domingo, 12 de agosto de 2012

Cisternas mexicanas: La garantia soy yo...


12/08/2012 - 06h30

Cisternas no Nordeste apresentam defeito e ficam mais caras



DIMMI AMORA
ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE

Cisternas de polietileno compradas pelo governo para a região Nordeste ficaram mais caras, atrasaram, estão dando defeito e a instalação é realizada pela empresa de um doador de campanha do filho do ministro da Integração, Fernando Bezerra.
As cisternas de polietileno são alvo de polêmica na região desde 2011. Até então, o governo contratava ONGs para construir o tanque em alvenaria. Foram erguidas mais de 450 mil com recursos federais em oito anos.
Afirmando que era necessário agilizar a instalação, o Ministério da Integração Nacional comprou 60 mil cisternas de polietileno, uma espécie de plástico resistente.
Quem fez a licitação foi a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), vinculada à Integração Nacional. Seu presidente à época era Clementino Coelho, irmão de Bezerra.
As entidades que construíram as cisternas de alvenaria protestaram alegando que as de polietileno eram mais caras, pouco resistentes e concentrariam os recursos na mão de grandes empresas.
A licitação para a compra das cisternas teve um único concorrente, a Dalka, subsidiária de uma companhia mexicana. Elas foram vendidas a R$ 210 milhões em novembro de 2011 e deveriam estar prontas até junho.
Mas, em julho, apenas 32% delas estavam prontas, e 21% haviam sido instaladas. Apesar disso, o governo permitiu um aditivo de R$ 3 milhões ao contrato, afirmando que era necessário incluir "dispositivo de alívio de água".
Segundo a Codevasf, 134 cisternas instaladas apresentaram defeito. Além delas, o governo ainda precisa comprar uma bomba ao custo médio de R$ 115 e pagar pelo transporte e instalação.
Os contratos de instalação foram repassados às superintendências regionais da Codevasf. A contratação em Pernambuco ficou a cargo da unidade de Petrolina, cidade em que Bezerra foi prefeito e que seu filho, o deputado federal Fernando Filho (PSB-PE), é candidato ao cargo.
Quatro empresas disputaram um pregão em novembro passado para a instalação e a Engecol venceu, com preço de R$ 1.249 por unidade para instalar 22.799 cisternas (total de R$ 28,4 milhões).
O dono da Engecol é Carlos Augusto de Alencar, irmão da presidente da Câmara de Petrolina, Maria Elena de Alencar (PSB), do mesmo partido de Fernando Filho. Desde 2004, ele e suas empresas têm feito doações para as campanhas de Maria Elena e Fernando Filho. No total, foram R$ 84 mil.
A Codevasf defendeu o uso das cisternas de polietileno dizendo que elas já foram testadas em outros países com sucesso. O órgão diz que é "uma tecnologia limpa e ecológica" e que o custo de instalação e montagem é compatível "com os benefícios auferidos". Sobre o aditivo, afirmou que "detectou-se a necessidade de realizar uma melhoria técnica" para aproveitar o excedente de água.
Segundo o órgão, a administração central fez só uma preparação geral da licitação das superintendências e houve concorrência por pregão eletrônico. O dono da Engecol, Carlos Augusto de Alencar, e assessoria de Fernando Filho afirmaram que eles não tiveram interferência.
Editoria de arte/Folhapress
OUTRO LADO
A Codevasf defendeu o uso das cisternas de polietileno dizendo que elas já foram testadas em outros países com sucesso. Segundo o órgão, trata-se de "uma tecnologia limpa e ecológica". "É uma matéria prima de alta performance e durabilidade, não tóxico, inodoro, impermeável e de alta resistência."
A Codevasf diz ainda que o custo de instalação e montagem é compatível "com os benefícios auferidos com este sistema" e a vida útil do produto é de, no mínimo, 20 anos.
Sobre o aditivo, a empresa disse que "após verificação 'in loco' da instalação das cisternas, nos municípios pilotos, detectou-se a necessidade de realizar uma melhoria técnica" para aproveitar a água melhor, aproveitando o excedente de água.
"Em vez de transbordar, o dispositivo [permite que a água] seja canalizada para ser armazenada em outros recipientes ou para irrigação de hortas e fruteiras", informou a nota da Codevasf.
A estatal informou ainda que não houve qualquer ingerência da empresa no resultado da licitação para a implantação das cisternas.
Segundo o órgão, a administração central fez apenas uma preparação geral da licitação das superintendências e houve concorrência por pregão eletrônico.
O dono da Engecol, Carlos Augusto de Alencar, também negou interferência política.
"Num pregão eletrônico não tem nem como fazer isso porque ninguém vê quem participa", afirmou Alencar. Segundo ele, o contrato está sendo cumprindo.
A assessoria de Fernando Filho disse que ele não teve interferência.
A Aqualimp informou que já corrigiu os problemas que levaram as primeiras cisternas a amassarem. Segundo a empresa, será disponibilizado um telefone para que a famílias tirem dúvidas quanto ao uso da cisterna.
Sobre o aditivo, a empresa informou que seguiu "especificações definidas pelo pregão. A Codevasf identificou a necessidade de inclusão do dispositivo", que foram contemplados, diz a empresa.

