segunda-feira, 28 de março de 2011

Problemas nos preparativos para Copa 2014 e Olimíadas de 2016 levam sociedade a se perguntar se país vai melhorar vida dos brasileiros

O futuro chega?


Problemas nos preparativos para Copa 2014 e Olimíadas de 2016 levam sociedade a se perguntar se país vai melhorar vida dos brasileiros


Publicada em 27/03/2011 às 09h41m



Autoria: Fábio Juppa



RIO - Se o Brasil é o país onde o futuro já chegou, como definiu Barack Obama, os preparativos para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 são sinais de um incômodo retrocesso. Quase quatro anos depois de ter assegurado o direito de organizar o Mundial e a alguns meses do segundo aniversário da vitória da candidatura olímpica, o Brasil do discurso e o da prática seguem desalinhados. Um fala em desenvolvimento e mudança. O outro desnuda o atraso, alerta para os custos elevados, a ineficácia dos órgãos públicos e uma participação da sociedade nas decisões à beira da inexistência que a faz se perguntar se a chance de transformar a vida do brasileiro comum terá escorrido pelo ralo político ao fim dos Jogos do Rio.



Vote: O que mais preocupa você em relação à organização da Copa de 2014 no Brasil?



- Vamos realizar tanto a Copa como as Olimpíadas com eficiência, mas isso não significa que estejamos sabendo aproveitar da melhor forma essa janela de oportunidades - responde o economista Sérgio Besserman (foto), que, como carioca, vê nos eventos a oportunidade de consolidação da marca do Rio por décadas, mas se mostra ressabiado com a qualidade do legado que a cidade terá. - É preciso aplicar conhecimento nesse objetivo.



Atrasos x custos



O temor de Besserman é também o de atores de diversos segmentos que acompanham com atenção os dois processos. Primeira no cronograma, a Copa do Mundo é um sonho aflitivo. Após a severidade do relatório de fevereiro do Tribunal de Contas da União (TCU), que condenou atrasos em obras de estádios, infraestrutura e a lentidão do Ministério do Esporte na entrega das matrizes de responsabilidade para intervenções em portos e aeroportos, o planejamento do evento e sua execução foram novamente postos em xeque.



Os custos, bancados na maioria dos projetos pelo governo federal, exigem atenção. Treze meses após a divulgação do orçamento para construção e reforma de estádios, os valores de cinco deles - Mineirão (Belo Horizonte), Fonte Nova (Salvador), Maracanã (Rio), Arena da Amazônia (Manaus) e Cidade da Copa (Recife) - já estão 57,6% mais caros, de acordo com cálculo feito pelo GLOBO com base em dados originais fornecidos em janeiro de 2010 pelo ex-governo Lula. Saltaram de R$ 2,6 bi para R$ 4,1 bi. Nos casos de cidades como Manaus e Cuiabá, a sombra dos elefantes brancos tende a crescer à medida que a areia escorrer pela ampulheta.



- O que houve no Estádio Mané Garrincha depois daquele Brasil e Portugal de dezembro de 2008? - indaga Gil Castelo Branco, fundador e secretário geral da ONG Contas Abertas, lançando luz sobre o estádio de Brasília, outra obra faraônica de R$ 671 milhões.



Por mais transparência



Criado pela Controladoria Geral da União (CGU) como instrumento de controle social dos investimentos públicos, o site Copa 2014, hospedado no Portal da Transparência, é uma iniciativa que ainda não presta o serviço a que se propõe. Sua desatualização fere o princípio da transparência, ainda visto pelo Estado mais como inimigo do que aliado. As planilhas de execuções orçamentárias e prazos da reforma do Mineirão são um bom exemplo. Sobre aquela que é considerada a obra mais avançada, a última atualização de valores contratados e executados é de 6 de agosto do ano passado. A responsabilidade de repasse das informações é dos órgãos envolvidos - Ministérios do Esporte, Turismo, Cidades, e BNDES, governos estaduais e municipais - que não têm encaminhado os dados no prazo previsto pelo decreto presidencial assinado pelo ex-presidente Lula.



- Já conversei com o Orlando Silva. É o ministério do Esporte que centraliza esse processo - explica o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.



Orlando Silva é evasivo ou nada diz sobre os atrasos. Para ele, a transparência está a caminho, com a criação de escritórios onde equipes ligadas à pasta passariam a fazer o monitoramento dos dados:



- Queremos ter equipes em cada cidade-sede para tornar a atualização frequente.



