quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Mais manutenção, mais engenharia

Fonte: http://www.seesp.org.br/site/index.php/jornal-do-engenheiro/item/17921-opiniao-mais-manutencao-mais-engenharia

Publicado em JE 523 – Janeiro 2019

http://www.seesp.org.br/site/index.php/jornal-do-engenheiro/itemlist/category/1092-je-523-janeiro-2019

Carlos Eduardo de Lacerda e Silva e Frederico Jun Okabayashi

A ruptura do apoio do tabuleiro do viaduto na Marginal Pinheiros é bastante emblemática no que tange à falta de uma devida avaliação e manutenção das estruturas públicas na cidade de São Paulo. Após o incidente, a população toma conhecimento de que dezenas de outras pontes e estruturas, utilizadas por milhões de pessoas diariamente, encontram-se de alguma forma comprometidas e colocando sob risco os seus usuários, o que demanda urgência do poder público e custos maiores ao cofre municipal.

A responsabilidade pela manutenção municipal, todavia, abrange ainda muitos outros setores, como edificações, pavimentos, equipamentos públicos, redes de drenagem, áreas de risco, monitoramento de árvores. É certo que no período de chuvas, como se repete ano após ano, a cidade enfrentará o caos com alagamentos e queda de árvores, causando grandes transtornos à população, com vítimas, inclusive fatais, e danos materiais de grande monta. Ou seja, se os fatos decorrentes de fenômenos climáticos são devidamente previsíveis do ponto de vista técnico, sobretudo do pleno conhecimento de onde se dão essas ocorrências, não se justifica a ausência de uma política de manutenção que proporcione a devida segurança e qualidade de vida à população.

Tendo em vista acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelos engenheiros da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), o SEESP sente-se no imperioso papel de alertar as autoridades sobre a necessidade de se investir na engenharia municipal.

Por que não se aplica a necessária prática de uma política de manutenção preventiva e corretiva?

A PMSP, em todas as suas instituições, dispõe de um corpo de engenheiros altamente capacitado, que conhece profundamente a cidade e seus problemas, não obstante aquém do contingente necessário. São servidores profissionais aptos a diagnosticar possíveis riscos, apontando e priorizando os serviços de manutenção preventiva e corretiva onde sejam necessários.

Um adequado programa de manutenção preventiva representará, sem dúvida, uma grande economia de recursos para a municipalidade e bem-estar e segurança para os munícipes.
Uma metrópole como São Paulo, com 12 milhões de habitantes e problemas complexos carentes de solução, demandará sempre mais investimentos em engenharia pública. Infelizmente, temos uma cultura política que busca priorizar os investimentos em obras novas e serviços que dão visibilidade aos seus gestores, relegando para um segundo plano a manutenção e modernização dos equipamentos públicos já existentes, muitos dos quais não visíveis, embora vitais. A necessidade está nos apontando um novo caminho a ser seguido.


Engenheiros Carlos Eduardo de Lacerda e Silva e Frederico Jun Okabayashi, diretores do SEESP e servidores municipais

domingo, 27 de janeiro de 2019

"TSUNAMI DE LAMA" EM BRUMADINHO-MG CAUSADO PELA VALE: O CONFEA E O CREA-MG NÃO VÃO SE MANIFESTAR TECNICAMENTE NA IMPRENSA?

Barragem da Vale se rompe em Brumadinho, MG

Mar de lama avançou sobre área administrativa da empresa e casas na área rural da cidade.


Fonte: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/25/bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bh.ghtml





·                   Há ao menos 37 mortos, 81 desabrigados e 23 feridos em hospitais, segundo os bombeiros; 192 sobreviventes foram resgatados.
·                   De acordo com a Defesa Civil, 287 pessoas - entre moradores locais e funcionários da Vale - não puderam ser contatadas. No sábado, a Vale divulgou uma lista com mais de 250 nomes de funcionários com os quais não conseguiram contato (veja);
·                   Familiares de desaparecidos buscaram informações no IML de BH. Uma força-tarefa foi formada, mas a identificação dos corpos é difícil;
·                   Dezesseis corpos foram identificados - veja aqui a lista;
·                   Bombeiros divulgaram lista de 183 nomes de pessoas que foram achadas vivas (veja);
·                   A Vale já teve três bloqueios de recursos, de R$ 1 bilhão, R$ 5 bilhões e R$ 5 bilhões (veja) e recebeu multas no total de R$ 350 milhões;
·                   As Polícias Federal e Civil abriram inquéritos sobre o rompimento (veja);
·                   O presidente Jair Bolsonaro, ministros, o governador Romeu Zema e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge sobrevoaram a área e prometeram ações de investigação, punição e prevenção;
·                   A ONU emitiu nota de pesar e ofereceu ajuda nos esforços de busca.
Reunião técnica

