segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

457 anos: São Paulo materializa as expectativas. Passeio gratuito de trólebus pelo centro histórico no dia 25.

457 anos: São Paulo materializa as expectativas


Comemorações dos 457 anos da cidade, na próxima terça-feira, 25, têm passeio gratuito de trólebus pelo centro histórico


Autor: Erick Tedesco



Fonte: http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=8236#
 
 
 
Dos jesuítas às tribos urbanas contemporâneas, como punks, clubbers e emos, São Paulo é há 457 anos – a serem completados no próximo dia 25 de janeiro – povoada por distintas culturas. Enquanto os religiosos catequizavam os índios que habitavam o planalto de Piratininga, introduzindo o cristianismo à força por palavras, atualmente os grupos sociais falam em ideologias e gostam de debates no intuito de promover melhorias à vivência na cidade. É quase meio século de história da terceira maior metrópole do mundo.



Apesar da mudança de hábitos promovida no cotidiano dos nativos americanos, os jesuítas estavam certos ao descreverem a atual São Paulo como “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas” e “ares frios e temperados como os de Espanha”. Os títulos que engrandecem a capital justificam, mesmo que séculos depois, aqueles dizeres: o Centro Cultural e do Entretenimento, a cidade mais rica da América do Sul, Capital Mundial da Gastronomia, entre outros.



São Paulo é, ainda, a materialização da expectativa desejada por pessoas que para lá se mudam em busca de novas chances de emprego, por exemplo. É como se existisse uma aura em volta das fronteiras que delimitam a cidade, capaz de despertar a vontade de respirar novos ares. Uma caminhada pela avenida Paulista aos fins de semana, uma “esticada” à rua Augusta e depois ao Bexiga, tradicional bairro italiano. Talvez visitar o histórico bairro Ipiranga – e andar pelo Museu Paulista – e a pomposa esquina entre a São João e a avenida Ipiranga, para depois se embrenhar no “centrão velho” e ir ao Mercado Municipal.



De tantas arquiteturas e paisagens, São Paulo guarda, em muitos cantos, resquícios da história que a pavimentou. Mas, principalmente no centro antigo, a prefeitura, pelo sexto ano, oferece o Passeio de Trólebus na terça-feira, 25, dia do aniversário da cidade. O atrativo é gratuito e parte do Pateo do Collegio, ponto onde tudo começou. O trajeto é: rua Boa Vista, rua Líbero Badaró, viaduto do Chá, avenida São João, avenida Ipiranga, praça da República, avenida São Luiz, avenida Xavier de Toledo, viaduto do Chá, rua Líbero Badaró, largo São Francisco e praça da Sé.



São Paulo foi pioneira no uso do trólebus no Brasil. Inaugurou sua primeira linha em abril de 1949, fazendo o percurso Aclimação-Praça João Mendes. O sistema é um patrimônio da cidade e este percurso histórico e ecológico constitui também uma homenagem aos 62 anos da existência e funcionamento na capital. De acordo com a São Paulo Turismo, empresa de turismo e eventos da capital, o trólebus é um veículo limpo, de baixo ruído, silencioso, confortável (sem trancos), com velocidade adequada para o tráfego urbano e, sobretudo, não emite gases prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.



No entanto, a programação de comemoração referente aos 457 anos da cidade ainda engloba shows musicais, teatro e exposições. “SP ao Cubo – 457 anos de São Paulo” é o nome do ambiente montado no centro, próximo às avenidas São João e Ipiranga, que terá a apresentação de artistas paulistanos que homenagearão a cidade tocando e cantando canções que falam de São Paulo. Maria Gadu interpreta “Sampa”, de Caetano Veloso, o Titã Paulo Miklos canta “Ronda”, de Paulo Vanzolini, o eterno RPM Paulo Ricardo coloca a voz em “Punk da Periferia”, composição de Gilberto Gil, e a jovem Mallu Magalhães cantará “Envelheço na Cidade”, um dos muitos clássicos da banda Ira!.



Ainda no âmbito musical, mas com o auxílio do ator José Rubens Chachá na parte cênica, o teatro Cultura Artística-Itaim abriga “Rapaziada de São Paulo”, evento onde músicos experientes executarão, no piano, partituras das décadas de 10 e 20 encontradas em antiquários. São valsas do início do século 20 que abordam a Belle Époque vivida naquele tempo tanto pela cidade como também pela cena musical, que começara a ter uma característica própria.



