domingo, 3 de janeiro de 2016

O que é o antropoceno?



O que é o antropoceno, a época em que os humanos tomam controle do planeta


Em 2016, cientistas poderão decidir mudar a época geológica da Terra. Entenda o porquê


BRUNO CALIXTO
18/12/2015 - 08h02 - Atualizado 18/12/2015 10h58


Em 2016, geólogos do mundo todo se reunirão em uma convenção internacional para tomar uma decisão curiosa. Eles decidirão, no voto, se o planeta Terra mudou de época geológica. Será que nós deixamos para trás a época atual, conhecida como holoceno, e entramos em uma nova época? Alguns pesquisadores acreditam que sim. Para eles, a humanidade modificou o planeta Terra de forma tão intensa que nós entramos no antropoceno, a época em que humanos substituíram a natureza como a força ambiental dominante na Terra.
O antropoceno é um conceito novo, proposto pela primeira vez pelo químico holandês Paul Crutzen. Especialista em química atmosférica – ele ganhou o Nobel em 1995 pelos seus estudos sobre a camada de ozônio –, Crutzen estava familiarizado com a forma como a atividade humana estava mudando a composição da atmosfera. Ao lançar fumaça de automóveis, chaminés e queimadas, a humanidade mudou a composição do carbono na atmosfera, provocando um aumento de temperatura de 1ºC, o derretimento das geleiras e o aumento do nível do mar em, até o momento, 20 centímetros. Isso sem falar em como a humanidade alterou fisicamente o planeta, com concreto e aço. Um exemplo claro são os rios: nas últimas décadas, transformamos os cursos de rios de todas as bacias hidrográficas do mundo construindo 40 mil barragens. Se os reservatórios de todas essas barragens fossem colocados lado a lado, teríamos uma área alagada equivalente ao Estado da Bahia.
O impacto humano no meio ambiente é evidente. Mas será que essas mudanças são realmente intensas e duradouras a ponto de ficar gravadas na rocha? É isso que os geólogos discutem. Um grupo de trabalho foi criado para estudar se há evidências que justifiquem uma mudança de época. Esse grupo, liderado pelo pesquisador britânico Jan Zalasiewicz, da University of Leicester, apresentará no ano que vem um relatório recomendando ou não a mudança de época.
Por telefone, Zalasiewicz explicou para ÉPOCA como funciona esse trabalho. Uma mudança de época precisa ser justificada por provas marcadas nas rochas, assim como para qualquer outra época, era ou período da histórica geológica da Terra. Nós sabemos que a era do gelo acabou (o pleistoceno) porque a retração do gelo pode ser identificada na Groenlândia. Nós sabemos que o período cretáceo acabou, há 66 milhões de anos, porque entre uma rocha e outra há elementos químicos que só podem ser explicados pela queda de um meteoro – o mesmo que exterminou os dinossauros. Ora, se os seres humanos se tornaram o principal motor do planeta, isso tem de ficar marcado, de alguma forma, no estrato geológico. Zalasiewicz parece convencido de que é esse o caso. "Quanto mais você olha a evidência, mais você percebe que mudanças substanciais estão acontecendo nos registros geológicos no momento", disse.
As cidades talvez sejam o exemplo mais visível do impacto humano. O asfalto, as luzes, os gigantescos arranha-céus fazem o contraste com as áreas naturais. Segundo Zalasiewicz, uma cidade construída em áreas altas ou montanhosas provavelmente não será preservada após milhões de anos do tempo geológico. A erosão e o tempo a apagarão do mapa. Porém, é possível que outras cidades persistam, criando paisagens humanas inteiras fossilizadas. "Cidades como Nova Orleans, Amsterdã, provavelmente Xangai, têm grandes chances de que suas fundações sejam fossilizadas porque elas estão afundando", diz. Muitas evidências da passagem humana pelo planeta não são visíveis aos olhos, mas são igualmente impactantes: nós até mesmo mudamos a porcentagem de elementos radiativos presentes no planeta, graças a explosões de mais de 2 mil testes de bombas atômicas. Não por acaso, Zalasiewicz sugere que a data do início do antropoceno poderia ser 16 de julho de 1945, o dia do primeiro teste da bomba atômica na história.
Pôr do Sol em Nova York, Estados Unidos (Foto: Mike Stobe/Getty Images)
A arquitetura do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro. Os traços lembram uma bromélia da Mata Atlântica (Foto: Reuters)
Mesmo com todas essas evidências, o antropoceno ainda não é um conceito científico formal. O grupo de trabalho liderado por Zalasiewicz apresentará os resultados no próximo ano, e geólogos de todo o mundo, reunidos em uma convenção da International Commission on Stratigraphy, votarão se concordam ou não com os resultados. Mas enquanto a geologia caminha a passos lentos – afinal uma montanha não surge do dia para a noite –, o debate do antropoceno continua em velocidade industrial. Para ativistas e ambientalistas, a ideia da nova época praticamente reúne tudo o que eles vêm argumentando há décadas: de que a atividade humana está interferindo tanto no planeta que coloca em risco a própria sobrevivência da humanidade. O termo também começou a ser usado por cientistas de várias áreas. Já há, hoje, três revistas científicas dedicadas exclusivamente a artigos sobre a nova época humana. Aqui no Brasil, um museu dedicado especificamente ao tema é inaugurado no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã.
