domingo, 29 de abril de 2012

Lixo eletrônico ameaça a saúde e o meio ambiente


29/04/2012 14:11


O resíduo desse tipo de materiais, que está crescendo no Brasil, contém muitas substâncias perigosas
http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/20161/Lixo+eletronico+ameaca+a+saude+e+o+meio+ambiente
ALANA GANDRA/AGÊNCIA BRASIL
O crescimento significativo do lixo eletrônico (e-lixo) no Brasil vem preocupando os técnicos da Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA). O resíduo desse tipo de materiais contém substâncias perigosas, que podem impactar o meio ambiente e ameaçar a saúde da população. A estimativa é que cada brasileiro descarta cerca de 0,50 quilo de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos por ano.
O superintendente de Resíduos Sólidos da secretaria, Jorge Pinheiro, disse à Agência Brasil que em razão das substâncias perigosas contidas nesse tipo de aparelhos, é necessário organizar uma logística reversa no estado que acompanhe as discussões dos acordos setoriais, previstos na Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Caberá ao grupo de trabalho técnico, constituído em Brasília, definir o acordo setorial, que dará as diretrizes para implementação da logística reversa dos eletroeletrônicos, disse.

Pinheiro avaliou que às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, programada para junho próximo, no Rio de Janeiro, a adequação dos empreendimentos à nova lei de resíduos sólidos será de vital importância. Segundo ele, para que isso possa ocorrer de forma equilibrada e em conformidade legal, as novas práticas entre fornecedores e clientes precisarão ser adequadas, visando ao compartilhamento de responsabilidades.

“Atualmente, existem ações pontuais de fabricantes que coletam os resíduos de seus equipamentos, por exemplo, e empresas ou organizações não governamentais (ONGs) que coletam ou recebem equipamentos eletroeletrônicos, dando a destinação final”, declarou.

É o caso, de acordo com Pinheiro, da Fábrica Verde, projeto da SEA, que recebe doações de computadores e periféricos para reutilização, capacitando jovens do Complexo do Alemão, na Penha, bairro da zona norte da cidade, para a atividade de manutenção e montagem de computadores.

Os novos aparelhos montados são destinados a entidades sem fins lucrativos e órgãos públicos instalados nas comunidades, declarou o superintendente. Ele ressaltou que novas empresas de remanufatura de resíduos eletroeletrônicos estão entre os negócios promissores para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O superintendente observou, por outro lado, que os equipamentos descartados têm valor econômico, pois contém materiais valiosos e raros. O seu descarte correto é importante porque muitos elementos apresentam elevado teor de toxicidade, e também pelo fato de que, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o mundo produz entre 20 a 50 milhões de toneladas métricas de lixo tecnológico todos os anos.

Na fabricação de computadores e celulares, por exemplo, são usados vários metais, entre os quais ouro, prata, gálio, índio, chumbo, cádmio e mercúrio. Alguns, como o cádmio, são agentes cancerígenos. Outros, como o chumbo, prejudicam o cérebro e o sistema nervoso, lembrou Pinheiro.

Nas duas campanhas de esclarecimento e conscientização dos consumidores para o descarte correto do lixo eletrônico, promovidas pela secretaria, foram coletadas quase 12 toneladas de resíduos eletroeletrônicos, “sem contar os computadores que são reaproveitados na Fábrica Verde,no Complexo do Alemão”.

Pinheiro ressaltou que a cadeia de reciclagem ainda não se acha estruturada para o fluxo desses resíduos e reforçou a necessidade de participação do setor produtivo para a viabilidade da logística reversa.

Segundo o superintendente da SEA, mesmo antes das definições dos acordos setoriais previstos no decreto de regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a secretaria já vem trabalhando a questão de valorização dos resíduos dentro do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que está em elaboração.

Em relação aos cuidados que a população deve ter em relação a esses materiais, o superintendente recomendou que devem procurar empresas de reciclagem que comprem resíduos eletroeletrônicos e tenham como garantir a destinação correta desses materiais. Outra alternativa, disse, “é guardar em casa até a montagem de uma logística reversa ou entrar em contato com o fabricante do produto e saber se ele tem uma solução”.

Anistia para o infrator...