O espetáculo terá mudança de cenário e além das canções da “Rapaziada de São Paulo”, o músico erudito André Mehmari também participará tocando um repertório com músicas que exaltam São Paulo, passando por compositores clássicos como Adoniram Barbosa, Vadico, entre muitos outros.



Quanto às opções em artes visuais, a empresa Multispectral Mapas Digitais, por meio de fotografias aéreas tiradas em 1958 e em 2008, apresenta um olhar especial sobre a cidade nos últimos 53 anos no site http://www.geoportal.com.br/ . Já o artista plástico Lobo Pop Art criou obras que ilustram a capital paulista no http://www.lobopopart.com.br/ . Nos quadros, o artista segue o estilo Pop Art utilizando traços vibrantes e cores alegres retratando os principais cartões-postais de São Paulo, como o MASP, a Ponte Estaiada, entre outros.

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Comparação 1958-2008: Mais árvores no centro da cidade após 50 anos?

Fonte: http://www.geoportal.com.br/
 
 
Rua Direita (Pça da Sé) e arredores em 1958




  Rua Direita (Pça da Sé) e arredores em 2008: mais árvores
Fonte:



Rua Direita (Pça da Sé) e arredores em 2011








Animal Silvestre Símbolo de São Paulo










A cidade de São Paulo já tem um animal silvestre símbolo: a onça suçuarana (Puma concolor capricorniensis), também conhecida como onça parda. Ela foi escolhida por 16.689 votos, em um total de 84.140.








FAUNA SILVESTRE OBSERVADA PELA DIVISÃO DE FAUNA EM 2010 REGISTRA 700 ESPÉCIES





A listagem é ponto de partida para a elaboração de planos de manejo e de conservação de áreas verdes, sendo importante ferramenta para o monitoramento ambiental. O Inventariamento Faunístico em Áreas Verdes do Município de São Paulo é realizado pela Divisão de Fauna da Secretaria desde 1993.



Dentre os novos registros estão aves florestais com habitat restrito (furnarídeos, tamnofilídeos, tiranídeos e traupídeos), aves de ambientes aquáticos e brejos (saracuras, maçaricos, patos silvestres e o flamingo-chileno), e uma espécie de campo e áreas abertas, o inhambu-chororó. Entre as espécies ameaçadas de extinção destacamos o apuim-de-costas-pretas Touit melanonotus, a sabiá-cica Triclaria malachitacea, a maria-leque Onychorhynchus swainsoni, o pixoxó Sporophila frontalis e a cigarra-verdadeira Sporophila falcirostris, espécies registradas na APA Capivari-Monos, uma das áreas municipais de maior importância para a conservação da ornitofauna paulistana.



As regiões estudadas englobam 81 áreas dentro do Município de São Paulo, incluindo as APAs Capivari-Monos e Bororé-Colônia, Parques Municipais e Estaduais, Parques Lineares e outras Áreas Verdes de interesse. Foram computadas 700 espécies, uma riqueza surpreendente para a cidade mais populosa da América do Sul, condição em que justamente o oposto é o mais esperado. As espécies estão distribuídas em três grupos de invertebrados e cinco grupos de vertebrados.



Dentre os invertebrados estão presentes 137 espécies. Os vertebrados estão representados por 563 espécies; 23 peixes, 45 anfíbios, 40 répteis, 372 aves e 83 mamíferos. Cento e vinte sete espécies de vertebrados são endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, são encontrados somente neste bioma. Este número corresponde a 22% do total de vertebrados.



Considerando as espécies ameaçadas no Estado de São Paulo (Decreto Estadual n° 53.494 de 2008), 30 espécies da fauna da cidade estão ameaçadas de extinção, 22 estão quase ameaçadas e 13 apresentam dados insuficientes. Das 23 espécies de peixes, 17 (74%) são nativas e seis (26%) são espécies exóticas introduzidas no Brasil. No grupo dos anfíbios ocorrem 45 espécies, destas 27 (60%) são endêmicas da Mata Atlântica, e uma exótica introduzida.



Foram adicionadas 85 espécies novas ao grupo das aves, o mais estudado em São Paulo, totalizando 372 espécies no município. Destas, 24,5% são endêmicas da Mata Atlântica, 11% constam em algum nível de ameaça das listas estadual, nacional e global e três são exóticas.



Trinta espécies são rapinantes (gaviões, falcões e corujas), exímios predadores de topo da cadeia trófica, 19 são beija-flores e 25 são saíras e sanhaçus, que figuram entre as aves mais coloridas e belas do neotrópico. A família dos papa-moscas (tiranídeos) possui o maior número de representantes, com 51 espécies. Algumas aves são migratórias, visitantes dos hemisférios norte ou sul, como o falcão-peregrino, a águia-pescadora, os maçaricos (Tringa spp.) e o verão (Pyrocephalus rubinus).