"É um museu de ciência aplicada", diz Luiz Alberto Oliveira, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e curador científico do Museu do Amanhã, uma iniciativa da Prefeitura do Rio, Banco Santander e da Fundação Roberto Marinho, ligada ao Grupo Globo, que publica ÉPOCA. O principal pilar do museu será a ideia do antropoceno. A exposição permanente terá totens de 10 metros de altura, todos eles passando imagens do impacto do homem no planeta. O objetivo não é apenas fazer o visitante refletir sobre o tema, mas também mostrar que as escolhas de hoje definirão o futuro. Reportagem de ÉPOCA conheceu o museu e mostra como ele funciona. "O visitante vai sondar possibilidades de Amanhã. Diferentes cenários possíveis que são construídos a partir das decisões que tomamos hoje", diz Oliveira. Essa conscientização será importante para a tarefa mais difícil que a humanidade encontrará nesta nova época: se adaptar.
Segundo Carlos Nobre, presidente da Capes e único pesquisador brasileiro que participa do grupo de trabalho do antropoceno, a vida na época humana será mais difícil e complexa do que foi no holoceno. Buscar se adaptar a esse novo cenário é inevitável. Infelizmente, o Brasil está pouco preparado para esse desafio. "O Brasil é país de média vulnerabilidade às mudanças ocorrendo ou projetadas no antropoceno. Entretanto, não estamos preparados para responder às mudanças projetadas, o que diminuirá a resiliência social, econômica e ambiental", disse, em conversa com ÉPOCA por email.
Nobre cita como exemplo o aumento do nível do mar. Segundo o painel de cientistas da ONU que estuda o clima, se a temperatura do planeta aumentar em 3ºC, o que é provável, o nível do mar pode aumentar entre 7 a 10 metros. Só que a ciência ainda não sabe quanto tempo isso demoraria para acontecer. Pode levar mil anos, ou pode acontecer em poucas décadas. As cidades costeiras precisam começar a se preparar para isso, sob o risco de desaparecer debaixo das águas.
Outra característica marcante da vida no antropoceno, segundo Nobre, será o aumento da frequência dos fenômenos climáticos extremos. Isso já está acontecendo. 2015 deverá bater uma série de recordes climáticos nunca antes registrados pela ciência. Será o ano mais quente da história, com perspectiva de ser cerca de 1ºC mais quente do que a temperatura do planeta antes da industrialização. Também é o ano em que mais se registraram furacões das categorias mais fortes no mundo. O mais recente deles, no México, foi um dos mais fortes já formados na região, mas felizmente se dissipou antes que pudesse causar estragos. Secas como as que acontecem em São Paulo e no Nordeste, e tempestades como as que castigam o Sul do Brasil serão mais frequentes.
Imagem de satélite mostra produção agrícola no meio do deserto na Arábia Saudita (Foto: Nasa)
Como lidar com esse novo mundo humano? O primeiro passo é controlar os impactos da atividade econômica no clima. A Conferência do Clima em Paris, que fechou um acordo para limitar o aquecimento global, é um bom ponto de partida. Mas toda a sociedade precisa se engajar nos quatro "zeros": emissões, desmatamento, lixo e extinção zero. Precisamos zerar nossos impactos mais danosos e "descasar" o crescimento econômico da geração de lixo e poluição, permitindo assim crescimento econômico eterno. Para um grupo de pesquisadores e ativistas americanos, isso permitiria "abraçar" o antropoceno.
Em abril de 2015, o Breakthrough Institute, um think tank da Califórnia, publicou um documento batizado de Manifesto Ecomodernista defendendo a curiosa ideia de que o Antropoceno pode ser, afinal de contas, bom. O manifesto tenta desfazer a ideia de que os seres humanos essencialmente são seres destruidores da natureza. Eles argumentam que, se os humanos têm o poder de alterar a escala geológica do planeta, eles poderiam fazer isso para o bem: usar a tecnologia para corrigir os danos ambientais causados pelo homem. Argumentam que uma intensificação da atividade econômica e o uso de técnicas controversas, como a energia nuclear ou alimentos transgênicos, aumentará a produção sem expandir para novas áreas, mantendo florestas preservadas e impedindo as extinções de espécies. "O antropoceno pode ser bom se humanos usarem o crescente poder econômico, social e tecnológico para melhorar a vida das pessoas, estabilizar o clima e proteger a natureza", diz o manifesto.
Se a nova época humana é a prova de que a nossa espécie falhou ao proteger sua única casa ou uma oportunidade para que a humanidade tome as rédeas do planeta, ainda está aberto a debate. O que parece certo é que nossa interferência na Terra é tão grande, intensa e duradoura que de fato entramos em uma nova época geológica. Adaptar a esse novo cenário será crucial para manter bem-estar e riqueza dos mais de 11 bilhões de humanos que herdarão o planeta no próximo século.

