http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/casa/para-viver-vento-geracao-energia-eolica-casa-757037.shtml?func=2
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Até o ano passado, uma família brasileira tinha 
apenas duas motivações para produzir 
energia com a força do 
vento: a falta de abastecimento público (ou as falhas crônicas 
no serviço) e o desejo de trilhar caminhos mais sustentáveis. Desde abril, 
porém, uma mudança na legislação - a 
Resolução nº 482 da 
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - dá um 
incentivo a mais ao permitir a micro e a minigeração distribuída. Traduzindo: dá 
sinal verde para que sistemas alternativos de 
geração de energia 
limpa injetem sua produção na rede da distribuidora local. 
Com 
isso, além de suprir parte da demanda da casa e pagar menos pela conta mensal, o 
cliente ganha créditos para descontar nas próximas faturas toda vez que a 
geração de energia for maior do que o consumo. "É um primeiro passo 
importantíssimo", diz 
Elbia Melo, presidente da 
Associação Brasileira de Energia Eólica 
(Abeeólica).
Diversos estudos comprovam o enorme potencial do 
Brasil para explorar a energia do vento, especialmente na faixa litorânea e no 
sul do país. Fazer o setor crescer e disseminar o acesso aos equipamentos, no 
entanto, requer um conjunto de incentivos. "O governo é o principal agente, 
porque pode criar benefícios fiscais e ainda se tornar o melhor cliente, 
instalando sistemas eólicos em prédios públicos, por exemplo", afirma 
Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, 
consultoria em projetos sustentáveis. 
"Nos Estados Unidos, quando o 
governo ofereceu 30% de desconto no imposto de renda para quem investisse em 
energia eólica, houve um crescimento de 78% em um ano", lembra 
Luiz 
Cesar Pereira, diretor da Enersud, fabricante nacional de 
aerogeradores. 
Aqui, a novidade quanto à micro e à minigeração 
distribuída segue a mesma tendência. "Ainda não é como na Europa, onde se ganha 
dinheiro vendendo energia limpa. Por enquanto, trata-se de uma maneira de 
economizar na conta e impulsionar o segmento", diz Elbia Melo. 
Na 
prática, a mudança favorece quem consome mais energia, como prédios comerciais, 
condomínios residenciais e indústrias, que têm a chance de obter o retorno do 
investimento em prazos mais razoáveis. Mas há quem enxergue além, como o 
aposentado 
Ari Lund, dono de uma casa no litoral catarinense. 
"Os ventos em Garopaba são abundantes e temos que aproveitar essa energia limpa. 
É preciso baratear os custos, incentivando outras pessoas a apostar nisso", 
defende. 
Ele desembolsou R$ 50 mil na instalação de um 
sistema 
eólico doméstico, poucos meses antes de a rede de distribuição passar a 
atender sua região. "Apesar do preço alto, fiquei satisfeito com o resultado 
porque consegui suprir boa parte do abastecimento de energia", completa ele, que 
agora prepara projeto para se conectar à rede pública. 
Situação 
semelhante viveu 
Edison Eduardo Weissinger, aposentado, morador 
de Itaipuaçu, no Rio de Janeiro. "Aqui o fornecimento não era confiável, faltava 
luz com frequência, e resolvi gastar R$ 4 mil na compra de um pequeno sistema 
com aerogerador, torre, baterias e outros equipamentos", justifica. "Hoje tenho 
autonomia e pago menos pela conta sem agredir o meio 
ambiente."
Incentivos à energia eólica vêm também de grandes bancos: a 
Caixa Econômica Federal incluiu recentemente os 
aerogeradores 
na lista de produtos que podem ser adquiridos pelo Construcard, linha 
de financiamento para materiais de construção (com até 96 meses para pagar, com 
taxas de juros de 0,90% a 1,85% ao mês). No Banco do Brasil, o BB Consórcio 
lançou em janeiro planos especiais para a compra de sistemas de energia 
renovável e a contratação de serviços técnicos por prestadores especializados. 
Os selos de construção sustentável têm sua parcela de contribuição. O 
AQUA, coordenado pela Fundação Vanzolini, 
obriga os empreendimentos candidatos à certificação a elaborar um estudo de 
viabilidade de energias alternativas. "É uma maneira de estimular a adoção de 
sistemas eólicos e fotovoltaicos, principalmente", afirma 
Felipe 
Coelho, assistente técnico da entidade. 