Mobilidade urbana



O olhar intruso, às vezes, é mais revelador. Em apenas um fim de semana, Obama identificou problemas e uma oportunidade. Firmou um acordo pelo qual os americanos passarão a auxiliar o Brasil na realização da Copa e dos Jogos. Já sua visão de que a governança já deixou de ser uma pedra nos caminhos do país rumo ao desenvolvimento soou como mero exercício de diplomacia. Com eleições municipais em outubro de 2012, a possibilidade de que projetos referentes aos megaeventos esportivos virem tema de discussão política, atrasando-os e os encarecendo, nunca pode ser desconsiderada.



- O diálogo entre as esferas é fundamental, mas em época de eleição tudo vira motivo de polêmica - afirma Gil.



Após longo período de inanição na questão da mobilidade urbana sustentável, o Brasil se vê diante de uma oportunidade histórica para mudar o panorama. As exigências da Fifa por projetos como metrôs, VLTS e BRTS jogam a favor da melhora da circulação nas áreas metropolitanas. Apesar da tradição de Salvador de não conduzir bem obras grandiosas, o projeto de BRT da cidade pode trazer benefícios significativos para a capital baiana. Já o de Brasília fará atendimento mais qualificado em relação ao que hoje atende às cidades satélites.



- Não queremos que o Estado mostre capacidade de gerar eventos, mas legado - avisa o coordenador do escritório de Brasília da Agência Nacional de Transporte Público (ANTP), Nazareno Stanislau Afonso. - Nosso interesse é operar o que já foi feito, não dá mais para abrir discussão.



Crítica à falta de debate



A falta de debate sobre os projetos, porém, é o que mais tem incomodado o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Sérgio Magalhães, membro do Conselho de Legado das Cidades, criado pelo prefeito Eduardo Paes para tratar da herança olímpica. Na visão dele, a ausência de discussão pela sociedade tem induzido a decisões centradas, autocratas, poucos transparentes, que ignoram a identidade cultural e a representatividade coletiva de cada cidade-sede, indo na contramão da tendência nas principais metrópoles mundiais.



- Os eventos deveriam gerar debate, de onde surgem as melhores propostas - diz, citando o concurso público do Porto Olímpico, que selecionou 87 entre os mais de mil projetos inscritos. - Decisões importantes não podem ficar restritas a um administrador, por melhor que ele seja.



Veja entrevista com Besserman:



O que podemos ganhar de melhor com a Copa e as Olimpíadas?



SÉRGIO BESSERMAN: O maior legado para o Brasil e para o Rio de Janeiro, em particular, é a valorização da marca. Vale mais do que os equipamentos e as transformações estruturais que vão acontecer.



O que pode acontecer de melhor para essa valorização?



SÉRGIO BESSERMAN: A marca do Rio é ligada à sustentabilidade. Esse desafio é expresso pelo Rio, com suas coisas boas e ruins. Se a agenda do planeta é essa, a cidade e o país devem caminhar nesse sentido. Os olhos do mundo estarão voltados para cá. Acredito que faremos os eventos com eficiência, mas não sei se seremos capazes de trabalhar com um grau de satisfação para o que é mais valoroso no século XXI. Vai depender dos governos, do empresariado, da sociedade.



Os projetos estão de acordo com esta realidade?



SÉRGIO BESSERMAN: De modo geral, atendem a certificados estrangeiros, poucos possuem adicionais, mas precisamos apresentar projetos que incluam algo originalmente brasileiro. Isso é mostrar o algo mais, fazer marketing com "M" maiúsculo. É não se propor a fazer eventos nota sete. Temos de buscar a nota dez.



A participação da sociedade não deveria ser mais efetiva?



SÉRGIO BESSERMAN: A afirmação da marca também depende disso. Não é possível fazer eventos extraordinários sem o engajamento da sociedade. É preciso que a população se sinta mais dona da Copa do Mundo, das Olimpíadas... Há atores engajados, que cobram, fiscalizam, fomentam discussão. O Brasil está emergindo, mas tem uma governança atrasada. Isso não significa uma crítica a esse ou àquele partido, é uma questão histórica, que torna difícil a realização de um trabalho sofisticado de valorização da marca.



A transparência dos processos não lhe parece fundamental?



SÉRGIO BESSERMAN: Temos de buscar a nota dez em transparência não só para garantir a boa gestão de recursos, mas para a valorizar a marca. Temos de buscar essa luz sempre. E acompanhar o andamento dos processos amigavelmente, com cidadania.



O que pensa sobre o financiamento público das obras?



