Moradores tentam barrar decisão de Haddad de abrir Ibirapuera 24 horas
Representantes de associações de bairros do entorno e de conselho gestor querem evitar que parque seja aberto de madrugada aos finais de semana
02 de setembro de 2013 | 16h 51
Caio do Valle - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Moradores do entorno do Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista, pretendem entrar com representações no Ministério Público Estadual (MPE) para tentar barrar uma decisão da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), de abrir a área verde 24 horas nos finais de semana. A ação, segundo revelou o Estado, será colocada em prática a partir do dia 21, com a Virada Esportiva.
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Luiza Wolf/AE
Parque já é visitado por cerca de 300 mil pessoas de todas as regiões da cidade nos fins de semana
O próprio conselho gestor do parque, que conta com membros da sociedade civil, além de uma parcela de representantes indicados pelo governo municipal, afirmou que protocolará ainda nesta segunda-feira, 2, uma representação na Promotoria de Habitação e Urbanismo contra a medida.
O entorno do Parque do Ibirapuera é composto por bairros ricos, como o Jardim Lusitânia, a Vila Nova Conceição e a Vila Mariana. Atualmente, o parque já é visitado por cerca de 300 mil pessoas de todas as regiões da cidade aos finais de semana. A área verde abre, hoje em dia, das 5h à meia-noite.
Um dos membros do conselho, Otávio Villares de Freitas, que também preside a Associação de Moradores e Amigos do Jardim Lusitânia (Sojal), que fica ao lado do Ibirapuera, afirma que a decisão de Haddad é "populista". "Já estou articulando com outras associações de bairro e inclusive o Movimento Defenda São Paulo. Tem uma coisa que a gente não admite, em absoluto, que é autoritarismo."
Para Freitas, há outras prioridades para o parque, como a questão de o Autorama ficar aberto após a meia-noite. "Lá tem tráfico de drogas e prostituição infantil. É um absurdo aquilo, fora a barulheira de madrugada. Outra coisa é que o mercado de ambulantes não é regularizado no Ibirapuera."
De acordo com ele, o conselho gestor do parque, que tem 18 integrantes, é deliberativo. Mas o entendimento de alguns funcionários da Prefeitura é de que ele é só consultivo. Freitas sustenta, no entanto, que o conselho tem as duas funções. "O doutor Fernando Haddad vai cair do cavalo se ele entrar nessa briga."
Iluminação. "Existe uma coisa de que a natureza precisa descansar. Até a iluminação do parque é prejudicial. Tanto a flora quanto a fauna precisam de descanso. Não existe em lugar nenhum do mundo parques do porte do Ibirapuera abertos 24 horas. Essa é a primeira questão", diz ele. A Sojal deverá entrar com uma representação própria no MPE na quarta-feira, 4, após uma reunião do conselho gestor do parque, prevista para as 9h.
Uma moradora do entorno do parque e ex-membro do conselho gestor afirmou que Haddad "quer fazer demagogia com o parque". "O parque não é do Haddad. O parque é da população. Com tanto problema de segurança que o parque está enfrentando, abri-lo 24 horas é um contrassenso", afirmou ela, que pediu para não ser identificada.
O representante Freitas diz ainda que, em gestões passadas, o Ibirapuera sempre esteve fora das edições da Virada Cultural e de outros grandes eventos públicos. "Para os bairros no entorno, isso é um caos. Há algumas semanas, houve um show de jazz na arena de eventos do parque e foi um caos. O bairro ficou dominado por veículos. Até o pessoal da Vila Nova Conceição me ligou perguntando se tivemos problema com isso. Não é nem uma visão elitista, porém é preciso ter infraestrutura para isso."
Para ele, quanto maior a movimentação, maior a atração de ambulantes, flanelinhas. "E isso acaba em furtos e em uma série de ocorrências que não são desejadas."
A ideia da Prefeitura é que a segurança do parque seja feita por policiais militares da Operação Delegada ou por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Até 2016, a gestão Haddad espera ter 32 equipamentos, entre parques e clubes, abertos ininterruptamente aos sábados e domingos.