Entre os mamíferos estão presentes 12 espécies de marsupiais, conhecidos popularmente como gambás e cuícas, uma preguiça, três tatus, cinco macacos nativos e dois introduzidos, 32 morcegos, quatro felinos, entre eles a onça-parda e a jaguatirica, um cachorro-do-mato, três espécies de mustelídeos (irara, furão e lontra), duas espécies de procionídeos, conhecidos como mão-pelada e quati, uma anta, um porco-do-mato, um veado, um coelho, um esquilo, dois ratos exóticos e seis silvestres, um ouriço, um preá, uma paca, uma capivara e um ratão-do-banhado. Dentre as novas espécies observadas, destacamos o primeiro registro para o município do muriqui-do-sul ou mono-carvoeiro, Brachyteles arachnoides, o maior e um dos mais ameaçados primatas das Américas, que empresta seu nome à APA Capivari-Monos. Este importante registro, juntamente com os do sagui-da-serra-escuro, Callithrix aurita, e o sauá, Callicebus nigrifrons, aumenta a relevância da APA Capivari-Monos como área para a conservação da biodiversidade.





SÃO PAULO E A BIODIVERSIDADE



A Prefeitura de São Paulo participa desde 2007 do projeto denominado Ação Local pela Sustentabilidade (LAB na sigla em inglês para Local Action for Biodiversity), projeto liderado pelo ICLEI (Governo Locais pela Sustentabilidade) Seção África do Sul, que tem por objetivo coordenar os esforços das cidades para a proteção da biodiversidade.



Dentre outras importantes atividades as cidades participantes prepararam seus respectivos Relatórios de Biodiversidade, com diagnóstico de situação e iniciativas desenvolvidas neste campo.



Por ocasião das Conferências da ONU para a biodiversidade em Curitiba, Bonn e Nagoya, foram organizadas conferências paralelas das cidades que contaram com ativa participação de São Paulo, ocasiões em que as experiências e programas da cidade foram apresentados e submetidos à apreciação das demais organizações presentes.



A 10a. Conferência de Biodiversidade da ONU reconheceu o esforço e a necessidade de participação ativa das cidades no plano mundial de proteção da biodiversidade, adotando resolução proposta pelo Encontro das Cidades pela Biodiversidade, que ocorreu em Nagoya no mês de outubro, simultaneamente à Conferência das Partes.



No momento está em desenvolvimento por SVMA a proposta de "Programa Municipal de Proteção da Biodiversidade", que será compartilhado em seguida com as demais secretarias e organizações interessadas no assunto.



A escolha do animal silvestre símbolo da cidade é parte das atividades promovidas em 2010, definido pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade.



A Secretaria do Verde lançou este ano a segunda edição do Guia dos Parques Municipais de São Paulo, contendo informações sobre estas áreas protegidas que abrigam nossa fauna silvestre. Foi realizada a quinta edição do Concurso de Fotografia Árvores da Cidade de São Paulo, realizado anualmente em parceria com a Secretaria do Verde e a Porto Seguro. As 100 melhores fotos selecionadas nos cinco anos de concurso foram transformadas no livro Árvores da Cidade de São Paulo: 100 fotos em cinco anos de concurso.



Também está sendo lançada hoje a cartilha Bugio na Mata – a natureza agradece, material educativo e de divulgação do projeto Manejo e Conservação do Bugio na Região Metropolitana de São Paulo: aprimorando o programa de reintrodução¸ trabalho da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.



Em 2010 a Secretaria do Verde também promoveu a exposição A Cidade de São Paulo e o ano da Biodiversidade, retratando de forma ligeira, através de painéis fotográficos, as ações e projetos realizados pela Secretaria para preservar nossa biodiversidade. Foi criado em 2010 o selo Cidade de São Paulo no Ano da Biodiversidade.



A terceira edição do Seminário de Áreas Verdes, promovido pela Secretaria, teve como tema este ano Biodiversidade e Sustentabilidade: experiências, planos e ações. O objetivo do seminário é promover a troca de experiências entre os diversos agentes que atuam em ambientes naturais preservados ou implantados.