O Lado Escuro das Lâmpadas Fluocompactas (LFCs)... e sustentabilidade com lâmpadas LED

O Lado Escuro das Lâmpadas Fluocompactas (LFCs)


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Considere o seguinte – em vez de salvar o ambiente, as LFCs estão, na realidade, destruindo-o. As LFCs devem ser encaradas como tecnologia tóxica, quando levamos em conta a contaminação pelo mercúrio, a radiação ultravioleta e a radiação de rádio-frequência. Do berço ao caixão, as LFCs constituem um perigo para o bem estar e para a saúde da população, além de contribuírem com mais toxicidade para o ambiente. Na realidade as LFCs não reduzem a nossa pegada de carbono e pode até aumentá-la em certas situações. Para piorar a situação, as LFC emitem níveis nocivos de radiação electromagnética.
    Com início no ano de 2012, as normais lâmpadas incandescentes, aquelas que foram inventadas por Thomas Edison há mais de 100 anos, serão banidas no Canadá [idem na União Europeia – ed.] na procura da diminuição das emissões de gases de estufa (GEE). No entanto, e ao contrário do pensamento popular, mudar das lâmpadas normais para LFCs poderá aumentar o consumo global de energia em vez de o reduzir. Se apenas isto não abalar a confiança do consumidor, talvez o facto de que as LFCs contêm mercúrio e também emitem radiação electromagnética pode despertar as pessoas para a verdade sobre as LFCs.
    Por outro lado, visto que os produtores de LFCs estão a receber um monopólio no mercado da iluminação, dado por alguns governos federais, e estão a ser promovidos pelos grupos ambientalistas corporativistas, as vendas não irão abrandar nos próximos tempos.
    Dá a entender que os protectores do ambiente “deixaram o barco”. Health Canada simplesmente não está a fazer o seu trabalho ao ignorar o impacto devastador de ter milhões de LFCs no nosso ambiente. Porque é que eles estão quietos e permitem que o governo canadiano force os seus cidadãos a usá-las?
    Para tornar o caso ainda pior, grupos como a Fundação Suzuki e a Greenpeace, em quem os canadianos têm confiado para os defender de poluentes ambientais, optaram por ignorar os potenciais riscos para o ambiente e para a saúde que se vislumbram e promovem cegamente o uso das LFCs.

Porque é que os ambientalistas e o governo se juntaram numa aliança com a indústria da electricidade para promoverem um produto incontestavelmente perigoso? De que lado é que eles estão afinal?

Os funcionários da Canadian Health and Safety [Saúde e Segurança do Canadá] parecem estar a dormir em serviço, indiferentes aos perigos, e os ambientalistas parecem ter-se vendido, enquanto que os produtores e comerciantes das LFCs vão depositar o seu dinheiro no banco, rindo-se no caminho. Com impunidade, “los tres amigos”, os fabricantes, os ambientalistas partidários das multinacionais e o governo, estão a deixar aos consumidores, induzidos em erro, a tarefa de lidar com a sequela de uma potencial catástrofe ambiental.
    Entretanto o governo da Nova Zelândia, alegando preocupações com a falta de eficiência e segurança das LFCs, levantou a interdição sobre as lâmpadas incandescentes. Esperemos que outros governos vejam a sabedoria desta decisão a resolvam copiar.

http://www.greenmuze.com/blogs/guest-bloggers/1031-the-dark-side-of-cfls.html 





Leia mais a respeito, pelo princípio da precaução:

A morte sobre nossas cabeças: lâmpadas economizadoras são tóxicas para o cérebro, sistema nervoso, fígado, rins e coração...

http://www.semprequestione.com/2015/11/a-morte-sobre-nossas-cabecas-lampadas.html#.VoktmrerTIV