SÉRGIO BESSERMAN: Como economista, acho uma pena. O negócio é bom, capaz de atrair investimento privado, e a competição gera um produto melhor. Com o tempo, seria interessante viabilizar maior presença do capital privado, nacional e estrangeiro.




É difícil atingir o Triple Bottom Line na prática: Sucesso do etanol não alivia preço nas bombas

Sucesso do etanol não alivia preço nas bombas


 
Publicado em 26 de março de 2011 às 10:59




Fonte: http://www.santacruznews.com.br/noticia_ler.php?s=2&conteudo_id=3368
 
Autor: Paulo Panossian




O Brasil não é o maior produtor de etanol do mundo. Enquanto nossa produção atinge a 28 bilhões de litros anualmente, os americanos depois de 30 anos de grandes investimentos na área, devem produzir em 2011 49 bilhões de litros por ano. Ou seja, quase o dobro do nosso.











No Brasil extraímos o etanol da cana-de-açúcar, e na terra de Tio Sam do milho. Aqui na terra tupiniquim o cultivo da cana utiliza apenas 1,5% das terras aráveis. E pode dobrar até triplicar sua produção de etanol, sem provocar devastação das nossas matas. Mesmo porque a pecuária pelas novas técnicas de engorda tem reduzido significativamente as áreas antes ocupadas para pastagem.











Hoje o etanol brasileiro é reconhecido pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA (EPA) como "biocombustível avançado", porque produzido da cana-de-açúcar reduz entre 61% a 91% a emissão de gases de efeito estufa. Ou seja, mais saúde para o brasileiro!











Além deste importante beneficio ambiental, a Petrobrás por adicionar a gasolina 25% de etanol, há décadas tem ajudado o tesouro nacional, a não desequilibrar ainda mais suas contas externas, porque supriu com este biocombustivel extraído da cana, a necessidade de importar petróleo, mesmo porque até há pouco tempo atrás (2007) não éramos auto-suficientes na extração de petróleo.











Outra grande vantagem desta tecnologia que é genuinamente brasileira de extrair o etanol através da cana-de-açúcar, é do nível de emprego criado no País, hoje na casa de um milhão de trabalhadores, além de grandes investimentos no setor, inclusive de parceiros internacionais.











Logicamente que existe uma discussão estéril entre ambientalistas com relação a esta cultura da cana que avança por todo o País. Hoje está comprovado que com as novas técnicas utilizadas para cultivo, e isso graças a nossa competente Embrapa, não só a produtividade vem crescendo por ha., como o solo devido a esta cultura não vem sendo prejudicado. A não ser pelas tais queimadas que têm seus dias contados para acabar.



Mas, consciente dos muitos benefícios, desde econômico e social do etanol que tem produzido até aqui, e citados acima, um deles que é o consumidor nem sempre sente no seu bolso o alivio ao abastecer seu veículo com este biocombustivel.











Aliás, e infelizmente esta é a prática perversa de nossos governantes que nem sempre transferem os benefícios da produtividade para os consumidores. Preferem sempre aumentar os impostos, numa agenda burra, que prejudica a sustentabilidade do crescimento da nossa economia.



Vejam o caso da gasolina. Há quase quatro anos somos auto-suficientes na extração de petróleo, e os preços nas bombas são os mais caros do mundo. E agora com o sistema de Partilha, provavelmente vai piorar, porque antes (era FHC) era o investidor que assumia contrato de risco para exploração em águas profundas, e hoje (era Lula) é o próprio governo que com traquinagens contábeis capitaliza a Petrobrás.











E no caso do etanol, hoje não só por problemas de sazonalidade da safra da cana, mas pelo crescimento da exportação do produto, já não existe mais vantagem para abastecer com o álcool. Uma verdadeira traição contra a confiança do consumidor que adquiriu veículo adaptado para o etanol acreditando nas promessas do governo, e leva uma rasteira federal...



Está para chegar o dia, em que conduziremos ao topo do poder um governante capaz de cumprir literalmente, a máxima que o Brasil é um País de futuro...











Paulo Panossian



paulopanossian@hotmail.com



Jornalista - São Carlos - SP.







Especialistas: sustentabilidade é investimento em longo prazo

Especialistas: sustentabilidade é investimento em longo prazo



Se as discussões são movidas por divergências, o debate no final da tarde desta sexta-feira no 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade foi exemplar








Autor e assessor de sustentabilidade de corporações gigantes como Walmart, o jovem Adam Werbach deu uma palestra motivacional e dinâmica sobre a aplicação direta em empresas, enquanto o ambientalista e também autor Paul Hawken apresentou uma abordagem mais filosófica e pessimista, com sua voz pausada e cabelos grisalhos. No entanto, ambos concordam em uma coisa: sustentabilidade é um investimento que dará retorno no longo prazo.