O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, comandou uma reunião com técnicos
 neste domingo na sede da Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília. O encontro tentou 
reunir informações mais precisas sobre quatro pontos:
o     Qualidade da água do rio Paraopeba;
o     Qualidade da água do rio Paraopeba;
o     Previsões de avanço dos rejeitos da mina que rompeu;
o     Estabilidade da barragem 6;
o     Relatório de segurança de barragens de 2017.
o     Canuto classificou a tragédia em Brumadinho como “inacreditável”. 
o     “Realmente muitos desaparecidos, probabilidade de mortes aumentarem substancialmente”, disse.
Ajuda de Israel
Ao serem retomadas, as buscas devem contar com apoio de bombeiros de outros estados,  como do Rio de Janeiro, e também com a ajuda de profissionais israelenses. Um avião  com 130 soldados saiu de Israel em direção ao Brasil às 6h da manhã deste domingo,  no horário de Brasília. O reforço deve chegar por volta das 21h30.
Além dos soldados, Israel enviou ao Brasil sonares do tipo usado em submarinos  para localizar pessoas em grande profundidade com alta qualidade de recepção de  imagem e detectores de vozes e ecos. Cerca de 16 toneladas de equipamentos estão  sendo trazidas.
Segundo a repórter Gioconda Brasil, da TV Globo, o governo israelense enviará  também uma aeronave com equipe médica, especialistas e engenheiros. O apoio foi  oferecido pelo premiê Benjamin Netanyahu e aceito pelo presidente Jair Bolsonaro.

Impacto

O presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, diz que ainda não se sabe o  que causou o rompimento da barragem e que foi uma surpresa, porque as indicações  eram de que estava “tudo em ordem”.
A Vale afirma que a lama vazada não é tóxica. Especialistas dizem, porém, que há danos ambientais graves, como a contaminação do solo e da água por minério fino,  que fica na sobra dos rejeitos. Veja mais informações de especialistas.
A comunidade local já tinha alertado os órgãos ambientais do estado para o risco da  continuidade das operações na mina do Córrego do Feijão, que já estava esgotada.

Estima-se que a lama percorra 200 km de área e chegue ao rio São Francisco. Ela  está descendo a Serra dos Dois Irmãos, que é rica em Mata Atlântica, deve cair no rio  Paraopeba, que abastece um terço da região metropolitana de Belo Horizonte.





    Celeste Silveira

    Produtora Cultural, Pesquisadora, Revisora de textos, Parecerista de projetos culturais.

    "TSUNAMI DE LAMA"

    Publicado em 26 de jan de 2019

    O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) lamentam o rompimento de barragem da Mina do Feijão, ocorrido nesta sexta-feira, 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
    Nesse momento, o Sistema Confea/Crea se solidariza com aqueles que sofrem com a perda ou a incerteza sobre a situação de amigos e familiares. Os Conselhos de Engenharia e Agronomia desejam assertividade e resiliência a todos os que estão envolvidos nos trabalhos de resgate e atendimento às vitimas, assim como na busca de sobreviventes e contenção de danos.
    O Confea e o Crea-MG colocam-se à disposição da sociedade brasileira para apurar as responsabilidades pela tragédia e para auxiliar os órgãos competentes na avaliação sobre o acontecimento, fornecendo os dados que detêm sobre o empreendimento.
    Os Conselhos reforçam a necessidade de discutir alternativas e protocolos técnicos capazes de minimizar riscos sociais e ambientais, assim como as políticas de licenciamento ambiental e de segurança de barragens. Para o Sistema Confea/Crea é imperativo trabalhar com demais órgãos técnicos na busca de soluções definitivas para que desastres como esse jamais voltem acontecer em nosso país.

