sábado, 5 de março de 2011

Abelhas silvestres serão protegidas por UFS e Semarh

Abelhas silvestres serão protegidas por UFS e Semarh


 

Foto: Parques sustentáveis


publicado em: 04/03/2011 13:50:51




O projeto apresentado prevê a regulamentação do serviço de resgate e monitoramento de abelhas nativas em áreas que venham a ser desmatadas ou em empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental

Para evitar o alto risco de extinção das abelhas eussocíais no Estado de Sergipe e garantir ao cumprimento da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a qual disciplina a utilização de abelhas silvestres nativas , bem como a implantação de meliponários, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) apresentou proposta de projeto de ação ao secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Genival Nunes Silva.

O projeto apresentado prevê a regulamentação do serviço de resgate e monitoramento de abelhas nativas em áreas que venham a ser desmatadas ou em empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental. A idéia ainda é fazer com que a pesquisa chegue até as Unidades de Conservação (UC) geridas pela Semarh, ambientes onde a biodiversidade é preservada, favorecendo, assim, o fortalecimento da pesquisa e da manutenção das colônias de abelhas.

A iniciativa partiu do Laboratório de Genética e Conservação de Recursos Naturais da UFS e foi apresentada pelo doutor em Ciências Biológicas com área de concentração em Zoologia, prof. Edifson Divino de Araújo, assessor do reitor da UFS. A proposta foi positivamente acatada pelo secretário ao vê a parceria como mate uma estratégia de preservação à biodiversidade,

"Há uma lei do Conama que ampara a essa exclusiva classe de insetos, a das abelhas silvestre do tipo eussociais, Estas são abelhas sem ferrões, responsáveis ainda por 40 a 90% da polinização das espécies arbórea da mata atlântica", afirmou o secretário Genival Nunes.

"Ainda considerando o valor da meliponicultura para a economia local e regional e a importância da polinização efetuada pelas abelhas silvestre nativas na estabilidade dos ecossistemas e na sustentabilídade da agricultura, e também por fortalecer os encaminhamentos da pesquisas nas áreas de preservação permanente criadas pela Semarh, assinalei positivamente ao projeto", salienta o secretário.

Segundo informou o prof. Edilson Divino, Sergipe não tem o aspecto legal respeitado. "Temos apenas um único criador com cadastro no Ibama. Dezenas não são cadastrados. Uma outra preocupação que cabe a extinção das abelhas eussociais é quanto a sua reprodução. Se continuarem a se reproduzir com as abelhas das próprias colônias, elas irão morrer por questões genéticas", lamentou.

Explicou ainda o professor que com o cadastramento dos meliponários uma visão mais precisa sobre quem pode ser cadastrado e até da diversidade de espécies, serão dados reais a partir do exercício da lei, medida efetuada em parceria com a Semarh.

De acordo com o Conama, em seu artigo 5°, ficam dispensados da obtenção de autorização de funcionamento os meliponários com menos de cinqüenta colônias e que se destinem à produção artesanal de abelhas nativas em sua região geográfica de ocorrência natural.

Revelou ainda o prof. Edilson Divino que Sergipe tem como principais meliponíneos,as abelhas Uruçu (Melipona scutellaris), Mandaçaia (Melipona quadrifasciata) e a Rajada (Melipona asilvai).



Seminário gratuito: Criando Valor a partir do Conhecimento e da Sustentabilidade - 20º Prêmio Ernesto illy de Qualidade do Café para Espresso

Seminário: Criando Valor a partir do Conhecimento e da Sustentabilidade - 20º Prêmio Ernesto illy de Qualidade do Café para Espresso


Agência USP




Até dia 15 é possível inscrever-se gratuitamente para o seminário Criando Valor a partir do Conhecimento e da Sustentabilidade, no qual José Goldemberg, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, ministrará a palestra inaugural sobre elementos fundamentais de uma política de sustentabilidade. O evento acontece na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. As inscrições podem ser feitas no site do evento.



O seminário acontece no dia 18, às 8h30.



Serão também abordados temas como emissões de gases na cafeicultura; o desenvolvimento da qualidade no agronegócio café no Brasil; a sustentabilidade e o mercado internacional de café.



As palestras acontecem no Auditório do Prédio FEA5, da FEA, que fica localizado na Avenida professor Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo.



Mais informações: (11) 3732-2034



 


Data: 18/03/2011

Cidade: São Paulo - SP

Local: Auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA 5) da Universidade de São Paulo, que fica na Av. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária.



Todos os anos acontece no mês de março um seminário da Universidade do Café Brasil na FEA/USP. Neste ano o Seminário será especial, pois a illycaffé está comemorando 20 anos de estímulo à cafeicultura brasileira.

O Seminário será dia 18 de março com o tema: Criando Valor a partir do Conhecimento e da Sustentabilidade - 20º Prêmio Ernesto illy de Qualidade do Café para Espresso. A programação segue abaixo.



Programação:

08h30-09h00 Abertura 10 anos da universidade do café Brasil

Prof. Dr. Decio Zylbersztajn, Universidade do Café Brasil, PENSA e Professor Titular da FEA/USP

09h00-09h40 Palestra: Elementos fundamentais para uma política de sustentabilidade.

Prof. Dr. José Goldemberg, Professor Titular do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo

09h40 10h00 Comentários: Implicações dos assuntos apresentados pelo Prof. Goldemberg para os sistemas agroindustriais brasileiros.

