domingo, 28 de dezembro de 2014

Mini casas sustentáveis

Mini casas sustentáveis produzidas na Moita de Alvorninha


-> Publicado a 26 de Dezembro de 2014 . Na categoria: Destaque Economia Painel . Seja o primeiro a comentar este artigo.

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casasNa Moita de Alvorninha, João Neves decidiu criar um negócio que é a concretização de um sonho de criança. “Ando a brincar com as cabanas com que sempre sonhei”, diz o mentor do projecto Mini Casas. O conceito base destas casas é a sustentabilidade e os materiais são a madeira, a lã, o tecido e a cortiça. A partir daí é “só” criar mini-casas que, apesar do reduzido tamanho, oferecem todas as condições básicas para serem habitadas e que ainda podem ser deslocadas.
Na sua oficina, entre madeiras e ferramentas, acompanhado pelo seu fiel amigo, Piloto (o cão) e a orquestra que ecoa do pequeno rádio, João Neves cria uma wood cabin, um conceito que ainda está a explorar e que assenta numa cabine onde fica uma cama, tendo por baixo uma gaveta com cozinha e arrumação.
Da Moita de Alvorninha, onde reside, cria os conceitos de mini-casas que variam entre as yurts (tendas tradicionais da Mongólia), as roulottes ciganas, os vagões de cowboy ou as mais corriqueiras casas de madeira. São todos modelos de casa que vão dos dois aos 20 metros quadrados e que obedecem às “regras” da sustentabilidade.
Mas dentro dos materiais que utiliza para fabricar estes modelos, o artesão explora novos conceitos, como casas de banho amovíveis, ou uma carrinha de trabalho Bedford (de caixa aberta) que transformou num modelo de lazer (com uma cama, um fogão, uma salamandra, mesas, cadeiras e arrumações).
“As yurts são as mais procuradas por ser um conceito grande e económico, mas também pela vivência em circunferência” contou João Neves à Gazeta das Caldas.
Estes conceitos já existiam. O empresário limitou-se a adaptá-los ao clima e às necessidades específicas de Portugal.
Os preços destas mini-casas vão dos 1500 aos 15.000 euros, consoante aquilo que o comprador pretende. Aqui o produto tenta ir de encontro às necessidades, mas também às possibilidades de cada cliente.
Outra das características deste projecto é que, como trabalha sob encomenda, não cria stock, pelo que é necessário esperar vários meses para se ter uma casa pronta.
As casas que fabrica têm tido bastante procura. “Talvez pela crise, as pessoas procuram conceitos económicos e práticos”. Por outro lado, a possibilidade de não fixar raízes também tem atraído muitos clientes. A forte adesão pode estar ligada também a uma consciencialização para o desenvolvimento sustentável, lembrou João Neves.
Apesar da forte procura, o mentor deste projecto não quer formar uma grande empresa. “É uma questão de princípio, tento construir em pequena escala”. Desta forma, João Neves tenta que a arte que produz (artesanato minimalista, como lhe chama) não perca autenticidade. Este artesão de casas produz uma média de quatro a cinco habitações por ano.
“Gostei da maneira de ser dos caldenses”
João Neves, filho de portugueses naturais da Beira Alta, nasceu em França e os seus primeiros oito anos de vida foram passados entre a Guarda e Lisboa. Durante 15 anos foi empregado bancário na Holanda. Mas após uma operação ao joelho que o impediu de trabalhar durante três meses, decidiu mudar radicalmente a sua vida.
Como sempre teve uma certa aptidão para os trabalhos manuais, decidiu, em 2003, organizar workshops de Cerâmica e Escultura numa “cidade pequenina mas virada para a arte” – as Caldas da Rainha onde reside há 11 anos.
Na altura andava a sondar a região em busca de um sítio onde se sentisse bem e gostou da maneira de ser dos caldenses. Para além disso, a localização geográfica (perto da costa e de Lisboa) o facto de, nesta cidade encontrar praticamente tudo o que precisa para construir as suas casas, bem como a existência de zonas florestais para fruir (algo que quase não existe na Holanda) pesaram na sua decisão.
A partir de 2008, e já instalado numa vivenda na Moita (Alvorninha), este luso-francês, casado com uma holandesa, inicia-se na construção e negócio das Mini Casas, que tanto entusiasmo lhe tem proporcionado.
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