Nesse cenário 
favorável, os primeiros condomínios residenciais já começam a aderir à causa. Em 
Praia Grande (SP), a força do vento fez o diretor da construtora Concreplan, 
Eliude Rodrigues de Souza, investir R$ 70 mil para incorporar 
duas turbinas eólicas no Ecovila Resort, um residencial de 56 casas com várias 
soluções sustentáveis, que contou com consultoria especializada da empresa 
Energia Pura.
AFINAL, QUANTO O SISTEMA 
ECONOMIZA?
Para gerar crédito na conta de luz, é preciso avaliar a 
demanda de energia da residência e escolher um modelo de aerogerador que possa 
supri-la (sozinho ou em conjunto com outros). Comparamos cinco modelos, 
considerando uma família de quatro pessoas que consome 300 kWh/mês e paga uma 
conta de luz de R$ 90. 
Clique aqui e 
confira os resultados. 
Na simulação, supondo que a casa 
esteja numa região com incidência média de ventos de 6 m/s, somente o 
aerogerador Skystream será capaz de cobrir o consumo da família com apenas uma 
torre. Nesse caso, se o sistema for off grid (independente da rede pública), a 
conta de luz se restringirá aos impostos. Se a mesma residência estiver 
funcionando no sistema grid tie, isto é, injetando energia na rede, a produção 
excedente gerará créditos para as próximas faturas. 
"O passo seguinte 
será convencer o governo a permitir a venda de energia", ressalta Elbia Melo, da 
Abeeólica. Quando isso ocorrer, as famílias que produzem mais do que consomem 
poderão ganhar dinheiro com seus kWh excedentes -
 e isso fará com que o 
investimento no sistema, que ainda é alto, se pague mais rapidamente. Mas 
não se esqueça: esse equipamento só se justifica em regiões com incidência 
suficiente de ventos. Antes de adotá-lo, cheque a informação em mapas eólicos ou 
com consultores técnicos. 
COMO FUNCIONA 
Para ter 
acesso à microgeração distribuída, é preciso apresentar um projeto à 
distribuidora. Se aprovado, o cliente arcará com os custos de todos os 
equipamentos e do novo medidor, que registrará a entrada e a saída de energia. 
Clique aqui e veja os componentes do 
sistema no infográfico.
Ilustrações: Marcelo Garcia 
Divulgação/Energia Pura

Até o ano passado, uma família brasileira tinha apenas duas motivações para 
produzir energia com a força do vento: a falta 
de abastecimento público (ou as falhas crônicas no serviço) e o desejo de 
trilhar caminhos mais sustentáveis. Desde abril, porém, uma mudança na 
legislação - a Resolução nº 482 da Agência Nacional 
de Energia Elétrica (Aneel) - dá um incentivo a mais ao permitir a 
micro e a minigeração distribuída. Traduzindo: dá sinal verde para que sistemas 
alternativos de geração de energia limpa injetem sua produção 
na rede da distribuidora local. 
Com isso, além de suprir parte da 
demanda da casa e pagar menos pela conta mensal, o cliente ganha créditos para 
descontar nas próximas faturas toda vez que a geração de energia for maior do 
que o consumo. "É um primeiro passo importantíssimo", diz Elbia 
Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica 
(Abeeólica).
Diversos estudos comprovam o enorme potencial do 
Brasil para explorar a energia do vento, especialmente na faixa litorânea e no 
sul do país. Fazer o setor crescer e disseminar o acesso aos equipamentos, no 
entanto, requer um conjunto de incentivos. "O governo é o principal agente, 
porque pode criar benefícios fiscais e ainda se tornar o melhor cliente, 
instalando sistemas eólicos em prédios públicos, por exemplo", afirma 
Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, 
consultoria em projetos sustentáveis. 
"Nos Estados Unidos, quando o 
governo ofereceu 30% de desconto no imposto de renda para quem investisse em 
energia eólica, houve um crescimento de 78% em um ano", lembra Luiz 
Cesar Pereira, diretor da Enersud, fabricante nacional de 
aerogeradores. 
Aqui, a novidade quanto à micro e à minigeração 
distribuída segue a mesma tendência. "Ainda não é como na Europa, onde se ganha 
dinheiro vendendo energia limpa. Por enquanto, trata-se de uma maneira de 
economizar na conta e impulsionar o segmento", diz Elbia Melo. 