PROTEGENDO A BIODIVERSIDADE PAULISTANA



A Divisão de Fauna, localizada no Parque Ibirapuera, presta atendimento à fauna silvestre do Município de São Paulo e também da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O serviço foi criado oficialmente pela Lei No 11.426 de 18/10/93 (São Paulo, 1993), a mesma que criou a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) neste mesmo ano. Em 1996, sua estrutura foi ampliada com a implantação dos Centros de Triagem (CETAS) e de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), ambos no Parque Anhanguera — Lei No 12.055 de 09/05/1996 (São Paulo, 1996) —, regulamentada pelo decreto 37.653 de 25/09/98). Atualmente, a Divisão conta com 40 técnicos de nível superior (veterinários e biólogos), 20 servidores de apoio e 12 funcionários operacionais de empresa terceirizada (auxiliares de limpeza e tratadores).



As principais atribuições da Divisão de Fauna são: assistência médico-veterinária, clínica e cirúrgica, com suporte laboratorial; manejo dos animais do acervo municipal; vigilância ambiental e epidemiológica nos Parques Municipais; reabilitação da fauna com vistas à vida livre; destinação dos animais silvestres recebidos, para soltura ou cativeiro; levantamento faunístico em Parques Municipais e áreas verdes significativas (São Paulo, 1998), que subsidiam estudos sobre a biodiversidade; anilhamento da avifauna para monitoramento das solturas; gerenciamento de dados sobre a fauna recebida; produção de mapas georreferenciados; elaboração de pareceres para fins de EIA/RIMA, como no caso do Rodoanel Mário Covas, trechos Oeste e Sul; desenvolvimento de campanhas informativas; visitas técnicas monitoradas, cursos e publicações; atendimento e orientação sobre ocorrências com a fauna.



A Divisão recebe em média 250 animais silvestres por mês, com pico nos meses de setembro, outubro e novembro, quando o número de animais chega a dez por dia. Entre 1992 e 31 de outubro de 2010, foram cadastrados 41.827 animais silvestres, dos quais 17.542 foram soltos em áreas de procedência ou ocorrência, ou seja, cerca de 48% dos animais atendidos tiveram como destino a volta ao seu ambiente natural.



Entre os projetos em andamento, destacam-se o Projeto Manejo e Conservação de Bugio Alouatta guariba clamitans na Região Metropolitana de São Paulo: aprimorando o programa de reintrodução; Levantamento de Grandes e Médios Mamíferos no Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Curucutu; Projeto de Monitoramento de Aves no Município de São Paulo e Região Metropolitana.



Em dezembro de 2009 a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente publicou a portaria de nº 154 com a finalidade de regulamentar as ações destinadas ao controle de espécies vegetais exóticas invasoras, que podem produzir danos à biodiversidade local. A portaria estabelece que qualquer interessado em erradicar espécies invasoras pode apresentar um plano de manejo, baseado em um estudo ambiental, demonstrando as etapas de controle e erradicação das espécies invasoras. Após a execução do plano, ocorre a recuperação ambiental da área impactada, visando restabelecer as funções ecossistêmicas naturais perdidas com a invasão.

O Programa de Arborização Municipal também tem priorizado a biodiversidade ao definir espécies predominantemente nativas nos plantios. O Programa tem ampliado o plantio nas diversas regiões da cidade. De 2005 a 2009 foram plantadas novas 767.532 novas árvores.







Criação de unidades de conservação





A Secretaria do Verde tem investido na transformação de grandes áreas de maciços vegetais em unidades de conservação de proteção integral. Já foram criados os parques naturais Cratera de Colônia (extremo-sul, dentro da Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos) e Fazenda do Carmo, na zona leste.



Outros quatro parques naturais estão em implantação na região sul, na área da APA Capivari-Monos, como compensação pela implantação do trecho sul do Rodoanel: Jaceguava, Bororé, Varginha e Itaim. Estão em processo de criação também o Parque Natural Nascentes do Aricanduva (2.500.000,00 m²), cuja área está em processo de aquisição, e o Parque Natural do Iguatemi (303.372 m²) cuja área é da CDHU, ambos na zona leste, além do Parque Nascentes do Ribeirão Colônia (676.143,46 m²) que fica em uma área comprada pela SABESP, localizado na região sul, e será gerida através de parceria das Secretarias Municipais do Verde e de Esportes.



Além disso, o Programa 100 Parques para São Paulo tem reservado áreas e implantado parques, entre tradicionais e lineares, proporcionando local para fauna e flora se desenvolverem de maneira protegida. Em 2005 havia 34 parques municipais e hoje já são 73, alguns destes em fase de contração de manutenção e segurança. Em 2012 serão 100 parques.