Prof. Dr. Decio Zylbersztajn

10h00-10h30 Intervalo para degustação do café illy

10h30-11h10 Apresentação dos resultados da pesquisa: Emissões de gases na cafeicultura

Prof. Dr. Carlos Clemente Cerri, Professor Titular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da Universidade de São Paulo

11h10-11h30 Palestra: O desenvolvimento da qualidade no agronegócio café no Brasil

Sr. João de Almeida Sampaio Filho - Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo

11h30-12h00 Comentários: A sustentabilidade e o mercado internacional de café

Dr. Andrea Illy, Presidente da illycaffé

12h00-12h30 Homenagens



A entrada é franca, mas as inscrições devem ser realizadas até o dia 15 de março de 2011. Para se inscrever basta preencher a ficha abaixo.



Para mais informações: e-mail unilly@unilly.com.br e ou tel. (11) 3732.2034.



Contamos com sua presença!



Realização: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, Universidade do Café Brasil, Porto de Santos Comércio e Exportação, illycaffè, PENSA e FIA.









Parques e desenvolvimento turístico

Parques e desenvolvimento turístico



01/03/2011 - Fonte: O Eco

Autor: Marc Dourojeanni








Áreas protegidas na América Latina são ainda um recurso desperdiçado. Mas podem se transformar em meio de desenvolvimento regional.























Na atualidade, para se resgatar algo da natureza para as gerações futuras, não são suficientes os argumentos éticos ou estéticos. Hoje até é necessário demonstrar que cuidar das mais belas paisagens naturais tem valor de mercado e que para se investir na manutenção de serviços vitais, como os que brindam a água ou o ar, há de se provar previamente que é economicamente rentável. Se não se aportam provas que sejam aceitáveis para os todo poderosos e insensíveis deuses da economia liberal, as paisagens serão extintas e os humanos poderão morrer. É ridículo e imoral, mas é assim. Por isso, nesta coluna, se pretende demonstrar que a natureza contida nas áreas naturais protegidas têm muito valor para aumentar o potencial econômico das regiões que já são ou que poderão ser pólos turísticos. Quiçá assim, só assim, os nossos netos verão um pouco do que nós tivemos a sorte de ver.



Em muitos lugares do Brasil ou da América Latina existem atrativos turísticos já transformados em produtos que atraem um fluxo turístico razoável. Bonito e seus arredores (no Mato Grosso do Sul) é um bom exemplo e por isso, será mencionado com frequência neste artigo. Nesses lugares, existem muitos outros atrativos subutilizados ou mal utilizados, que se aproveitados poderiam aumentar muito a rentabilidade econômica do turismo na região, sem prejudicar e até mesmo complementando os produtos já desenvolvidos. Uma grande parte destes e os melhores estão nas áreas naturais protegidas, ou seja, nas unidades de conservação (UCs) federais ou estaduais. Nelas, lamentavelmente, se vê o seu abandono pelo poder público, a dificuldade de acessá-las por aplicação errada de princípios e regras, por atitudes institucionais que dificultam seu aproveitamento e que, por isso mesmo, as põem em risco.



Aqui discutirei a viabilidade e os benefícios do aproveitamento desses atrativos naturais não utilizados ou subutilizados e como podem contribuir ao desenvolvimento do turismo na região onde se localizam, além de mencionar algumas medidas para poder aproveitá-los.



Demanda por visitação a unidades de conservação



A maioria das atividades de ecoturismo é desenvolvida nas diversas categorias de Ucs, mas ocorre principalmente nos parques nacionais. Os valores de uso público destas áreas são impressionantes e crescentes. Nos EUA, as pessoas que desenvolveram atividades em áreas protegidas, de todas as classes, gastaram muito, ao redor de 150 bilhões de dólares a cada ano. A maioria delas realizou suas atividades nas 385 unidades administradas pelo US National Parks Service, que em 2002 recebeu 421 milhões de visitantes, justificando um orçamento que ultrapassou 2,6 milhões de dólares em 2003. A isso devem ser adicionadas as visitas aos parques estaduais e florestas nacionais e estaduais. Grande parte de esses visitantes aos parques dos EUA são também candidatos a visitar Ucs em outros países, especialmente os da América Latina.



Estudos sobre a "vontade de pagar" dos visitantes de áreas protegidas da América Latina mostram que os preços atuais dos bilhetes são baixos tanto para os visitantes nacionais, como para os internacionais e até mesmo para os locais. Ademais, deve-se considerar que o ecoturismo é o segmento mais dinâmico do turismo, crescendo entre 10 e 30% a cada ano, ou seja, muito mais alto que o turismo em geral que cresce entre 2 e 4% por ano. Isso não é difícil de se compreender quando sabe-se que apenas nos EUA existem, por exemplo, 55 milhões de observadores de aves que a cada ano gastam mais de 20 bilhões de dólares. Muitos desses e outros de países desenvolvidos vão à América do Sul que é o continente com a maior diversidade de aves.



Na América Latina estes números colossais não são alcançados. Os sistemas de parques mais visitados na região recebem apenas uma pequena fração das visitas recebidas pelos dos EUA ou do Canadá. Costa Rica, por exemplo, apesar de ser o país que melhor aproveita suas áreas naturais, não tem ultrapassado o primeiro milhão de visitantes por ano, mas isso é quase o mesmo que oficialmente receberam no mesmo período (2002) sistemas comparativamente grandes como o do Brasil (1,3 milhões visitantes), Argentina (1,2 milhões) e Chile (um milhão). Ou seja, os parques da América Latina recebem muito menos visitantes e que inclusive pagam menos que na África.