    Crea-Minas disponibiliza modelo e reforça cobrança do registro da memória técnica de obras e serviços

    A partir da próxima terça-feira (22), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas) vai inserir um novo campo na Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para que o profissional registrado declare conhecimento da obrigatoriedade do Livro de Ordem, documento que registra todas as atividades relacionadas à obra ou serviço. A presença do documento servirá como suporte para fiscalização do Crea-Minas.
    O gerente de Atendimento, Registro e Acervo do Crea-Minas, engenheiro civil Luis Carlos Pimenta, explica que a exigência do registro será mais uma segurança para o profissional e para a sociedade. “O Livro de Ordem é muito importante porque nele se registrará o dia a dia do empreendimento. Ele vai demonstrar se o responsável técnico realmente atuou naquele empreendimento, se colocou toda a sua técnica no desenrolar de cada atividade, podendo servir de ferramenta de consulta ou comprovação futura”, detalha Luis Pimenta.
    O Livro, que foi instituído pela Resolução n° 1.024, de 2009, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea),  é a memória escrita de todas as atividades relacionadas à obra ou serviço, e deverá conter o registro de todas as ocorrências relevantes do empreendimento onde houver a participação de profissionais das áreas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea. O documento vai propiciar um melhor acompanhamento e controle da participação efetiva dos profissionais nas obras e serviços pelos quais são responsáveis técnicos. A ausência do documento impedirá que o profissional emita a Certidão de Acervo Técnico (CAT) do serviço prestado.
     O profissional pode acessar o modelo no site do Conselho – www.crea-mg.org.br. Os registros já existentes, como Boletim Diário, Livro de Ocorrências, Diário ou Caderneta de Obras, em uso pelas empresas e profissionais podem ser admitidos como Livro de Ordem, desde que atendam a exigência da Resolução 1094/2017, do Confea.
    A obrigatoriedade da adoção do Livro de Ordem atende a uma orientação da Controladoria Geral da União (CGU), que considera o documento instrumento auxiliar de fiscalização. Para a sociedade, principalmente em situações de acidentes, o registro será de grande valia para buscar indícios e meios de esclarecimento de suas causas.

    Perguntas e respostas
    1. O que é o Livro de Ordem?
    O Livro de Ordem de Obras e Serviços é a memória escrita de todas as atividades dos responsáveis técnicos relacionadas à obra ou serviço. Nele devem ser registradas todas as ocorrências relevantes do empreendimento, tanto técnicas quanto administrativas, que envolvam a participação de profissionais de engenharia, Agronomia e geociências.

    2. Quem é responsável pelo registro das ocorrências no Livro de Ordem?
    O registro das ocorrências é de responsabilidade do responsável técnico e demais profissionais intervenientes na obra ou serviço.

    3. Justificativa para a implantação do Livro de Ordem?
    A Resolução 1.094/ 2017, do Confea, dispõe sobre a obrigatoriedade de adoção do Livro de Ordem de obras e serviços de Engenharia e Agronomia. A norma foi elaborada porque a crescente complexidade dos empreendimentos impõe a adoção de novos mecanismos que propiciem eficiente acompanhamento e controle da participação efetiva dos profissionais nas obras e serviços pelos quais são responsáveis técnicos.
    O Livro de Ordem propiciará às partes envolvidas – contratantes, contratados e profissionais – formas mais eficientes de manter um controle sobre o empreendimento. Para a sociedade, o documento auxilia na identificação de falhas e maior transparência no uso dos recursos públicos.

    4. O que é registrado no livro de ordem?
    Serão, obrigatoriamente, registrados no Livro de Ordem:
    Dados do empreendimento, de seu proprietário, do responsável técnico e da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica;
    As datas de início e de previsão da conclusão da obra ou serviço;
    As datas de início e de conclusão de cada etapa programada;
    Posição física do empreendimento no dia de cada visita técnica;
    Orientação de execução, mediante a determinação de providências relevantes para o cumprimento dos projetos e especificações;
    Nomes de empreiteiras ou subempreiteiras, caracterizando as atividades e seus encargos, com as datas de início e conclusão, e números das ARTs respectivas;
    Acidentes e danos materiais ocorridos durante os trabalhos;
    Os períodos de interrupção dos trabalhos e seus motivos, quer de caráter financeiro ou meteorológico, quer por falhas em serviços de terceiros não sujeitas à ingerência do responsável técnico;

    Outros fatos e observações que, a juízo ou conveniência do responsável técnico pelo empreendimento, devam ser registrados.
    Todos os relatos serão datados e assinados pelo responsável técnico pela obra ou serviço.

    5. Qual o modelo de livro de ordem devo utilizar?
    O Crea-Minas disponibiliza um modelo que contempla as informações definidas na Resolução 1094/2017, do Confea. Baixe aqui o modelo.

    6. Já faço a memória técnica, mas em outra ferramenta. Como devo proceder?
    Os registros porventura já existentes, tais como Boletim Diário, Livro de Ocorrências Diárias, Diário de Obras, Cadernetas de Obras etc., em uso pelas empresas privadas, órgãos públicos ou autônomos, poderão ser admitidos como Livro de Ordem, desde que atendam às exigências da Resolução 1094/2017, do Confea.