Werbach trabalhou com o Walmart para conseguir que seus mais de dois milhões de funcionários participassem nos esforços de sustentabilidade da empresa. Ele criou o Projeto Pessoal de Sustentabilidade (PSP), baseado em um plano de metas transparente e específico para utilização de energia renovável e redução de resíduos, entre outras metas.







Para ele, o mundo passa por uma mudança drástica e é preciso inovar, não como um aparelho de barbear com quatro, cinco ou seis lâminas, mas com a percepção da mudança cultural.







O consultor foi bastante direto aos empresários presentes no grande salão do hotel Tropical. "Sustentabilidade em empresas significa possibilidade de lucro em longo prazo", afirmou. Se ainda restava alguma dúvida na cabeça dos empresários, ela deve ter se dissipado com o discurso catastrófico de Hawken.







"Sustentabilidade não é sobre consertar coisas, é a relação entre os dois sistemas mais complexos, os seres humanos e a natureza. É sobre segurança, saúde, um plano de longo prazo. Mudança climática pode ser chamada de volatilidade climática, é um nome melhor. É onde estaremos em 2050, se não reduzirmos 80% dos combustíveis fósseis nos próximos 25 anos", disse.







Segundo o ambientalista, essa redução significa construir 100 metros quadrados de painéis solares a cada minuto por 25 anos, ou uma piscina olímpica de algas por segundo durante 25 anos.







"Faça suas próprias contas do que você precisa fazer, não acredite nas minhas", afirmou Hawken. De acordo com ele, no entanto, substituir os combustíveis fósseis pelas alternativas existentes seria apenas rearranjar as mesmas peças de um quebra-cabeça. O especialista aposta em novas tecnologias como a fusão nuclear, que usa a energia liberada na compressão de gases de hidrogênio a altíssimas temperaturas.







Hawken aposta também no Brasil como um futuro líder em energias renováveis. "Vim para o Brasil com um objetivo: para dar uma mensagem. Acredito que o Brasil está prestes a se tornar um dos países mais importantes no mundo. As decisões que vocês tomarem agora vão ter um profundo efeito no século 21. É um novo país em termos de poder, tudo é possível", disse. Com um discurso profundamente humanista, Hawken afirmou que é o momento de "escolher ter mais coisas ou mais vida".







Crítica

Autor do livro Capitalismo natural: criando a próxima revolução industrial, Hawken também rebateu a postura do ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, que criticou o discurso científico dos ambientalistas no primeiro dia de fórum. "Para resolver nossos problemas, precisamos abrir os braços para englobar tudo. Não somos mais inteligentes, só vemos o mundo por outro ângulo. Todas as coisas estão conectadas", disse.













Fonte: Terra



Pegada hídrica: O consumo de água escondido nos produtos

O consumo de água escondido nos produtos


 
Debate sobre ''pegada hídrica'' sai da academia e ganha força; para criador do conceito, ideia é ampliar conscientização e reduzir uso da água


 
23 de março de 2011
0h 00


 
Autoria: Afra Balazina - O Estado de S.Paulo


 
Um total de 140 litros de água são consumidos direta e indiretamente em toda a cadeia produtiva do café para que se possa tomar uma xícara dessa bebida, segundo a Water Footprint Network (WFN). Se trocarmos o café pelo chá, diz a organização, contribuiremos para a economia de água: para fazer uma xícara de chá padrão, de 250 ml, são necessários 30 litros de água.





Além do café e do chá, a WFN coloca à disposição dados sobre o consumo de água na elaboração de diversos produtos. Para um quilo de açúcar são consumidos em média 1,5 mil litros de água; para uma taça de vinho, 120 litros; para um quilo de carne bovina, 15 mil litros - dependendo das características regionais, há variação nos números. Essa quantidade de água para produção de um bem recebeu o nome de "pegada hídrica".



O holandês Arjen Hoekstra, diretor científico da WFN, criou há dez anos esse conceito, na Universidade de Twente. Porém, só mais recentemente o debate saiu da academia e começou a chamar a atenção de consumidores e empresas.



Na semana passada, Hoekstra participou de um encontro com empresários em São Paulo e também deu um curso, do qual participaram funcionários da Ambev, do Banco do Brasil, do HSBC e de Itaipu, entre outros.