Além disso, as visitas aos parques na América do Sul estão concentradas em poucos. No Brasil, por exemplo, a maioria das visitas é concentrada em Iguaçu (750.000 visitantes por ano), Tijuca (onde o ingresso é livre), Itatiaia e Fernando de Noronha, entre outros poucos. No Peru, em 2005 se registraram 354.000 visitantes nas áreas protegidas, sendo Huascarán (107.000), Machu Picchu (74.000) e Paracas (62.000) as mais visitadas. Na América Latina, a maioria dos visitantes não paga para entrar nos parques e se pagam, é muito pouco, muitas vezes nem sequer são registrados. Para ilustrar este ponto, menciona-se o caso da Estação Ecológica Juréia-Itatins (São Paulo) que em 2001 recebeu oficialmente 7.393 visitantes que não pagaram e outros 94.500 visitantes, que por razões legais nem sequer foram registrados. Note-se, por exemplo, que existem no Brasil mais de 500 mil pessoas que fazem por ano, pelo menos quatro viagens identificáveis como de ecoturismo, o que significa, essencialmente, umas 2 milhões de visitas a áreas protegidas. Ou seja, na verdade, o número de visitantes em áreas protegidas da América Latina e no Brasil é provavelmente superior ao oficialmente reconhecido. Confirmando esta suspeita, recentemente o ICMBio, que mudou sua forma de contabilizar visitantes, anunciou ter recebido 3,8 milhões de visitantes em 2009. Ainda assim é um sistema muito subutilizado.



O fato é que poucos visitantes das Ucs pagam e que o preço dos ingressos é muito baixo na maioria dos países da região. Não obstante, estudos sobre a "vontade de pagar" dos visitantes de áreas protegidas da América Latina mostram que os preços atuais dos bilhetes são baixos tanto para os visitantes nacionais, como para os internacionais e até mesmo para os locais. Por exemplo, uma extensa pesquisa em Machu Picchu (Peru) revelou que 66% dos turistas peruanos estão dispostos em média, a pagar US$ 26 por bilhete, em vez do preço atual de US$ 10 e que 91% dos turistas estrangeiros estão dispostos a pagar US$ 47. Outro resultado interessante é que uma grande maioria tanto entre visitantes estrangeiros como entre nacionais consideram justo que os preços sejam mais baratos para os locais. Um trabalho semelhante na Mata Atlântica brasileira revelou que a vontade de pagar de visitantes em áreas protegidas, varia entre US$22 em reservas florestais até US$88 em parques bem equipados. Existem vários outros trabalhos, em muitos parques em vários países, que confirmam essa informação e até mesmo demonstram que a elevação do preço do ingresso dos parques não afeta a demanda, que continua a crescer.



Em suma, os dados citados mostram que não há dúvida sobre a demanda existente e que dada a vontade a pagar, com investimentos relativamente modestos que se requerem para receber visitantes em áreas protegidas ou no seu entorno, há um retorno econômico significativo para a própria área, para a região e o país.



Vantagens que as unidades de conservação oferecem para o turismo regional



As Ucs, por definição, reunem o que há de mais bonito ou espetacular (paisagens, cachoeiras, florestas), de mais interessante ou raro (animais e plantas endêmicas ou em extinção) e também, o que tem de mais importante em termos culturais. Ou seja, as Ucs são de fato os melhores atrativos turísticos que uma região pode oferecer ao turismo local, nacional ou internacional. Devido à falta de investimentos nas Ucs e às modalidades inadequadas de gerenciamento, muitas delas ainda não são o que pode-se qualificar como produto turístico. As regiões que são turísticas já possuem atrativos transformados em produtos turísticos, como no caso de Bonito, onde diversos empreendedores visionários aproveitaram a beleza inédita de seus rios de águas cristalinas repletos de peixes e outras espécies. Ainda assim, Bonito desperdiça o potencial muito grande do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, já que se aproveitado, alongaria em mais um ou dois dias a permanência dos turistas e brindaria múltiplas oportunidades de negócios adicionais.



O mais escandaloso caso de má utilização de uma UC no Brasil é o famoso Parque Nacional de Iguaçu. Seu produto mais importante, ou mais popular, é a visão das cataratas. Mas, na realidade, o apoio das Ucs ao turismo e à região não se limita aos produtos turísticos per se. Como é evidente, o turismo, além dos atrativos, requer água limpa, energia, ar puro, riscos ambientais mínimos etc. Tudo isso é o que uma UC bem administrada oferece aos seus vizinhos.



Sem embargo, o prestigioso jornal "Gazeta Mercantil" publicou em 1996 um artigo bombástico: “Parques nacionais dão prejuízo”, cujo subtítulo era “De 35 parques nacionais do IBAMA, apenas Iguaçu apresentou lucro em 1995”. O autor explicava que o Parque do Iguaçu teve um "excedente" de 563 mil reais, comparando as despesas com as receitas, enquanto todos os outros parques “tiveram perdas”. Para estimar a renda foram registradas, somente, as entradas, as taxas de concessão e a venda de souvenirs. Não foi levado em conta o efeito multiplicador das visitas nem se pensou nos serviços ambientais ou em outros valores. Muito menos, estava-se consciente de que um parque nacional é um museu natural, portanto não deve ser necessariamente "rentável". Como tampouco são a maioria dos museus no mundo. Mas, ninguém, nem aquele desastrado jornalista, declaram que museus não são rentáveis, nem pretendem fechar os museus e descartar suas obras de arte.



