização, a internet se torna mais resistente.”
Muitas redes abertas nem sequer têm acordos de usuários por escrito, embora os administradores digam que ficou entendido que os usuários não têm permissão para gerar tráfego indevido ou interferir no tráfego que passa por seus nódulos. Para ter segurança, eles sugerem que os membros usem uma rede privada virtual como WiTopia ou VyprVPN sobre a criptografia básica de dados das redes, o que é aconselhável sempre que se usa wi-fi em casa ou em um espaço público.
Em Portland, Kim Thomas disse que não se preocupa. “Esta é uma rede voltada para relacionamentos, onde todos estamos pela experiência social, mais que qualquer outra coisa”, disse. “Sabemos que há riscos, mas vimos que as redes comerciais não são imunes à pirataria.”
***
Kate Murphy, do New York Times

Kiteroller no parque

No Parque Villa-Lobos, patins que 'voam'


Kiteroller usa pipa para esportista sair do chão

04 de janeiro de 2014 | 2h 05

Laura Maia de Castro - O Estado de S.Paulo
No gramado do Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo, o escultor Roberto Pádua, de 33 anos, chamava a atenção ontem praticando um esporte um tanto quanto inusitado. Batizada de kiteroller, a modalidade consiste na combinação de patins com uma pipa de sete metros, geralmente utilizada para o kitesurf, esporte aquático praticado com uma prancha e uma pipa.
Veja também:

Escultor trouxe equipamentos da Inglaterra - Márcio Fernandes/Estadão
Márcio Fernandes/Estadão
Escultor trouxe equipamentos da Inglaterra
Com o vento, o manuseio do kite, preso em uma espécie de cinto, aumenta a velocidade do esportista e faz até com que ele passe alguns segundos fora do chão nas manobras.
Pádua morou em Londres, na Inglaterra, por três anos e foi de lá que trouxe os equipamentos. Segundo ele, os patins utilizados não são os modelos vistos frequentemente nos parques, mas um acessório especial para terrenos irregulares, cujas rodas são de câmara de ar.

O escultor tem o equipamento já há 5 anos e, ainda na Europa, experimentou a junção das rodas com a pipa. Pádua conta que já descia alguns morros de grama nos parques da Inglaterra e pensou em utilizar a ajudinha do vento. Depois de ver alguns vídeos na internet, fez as adaptações necessárias e tomou gosto.
Foi na cidade de São Paulo, contudo, que Pádua aperfeiçoou a prática. O escultor faz kiteroller de duas a três vezes por semana e diz que prefere os dias úteis. "No sábado e domingo, apesar de a área que eu utilizo não ser muito ocupada, às vezes tem gente soltando pipa."
Ontem, nem mesmo o calor de mais de 30°C fez com que ele parasse de patinar de um lado para outro. A cada rajada de vento, o escultor aproveitava para percorrer o gramado das formas mais variadas. A reportagem presenciou uma manobra, na qual o escultor passou cerca de cinco segundos no ar. "É uma adrenalina muito boa", garante.
Na sombra de uma árvore, duas crianças olhavam atentamente os movimentos e perguntavam qual era o nome da brincadeira. "Nunca vi esse negócio", ria uma delas.
Pádua diz que quando ele e o irmão, o corretor de imóveis Fernando Henrique de Pádua, de 34 anos, estão com a pipa e os patins é comum que sejam abordados por muitos curiosos.
Além do parque, o escultor, quando pode, aproveita o espaço da areia da Praia do Gaivota, em Itanhaém, e da Praia Grande, ambas no litoral sul de São Paulo. "A praia tem muito espaço, é mais ampla e, além disso, costuma ter mais vento", diz.
Para quem quer começar, Pádua, que já andava de patins desde criança, fala que primeiro é preciso aprender a manusear o kite, considerado por ele o mais difícil. Para isso, ele aconselha uma pipa sem tração de cerca de 1,4 metro. "A pipa menor não puxa, é mais para brincar. É bem legal também."

Ricos fumam mais

Enviado em 01/01/2014 às 18h43, última atualização: 02/01/2014 às 10h53.

Ricos fumam mais

DIÁRIO DA MANHÃ
ELPIDES CARVALHO
Pesquisa divulgada recentemente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou crescimento no consumo de cigarros entre pessoas de melhor poder aquisitivo – a chamada classe A –. Nos últimos seis anos, a população mais rica do País elevou o uso de tabaco em 110%, contrariando a média nacional, com queda de 20% no consumo de cigarros no mesmo período, entre 2006 e 2012.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O estudo foi realizado em cerca de 150 municípios brasileiros, onde foram entrevistadas mais de três mil pessoas com mais de 14 anos em 2006, e 4,6 mil indivíduos no ano passado. Os dados fazem parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad).
Conforme a pesquisa, o percentual de fumantes da classe A, em 2006, era de apenas 5,2%. Já no ano passado, o consumo mais do que dobrou e subiu para 10,9%. Na contramão dos dados da população rica, maior consumidora de cigarros, segundo a mostra, outras camadas sociais apresentaram menor uso do tabaco. Na classe B, passou de 14,7%, em 2006, para 12,7%, em 2012. A mesma tendência é seguida pela faixa C, que diminuiu de 21,8% para 19,1%. No grupo D e E, os recuos passaram de 22,7% para 19%, e, 24,9% para 22,9% respectivamente.
“Embora a classe econômica mais privilegiada tenha mais conhecimento, o fato de ter dinheiro para consumir cigarros se torna mais relevante. Acredito que isso mostra a importância de se pensar em aumentar o imposto, porque é um fator que pode, muito provavelmente, ser mais eficaz que campanhas de conhecimento de que o cigarro faz mal”, salienta Ana Cecília Marques, uma das responsáveis pelo levantamento.
A pesquisadora ainda explica que, no momento da decisão sobre comprar ou não um maço de cigarros, o dinheiro no bolso pesa mais que alta escolaridade e maior esclarecimento sobre efeitos nocivos do fumo. Há dois anos, o Ministério da Saúde estipulou aumento gradativo da carga tributária sobre os cigarros e do preço mínimo para a venda do maço.
Regiões do País
O levantamento da Unifesp comparou o aumento do consumo de cigarros em diferentes lugares do Brasil. A região Sul, embora tenha apresentado queda, foi a que mais consumiu tabaco (20,2%) em 2012, contra 25,9% em 2006. O uso do fumo em outras regiões do País também ocorreu redução dentro do mesmo período: Norte (20%), Sudeste (19%), Nordeste (18%) e Centro-Oeste (15%).
Segundo o estudo, 50% dos pesquisados afirmaram já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez na vida e, desses, 51% permanecem fumando. A grande maioria dos entrevistados (73%) admitiu que tentaria largar o cigarro se tivesse acesso a tratamento gratuito.
Outro aspecto investigado, de acordo com a pesquisa, foram os indicadores de dependência. Um deles é consumir o primeiro cigarro até cinco minutos após acordar. Neste contexto, 25,3% disseram, em 2012, ter essa necessidade, contra 17,9% que admitiram sofrer o problema em 2006.
Já no aspecto difícil ou bem difícil passar um dia sem fumar foi outro item investigado pelo estudo para avaliar a dependência. Na ocasião, 67,8% dos participantes assumiram essa dificuldade no ano passado, ante 59% em 2006. Entre fumantes que tentaram parar de fumar e não conseguiram houve queda de 9%, ou seja, de 72% em 2006 passou para 63% em 2012.