Na borda da Cantareira, zona norte, estão em desapropriação dez milhões de m² para implantação de novos parques. São parques lineares e tradicionais, com a finalidade de criar zonas de amortecimento e proteção do Parque Estadual da Serra da Cantareira.



As Áreas de Proteção Ambiental Capivari-Monos (criada em 2001) e Bororé-Colônia (criada em 2006) são um tipo de unidade de conservação em que as terras podem ser públicas ou privadas e não acontecem desapropriações para sua criação. São gerenciadas por Conselhos Gestores que têm como atribuição a proposição de programas, projetos, planos e ações que garantam a proteção de seus recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Sua criação já é um grande passo no sentido de promover a proteção dos recursos naturais em seu território. A Secretaria do Verde vem avançando no sentido de adquirir áreas em seus territórios para torná-las de proteção integral, garantindo o habitat para a fauna e a flora manterem sua biodiversidade.







Onça parda é o animal símbolo da cidade de São Paulo

Dezembro 23, 2010




De junho a setembro de 2010 os paulistanos participaram da votação online e ajudaram a escolher o animal silvestre símbolo. Os concorrentes, 15 candidatos (escolhidos por técnicos da Divisão de Fauna com a colaboração de professores e pesquisadores do Museu de Zoologia/USP, do Instituto de Biociências/USP, do Instituto Butantã e das ONGs Save-Brasil e Centro de Estudos Ornitológicos), começaram com uma disputa concentrada entre aves, mas a onça suçuarana, também conhecida como onça parda, ocupava, semana a semana, a quarta posição. Nas últimas quatro semanas de votação ela começou a subir no ranking e abocanhou a eleição.



A onça parda é o maior felino registrado atualmente em São Paulo e o segundo maior do Brasil. Foi encontrada em duas áreas da zona sul: Fazenda Capivari e Parque Estadual da Serra do Mar/Núcleo Curucutu. Trata-se do felino com maior distribuição no continente americano, ocorrendo do Norte do Canadá ao Sul da Argentina e Chile (Terra do Fogo). No Brasil, ocupa todos os tipos de biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Campos Sulinos. Possui grande capacidade de adaptação aos diferentes ambientes e climas.



A suçuarana mede entre 86 cm e 154 cm de cabeça e corpo, e a cauda mede 63cm a 96 cm. Seu peso varia de 29kg a 120 kg, sendo os machos maiores do que as fêmeas. Possui coloração uniforme parda. Tem hábitos solitários, terrestres e noturnos. Alimenta-se principalmente de mamíferos de médio porte, como quatis, catetos, tatus e capivaras, e pode consumir também vertebrados de pequeno porte. Nas áreas rurais, aproxima-se de habitações humanas e alimenta-se de animais de criação. Essa proximidade faz com que seja alvo de perseguição e contribui para a redução de sua população. A espécie é considerada vulnerável no Estado de São Paulo.



As ações e projetos da Prefeitura de São Paulo voltadas à proteção da biodiversidade serão identificadas com a figura estilizada da onça parda, que será também utilizada em atividades de educação ambiental. Foi também desenvolvido um personagem, a Suçu, para trabalhar a questão da biodiversidade junto às escolas.



Animais Silvestres na Capital



A listagem é ponto de partida para a elaboração de planos de manejo e de conservação de áreas verdes, sendo importante ferramenta para o monitoramento ambiental. O Inventariamento Faunístico em Áreas Verdes do Município de São Paulo é realizado pela Divisão de Fauna da Secretaria desde 1993.



Dentre os novos registros estão aves florestais com habitat restrito (furnarídeos, tamnofilídeos, tiranídeos e traupídeos), aves de ambientes aquáticos e brejos (saracuras, maçaricos, patos silvestres e o flamingo-chileno), e uma espécie de campo e áreas abertas, o inhambu-chororó. Entre as espécies ameaçadas de extinção destacamos o apuim-de-costas-pretas Touit melanonotus, a sabiá-cica Triclaria malachitacea, a maria-leque Onychorhynchus swainsoni, o pixoxó Sporophila frontalis e a cigarra-verdadeira Sporophila falcirostris, espécies registradas na APA Capivari-Monos, uma das áreas municipais de maior importância para a conservação da ornitofauna paulistana.



As regiões estudadas englobam 81 áreas dentro do Município de São Paulo, incluindo as APAs Capivari-Monos e Bororé-Colônia, Parques Municipais e Estaduais, Parques Lineares e outras Áreas Verdes de interesse. Foram computadas 700 espécies, uma riqueza surpreendente para a cidade mais populosa da América do Sul, condição em que justamente o oposto é o mais esperado. As espécies estão distribuídas em três grupos de invertebrados e cinco grupos de vertebrados.