A Natura, por exemplo, da área de cosméticos, é parceira da WFN e já começou a aplicar a metodologia da organização. "O primeiro estudo que realizamos em parceria com o WFN foi um piloto de cálculo da pegada hídrica de dois produtos do portfólio da Natura", diz Janice Casara, gerente de sustentabilidade da empresa. O piloto foi concluído no ano passado e, agora, estão sendo realizadas pesquisas complementares.



De acordo com Hoekstra, as empresas por enquanto estão numa "fase exploratória" - ou seja, ainda não estão num estágio de ter metas de redução de pegada hídrica. Ele conta que há grande interesse em geral da indústria de bebidas e de alimento, mas que ainda não provocou muita curiosidade do setor da mineração. "Enquanto o consumidor vê a relação entre o gasto de água para a produção de comida e bebida, o mesmo não ocorre com a mineração. Então, o setor fica mais quieto."



Segundo Hoekstra, o objetivo não é necessariamente criar selos ou certificação para quem medir a pegada hídrica. Mas simplesmente conseguir ampliar a conscientização e reduzir o consumo de água. "Não adianta fazer um selo se isso não significar uma diminuição do uso de água", opina.



No levantamento da pegada hídrica entre os países, o Brasil está pouco acima da média mundial - são 1.381 metros cúbicos per capita por ano, contra 1.243 metros cúbicos per capita ao ano no mundo. Para se ter uma ideia, a da China é de 700 e a dos Estados Unidos, de 2,5 mil.



Quem tiver interesse, é possível calcular a pegada hídrica pessoal no site www.waterfootprint.org.



Sem vilões. O ex-secretário estadual do Meio Ambiente Xico Graziano está preocupado com o uso do conceito de forma preconceituosa, colocando a agricultura como vilã. Ele também discorda das campanhas ambientais que defendem que para ser ecológico é preciso voltar ao passado.



"Mas acho interessante contar, além dos custos econômicos, o custo dos recursos naturais, especialmente a água. As empresas podem usar isso como ferramenta de marketing e o consumidor poderá optar pelo que emite menos gás carbônico e menos água. Faz parte da preparação para uma economia verde."



O QUE É LEVADO EM CONTA PARA A PEGADA



Água azul

Volume de águas superficiais e subterrâneas consumidas como resultado da produção de um bem ou serviço.



Água verde

Volume de água da chuva consumida durante a produção. É relevante principalmente para produtos agrícolas e florestais e se refere à perda de água da chuva de campos e plantações por transpiração, além da água incorporada ao produto colhido.



Água cinza

Indicador de poluição de água doce que pode ser associado a um produto ao longo de sua cadeia de abastecimento global. É calculado como o volume de água necessário para diluir os poluentes de tal forma que a qualidade da água continue acima dos padrões de qualidade.







Ameaça invisível: Radiatividade crescente prejudica resgate de usina no Japão e contamina o solo...

Radiatividade crescente prejudica resgate de usina no Japão

27 de março de 2011
10h 27

 
Autoria: SHINICHIRO SAOSHIRO E TAIGA URANAKA - REUTERS
 




Operários foram retirados no domingo do prédio de um reator da usina nuclear japonesa danificada por um terremoto, depois de níveis potencialmente letais de radiação terem sido detectados na água do reator. É um revés importante no esforço para evitar um derretimento nuclear catastrófico.





A operadora da usina disse que a radiação presente na água do reator N 2 chegou a mais de 1.000 milisieverts por hora, a leitura mais alta feita até agora na crise desencadeada pelo terremoto e tsunami maciços de 11 de março.





O nível de radiação considerada segura no país é de 250 milisieverts ao longo de um ano. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA diz que uma única dose de 1.000 milisieverts é o bastante para provocar hemorragia.





"A situação é grave. Eles precisam bombear essa água presente no chão para fora, precisam livrar-se dela para reduzir a radiação. E é virtualmente impossível trabalhar - uma pessoa só pode ficar lá por alguns minutos," disse Robert Finck, especialista em proteção contra radiação junto à Autoridade Sueca de Segurança de Radiação.





"É impossível dizer quanto tempo levará para eles consigam gradualmente controlar a situação."





O governo japonês disse que a situação geral continua sem mudanças na usina, situada 240 quilômetros ao norte de Tóquio.





"Já antecipávamos enfrentar dificuldades imprevistas, e este acúmulo de água com alto grau de radiatividade é um exemplo disso," disse em briefing à imprensa o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano.





Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse que a emergência nuclear pode prolongar-se por semanas, senão meses. "Este é um acidente muito grave, segundo todos os critérios," ele disse ao New York Times. "E ainda não terminou."





Dois dos seis reatores da usina já são vistos como estando seguros, mas os outros quatro estão voláteis, ocasionalmente emitindo fumaça e vapor.





Em Chernobyl, na Ucrânia, um quarto de século atrás - onde ocorreu o pior acidente nuclear do mundo - levaram-se semanas para estabilizar o que restou do reator que explodiu e meses para limpar os materiais radiativos e recobrir o local com um sarcófago de concreto e aço.





Engenheiros da Tokyo Electric Power Company (Tepco) vêm trabalhando 24 horas por dia para estabilizar a usina de Fukushima Daiichi desde que o terremoto e tsunami de 11 de março destruíram o sistema elétrico de back-up necessário para resfriar os reatores.





A operação já foi suspensa várias vezes devido a explosões e à alta dos níveis de radiação no interior dos reatores.





Na quinta-feira passada, três operários do reator 3 foram hospitalizados depois de pisar em água com níveis de radiatividade 10 mil vezes mais altos do que os que normalmente estão presentes em um reator.




Água altamente radioativa vaza de reator da usina de Fukushima


28/03/2011 - 09h48





Autoria: DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima Daiichi, informou nesta segunda-feira que detectou água com altos níveis de radiação em túneis subterrâneos fora do reator 2, primeiro indício de um vazamento do tipo desde a crise nuclear gerada pelo terremoto e tsunami de 11 de março.



O vazamento foi detectado em um túnel que rodeia o reator número 2. Segundo a Tepco, a água continha concentrações radioativas de mais de mil milisievert por hora. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA diz que uma única dose de 1.000 millisieverts é suficiente para causar hemorragia.



Esse nível é similar ao detectado este fim de semana em uma região alagada no interior do prédio de turbinas da unidade 2, que obrigou a interromper o trabalho dos operários.

Uma das das entradas do túnel subterrâneo está localizada a apenas 55 metros do mar. A Tepco afirmou que não há indícios de que a água contaminada tivesse chegado ao mar, mas que não pode descartar uma contaminação do solo.



Os técnicos em Fukushima já haviam liberado vapor com radioatividade para conter o aumento da pressão nos reatores e evitar uma explosão, mas esta é a primeira vez que se fala em vazamento de água radioativa --o que aumenta o risco de uma contaminação ambiental.



Até então, água com alto teor de radiação havia sido encontrada somente dentro dos edifícios dos reatores.



O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, disse que o alto nível de radiação poderia provir do contato de água com material das barras de combustível nuclear parcialmente fundido.



Ele afirmou, contudo, que a maior parte da radiação ainda está contida dentro do prédio.



A Agência de Segurança Nuclear disse que a Tepco deve vigiar um possível vazamento dessa água altamente radioativa para a terra, algo que os técnicos estão tentando medir e confirmar.



A agência informou ainda que uma taxa de iodo radioativo 1.150 vezes superior à norma legal foi medida em mostras de água do mar retirada a apenas 30 metros dos reatores 5 e 6 de Fukushima.



Até o momento eram analisadas mostras ao sul da central, na saída dos reatores 1 a 4, os mais afetados, onde a taxa de iodo 131 estava no domingo a um nível quase 2.000 vezes superior ao normal.



Os reatores 5 e 6, que estavam desligados para manutenção no momento do terremoto seguido por um tsunami em 11 de março, não sofreram danos graves e o sistemas de resfriamento de ambos foi reconectado à rede de energia elétrica.



ERRO



Também nesta segunda-feira, o governo criticou duramente o anúncio equivocado da Tepco sobre um nível de radioatividade 10 milhões de vezes acima do normal na água que sai da central nuclear de Fukushima.



"Mesmo que o cansaço das pessoas que trabalham no local possa ajudar a explicar o erro, considerando que a vigilância da radioatividade é uma condição maior para garantir a segurança, este tipo de erro é absolutamente inaceitável", declarou Yukio.



"O governo ordenou que a Tepco não cometa o mesmo erro", acrescentou.



O anúncio da Tokyo Electric Power aumentou ainda mais a paranoia ao redor da central acidentada.



O vice-presidente da Tepco, Sakae Muto, explicou que elementos radioativos foram confundidos durante as análises das mostras obtidas no vazamento do reator 2.