Dilma deve vetar anistia a desmatador

Promessa de campanha pode fazer com que a presidente vete parcialmente artigos que liberam produtores de recuperar parte de áreas desmatadas

27 de abril de 2012 | 3h 02


Marta Salomon, Rafael Moraes Moura - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff analisa vetar parcialmente o Código Florestal aprovado anteontem na Câmara para impedir que produtores rurais deixem de recuperar parte da área desmatada, sobretudo às margens de rios. Trata-se de um compromisso assumido na campanha ao Planalto, reiterado ontem por interlocutores.
Deputada Rosanne Ferreira (PV-PR) levanta cartaz contra o resultado da votação do Código Florestal - Ed Ferreira/AE
Ed Ferreira/AE
Deputada Rosanne Ferreira (PV-PR) levanta cartaz contra o resultado da votação do Código Florestal
"Como nos é dado o direito do veto, a presidenta vai analisar com serenidade, sem animosidade, sem adiantar nenhuma solução", disse o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, um dia após a vitória dos ruralistas e a derrota do governo na Câmara. "Qualquer questão que possa ser interpretada ou na prática signifique anistia tem grandes chances de veto", corroborou a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
A decisão da presidente será anunciada até meados de maio. O Planalto avalia que os ruralistas não detêm os 257 votos na Câmara e os 41 no Senado para derrubar um veto de Dilma. A maior preocupação da presidente é garantir regras claras para a recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), consideradas estratégicas para a segurança de abastecimento de água do próprio agronegócio.
Após conversar com Dilma, o secretário de Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse acreditar no veto. "Passaram uma motosserra no Código. Fica a ideia de que o crime compensa."
A Câmara derrubou a exigência de recuperação das margens de rios com mais de 10 metros de largura, que deveriam recompor entre 15 e 100 m de vegetação do que foi desmatado. Só permaneceu a exigência de os produtores recuperarem 15 metros às margens de rios mais estreitos. Apesar de contar com ampla maioria de votos, os ruralistas foram impedidos, regimentalmente, de derrubar essa parte do texto.
O principal resultado da decisão é a insegurança jurídica, que prejudica pequenos proprietários. Eles podem ser obrigados a recuperar até 500 metros da vegetação nativa, se seus imóveis estiverem à margem de rios mais largos, como o São Francisco.
Estratégia. Antes mesmo de a Câmara encerrar a votação do Código, uma alternativa à derrota do governo começava a tramitar. Anteontem, os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-RS) protocolaram projeto de lei com regras para recuperar áreas de proteção já desmatadas. O PL também limita a expansão da produção de camarão em parte dos manguezais.
O projeto recupera os termos do acordo fechado no Senado, em dezembro, e apoiado por Dilma. A apresentação do texto anteontem faz parte da estratégia para impedir que a Câmara, onde os ruralistas são maioria, comandem nova rodada de debate.
Insatisfeitos com a exigência de recuperação de 15 metros de vegetação nas margens de rios até 10 metros, os ruralistas preparam um projeto para reduzir as exigências feitas aos desmatadores. Eles vão propor faixas menores, entre 5 e 15 metros.
O veto total ao Código, como querem ambientalistas, está descartado. Para o Planalto, os problemas se concentram na recuperação do passivo ambiental./ COLABOROU CLARISSA THOMÉ

Depois da urbanização, imóveis em favelas paulistanas valorizam até 900%


Depois da urbanização, imóveis em favelas paulistanas valorizam até 900%


BRUNO PAES MANSO - O Estado de S.Paulo
Em 1980, os moradores do Residencial dos Lagos, à beira da Represa Billings, na zona sul de São Paulo, precisavam mentir o endereço do lugar onde moravam para ter alguma chance de serem contratados nas entrevistas de emprego. O mesmo ocorria em Paraisópolis e em Heliópolis, as duas maiores favelas de São Paulo, também na zona sul, e no Jardim São Francisco, na zona leste, cujos barracos de madeira, iluminados por gatos que roubavam a luz dos postes, cortados por ruas de terra sem rede de esgoto, eram cenários de um ambiente violento, com taxas elevadas de assassinatos.
As melhorias decorrentes das lutas sociais das décadas passadas, que se transformaram em investimentos em infraestrutura, ajudaram não somente a amenizar o preconceito contra os moradores das favelas como também serviram para valorizar fortemente o preço dos terrenos nas comunidades que receberam investimentos públicos. "Barracos" viraram "imóveis" e os preços dispararam até 900%.
No Residencial dos Lagos, que começou o processo de urbanização em 2008, uma casa de três quartos, sala e banheiro, que anteriormente era alugada por R$ 200, hoje custa R$ 700. É difícil encontrar aluguel nas favelas por menos de R$ 400 - valor do bolsa-aluguel pago pela Prefeitura para aqueles que são removidos de barracos em área de risco.
Mas o preço para a compra dos imóveis também disparou, chegando a se multiplicar por dez. Casas de quatro a cinco cômodos, que antes da urbanização eram vendidas por R$ 15 mil a R$ 20 mil no Residencial dos Lagos, hoje não são vendidas por menos de R$ 100 mil, podendo chegar a R$ 150 mil. "E mesmo assim é difícil encontrar quem queira vender porque ninguém vai querer sair daqui", diz a líder comunitária Vera Lucia Basália, integrante do comitê gestor do processo de urbanização local.
Sem medo. Em Heliópolis, a valorização segue a tendência de alta. Um imóvel de dois quartos, sala e cozinha, que em 2002 era alugado por R$ 280, atualmente sai por R$ 800. O preço de venda passou de R$ 20 mil para R$ 100 mil. "As pessoas tinham medo de entrar aqui e o estigma de favelado era muito forte e prejudicial. Hoje Paraisópolis está inserida na cidade", diz Paulo Henrique da Silva, que mora no bairro há 28 anos e estuda Contabilidade na FMU do Itaim-Bibi. Quando ele mudou para lá, Paraisópolis tinha 3 escolas. Hoje, são 15. "Ontem, na universidade, uma colega me perguntou se eu morava na favela. Se fosse no passado, eu ficaria constrangido. Hoje sinto orgulho e sei que qualquer estranheza é desconhecimento por parte dela."