Dentre os invertebrados estão presentes 137 espécies. Os vertebrados estão representados por 563 espécies; 23 peixes, 45 anfíbios, 40 répteis, 372 aves e 83 mamíferos. Cento e vinte sete espécies de vertebrados são endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, são encontrados somente neste bioma. Este número corresponde a 22% do total de vertebrados.



Considerando a s espécies ameaçadas no Estado de São Paulo (Decreto Estadual n° 53.494 de 2008), 30 espécies da fauna da cidade estão ameaçadas de extinção, 22 estão quase ameaçadas e 13 apresentam dados insuficientes. Das 23 espécies de peixes, 17 (74%) são nativas e seis (26%) são espécies exóticas introduzidas no Brasil. No grupo dos anfíbios ocorrem 45 espécies, destas 27 (60%) são endêmicas da Mata Atlântica, e uma exótica introduzida.



Foram adicionadas 85 espécies novas ao grupo das aves, o mais estudado em São Paulo, totalizando 372 espécies no município. Destas, 24,5% são endêmicas da Mata Atlântica, 11% constam em algum nível de ameaça das listas estadual, nacional e global e três são exóticas.



Trinta espécies são rapinantes (gaviões, falcões e corujas), exímios predadores de topo da cadeia trófica, 19 são beija-flores e 25 são saíras e sanhaçus, que figuram entre as aves mais coloridas e belas do neotrópico. A família dos papa-moscas (tiranídeos) possui o maior número de representantes, com 51 espécies. Algumas aves são migratórias, visitantes dos hemisférios norte ou sul, como o falcão-peregrino, a águia-pescadora, os maçaricos (Tringa spp.) e o verão (Pyrocephalus rubinus).



Entre os mamíferos estão presentes 12 espécies de marsupiais, conhecidos popularmente como gambás e cuícas, uma preguiça, três tatus, cinco macacos nativos e dois introduzidos, 32 morcegos, quatro felinos, entre eles a onça-parda e a jaguatirica, um cachorro-do-mato, três espécies de mustelídeos (irara, furão e lontra), duas espécies de procionídeos, conhecidos como mão-pelada e quati, uma anta, um porco-do-mato, um veado, um coelho, um esquilo, dois ratos exóticos e seis silvestres, um ouriço, um preá, uma paca, uma capivara e um ratão-do-banhado. Dentre as novas espécies observadas, destacamos o primeiro registro para o município do muriqui-do-sul ou mono-carvoeiro, Brachyteles arachnoides, o maior e um dos mais ameaçados primatas das Américas, que empresta seu nome à APA Capivari-Monos. Este importante registro, juntamente com os do sagui-da-serra-escuro, Callithrix aurita, e o sauá, Callicebus nigrifrons, aumenta a relevância da APA Capivari-Monos como área para a conservação da biodiversidade.



São Paulo e a Biodiversidade



A Prefeitura de São Paulo participa desde 2007 do projeto denominado Ação Local pela Sustentabilidade (LAB na sigla em inglês para Local Action for Biodiversity), projeto liderado pelo ICLEI (Governo Locais pela Sustentabilidade) Seção África do Sul, que tem por objetivo coordenar os esforços das cidades para a proteção da biodiversidade.



Dentre outras importantes atividades as cidades participantes prepararam seus respectivos Relatórios de Biodiversidade, com diagnóstico de situação e iniciativas desenvolvidas neste campo.



Por ocasião das Conferências da ONU para a biodiversidade em Curitiba, Bonn e Nagoya, foram organizadas conferências paralelas das cidades que contaram com ativa participação de São Paulo, ocasiões em que as experiências e programas da cidade foram apresentados e submetidos à apreciação das demais organizações presentes.



A 10ª Conferência de Biodiversidade da ONU reconheceu o esforço e a necessidade de participação ativa das cidades no plano mundial de proteção da biodiversidade, adotando resolução proposta pelo Encontro das Cidades pela Biodiversidade, que ocorreu em Nagoya no mês de outubro, simultaneamente à Conferência das Partes.



A escolha do animal silvestre símbolo da cidade é parte das atividades promovidas em 2010, definido pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade.



