Análise de dados do Banco Mundial relativos a 139 países mostra que doenças tropicais são um 'fardo econômico'
28 de dezembro de 2012 | 2h 03
LOS ANGELES - O Estado de S.Paulo
Um novo estudo, com base na análise de dados do Banco
Mundial relativos a 139 nações, diz que certas doenças infecciosas e
parasíticas exercem influência significativa no desenvolvimento
econômico e respondem por discrepâncias na renda per capita entre as
populações de países tropicais e temperados. Os pesquisadores, em artigo
na revista Public Library of Science (PLoS) Biology, também sugerem que
ecossistemas saudáveis, com grande diversidade de plantas e animais,
podem diminuir a transmissão dessas doenças.
Embora economistas reconheçam que doenças como a malária e o amarelão
possam frear o desenvolvimento econômico, "permanece um intenso debate
sobre a importância relativa do peso das doenças em geral nos padrões
globais de riqueza e pobreza", diz o artigo, assinado pela equipe
liderada pelo economista e ecologista Matthew Bonds, do departamento de
saúde global e medicina social da faculdade de Medicina da Universidade
Harvard, nos Estados Unidos.
O estudo, além de considerar como as diferenças na latitude se
relacionam com doenças e pobreza, analisou outros quesitos que
influenciam a economia, como o bom funcionamento das instituições
governamentais, legais e econômicas. Para isso, usaram de estatística
para avaliar a importância relativa de vários fatores e concluíram que
"doenças parasíticas e transmitidas por vetores afetaram
sistematicamente o desenvolvimento econômico". "Também mostramos que o
fardo trazido por essas doenças é determinado por condições ecológicas",
escreveram.
Segundo os especialistas, o estrago causado por essas doenças aumenta
com a perda de biodiversidade. Isso porque moléstias como malária e
doença de Lyme necessitam de hospedeiros, que aumentam de número com a
queda na população de predadores ou competidores - por exemplos,
populações de roedores crescem muito quando não há corujas para
comê-los.
"Nosso estudo também mostra que a biodiversidade impulsiona o
bem-estar econômico ao impedir surtos mais graves de doenças", afirmou
Andrew Dobson, coautor do trabalho e médico infectologista da
Universidade de Princeton. / LOS ANGELES TIMES