quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Jovens pedem ação contra crise climática

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por Kanis Dursin, da IPS
321 Jovens pedem ação contra crise climática

Bandung, Indonésia, 29/9/2011 – Crianças e jovens de 120 países exortaram os líderes mundiais a atenderem a crescente crise climática e prevenir desastres naturais que se avizinham sobre o planeta. “Os líderes do mundo devem priorizar o interesse das gerações futuras acima dos seus”, disse à IPS o jovem iraniano Saghar Sedighi, de 14 anos. “Se não nos ouvem, mais desastres como inundações acontecerão”, alertou, por sua vez, Leili Sharif Bakhtiar, também iraniano e da mesma idade, criticando a reticência do governo em integrar temas ambientais em seus programas de desenvolvimento.
Leili e Saghar estão entre os 1.300 jovens e crianças entre dez e 25 anos que participam da Conferência Internacional de Infância e Juventude “Tunza”, iniciada no dia 27 e que vai até o dia 1º de outubro nesta cidade, capital da província de Java Ocidental, na Indonésia. Tunza significa “tratar com atenção e amor”, em língua kiswahili, e a ideia da conferência, patrocinada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), é sensibilizar os jovens em questões ambientais e ensinar-lhes a cuidar do planeta.
Os participantes da Conferência foram escolhidos entre três mil candidatos com base em projetos ambientais que apresentaram e em seu envolvimento em atividades ecológicas. No encontro são apresentados desenhos feitos pelas crianças e pelos jovens ilustrando a destruição ambiental no planeta. A Conferência, sob o tema “Remodelando nosso futuro por meio da economia verde e uma forma de vida sustentável”, foi inaugurada no dia 27 pelo vice-presidente indonésio, Boediono, que em seu discurso disse que crianças e jovens são donos do futuro, enquanto os atuais líderes são donos do presente. “O futuro pertence às crianças e aos jovens, e os donos do presente devem ouvir os do futuro”, afirmou.
Os participantes assistirão discussões sobre energias renováveis, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e iniciativas amigáveis com o meio ambiente. No último dia, os jovens divulgarão uma declaração. “Nossa mensagem aos líderes é muito simples: deixem de cortar árvores e reduzam, reutilizem e reciclem”, disse Shamila Sabajo, do Suriname. “Nunca deixaremos de dar aos líderes essas mensagens simples”, acrescentou.
O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, disse que metade da atual população mundial tem menos de 25 anos, e, portanto, os jovens devem ser considerados pelos políticos quando tomam suas decisões. “Foram os jovens que reinventaram nossa economia e a sociedade, e não estão impotentes”, afirmou aos jornalistas após a abertura da conferência.
O Pnuma organiza a conferência de Tunza a cada dois anos desde 1992. Steiner disse que este ano o encontro teria importância especial por acontecer às vésperas da Cúpula da Terra Rio+20, no ano que vem. Nessa oportunidade, líderes mundiais, grupos da sociedade civil, jovens e crianças se encontrarão novamente no Rio de Janeiro para garantir um compromisso político pelo desenvolvimento sustentável, avaliar progressos feitos em compromissos internacionais e enfrentar novos e emergentes desafios.
Steiner disse que a cúpula de 2012 será diferente, já que “o tamanho do problema é maior, talvez mais do que a geração passada imaginou”. Para ele, as emissões de dióxido de carbono aumentaram quase 10% desde 1992, devido ao contínuo consumo de combustíveis fósseis para automóveis e geração elétrica. No mesmo período, as temperaturas globais médias também aumentaram 0,4 grau.
Steiner disse que as áreas florestais perderam 300 milhões de hectares desde o começo dos anos 1990, e mais da metade das reservas de peixes se esgotou, contra apenas 13% em 1992. O diretor também destacou vários êxitos em diversos países. “As áreas protegidas cresceram 8,6% em 1992 para mais de 12%. “Em 2010, US$ 211 bilhões foram investidos em energias renováveis, mais do que em petróleo, carvão e outros combustíveis fósseis. “O mundo não pode esperar outros 20 anos por uma resposta significativa e que mude as regras do jogo. Tem de ser agora”, destacou Steiner. Envolverde/IPS

China pode passar EUA em emissões per capita em 2017

29/9/2011 - 09h40

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por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil

Liberação de CO2 do país já ultrapassa a da França e da Espanha e segundo especialista, isso pode significar que as ações para mitigação das emissões não estão sendo rápidas o suficiente para lidar com mudanças climáticas.

