domingo, 20 de maio de 2012

E agora, Dilma? Veta tudo, Dilma!


Manifestação em São Paulo pede veto ao texto do novo Código Florestal


Agência BrasilDaniel Mello

Usando camisas verdes, levando faixas e cartazes, um grupo de manifestantes reunidos por organizações ambientalistas pediu hoje (20) que a presidenta Dilma Rousseff vete o texto do novo Código Florestal. O grupo reuniu-se em frente ao Parque Ibirapuera, na capital paulista, e seguiu em passeata por dentro do parque.
O texto que altera a legislação ambiental foi aprovado pela Câmara dos Deputados no mês passado e a presidenta Dilma Rousseff tem até o próximo dia 25 para se manifestar pela sanção ou veto do projeto. O texto traz pontos criticados pelos ambientalistas, como a redução dos parâmetros de proteção de áreas de preservação permanente (APPs) e a possibilidade de anistia para quem desmatou ilegalmente.
Para a coordenadora da Rede das Águas da organização não governamental SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, o texto “desrespeita a característica da função social da terra, como se, por um interesse econômico, fosse possível anistiar pessoas que desmataram e degradaram”.
Ela acredita que a nova legislação pode prejudicar a imagem do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorre no mês que vem. “O Código Florestal é a mãe de toda a legislação ambiental brasileira, e o Brasil não pode passar um vexame dessa envergadura pré Rio+20”, disse Malu Ribeiro.
Para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, o novo código poderá prejudicar projeto em andamento, da prefeitura, de criação de 20 parques lineares para proteger margens de rios. A intenção é retirar famílias de áreas de risco e evitar enchentes. “Essa fórmula nova, aprovada pelo Congresso, além de prejudicar a área rural, o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia, ignora completamente a questão urbana. Esse respaldo, que nós temos do código antigo para criar os parques lineares, nós vamos perder”, ressaltou.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse que há no Congresso uma movimentação de deputados preocupados com a questão ambiental para criar uma proposta de Código Florestal mais ligada a estudos e pesquisas científicas. “Nós estamos pensando em elaborar uma proposta coletiva junto com a SBPC [Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência]. Nós procurarmos uma proposta que tenha bases científicas para que as alterações sejam feitas no código para aperfeiçoá-lo e, não, para detonar as florestas brasileiras”, disse.

Ciclista faz manobra ilegal por segurança



No semáforo, é fácil ver as bicicletas 'arrancarem' ainda no vermelho
Especialista afirma que saída para reduzir os acidentes passa pela criação de um sinal exclusivo de bikes

São Paulo, domingo, 20 de maio de 2012Cotidiano


VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO



O semáforo fecha, e o ciclista não pensa duas vezes: pega o corredor entre os carros longe da calçada e se posiciona em frente a eles, invadindo a faixa de pedestres.
Antes de o sinal abrir, ainda com os carros parados, ele sai pedalando.
A cena, comum em São Paulo, contém três infrações de trânsito, mas é vista pelos ciclistas como uma estratégia para se manter seguro em cidades feitas para os carros.
A ideia é conseguir ganhar velocidade antes de os veículos partirem do "grid de largada", dizem os ciclistas.
"É muito mais seguro estar a uns 25 km/h quando essa manada [de carros] encontrar você", diz a cicloativista Renata Falzoni.
A medida também evita motoristas irritados, tirando as perigosas "finas educativas". A expressão, jargão entre quem pedala, se refere à manobra de motoristas que querem intimidar o ciclista que "ousa" andar na via.
"Em país sério, nas ruas, a primeira vaga de carro à direita fica reservada para os ciclistas pararem. Em São Paulo, tudo é improviso porque a cidade não pensa na bike", diz Cléber Ricci Anderson, que produziu o manual de segurança "Bike na Rua".
Apesar do risco, segundo a CET, não é proibido às bicicletas trafegarem entre os carros, desde que elas fiquem sempre ao lado da calçada.
Outra infração comum é circular pedalando pela calçada (a lei só permite se o ciclista estiver fora da bike) quando a via é perigosa.
"Vou na calçada sem pudor. Na da Rebouças, por exemplo, quase não tem pedestre e a avenida é violenta", diz Aline Cavalcante, que vai e volta do trabalho todos os dias de bicicleta.
SEM ESFORÇO
O ciclista, pela legislação, também deve circular sempre na mesma mão dos carros.
Mas há situações em que as bikes ignoram a norma, não pela segurança, mas para evitar o esforço físico.
"A bicicleta é movida a energia humana. Tem situação que, se você não pega a contramão, vai ter que pedalar quatro quarteirões a mais", explica Aline.
Para reduzir o número de acidentes entre ciclistas e os demais veículos, Alexandre Delijaicov, especialista em trânsito da USP, recomenda a regulagem dos semáforos, que deve levar em conta também a bicicleta. "Que precisa ter o seu próprio tempo", explica ele.
Para o especialista, enquanto o sistema de ciclovias da cidade não for suficiente, algumas calçadas também poderiam ser liberadas para os ciclistas, de forma totalmente excepcional.