    Clique e baixe o modelo do Livro de Ordem.

    A criação de um Grupo de Trabalho para acompanhar os desdobramentos do rompimento da barragem da Mina do Feijão, ocorrido nesta sexta-feira, 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, será proposta ao Plenário do Crea-MG na próxima reunião, a ser realizada em 7 de fevereiro. 
     
    Esse foi um dos indicativos da reunião realizada na manhã de 28 de janeiro, na Sede do Crea-MG, com a participação do presidente, engenheiro civil Lucio Borges, diretores, coordenadores das Câmaras Especializadas, Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA/Crea-MG), representantes de entidades e profissionais, além de gestores e assessores do Conselho.
     
    O presidente do Crea-MG destaca que o trabalho do Crea na fiscalização da barragem, em Brumadinho, foi feito e que o Conselho ainda tem a contribuir. "Fizemos o nosso papel de fiscalizar o exercício profissional, mas vamos atuar para além, contribuindo com a nossa técnica no que for preciso para a defesa da sociedade", enfatiza.
     
    Propostas de Engenharia - A composição e operacionalização do GT, segundo o coordenador da Câmara Especializa de Geologia e Engenharia de Minas, João Hilário, vai permitir sistematizar as informações e ampliar as discussões sobre o aprimoramento da segurança na atividade de mineração. João Hilário destacou que o Conselho já tem tido uma participação ativa nas discussões sobre legislação da área e que o GT poderia envolver ainda mais os conselheiros.
     
    O conselheiro João Paulo Sarmento propôs que o GT trabalhe no sentido de elaborar propostas da engenharia para aprimorar a segurança na atividade de mineração. Ele defende que o Crea-MG trabalhe, inicialmente, com a lista das barragens cuja estabilidade não está garantida, para entender a situação atual (os dados são de 2017) e as ações tomadas pelos empreendedores. “Precisamos saber a situação concreta, qual o motivo de não ter a estabilidade atestada, se os rejeitos são tóxicos ou não”, indica João Paulo.

    Só? 
    E as ARTs? 
    Precisam FISCALIZAR com rigor TODAS as barragens que ainda não romperam! 
    Pela Transparência e Eficiência!
    Mariana nunca mais!
    Brumadinho nunca mais!
    E?

    Gestão de barragens deve garantir segurança para a sociedade


    Feam realiza I Seminário Internacional de Tecnologia e Gestão de Barragens

    Segundo dados da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), em 2016, Minas Gerais tinha 738 estruturas de barragens, sendo que 439 são de mineração e 96 de tipologia industrial, reforçando o peso da mineração na economia de Minas Gerais. “A mineração é um dos pilares da nossa economia e propiciar um ambiente seguro, aliado à introdução de novas tecnologias, é o mínimo que se possa fazer para a realização dessa atividade”, enfatizou o superintendente de Relações Institucionais do Crea-Minas, engenheiro civil Marcos Gervásio na abertura do I Seminário Internacional de Tecnologia e Gestão de Barragens.
    O evento, promovido pelo Governo de Minas, por meio da Feam, foi realizado na sede do Crea-Minas nos dias 24 e 25 de janeiro de 2018 e reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros, representantes de órgãos fiscalizadores e do setor acadêmico, para discutir avanços e desafios no setor de barragens. 


    O engenheiro de minas José Fernando Coura, presidente do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), reforçou que a preocupação central é a segurança da população e que debates e discussões sobre a gestão de barragens são necessárias para o bom exercício da engenharia. Ricardo Machado Ruiz, vice-presidente da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), compartilha dessa opinião e destacou que é preciso monitorar os desdobramentos das discussões realizadas. Nesse sentido, o embaixador do Reino dos Países Baixos Hans Peter adiantou aos participantes que foram convidadas 10 empresas holandesas para compartilhar experiências no monitoramento, modelagem e processamento de dados, avaliação de riscos e tomada de decisão, entre outros temas. “A Holanda tem grande experiência, já que metade do país fica abaixo do nível do mar, diques e barragens estão em nosso DNA˜, afirmou. 
    

O modelo de governança da Holanda em gestão de barragens e as tecnologias que subsidiam as tomadas de decisão foram fundamentais para a escolha do país para a troca de experiências durante o Seminário segundo Germano Luiz Gomes Vieira, secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais. “Embora não seja da área de engenharia, destaco dois aspectos da tecnologia holandesa que considerei muito interessantes para a gestão de barragens. Um deles é a forma de monitoramento em que as empresas são responsáveis por compartilhar dados pari passu das barragens, em linguagem que permita o governo e toda população acompanhar o que ocorre. O segundo é minimizar a presença de água na composição do rejeito e o seu reuso no processo produtivo˜, citou o secretário.
    