Nos EUA, o efeito multiplicador das visitas às áreas protegidas na economia local é enorme. Segundo estimativas obtidas pelo modelo participativo MGM (Money Generation Model) do US National Parks Service, no ano fiscal de 2005, os 272,6 milhões de visitantes para recreação, gastaram num raio de 50 km ao redor dos parques um valor de US$11,9 bilhões, mantendo 246.400 postos de trabalho (incluindo os funcionários dos parques) e cujos salários alcançaram US$5,6 bilhões. Iguaçu, com seus mais de 750.000 visitantes por ano possivelmente gera vários bilhões de dólares por ano para a região. Com efeito, a cidade de Foz de Iguaçu assim como outras localidades e diversas empresas (incluindo companhias aéreas) dependem principalmente do turismo motivado pelo Parque.



Subutilização e mal utilização de unidades de conservação



Apesar das cifras acima mencionadas demonstrarem a importância das Ucs para estimular o turismo, existem inúmeros casos onde estas não são aproveitadas. Bonito é um bom estudo de caso já que não utiliza o Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Pior ainda, para alguns que se dedicam ao negócio do turismo, acham que a abertura do Parque à visitação e uso poderia criar uma competição desleal para seus negócios. Isso é um erro por múltiplas razões, entre as quais se destacam: (i) os atrativos da Serra da Bodoquena não competem totalmente, nem diretamente com aqueles oferecidos na região; (ii) a capacidade de carga de visitantes no Parque é potencialmente grande, permitindo diversas atividades recreativas e inúmeras opções para novos negócios turísticos; (iii) a permanência dos visitantes convencionais na região poderia ser prolongada em pelo menos um dia, aumentando a ocupação dos leitos e possibilitando o crescimento da hotelaria. Ou seja, na realidade, o risco de prejuízo é reduzido para poucos e o beneficio é garantido para muitos.



Porque os parques dos EUA recebem mais de 400 milhões de visitantes a cada ano e os do Brasil nem alcançam 4 milhões, ou seja, 100 vezes menos? Além do turismo de massa (visitantes que vão apenas a um par de locais no mesmo dia - “o tour”) podem se desenvolver outras formas de visitação: (i) de elite (os dispostos a pagar muito mais por visitas exclusivas), (ii) de interesse especial (por exemplo, os bird-watchers, insect-watchers ou os que gostam de orquídeas), (iii) de interesse geral (amantes da natureza, dispostos a ver mais), (iv) mochileiros “plus” (mochileiros que dispõem de tempo e dinheiro), (v) mochileiros e (vi) exploradores (indivíduos solitários ou em grupos pequenos, dispostos a aventura). Nesses casos a permanência na região e o lucro possível incrementa muito.



Bonito não é único lugar do Centro Oeste, do Brasil ou da América Latina onde isso ocorre. Tem casos mais graves que outros. Pirenópolis (Góias) tem muitos atrativos, produtos turísticos naturais e culturais que lhe asseguram uma visitação importante. Mas, apesar disso, muitos turistas não voltam, pois, após duas ou três visitas, não fica nada de novo para se descobrir. Não obstante, a pouca distância da cidade de Pirenópolis existem duas áreas naturais espetaculares e praticamente sem aproveitamento: o Monumento Natural Municipal Cidade de Pedra e o Parque Estadual da Serra dos Pirineus. Visitas dos turistas convencionais a ambos locais poderiam implicar, sem competir com outras áreas naturais já desenvolvidas como a Reserva Particular de Patrimônio Natural Vagafogo, no mínimo dois dias a mais de permanência na região ou a reiteração das visitas à cidade. Outras modalidades de visitação como as citadas anteriormente teriam um potencial enorme para essas duas Ucs, especialmente para a primeira.



Uma situação similar, também no Centro Oeste, ocorre em Caldas Novas (Goiás), onde o Parque Estadual da Serra de Caldas Novas não figura como atrativo para essa região porque também está praticamente fechado a visitação, apesar de ter uma excelente infraestrutura. Os exemplos se multiplicam em outras regiões do Brasil, como na costa baiana, onde o turismo desperdiça a oportunidade oferecida pelos parques nacionais e estaduais vizinhos das praias como Monte Pascoal, Descobrimento, Serra do Condurú etc. Muitos turistas, especialmente os estrangeiros, gostariam de desfrutar da mata e da observação de aves como complemento do sol e das praias. Quanto mais atrativos, maior a permanência, maior o gasto na região e mais desenvolvimento.



O mais escandaloso caso de má utilização de uma UC no Brasil é o famoso Parque Nacional de Iguaçu. Seu produto mais importante, ou mais popular, é a visão das cataratas, seja das passarelas ou das embarcações que se acercam a elas pelo rio. Mas, na verdade, o outro atrativo quase tão importante quanto às quedas é por esse parque ser o único remanescente importante de floresta subtropical de todo o sul do Brasil e do norte da Argentina. Trata-se de uma floresta tão espetacular quanto as mesmas cataratas, com espécies raras e belíssimas, pelas quais os turistas (não os de massa) de todo o mundo pagariam por ver. São estes turistas que mais gastam e é um absurdo desperdiçar este oportunidade, não aproveitando o potencial econômico. Mas, outra vez, esse parque está fechado para os visitantes que não sejam a “massa” convencional. Casos assim se repetem em todas as partes do Brasil, até em Brasília, onde a única coisa que se conhece do Parque Nacional de Brasília é a piscina de água mal chamada de “água mineral”. Os turistas estrangeiros que chegam a essa cidade ficam frustrados quando, pensando no que viram em Nairóbi, no Quênia, e acreditam que no de Brasilia vão ver natureza. Não existe nenhuma trilha para categorias de visitantes que não sejam os de massa, os que vão à piscina ou à única, curta e insuficiente trilha na mata ciliar perto da sede.