Desrespeito e falta de bicicletários desestimulam o uso de bicicletas no Rio


Para José Lobo, presidente da organização não governamental (ONG) Transporte Ativo, um dos principais problemas enfrentados pelos ciclistas é o desrespeito dos motoristas

Arquivo/Wikimedia Commons
Visão aérea do Rio de Janeiro
Em quatro anos, a prefeitura ampliou em 120 quilômetros (km) a rede de ciclovias e ciclofaixas do município que, de 150 km em 2008, já soma 270 km
Rio de Janeiro – A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para o mês que vem, no Rio de Janeiro, terá como um dos temas em debate o incentivo ao uso da bicicleta. Além de bicicletários, os organizadores da conferência prometem disponibilizar bicicletas para os participantes circularem entre os locais do evento.
Mesmo antes da conferência, o município do Rio de Janeiro já tinha decidido fazer da bicicleta um dos principais meios de transporte da cidade. Em quatro anos, a prefeitura ampliou em 120 quilômetros (km) a rede de ciclovias e ciclofaixas do município que, de 150 km em 2008, já soma 270 km.
A meta é ter ampliar para 300 km até o fim do ano e, até 2016, ano das Olimpíadas no Rio, chegar a 450 km. Para José Lobo, presidente da organização não governamental (ONG) Transporte Ativo, que estimula o uso de bicicletas na cidade, números ainda longe do ideal.
Ele destaca, no entanto, que o tamanho da malha cicloviária não está entre os maiores desafios para quem opta pela bicicleta como meio de transporte no Rio de Janeiro. Segundo Lobo, um dos principais problemas enfrentados pelos ciclistas é o desrespeito dos motoristas.
“Capitais como Amsterdã [na Holanda] e Copenhague [na Dinamarca], onde o uso da bicicleta é gigantesco, não têm uma malha muito maior do que a nossa. O que acontece lá é que os motoristas são educados. Todas as ruas e pessoas estão preparadas para lidar com o ciclista, então, você pode circular na cidade inteira com segurança, independentemente de ter uma estrutura segregada [para o ciclista]”, disse Lobo.
Segundo ele, a conscientização dos motoristas é fundamental porque, em determinados lugares, não há como instalar ciclovias. Nessas áreas, os ciclistas precisam dividir espaço com carros e ônibus. “A gente nunca vai conseguir ter ciclovias na cidade inteira. As pessoas precisam saber que aquela bicicleta que está no trânsito não está atrapalhando, mas ajudando o trânsito a fluir melhor”.

Outro problema citado é a falta de estacionamentos específicos para bicicletas, os chamados bicicletários. Ele explica que esses serviços são fundamentais para que as pessoas passem a usar mais a bicicleta como meio de transporte e, também, para facilitar a integração com ônibus, trens, barcas e metrôs. “A bicicleta é um grande veículo de bairro, para distâncias de três a cinco quilômetros.
Por isso, é importante estar integrada ao transporte público. Eu posso pedalar até o metrô ou o terminal de ônibus, mas, muitas vezes, não tenho onde gurdar a bicicleta. Uma legislação do ano passado liberou os ciclistas para prender as bicicletas nos postes, mas não é a mesma coisa”, disse.
Segundo o subsecretário municipal do Meio Ambiente do Rio, Altamirando Moraes, há mais de 3 mil bicicletários públicos (nos quais é possível estacionar pelo menos duas bicicletas por vez) na cidade. Até a Copa do Mundo de 2014, a proposta é instalar mais mil.
Ele explica que a prefeitura também facilitou o processo para que o comércio instale bicicletários nas calçadas. Basta solicitar a instalação, por e-mail, para a Secretaria de Meio Ambiente. Moraes informou ainda que a prefeitura instalou bicicletários em diversas estações de trem e metrô da cidade.