Gestão de Riscos
    O professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UNB) André Pacheco de Assis acredita que o desastre de Mariana trouxe a oportunidade de refletir sobre os processos de gestão de barragens. “Houve acidentes maiores, mas o fato de ser uma empresa como a Samarco, reconhecida no mercado pela sua qualidade técnica, fez com que a indústria de minas mundial se mobilizasse para redefinir parâmetros na gestão de risco de barragens˜, explicou o professor. André Assis defende que haja uma gestão de risco em que se trabalhe com resultados probabilísticos e não determinísticos como é atualmente. Ele argumenta, ainda, que o risco de engenharia precisa ser monetizado para que as contratações de projetos e obras sejam mais seguras para a sociedade. “Uma vez que o risco é monetizado, ele entra para o orçamento da empresa e também facilita a tomada de decisão”, avalia.
    Órgãos de Fiscalização
    O primeiro painel tratou dos avanços e desafios na gestão de barragens na visão dos órgãos de fiscalização. Os palestrantes exprimiram os esforços de suas instituições para aperfeiçoar a gestão de barragens, principalmente após o rompimento da barragem em Mariana.
    O diretor de Gestão de Resíduos da Feam, o engenheiro químico Renato Brandão explicou a classificação de danos das estruturas utilizada pela Fundação para a estipulação de regras e auditorias e o superintendente estadual do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Pablo César de Souza, focou nos processos desenvolvidos pelo DNPM para uma inspeção confiável, destacando a atualização dos dados de todas as barragens brasileiras.
    Por sua vez, o engenheiro de Minas José Luiz  Amarante, diretor de Transformação e Tecnologia Mineral do Ministério de Minas e Energia, reforçou a importância das ações dos órgãos de fiscalização, enfatizando a escassez de recursos e ao impacto ambiental promovidos pela mineração, destacando a abundância de resíduos acumulados e o crescente consumo de minérios no Brasil.


    Tecnologias



    O segundo painel discutiu os avanços e desafios na implementação de tecnologias para gestão de barragens. A gerente de Gestão de Riscos Geotécnicos da Vale, Marilene Lopes, expôs o método de trabalho da Vale com a utilização de um sistema integrado de tecnologia e gestão de barragens, enfatizando a necessidade de se aliar o conhecimento técnico, a execução dos processos, a tecnologia e a governança.



    O engenheiro civil Leonardo Pereira Padula, gerente de Barragens da Kinross, apresentou experiências da empresa na gestão de barragens e disposição de rejeitos, apontando como desafios o aperfeiçoamento do sistema de monitoramento e a utilização de drenagens temporárias nas barragens, além da constante realização de treinamentos profissionais. Fechando o painel, a geóloga Silvana Brandão Fontes Cembranelli, da Mosaic Fertilizantes, abordou a experiência na aplicação de microssísmica e geofísica na avaliação de segurança de barragens de contenção de rejeitos.



    Experiência holandesa 
 
    
O segundo dia do Seminário foi dedicado à experiência da Holanda em tecnologia para a gestão de barragens. As empresas Deltares, Van Essen e Eijkelkamp abordaram o monitoramento, modelagem e processamento de dados, destacando o processo de monitoramento dos diques através da coleta de dados online, prevenção de riscos e o trabalho com sondagens e amostragens de rejeitos e água subterrânea.


    A avaliação de riscos, tomada de decisão, disposição de rejeitos, dragagem e desaguamento foram outros pontos discutidos pela Witteveen & Bos, Arcadis e Intech. Os representantes das empresas foram unânimes em afirmar que, para garantir adequada segurança na construção de uma barragem, é indispensável ter um projeto de engenharia adequado, desenvolver novas tecnologias, além de realizar inspeções e avaliações periódicas transparentes. 
    
Experiências relativas a disposição de rejeitos, dragagem e desaguamento foram compartilhadas pela Damen, De Boer e Hencon. Na dragagem, que consiste na remoção de materiais, sedimentos e rochas do fundo de rios e lagos, os especialistas apontam que os desafios são reduzir potencialmente os impactos ambientais, diminuir custos operacionais e recuperar bem os rejeitos.

    Confira as fotos do evento!




    #AGIRPORBRUMADINHO

    Mais uma vez, a Vale se preocupou mais com o lucro do que com a vida.
    Vamos transformar nossa indignação em ação.
    Conheça abaixo formas de agir por Brumadinho, agora.