Porque as unidades de conservação brasileiras não atraem mais visitantes?



Porque os parques dos EUA recebem mais de 400 milhões de visitantes a cada ano e os do Brasil nem alcançam 4 milhões, ou seja, 100 vezes menos? São as Ucs norteamericanas mais numerosas, maiores ou mais atraentes do que as do Brasil? A resposta a primeira pergunta é simples: em geral, as Ucs do Brasil e da América latina não estão preparadas para receber adequadamente os visitantes. Muitas delas nem sequer estão abertas para visitação. A resposta para a segunda pergunta, considerando o número, tamanho e atrativos, é que os parques do Brasil ou os da América Latina apresentam atrações naturais igualmente belas, porem são muito superiores em diversidade biológica e riqueza cultural.



As unidades de conservação são, no momento, o que se qualifica como “atrativos turísticos naturais brutos”. Para seu aproveitamento devem ser transformados em produtos turísticos. O que faz diferença a favor dos EUA é que, se considerar as facilidades para os visitantes, os parques norte-americanos são, definitivamente, muito mais atraentes que os do Brasil e os da América Latina. Eles receberam investimentos substanciais do governo para receber bem aos visitantes, criando condições para o desenvolvimento de empresas privadas ligadas ao turismo. Na América Latina, pelo contrário, a maioria dos parques não receberam investimentos significativos e por isso são formal ou informalmente fechados ao uso público. Carecem de centros de visitantes, trilhas seguras, áreas de acampamentos, estacionamentos, estradas e aeroportos, heliportos e de muitos outros serviços básicos. Também são carentes de pessoal e de recursos para manutenção. Um estudo de fins dos anos 1990 revelou que o orçamento médio global annual por hectare das áreas protegidas era de US$8,9/ha. A média nos países desenvolvidos era de US$ 20,6/ha. Nos países em desenvolvimento o orçamento para as áreas protegidas foi de apenas US$0,27/ha. No Brasil, o país latinoamericano que mais recebeu apoio internacional para a conservação da biodiversidade, o orçamento foi de US$2,2/ha. Ou seja, cinco vezes menos do que a média mundial e 10 vezes menos do que nos países desenvolvidos.



Um parque sem pessoal adequado, sem equipamento, sem infraestrutura e às vezes sem acesso, não pode ser aberto ao público nem pode atrair investidores privados para instalação de recursos adicionais, tais como hotéis, restaurantes, agências de viagens, serviços de guias, postos de combustível, aluguel e implementos, entre muitos outros que exigem o turismo de negócios. Em outras palavras, os sistemas de áreas protegidas na América Latina, com a honrosa e relativa exceção da Argentina e da Costa Rica e de alguns parques isolados em outros poucos países não estão cumprindo as funções para o qual foram estabelecidos no que se refere ao estímulo do desenvolvimento econômico local.



O que fazer para que as unidades de conservação do Brasil realmente sirvam ao desenvolvimento do turismo regional?



As unidades de conservação são, no momento, o que se qualifica como “atrativos turísticos naturais brutos”. Para seu aproveitamento devem ser transformados em produtos turísticos. Isso, como bem se sabe, implica em investimentos fora e dentro das Ucs. Fora das Ucs, o setor público deveria investir em acessos razoáveis, boa sinalização e disponibilização de informação atrativa sobre elas. Dentro delas é preciso implantá-las, ou seja, construir tudo que possibilite aos visitantes desfrutar o que a UC lhe oferece. Isto inclui portões de ingresso, postos de controle, centro de visitantes com museu do sítio e facilidades para palestras, locais de piqueniques, áreas para acampamento, desenvolvimento de trilhas, construção de parapeitos e mirantes, sinalização etc. Para isso se pressupõe a existência e aplicação de um plano de manejo que também deve incluir tudo referente ao manejo e manutenção da área, em especial, pessoal adequado, em número suficiente e equipamentos. Em princípio, esses investimentos, é responsabilidade do poder público, neste caso do ICMBio no nível federal e as secretarias de meio ambiente no nível local.



Mas, como têm sido reiteradas até o cansaço, com poucas e muito parciais exceções, os governos não cumprem suas obrigações e não fazem nada ou quase nada para transformar os tesouros naturais que supostamente protegem em produtos aproveitáveis para o turismo regional. Por isso, é responsabilidade da sociedade exigir ou demandar uma mudança de atitude dos governos, como já têm sido mostrada pela sociedade, através das reservas naturais particulares, conhecidas no Brasil como reservas particulares de patrimônio natural (RPPNs).



Com efeito, o melhor caminho para defender as Ucs é seu desenvolvimento para a visitação, sem prejuízo da sua principal tarefa que é a conservação da natureza. O bom caminho na região, como dito, foi traçado pelo setor privado, com o sucesso de muitas reservas de natureza privada ou santuários, como Monteverde, na Costa Rica ou Vagafogo, no Brasil. Esses casos, dentre outros, têm demonstrado que os proprietários podem pagar as suas despesas e até mesmo obter lucro, apenas com os visitantes. O caso da Vagafogo (em Pirenópolis no Goiás), um santuário natural de tão somente 17 ha localizado a 140 km de Brasília e sem atrativos especiais, é particularmente demonstrativo. Ele recebe cerca de 10 mil visitantes por ano e proporciona aos proprietários 21.000 dólares por ano apenas com as entradas, além de outros serviços e da venda de produtos. A renda é, obviamente, proporcional à qualidade do espaço e a sua gestão. Vagafogo compensa sua falta de atrativos naturais com uma administração eficiente e inteligente.