A Secretaria do Verde lançou este ano a segunda edição do Guia dos Parques Municipais de São Paulo, contendo informações sobre estas áreas protegidas que abrigam nossa fauna silvestre. Foi realizada a quinta edição do Concurso de Fotografia Árvores da Cidade de São Paulo, realizado anualmente em parceria com a Secretaria do Verde e a Porto Seguro. As 100 melhores fotos selecionadas nos cinco anos de concurso foram transformadas no livro Árvores da Cidade de São Paulo: 100 fotos em cinco anos de concurso.



Em 2010 a Secretaria do Verde também promoveu a exposição A Cidade de São Paulo e o ano da Biodiversidade, retratando de forma ligeira, através de painéis fotográficos, as ações e projetos realizados pela Secretaria para preservar nossa biodiversidade. Foi criado em 2010 o selo Cidade de São Paulo no Ano da Biodiversidade.


Fonte: Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de São Paulo












Teatro nos Parques inicia temporada de apresentações de 2011. Eventos sustentáveis nos parques urbanos de São Paulo.

Teatro nos Parques inicia temporada de apresentações de 2011





22/01/2011 - 09h13

http://guia.folha.com.br/teatro/ult10053u863214.shtml



Começa neste sábado (22) a programação do Teatro nos Parques 2011. Organizado pela Cooperativa Paulista de Teatro, o evento terá 32 apresentações para crianças e adultos, em 25 parques municipais, todas gratuitas.



As peças acontecem sempre aos fins de semana, mas, nesta terça-feira (25), por causa do aniversário de São Paulo, alguns parques também receberão espetáculos.



O Teatro nos Parques acontece até o dia 13 de fevereiro. Confira abaixo a programação:



Sábado, dia 22/1



- "Acuda Benedito", da cia. Abacirco, no parque do Trote, às 15h

- "Avoar", da cia. Pic Nic, no parque Santos Dias, às 15h

- "A Farsa do Bom Enganador", do grupo Buraco d'Oráculo, no parque Anhanguera, às 15h

- "Terra Papagalli", da Trupe Olho da Rua, no parque Tiquatira, às 15h



Domingo, dia 23/1



- "O Básico do Circo", do Núcleo Pavanelli, no parque Consciência Negra, às 15h

- "O Desejo de Catirina", da cia. Os Itinerantes, no parque Vila dos Remédios, às 15h

- "Pelada na Rua", de Alexandre Roit, no parque Chico Mendes, às 11h

- "Sombras da Luz", do grupo Ivo 60, no parque Santa Amélia, às 15h



Terça-feira, dia 25/1



- "A-la-pi-pe-tuá", do Seres de Luz Teatro, no parque Nabuco, às 15h

- "Ruas de Barros", do grupo Chão, no parque Lydia Natalizio, às 11h

- "Um Show de Variedades Palhacísticas", do Teatro de Rocokoz, no parque Anhanguera, às 15h



Sábado, dia 29/1



- "Anuário Imaginário", da cia. Baitaclã, no parque São Jorge, às 15h

- "Sonho de uma Noite de Verão", do Clã Estúdio das Artes Cômicas, no parque Raposo Tavares, às 15h

- "Zé Preguiça", do grupo Namakaca, no parque São José, às 15h



Domingo, dia 30/1



- "Bichos do Brasil", da cia. Pia Fraus, no parque Raposo Tavares, às 15h

- "Canteiro", da Cia. dos Inventivos, no parque da Barragem, às 15h

- "O Mistério do Novo", da companhia Estudo de Cena, no parque da Luz, às 15h

- "O Poeta e o Cavaleiro", da Trupe Sinhá Zózima, no parque do Carmo, às 15h



Sábado, dia 5/2



- "A Ciranda do Villa", da cia. Lúdicos de Teatro Popular, no parque Lajeado, às 15h

- "A Folia no Terreiro de seu Mané Pacaru", da cia. Mamulengo da Folia, no parque Guarapiranga, às 15h

- "Mãos à Obra", da La Cascata Cia. Cômica, no parque Raul Seixas, às 11h



Domingo, 6/2



- "A Brava", da Brava Cia., no parque Vila do Rodeio, às 15h

- "O Circo da Lona Preta", da Trupe Lona Preta, no parque Pinheirinho d'Agua, às 15h

- "Dupla de Dois", da cia. Circo de Trapo, no parque Lions Club Tucuruvi, às 11h

- "O Pavão Misterioso", da cia. Forrobodó, no parque Rodrigo de Gasperi, às 15h



Sábado, dia 12/2



- "Conto de Todas as Cores", do Teatro Girândola, no parque Shangrilá, às 15h

- "Quixotes", do Circo Navegador, no parque Vila do Rodeio, às 15h

- "Reprise", da LaMinima, no parque Nabuco, às 11h



Domingo, dia 13/2



- "Bumba Meu Fusca", da cia. Trilhos Urbanos, no parque Chácara das Flores, às 15h