Alerta aos "ambientalistas" fumantes: O cigarro tem mais de 6000 substâncias tóxicas!


11/08/2012-05h00

País cria laboratório para analisar cigarro



JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

Quais são os aditivos presentes nos cigarros vendidos no país? O nível de nicotina é o informado pelo fabricante?
Essas questões começarão a ser respondidas por um laboratório-piloto de fiscalização do cigarro, que será inaugurado na segunda-feira, no Rio, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia).
Usando duas "máquinas de fumar", que produzem a fumaça a ser analisada, o laboratório vai adaptar para a realidade local metodologias internacionais de análise do cigarro e capacitar os futuros fiscais da Anvisa.
Editoria de arte/folhapress
Paralelamente, o laboratório deve desenvolver um ramo de pesquisa pouco explorado hoje no mundo, que permita identificar e quantificar os aditivos (como sabores e aromas, banidos pela Anvisa neste ano) do cigarro, diz Simone Chiapetta, do INT.
As pesquisas sobre aditivos podem dar suporte a novas regulações pela Anvisa e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), diz ela.
Segundo Chiapetta, os resultados do piloto devem sair até o fim do ano. Haverá uma troca de informações com o laboratório americano de análises --a cooperação será assinada na segunda.
O laboratório do Rio é o sexto público do mundo e o primeiro da América Latina com foco único na análise do fumo.
A ideia é que ele atenda a toda a região. O projeto custou R$ 4 milhões aos cofres públicos.
Agenor Álvares, um dos diretores da agência, classifica o laboratório de "joia da coroa", já que vai permitir verificar se a indústria do tabaco é transparente nas informações que presta --principalmente em 2013, quando os aditivos serão banidos.
"O grande temor é constatatarmos que as informações do registro na Anvisa não são verdadeiras."

BUROCRACIA
Mas essa confirmação só poderá ser feita quando a Anvisa fechar uma licitação que se arrasta há anos e construir o laboratório definitivo --o piloto não tem condição de atender à demanda de fiscalização do mercado.
"Depois de oito anos, não conseguimos vencer o processo de licitação para construir esse laboratório. Perdemos a oportunidade de usar R$ 8,3 milhões previstos nos orçamentos dos últimos anos", afirma Álvares.
O "plano B", continua, é uma parceria que está sendo costurada com a Aeronáutica. "Estamos negociando usar um espaço no laboratório de medicamentos deles."
Paula Johns, diretora-executiva da ONG ACT (Aliança de Controle do Tabagismo), diz que é válida a proposta de pesquisar o cigarro e seus aditivos, mas pondera o investimento no projeto frente a desafios urgentes, como o fim da publicidade nos pontos de venda e a regulamentação dos ambientes livres de fumo --já atrasada.
Ela diz que análises como essa são "um terreno espinhoso" e que é menos importante constatar os níveis das substâncias do cigarro. O melhor seria evitar o uso desses teores na publicidade.
"O impacto [na saúde da variações nas substâncias] é quase nulo. A indústria usou os limites permitidos de cada substância como engodo, como o 'cigarro light'."