Na 
prática, a mudança favorece quem consome mais energia, como prédios comerciais, 
condomínios residenciais e indústrias, que têm a chance de obter o retorno do 
investimento em prazos mais razoáveis. Mas há quem enxergue além, como o 
aposentado Ari Lund, dono de uma casa no litoral catarinense. 
"Os ventos em Garopaba são abundantes e temos que aproveitar essa energia limpa. 
É preciso baratear os custos, incentivando outras pessoas a apostar nisso", 
defende. 
Ele desembolsou R$ 50 mil na instalação de um sistema 
eólico doméstico, poucos meses antes de a rede de distribuição passar a 
atender sua região. "Apesar do preço alto, fiquei satisfeito com o resultado 
porque consegui suprir boa parte do abastecimento de energia", completa ele, que 
agora prepara projeto para se conectar à rede pública. 
Situação 
semelhante viveu Edison Eduardo Weissinger, aposentado, morador 
de Itaipuaçu, no Rio de Janeiro. "Aqui o fornecimento não era confiável, faltava 
luz com frequência, e resolvi gastar R$ 4 mil na compra de um pequeno sistema 
com aerogerador, torre, baterias e outros equipamentos", justifica. "Hoje tenho 
autonomia e pago menos pela conta sem agredir o meio 
ambiente."
Incentivos à energia eólica vêm também de grandes bancos: a 
Caixa Econômica Federal incluiu recentemente os aerogeradores 
na lista de produtos que podem ser adquiridos pelo Construcard, linha 
de financiamento para materiais de construção (com até 96 meses para pagar, com 
taxas de juros de 0,90% a 1,85% ao mês). No Banco do Brasil, o BB Consórcio 
lançou em janeiro planos especiais para a compra de sistemas de energia 
renovável e a contratação de serviços técnicos por prestadores especializados. 
Os selos de construção sustentável têm sua parcela de contribuição. O 
AQUA, coordenado pela Fundação Vanzolini, 
obriga os empreendimentos candidatos à certificação a elaborar um estudo de 
viabilidade de energias alternativas. "É uma maneira de estimular a adoção de 
sistemas eólicos e fotovoltaicos, principalmente", afirma 
Felipe 
Coelho, assistente técnico da entidade. 
Nesse cenário 
favorável, os primeiros condomínios residenciais já começam a aderir à causa. Em 
Praia Grande (SP), a força do vento fez o diretor da construtora Concreplan, 
Eliude Rodrigues de Souza, investir R$ 70 mil para incorporar 
duas turbinas eólicas no Ecovila Resort, um residencial de 56 casas com várias 
soluções sustentáveis, que contou com consultoria especializada da empresa 
Energia Pura.
AFINAL, QUANTO O SISTEMA 
ECONOMIZA?
Para gerar crédito na conta de luz, é preciso avaliar a 
demanda de energia da residência e escolher um modelo de aerogerador que possa 
supri-la (sozinho ou em conjunto com outros). Comparamos cinco modelos, 
considerando uma família de quatro pessoas que consome 300 kWh/mês e paga uma 
conta de luz de R$ 90. 
Clique aqui e 
confira os resultados. 
Na simulação, supondo que a casa 
esteja numa região com incidência média de ventos de 6 m/s, somente o 
aerogerador Skystream será capaz de cobrir o consumo da família com apenas uma 
torre. Nesse caso, se o sistema for off grid (independente da rede pública), a 
conta de luz se restringirá aos impostos. Se a mesma residência estiver 
funcionando no sistema grid tie, isto é, injetando energia na rede, a produção 
excedente gerará créditos para as próximas faturas. 
"O passo seguinte 
será convencer o governo a permitir a venda de energia", ressalta Elbia Melo, da 
Abeeólica. Quando isso ocorrer, as famílias que produzem mais do que consomem 
poderão ganhar dinheiro com seus kWh excedentes - e isso fará com que o 
investimento no sistema, que ainda é alto, se pague mais rapidamente. Mas 
não se esqueça: esse equipamento só se justifica em regiões com incidência 
suficiente de ventos. Antes de adotá-lo, cheque a informação em mapas eólicos ou 
com consultores técnicos. 
COMO FUNCIONA 
Ilustrações: Marcelo Garcia