domingo, 15 de abril de 2012

Projeto que quer vetar fumo em praias e parques de SP é criticado


01/03/2011 - 08h30

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/882422-projeto-que-quer-vetar-fumo-em-praias-e-parques-de-sp-e-criticado.shtml

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO


Macaquear projetos de lei, como o que quer proibir o fumo em praças e praias no Estado de São Paulo, não é uma boa ideia, segundo especialistas em tabaco.
Dias depois de Nova York anunciar que iria vetar o fumo também em espaços abertos, o deputado estadual Vinícius Camarinha (PSB) apresentou um projeto que copia, sem disfarces, a nova lei americana.

Eirini Vourloumis - 16.set.2010/The New York Times
Fumante no Bryant Park, em Nova York
Fumante no Bryant Park, em Nova York
O resultado é que o tiro saiu pela culatra --o projeto é criticado pelos principais ativistas antifumo do país.
"Não apoiamos esse tipo de projeto porque é extremista, radical e trata o fumante de maneira excludente", diz Tania Cavalcante, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca (Instituto Nacional de Câncer), órgão responsável pela política antifumo no Brasil.
"Isso é um pouco radical chique", debocha Vera Luiza Costa e Silva, que ocupou o mais alto posto da OMS (Organização Mundial da Saúde) para controle de tabagismo. Segundo ela, há medidas mais importantes para o país implantar antes de vetar o fumo em espaços abertos.
As mais óbvias são o aumento do preço do cigarro e do imposto --ambas consideradas pela OMS como extremamente eficazes para reduzir o número de fumantes.
Outra medida seria estender para o resto do país o veto ao fumo em ambientes fechados, um projeto de lei que o governo Lula engavetou.
Paula Johns, da ACT (Aliança de Controle ao Tabagismo), entidade que reúne cerca de 400 ONGs atuando nessa área no país, diz que o projeto de lei serve para estigmatizar os que tentam controlar o cigarro.
"Esse projeto é muito ruim porque dá a impressão de que controlar o tabagismo é impor medidas radicais. É uma coisa proibicionista."
Seria mais importante, segundo Paula Johns, vetar fumo em grandes aglomerações, como estádios de futebol e locais de shows.
Outro projeto prioritário, para ela, seria retirar a publicidade dos pontos de venda, por causa do contato que as crianças têm com essas imagens --os displays costumam ficar ao lado de balas e doces, numa estratégia nada sutil para arregimentar novos consumidores.
Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress
OUTRO LADO
Há ainda dúvidas sobre a eficácia do veto ao fumo em ruas e praias. Bairros do Japão proíbem desde 2002 o cigarro nas ruas e em praias, mas o país não é nenhum modelo em combate ao tabagismo: lá, o percentual de homens fumantes bate nos 37%, enquanto no Brasil esse índice não passa de 22%.
O deputado Vinicius Camarinha nega que tenha copiado o modelo americano. "Tomei Nova York como ponto de partida para ampliarmos os ambientes livres de fumo." Ele diz que sua intenção não é discriminatória: "Do fundo do coração, fiz o projeto para proteger as pessoas. Sou contra o fumo, não contra o fumante."
Para quem acha o projeto uma ideia de jerico, Camarinha manda um recado: "Não tenho compromisso com o erro. Posso mudar tudo".

Parque Ten. Siqueira Campos: Trianon 120 anos!


5/04/2012 - 08h30

Parque Trianon chega aos 120 anos como refúgio do almoço

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO



Araribá-rosa, camboatá, tapiá-guaçu, angico-do-morro, jerivá, chincha, tamboril, cedro, canelinha, bico-de-pato e guapuruvu. Essas e outras árvores nativas da mata atlântica permanecem intocadas e crescendo sob cuidados no parque Trianon, 120 anos após sua criação. A data é comemorada neste mês.


É graças a essas espécies e aos bosques e sub-bosques centenários que o clima dentro do parque fica mais fresco, muito diferente do sentido no entorno da Paulista.
"Dá um contraste quando entro aqui: parece que saí de São Paulo", diz o publicitário Gabriel Lucas, 24, que estava no local acompanhado de cinco colegas de trabalho.
Era a hora do almoço, e todos os bancos estavam ocupados quando a Folha falou com os cinco. O que mais se via naquele momento eram engravatados e desengravatados, em grupo ou solitários, quase todos usando a pequena floresta como uma breve "fuga" do local de trabalho.
"Almoço em cinco minutos e venho direto para cá arejar a mente", conta a abastecedora Taís Silva, 29.
Há os que levam a marmita para comer lá mesmo, em clima de piquenique. Como a psicóloga Nana Foster, 25, que estava com quatro amigos num banco. Ela diz ter achado o parque "elitizado" e estranhou nunca ter visto moradores de rua lá dentro.
Mas, um pouco adiante, estava Josevaldo dos Santos, 54, que fica até as 18h nos bancos do Trianon. Quando o parque fecha, ele migra para o vizinho Mário Covas e, dali, para as praças próximas.
Daigo Oliva/Folhapress
Frequentadoras praticam exercício físico no parque Tenente Siqueira Campos, o parque Trianon, na avenida Paulista
Frequentadoras praticam exercício físico no parque Tenente Siqueira Campos, o parque Trianon, na av. Paulista
QUEM PASSA POR LÁ
O parque tem frequentadores de todas as idades e classes sociais, justamente por ser usado como local de passagem na avenida que mais atrai turistas na cidade.
Pela manhã, o público cativo é formado pelos que praticam cooper, ioga e tai chi chuan, por usuários de academias, pelos que levam cães para passear e por crianças brincando nos parquinhos.
Durante todo o dia, alunos das escolas próximas exercem no parque o direito de "adolescentar", com beijos e cigarros nas sombras.
Proibido é andar de bicicleta ou skate, deitar nos bancos (há quatro vigias bem alertas contra a prática) e entrar nos bosques, como dita o regulamento à mostra na entrada.