De fato, as melhores Ucs do Brasil, capazes de competir com qualquer UC pública do mundo desenvolvido são privadas: as RPPNs SESC Pantanal (do SESC Nacional) e Salto Morato (da Fundação O Boticário de Conservação a Natureza). Especialmente na primeira, existem todas as facilidades mencionadas na lista do que se precisa para transformar uma UC em produto turístico. Além disso, ainda se somam uma pista de aterrissagem, vários campos de pouso, porto, postos e torres de controle de incêndios, pesquisa científica avançada, programas sociais para as comunidades locais etc.



Como transformar as Ucs públicas em bons negócios turísticos? O Canadá é um ótimo exemplo de como se fazer. Os 278 parques da Província do Ontário (7,1 milhões de hectares) com 10 milhões de visitantes por ano, foram afetados por restrições orçamentárias que dificultavam seu aproveitamento turístico. Em 1996, foram legalmente transferidos ao Ontario Parks, uma empresa pública, para serem manejados sob-base comercial com plena autoridade para reinvestir todos os ingressos dos parques e para fechar negócios com o setor privado, respeitando os planos de manejo, e melhorando os serviços aos visitantes. Dentre outras melhorias, foram aprimorados ou estabelecidos milhares de sítios para piquenique e acampamentos. Em 2001 o governo provincial já tinha diminuído seu aporte anual ao sistema de US$8.5 milhões a US$6,1 milhões, mas, o gasto anual nos parques nesse mesmo ano passou de US$11,6 milhões a US$48,5 milhões. Os ingressos nos parques que antes cobriam apenas o 56% do custo de operação anual cobrem agora mais de 80%. Dito de outro modo, um grande negócio para o governo, para os parques e especialmente, para os visitantes.



Porque não tentar esse esquema ou algo semelhante pelo menos com os parques estaduais? E porque não com alguns dos nacionais? Para isso deve haver pressão sobre os políticos por parte da sociedade local, especialmente dos empresários interessados, idealmente com a cumplicidade da administração das Ucs, pois, a proposta deve ser técnica e economicamente balanceada. Em especial, a transformação das Ucs em produtos turísticos e em bons negócios não pode afetar negativamente a sua função primordial de conservação do patrimônio natural da nação. Mas, isso é perfeitamente fatível como bem demonstrado nas RPPNs mencionadas e em inúmeros parques ao redor do planeta.



Uma ferramenta essencial para alcançar esse objetivo e também outros menos ambiciosos embora também importantes, já está disponível. Trata-se dos conselhos consultivos (artigo 29 da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação-SNUC) que são absurdamente desaproveitados pelas sociedades locais. Através desses conselhos, os empresários de turismo podem argumentar e até demandar a abertura de trilhas novas, o melhoramento de outras, novos horários de atendimento ao público, uso de cavalos para visitação, construção de sítios de piquenique e de acampamento que, em geral, já estão contemplados no plano de manejo. Podem aportar recursos financeiro, de pessoal e equipamentos em retribuição por maior espaço para as suas iniciativas lícitas. Os conselhos são espaços de negociação da sociedade local com a autoridade da UC, sempre dentro da lei e do plano de manejo, embora este último não seja imovível, caso contenha empecilhos burocráticos e que não afetam a tarefa de proteger a natureza.



Outra ferramenta também disponível é o artigo 30 da mencionada Lei do SNUC, que estabelece que as Ucs podem ser geridas por entidades da sociedade civil de interesse público. Nada impede, por exemplo, aos empresários turísticos de Bonito formar uma dessas entidades e solicitar a gerência do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Deverão cumprir alguns requisitos, é claro, ou se associar com uma organização não governamental pré-existente e com experiência. Mas, isso é perfeitamente viável.



Em conclusão, as Ucs da América Latina são ainda um recurso desperdiçado que, com um pouco de boa vontade, pode-se transformar numa fonte principal de desenvolvimento econômico regional, sem míngua nem risco aos seus aportes à sociedade na forma de serviços ambientais e de conservação da biodiversidade.







Marc Dourojeanni foi professor e decano da Faculdade Florestal da Universidade Nacional Agrária de Lima, Peru e Diretor Geral Florestal desse país. Atualmente é Presidente da Fundação ProNaturaleza.







27 Fev 2011, 00:00





Japonês cria dispositivo que converte o ruído do avião em eletricidade

Japonês cria dispositivo que converte o ruído do avião em eletricidade


Postado em 03/03/2011 ás 11h50

Autoria e fonte: http://www.ciclovivo.com.br/noticia.php/2130


Green Noise capta o ruído dos aviões pousando e decolando e converte o som em eletricidade. (Imagem:Divulgação


Assim como a tecnologia evolui, as ideias sobre como podemos aproveitar a energia a partir de fontes diversas também evolui. Uma dessas novas invenções é um aparelho desenvolvido pelo designer japonês Hung-Uei Jou. O projeto apelidado de “Green Noise” ou “Ruído Verde”, em tradução livre, visa converter o ruído e som dos aviões, em eletricidade. Esta energia poderia ser usada para alimentar as luzes na pista do aeroporto.