Política de sustentabilidade hídrica?


29/04/2012 - 09h35

Máquina de lavar chega ao sertão do Nordeste antes da água


O descompasso entre a implantação de infraestrutura hídrica e o crescimento da renda no semiárido nordestino fez surgir na região vítimas da seca que não têm água encanada, mas moram em casas com antenas parabólicas, TVs de LCD e até máquinas de lavar.
A informação é da reportagem de Fábio Guibu e Daniel Carvalho publicada na edição deste domingo da Folha
Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a renda no Nordeste cresceu 42% entre 2001 e 2009. Já o número de domicílios com água encanada na zona rural aumentou apenas 6,9% entre 2000 e 2010, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em Paranatama, no agreste de Pernambuco, o aposentado Serafim Raimundo da Silva, 76, mora na mesma casa desde criança. Era de taipa, virou de madeira e agora é de tijolo, conta. Na sala, há uma TV de LCD e, no quintal, a máquina de lavar roupa funciona com água de balde.
Joel Silva/Folhapress
Agricultor toma banho após recolher água para consumo em açúde em Paranatama, no agreste pernambucano
Agricultor toma banho após recolher água para consumo em açúde em Paranatama, no agreste pernambucano
Joel Silva/Folhapress
Serafim Raimundo Silva, 76, e sua mulher em seu sítio que tem parabólica e máquina de lavar em Pernambuco
Serafim Raimundo Silva, 76, e sua mulher em seu sítio que tem parabólica e máquina de lavar em Pernambuco






Sertanejo tem máquina de lavar, só que falta água


São Paulo, domingo, 29 de abril de 2012Cotidiano

Aumento da rede de saneamento foi menor que o avanço de renda no NE
Sem água encanada, casas têm aparelhos como TV de LCD; renda subiu 42% e rede de saneamento, 6,9%

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A PARANATAMA (PE)
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO
O descompasso entre a implantação de infraestrutura hídrica no semiárido nordestino e o crescimento da renda dos seus moradores fez surgir na região vítimas da seca que não têm água encanada, mas moram em casas com antenas parabólicas, TVs de LCD e até máquinas de lavar.
Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a renda no Nordeste cresceu 42% entre 2001 e 2009. Já o número de domicílios com água encanada na zona rural aumentou apenas 6,9% entre 2000 e 2010, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o descompasso resulta de "anos sem política de sustentabilidade hídrica".
Numa região onde apenas 35% dos domicílios rurais são ligados à rede de distribuição, a solução no período de estiagem são ações emergenciais. Só com carros-pipa, o governo federal vai gastar neste ano R$ 164,6 milhões.

CISTERNA E GELADEIRA
"Já passei por muitas secas, andava dois quilômetros para buscar água com o pote na cabeça", disse o agricultor aposentado Serafim Raimundo da Silva, 76, morador da zona rural de Paranatama, no agreste de Pernambuco.
"Hoje ainda não tenho água de cano [encanada], mas se quiser água gelada é só tirar da cisterna e colocar na geladeira", afirma ele.
O agricultor mora na mesma casa desde criança. Era de taipa, virou de madeira e agora é de tijolo, conta.
No telhado, uma antena parabólica divide espaço com um sistema de coleta de água da chuva. Na sala, há uma TV de LCD e, no quintal, a máquina de lavar roupa funciona com água de balde.
Da estrada que liga Paranatama à divisa com o Estado de Alagoas, é possível ver o brilho de outras parabólicas. Ao lado das casas, quase sempre há uma cisterna.
"Pegar água do barreiro virou coisa do passado", diz a agricultora Terezinha Leite da Silva, 55, que mora em Bom Conselho (PE).
"Antigamente, a gente era obrigada a coar a lama para beber [a água]", lembra ela. "Agora, ainda não tem água de torneira, mas a represa é só para lavar roupa e os animais", diz Terezinha.
Ela nasceu na região e morou em um barraco de taipa, no mesmo lugar onde ergueu sua casa de tijolos. Por três anos, recebeu o Bolsa Família, período em que financiou o armário onde guarda os eletrodomésticos.
O carro-pipa visita a região a cada 15 dias. Mas, se o reservatório esvazia antes disso, ela divide os R$ 60 que paga por uma carga d'água com a vizinha, Maria Ferreira, 25.