sábado, 28 de abril de 2012

Salário "bonsai" não é sustentável!

27/04/201213h00

Pelo nono ano seguido, Prefeitura de São Paulo propõe 0,01% de reajuste salarial a servidores


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http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/04/27/pelo-nono-ano-seguido-prefeitura-propoe-001-de-reajuste-salarial-a-servidores.htm

Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo

O prefeito Gilberto Kassab, que reajustou em até 236% o salário de funcionários do primeiro escalão da Prefeitura de São Paulo, repetiu o que vem ocorrendo desde 2004 na capital paulista e propôs reajuste salarial de 0,01% aos servidores públicos municipais.
A proposta foi enviada à Câmara Municipal e deve ser votada nos próximos dias. O Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias) contesta o percentual e reivindica reajuste de 47,56%, referente às perdas salariais dos últimos anos.
Nos últimos nove anos, a medida foi adotada pelas gestões Kassab (PSD), José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) para cumprir a Constituição Federal, que prevê reajuste anual a servidores públicos, embora não especifique valor, nem percentual aplicado.
  • Projeto de lei enviado pelo prefeito Gilberto Kassab à Câmara Municipal propondo reajuste de 0,01%
O aumento de 0,01% será concedido a 16 mil servidores que atuam na educação, serviço funerário, zoonoses, Instituto de Previdência Municipal (Inprem), Hospital do Servidor Público, além de funcionários de autarquias municipais, secretarias da prefeitura e subprefeituras.
Os pisos iniciais das categorias são de R$ 440 para quem tem nível básico, R$ 646 para nível médio e R$ 1.839 para nível universitário. Com o reajuste aprovado na lei, os servidores de nível básico que recebem o piso, por exemplo, ganharão um aumento de menos de dez centavos.
“Isso é um desrespeito à nossa categoria. O governo tem usado esse reajuste só para não ter problemas legais”, afirma o vice-presidente do Sindsep, Leandro Oliveira. De acordo com ele, a categoria está pressionando os vereadores a não aprovar a proposta.

Veja qual é o salário dos prefeitos das capitais brasileiras

Foto 4 de 26 - Mais Alex Almeida/Folhapress - 12.nov.2007
A prefeitura reconhece que o reajuste de 0,01% é para cumprir a Constituição, mas afirma que, no ano passado, alguns segmentos de trabalhadores representados pelo sindicato receberam reajuste salarial, como os servidores da educação (21,42% de reajuste), da saúde (11,23%) e Guarda Civil Metropolitana (20,74%).
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, outros segmentos não contemplados pelo reajuste recebem gratificações por desempenho e prêmios desde 2005, além de revalorização do auxílio refeição e vale alimentação.
O vice-presidente do Sindsep admite que houve a concessão de reajuste a alguns segmentos do funcionalismo público, mas vê na medida uma estratégia para “dividir” a categoria. “Todos deveriam receber o reajuste”, afirma. Para Oliveira, a aplicação de prêmios e gratificações, e não de reajustes anuais, deixa a categoria à mercê da prefeitura.
No ano passado, a categoria realizou protestos pelo centro e até aprovou uma greve em agosto. A maior adesão ocorreu entre os trabalhadores do serviço funerário, mas a paralisação foi encerrada após determinação da Justiça do Trabalho.
O vice-presidente do sindicato afirma que a categoria está tentando negociar com a prefeitura desde o início do ano, mas, até agora, não houve diálogo. Já a Secretaria de Planejamento diz que as negociações salariais ainda estão em andamento.

Conheça os imóveis de políticos brasileiros

Foto 2 de 39 - Condomínio onde mora o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), no Jardim Paulistano, zona oeste de São Paulo. O imóvel fica bem ao lado do shopping Iguatemi e do Esporte Clube Pinheiros, espaços de lazer da classe alta paulistana. O valor do apartamento declarado à Receita é de R$ 743 mil (o valor informado à Receita não está corrigido, por isso é inferior ao valor comercial atual) Flávio Florido/UOL

Só isso?

27/04/2012-09h24

Mudança climática acelera ciclo da chuva

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1082301-mudanca-climatica-acelera-ciclo-da-chuva.shtml

O ciclo natural que faz a água dos rios e oceanos evaporar, formar nuvens e cair na forma de chuva está ficando cada vez mais apressado, revela uma pesquisa feita por cientistas na Austrália e nos Estados Unidos.
A culpa é do aumento da temperatura média do planeta nos últimos anos, causado por ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento.
Uma atmosfera mais quente consegue armazenar e transportar muito mais vapor de água, o que explica o fenômeno.
Editoria de Arte/Folhapress
Até o fim do século, o ciclo da água pode ficar até um quarto mais rápido, calcula a equipe, coordenada por Paul Durack, do Centro Australiano de Pesquisa do Tempo e do Clima, na Tasmânia.
A mudança ocorrida de 1950 até o ano 2000 é mais modesta: pouco menos de 5% de aceleração no ciclo para cerca de 0,5 grau Celsius de aumento na temperatura média do globo. Até o fim do século, o mais provável é que o aumento de temperatura supere os 2 graus Celsius.
Para chegar a essa conclusão, a equipe tomou como base as alterações na salinidade dos mares nesses 50 anos.
O raciocínio que baseia a medição é relativamente simples: quanto mais rápido o processo de evaporação ou de precipitação (ou seja, chuva), maior deve ser a variação no teor de sal nos mares, os quais, afinal de contas, recebem cerca de 80% da chuva que cai no nosso planeta.
De fato, o que os pesquisadores verificaram é consistente com um efeito apelidado de "os ricos ficam mais ricos": regiões com mais concentração de sal ficam ainda mais salgadas, enquanto as com menor teor de sal ficam ainda mais "doces".
Em terra firme, isso significa que áreas secas tendem a receber menos chuva ainda, enquanto regiões úmidas ganham tempestades cada vez mais intensas.
"Seria uma intensificação dos extremos climáticos", diz o físico Paulo Artaxo, da USP, especialista em mudanças climáticas que analisou o novo estudo a pedido da Folha.
É algo que muita gente já previa em relação ao aquecimento global. "Mas esse talvez seja o primeiro trabalho a mostrar isso claramente nos dados", diz Artaxo.
Trata-se, obviamente, de uma má notícia para qualquer região do globo que sofra com secas ou enchentes. Mas, levando em conta as mudanças da salinidade dos mares, as repercussões podem ser ainda mais profundas, afirma o físico.
"É importante lembrar que um dos fatores cruciais para o funcionamento das correntes marinhas, além da temperatura da água, é a variação de salinidade", explica ele.
São correntes marinhas que esquentam a Europa Ocidental ou carregam nutrientes essenciais para a vida marinha rumo à costa do Peru. "Mudanças significativas nelas poderiam levar a colapsos na pesca, entre outras repercussões sociais e econômicas", afirma Artaxo.
A pesquisa está na edição desta semana da revista americana "Science".