Cidades serão grande desafio na área da sustentabilidade, diz secretário
De acordo com Gusmão, as cidades da região metropolitana são díspares quando o assunto é a base de dados, e alguns municípios sofrem com a falta de servidores especializados que permaneçam nos postos para dar continuidade às políticas públicas: "A municipalidade precisa de equipes permanentes, e não de profissionais de passagem", afirmou.
Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas, Fábio Scarano disse que, quanto à biodiversidade, a região metropolitana está bem posicionada, por já ter 16% do território protegido em reservas ambientais, enquanto a meta global é atingir 17% até 2020. Apesar disso, o principal rio fornecedor de água para a capital, o Guandu, requer 300 toneladas de produtos químicos por dia para ser tratado, devido à poluição e a falta de arborização das margens, alertou.
Sobre a economia, o diretor da Bradesco Asset Management, Joaquim Levy, disse que a cidade precisa aproveitar o momento, não deixar que ele passe, para evitar novas distorções. "O Rio está passando por um novo ciclo de investimentos, como aqueles que a cidade só viveu de 50 em 50 anos. O primeiro foi com a vinda da família real portuguesa [1808] e o último no governo de Carlos Lacerda, na década de 60 [do século passado]".
Para Levy, três setores têm potencial para aprimorar a cidade e contribuir para a sustentabilidade: a indústria criativa, a da hospitalidade e da tecnologia. Para a pesquisadora norte-americana Cynthia Rosenzweig, do Nasa Goddard Institute for Space Studies, o futuro reserva um papel de liderança às metrópoles. "As cidades devem liderar a busca por sustentabilidade. Elas se conectam em vários fluxos, mas o que pode ser feito para que assumam essa posição? É preciso criar um sistema que ajude as cidades como um todo, com mais financiamento à pesquisa e soluções implementáveis", afirmou.
O Guandu é responsável por 80% do abastecimento do Rio de Janeiro e recebe águas já contaminadas do Paraíba do Sul, problema cuja solução, segundo Sacarano, precisaria de uma articulação com São Paulo. O Rio também sofre com um déficit de 860 mil árvores, com arborização deficiente ou criticamente deficiente em 93% dos bairros, acrescentou.