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Apesar de ser o maior emissor de gases do efeito estufa (GEEs) do mundo, a China ainda está longe de ser o país que mais libera carbono por habitante, tendo uma emissão per capita menor que a média europeia e mais de 50% menor que a norte-americana. Mas um novo estudo indica que essa situação poderá mudar, e bem mais cedo do que se imagina: até 2017, a China poderá ultrapassar os EUA e se tornar o maior emissor de CO2 per capita do mundo.
A pesquisa, conduzida pela Agência Holandesa de Avaliação Ambiental e pelo Centro Comum de Investigação da União Europeia (JRC) e patrocinada pela Comissão Europeia, mostra que, atualmente, as emissões per capita da China já são maiores que as de países como a França e da Espanha, e se igualam às do Reino Unido, devendo ultrapassar estas últimas em 2012.
“Devido ao seu rápido desenvolvimento econômico, as emissões per capita na China estão se aproximando dos níveis comuns nos países industrializados. Se as tendências atuais nas emissões da China e dos países industrializados, incluindo os EUA, continuarem por mais sete anos, a China ultrapassará os EUA até 2017 como o maior emissor per capita entre os 25 maiores países emissores”, declara o relatório.
Nos últimos 20 anos, a liberação de dióxido de carbono aumentou em 45%, e foi impulsionada principalmente pelos países emergentes. “O crescimento contínuo nas nações em desenvolvimento e a recuperação econômica nos países industrializados são as principais razões para um recorde de 5,8% no aumento das emissões globais de CO2 em 2010, chegando a um máximo absoluto de 33 bilhões de toneladas”, explica o documento.
Neste cenário, a China teve um papel fundamental, pois suas emissões aumentaram drasticamente, ao contrário, por exemplo, das europeias, que diminuíram em média 7% neste período. Para se ter uma ideia, em 2000, as emissões chinesas eram de apenas 2,9 toneladas anuais por pessoa. Atualmente, enquanto a liberação de CO2 da França é de 5,9 toneladas anuais per capita, a da China já chega a 6,8.
Isso ocorreu graças a estímulos financeiros cada vez maiores à economia chinesa, que acabaram por aumentar a demanda de energia no país. Em 2010, por exemplo, a geração de energia da China, alimentada principalmente por fontes fósseis, aumentou 11,6%. Por isso, alguns especialistas acreditam essa tendência fará com que o país tenha que aceitar receber um tratamento diferente das outras nações emergentes em relação às mudanças climáticas.
“A China não quer reconhecer que não é apenas ‘mais um país em desenvolvimento’, mas à medida que suas emissões totais e per capita aumentam, é inevitável que a nação terá que ter um grau maior de responsabilidade tanto internamente como no cenário internacional”, afirmou Michael Jacobs, ex-assessor especial para mudanças climáticas de Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico.
Mas Jacobs admite que o país tem criado medidas para mitigar suas emissões de carbono, como a construção de novas instalações eólicas, de 28 usinas de energia nuclear e do aumento da capacidade hidrelétrica. “A China começou a tomar atitudes agressivas para reduzir o aumento de suas emissões. O que permanece em dúvida é se essas mudanças estão acontecendo em um ritmo suficiente para compensar o aumento das emissões”, questiona.
O que a análise não considera é que o boom da produção industrial chinesa e a redução das emissões europeias aconteceram em parte devido às regras mais rígidas da União Europeia contra a poluição de carbono, que acabaram por estimular a transferência de muitas empresas e fábricas da Europa para países em desenvolvimento, como a China, mais permissivos.
Além disso, nem todos concordam que a China possa chegar a ser o maior emissor per capita do mundo. Jiang Kejun, do Instituto de Pesquisa em Energia da China, acredita que as previsões do estudo estão erradas, pois não consideram apropriadamente as ações que o país já tomou para diminuir sua liberação de carbono.
“A suposição de que a China atingirá os EUA em base per capita até 2017 não leva em conta os impactos do Plano Quinquenal recente e dos investimentos massivos em tecnologias renováveis, que diminuirão os índices de crescimento das emissões da China em relação aos EUA”, justificou Jiang.
Ainda assim, os autores do relatório parecem acreditar que tanto os esforços chineses quanto os europeus não estão acompanhando o crescimento das emissões de CO2. “O aumento da eficiência energética, a energia nuclear e as contribuições crescentes das energias renováveis ainda não podem compensar o aumento da demanda global por energia e transporte. Isso ilustra o grande esforço ainda necessário para mitigar as mudanças climáticas”.
“Estes números são outro sinal de alerta de que, mesmo que a China e a Europa estejam agora agindo sobre as mudanças climáticas, isso não está acontecendo suficientemente rápido para lidar com esse problema global”, concordou Jacobs.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.