Essa é uma maneira inusitada de reduzir os custos e emissões de carbono geradas por aeroportos em todo o mundo. O dispositivo seria colocado em uma pista e deixado lá para coletar e prender ruídos e decibéis do aeroporto, particularmente os sons dos aviões que estão pousando ou decolando.



O aparelho baseia-se em um alto-falante de forma cônica, para absorver os sons mais facilmente e impedir que a água da chuva vá para o fundo. Isso permite ao “Green Noise” funcionar em todos os tipos de clima, com chuva ou com sol. A tela mostra as informações necessárias para os funcionários do aeroporto.



A estrutura modular, conveniente para instalação e configuração, fica em uma base com tripé, de fácil manutenção, para facilitar a troca da luz quando quebrar.



A invenção poderia até ser instaladas nas rodovias movimentadas ou no exterior dos trens e metrôs. As aplicações dos dispositivos são infinitas. O aparelho não irá eliminar o ruído, ele simplesmente aproveita o barulho e faz bom uso dele.



Redação CicloVivo



Sistema dessaliniza água do mar usando energia renovável

Sistema dessaliniza água do mar usando energia renovável


Autoria: Glenda Almeida - Agência USP - 02/03/2011


Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=dessalinizacao-agua-mar-energia-renovavel&id=010125110302&ebol=sim




A membrana é o filtro do sistema, que compõe o método conhecido como "osmose reversa". Assim, a água, antes salgada, passa pela coluna, é filtrada e transformada em água potável. [Imagem: Juvenal Rocha Dias/Ag.USP]


Dessalinização alternativa



Um sistema mecânico capaz de transformar a água do mar em água potável utilizando energia renovável acaba de ser desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) da USP.



O equipamento poderá atender a necessidade de países como Cabo Verde, na África, onde a água potável não é um recurso tão abundante.



O projeto é de autoria do engenheiro Juvenal Rocha Dias, cidadão caboverdiano, que efetuou os cálculos e medições para o trabalho durante suas pesquisas de mestrado e doutorado na Poli. A ideia surgiu justamente pela observação das necessidades de seu país de origem.



Segundo Dias, já é possível que os governos de países menos desenvolvidos pensem numa alternativa menos custosa que a técnica mais comum de dessalinização, que funciona com energia elétrica obtida a partir da queima de combustível fóssil, como o diesel.



A nova alternativa propõe ser menos nociva ao meio ambiente e pode custar menos ao poder público, no que diz respeito aos gastos com a compra de combustíveis derivados do petróleo.



Coluna de dessalinização



O sistema denominado "coluna de dessalinização" funciona basicamente como um filtro, utilizando energia eólica - fornecida pelos ventos - provinda de cata-ventos ou turbinas eólicas, e energia potencial gravitacional, que existe por conta da força da gravidade, relacionada à massa dos corpos e à altura da qual se encontram.



Dias explica que o processo de dessalinização se inicia com o bombeamento de água salgada para a parte superior de uma coluna, em formato cilíndrico, onde há um reservatório.



O peso dessa água impulsiona um êmbolo que pressiona o ar contido em uma câmara inferior do sistema. Esse ar exerce uma força sobre outro reservatório. A água contida nele é pressionada e passa por uma espécie de membrana.



A membrana é o filtro do sistema, que compõe o método conhecido como "osmose reversa". Assim, a água, antes salgada, passa pela coluna, é filtrada e transformada em água potável.



Segundo o pesquisador, a dimensão da coluna a ser construída depende do consumo de água potável desejado. Por exemplo, para a produção de 5 mil metros cúbicos (m3) de água, o que equivale, em média, à água utilizada por 10 pessoas ao longo de um dia, o sistema deve possuir cerca de 25 metros (m) de altura.



De acordo com os cálculos realizados, o consumo específico de energia no processo equivale a 2,8 kWh/m3 de água potável produzida, bem abaixo do consumo específico de energia de sistemas convencionais, que apresentam valores em torno 10 kWh/m3 de água potável produzida a partir da dessalinização da água do mar.



Custo e usos alternativos



A professora Eliane Fadigas, orientadora do estudo, diz que os possíveis gastos com a construção e instalação do sistema podem ser caros. Porém, a longo prazo, o investimento pode valer a pena, principalmente para países na situação econômica como a de Cabo Verde.



"O governo vai poder redirecionar o dinheiro que era utilizado com a compra de Diesel para outras necessidades, ligadas também à população. É evidente que tudo isso depende da vontade política", explica Eliane.



"Além de servir para transformar a água do mar em água potável, a coluna também pode ser adaptada e reprojetada para outros fins. Por exemplo, a partir do uso de filtros apropriados, o sistema pode ser utilizado para a despoluição de riachos e lagos, ou mesmo como fonte de água para uso na agricultura ou produção de energia elétrica", acrescenta a professora Eliane. "Ao idealizar o sistema, pensamos não só na questão dos gases poluentes, mas também onde poderíamos depositar o sal retirado da água. Esse 'resto' pode ser, por exemplo, devolvido para o mar de uma forma controlada", completa o engenheiro.



Limitações do projeto



Durante o estudo na Poli, o pesquisador construiu um protótipo da coluna, utilizando materiais diversos para teste, como baldes, papelão e concreto, e obteve sucesso nos testes. Segundo a pesquisa, os modelos reais terão como principal material o aço. Ainda será testado um protótipo da coluna mais próximo do real, por meio do qual será possível medir, por exemplo, as perdas por atrito, o que pretende aprimorar o modelo.



Segundo o engenheiro, há algumas limitações no funcionamento do sistema. "Uma vez que é movido à energia eólica, ele depende das condições dos ventos, e até mesmo dos requisitos dos cata-ventos, que, por sua vez, devem ser instalados próximos ao mar ou a fontes de água. Isso não acontece caso a fonte de energia seja a turbina eólica, de mecanismo diferente do cata-vento. Há portanto a limitação de espaço, já que quanto mais cata-vento, mais potência", aponta Dias.



Mas já imaginando possibilidades de compensar essas limitações, a pesquisa também sugere utilização da chamada bomba clark, que serve como reaproveitadora das energias "perdidas" durante os processos do sistema.


SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Sistema dessaliniza água do mar usando energia renovável. 02/03/2011. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=dessalinizacao-agua-mar-energia-renovavel. Capturado em 05/03/2011.





A sustentabilidade e as bacias sanitárias

A sustentabilidade e as bacias sanitárias


03/03/2011

Autor: Cláudio Conz

Fonte: http://www.dgabc.com.br/Columnists/Posts/58/5280/A%20sustentabilidade%20e%20as%20bacias%20sanit%C3%A1rias.aspx
 
 

 
Muito se fala sobre sustentabilidade. Mas será que é possível conseguirmos construir sustentavelmente?




Até meados de 1970, pouco se falava sobre o assunto. Com a primeira crise do petróleo, em 1973, os países do Oriente Médio elevaram o preço do barril, o que fez com que as grandes potências parassem para pensar em fontes alternativas. A questão da eficiência energética tornou-se pauta das principais economias e entre seus desdobramentos o tema do aquecimento, iluminação, refrigeração e funcionamento em geral dos prédios ganhou destaque.



Assuntos sobre como gerir resíduos, o planejamento sustentável da obra, como economizar água, o uso racional de materiais e as fontes de energia renováveis começaram a fazer parte dos temas ligados à construção. E ideias simples podem economizar milhões. Uma delas é a questão do uso racional da água nos edifícios. Estudos recentes demonstram que 35% da água de uma casa se esvaem pela bacia em descargas sanitárias.



No Brasil, os quase 50 milhões de imóveis existentes desperdiçam cerca de 575 milhões de m³ de água por mês em descargas sanitárias. Levantamento realizado pela Anamaco indica que o País precisa trocar cerca de 100 milhões de bacias sanitárias. São produtos antigos que gastam cinco vezes mais água do que os encontrados hoje no mercado.



Numa residência com quatro pessoas, a descarga sanitária é acionada, em média, 16 vezes ao dia. Se em cada descarga gastamos 30 litros, o total do consumo diário é de 480 litros e mensal 14,4 mil litros. Quando é feita a substituição por produtos com nova tecnologia, que utilizam seis litros por descarga, o consumo é de 2.880 litros/mês.



Essa conta revela economia de 11.520 litros/mês ou redução de 80% no consumo. Podemos começar a construção sustentável por aí.



Como integrante do CDES, quero aprofundar este tema para que ele seja parte do programa de sustentabilidade do governo em relação aos prédios públicos. Um programa de uso racional de água nas escolas federais diminuiria os custos, além de contribuir para disseminar a cultura de que a água é um bem da humanidade. Não se pode permitir o desperdício.



A TROCA DAS BACIAS NA PRÁTICA - A cidade de Nova York foi a primeira a ter a dimensão do problema. E, para evitar despesas abundantes na expansão de infraestrutura para o tratamento e fornecimento de água, desenvolveu programa de incentivo à substituição dos vasos sanitários - o TRP (New York Toilet Rebate Program). O programa trocou 1 milhão de bacias gratuitamente para a população e gerou economia de 30% no consumo de água e 35% nos custos do tratamento de esgoto.



A Cidade do México conseguiu efetuar a troca de todos os produtos em seis anos. Em 1985, o município iniciou programa oficial, reunindo comissão composta por integrantes do governo, fabricantes, escolas, representantes da sociedade e do comércio. Em 1986, determinou prazo de nove meses para que a indústria de produtos sanitários se adaptasse às novas exigências, isso é, todos teriam de se adequar à nova norma de produzir bacias de seis litros.



Entre 1989 e 1991, fabricantes de louças sanitárias precisaram destruir estoques de todos os produtos cujo consumo fosse maior que seis litros e, a partir de 1991, o governo proibiu a venda e comercialização de bacias com funcionamento acima do determinado. Nesse mesmo ano, o governo estabeleceu para todos os modelos de bacias um incentivo chamado de reposition cost. Isso é, os gastos efetuados na troca de bacias foram restituídos aos proprietários de casas, apartamentos, escritórios, lojas, fábricas etc. Para ter direito a esse benefício, o proprietário tinha de efetuar a troca nas revendas, deixando a bacia antiga.



EXPERIÊNCIAS NO BRASIL - Outro case interessante da Anamaco foi o projeto realizado na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, em prédios públicos. Na Escola Municipal de Vinhedo, a troca de louças e metais comprovou economia de 97% no consumo de água. Lá se consumia 129 mil litros de água por mês e, depois da obra concluída, a escola passou a gastar, em média, 3.800 litros/mês. O retorno sobre o investimento aconteceu em menos de três meses.



O projeto também foi implementado na Escola Municipal Integração de Vinhedo, maior colégio da rede pública da cidade, com 1.114 alunos. Lá, o consumo era de 853 mil litros de água/mês e, após a implantação do projeto, a escola passou a consumir, em média, 355 mil litros/mês, redução de 58,4% no seu consumo total.



Assim, com ideias simples, conseguimos economizar muito e mudar nossa realidade, preservando o futuro do planeta.