- "O Doente Imaginário", da Cia. do Miolo, no parque Raul Seixas, às 15h

- "O Lixão", da cia. Pasárgada, no parque Lions Club Tucuruvi, às 11h

- "Reis da Fumaça", da cia. do Feijão, no parque Cidade de Toronto, às 15h



Endereçodos parques:
 
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/guia_parques2_web.pdf



Parques Municipais


Confira as atividades e eventos em parques municipais


http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/parques/programacao/index.php?p=3329





Região central vira palco para festa dos 457 anos da cidade de São Paulo

O tradicional show que comemora o aniversário da cidade no dia 25 de janeiro será realizado na Avenida Ipiranga, próximo à Praça da Republica. O evento contará com a presença de artistas paulistanos que cantarão grandes sucessos musicais que homenageiam a cidade.





Na próxima terça-feira (25/1), São Paulo completa 457 anos de existência e todos os paulistanos estão convidados a festejar o aniversário no berço da cidade: a região central. Para animar o feriado, a Prefeitura de São Paulo preparou uma grande comemoração, com atrações culturais, esportivas e turísticas.



Quantas canções são necessárias para homenagear uma cidade com mais de 11 milhões de habitantes? No show de aniversário, grandes artistas se reunirão da avenida Ipiranga, na altura da Praça da Rebública, para cantar as músicas que falam da vida e da paisagem paulistana. No dia 25 de janeiro, a partir das 19h, clássicos de Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Originais do Samba, Itamar Assumpção e Adoniran Barbosa serão interpretados por músicos como Rappin’Hood, Maria Gadú, Paulo Ricardo e Mallu Magalhães.



Quatro grandes nomes do rock formaram uma banda especialmente para a festa: a bateria será de Japinha, do CPM22, o baixo será de Mingau, do Ultraje a Rigor, e as guitarras ficarão por conta de Andreas Kisser, do Sepultura, e de André Cristovam. O grupo promete emocionar, tocando em companhia da Orquestra Sinfônica Municipal.



Todos estão convidados a declarar seu amor por São Paulo enviando imagens, mensagens e músicas para o site www.spaocubo.com.br. As homenagens serão exibidas em um cubo multimídia de 7 metros, uma grande intervenção urbana interativa que será instalada na Praça da República.



Vale do Anhangabaú



A festa começa mais cedo no Vale do Anhangabaú, que receberá serviços e atrações culturais na quarta edição do Vale da Participação e Parceria. O palco principal terá 9 horas de shows, com direito a muito samba, pagode, reggae, sertanejo e pop. As atividades iniciam-se às 9h com o grupo Ponto Zero. Passam pelo palco João Pedro e banda Fruto do Meu Suor, Chimarruts, Turma do Pagode, Samprazer e Michel Teló. A partir das 10h, a Tenda Cultural se transformará em uma pista de dança, com o Baile da Melhor Idade e, às 14h, o Baile Black. Para completar a comemoração, as famílias poderão brincar com escorregador, escalada e tirolesa Multifuncional. Para participar da diversão, é só doar um quilo de alimentos não-perecíveis, um produto de higiene ou de limpeza. As doações serão encaminhadas à Defesa Civil de São Paulo, que as enviará às vítimas das chuvas no Rio de Janeiro.



São esperadas mais de 50 mil pessoas, que terão a disposição, na tenda das Coordenadorias, atendimentos dos Centros de Referência de Combate à Homofobia e ao Racismo. No mesmo espaço, mulheres vítimas de violência doméstica encontrarão apoio jurídico. Haverá ainda um Telecentro móvel, com 20 computadores e acesso à internet.



Passeios



O feriado também é uma ótima oportunidade para conhecer melhor a região central da Cidade. Das 9h às 16h, sairão do Páteo do Colégio passeios gratuitos em um trólebus da década de 1940, que passará por algumas das principais atrações turísticas da Capital, como o Edifício Itália, o Teatro Municipal, o Edifício Martinelli o Banespa e a Catedral da Sé. Durante 40 minutos, os participantes aprenderão sobre a história de São Paulo com guias especializados.



O aniversário da Cidade marca também o encerramento do World Bike Tour. A volta ao mundo 26 dias terá a chegada em São Paulo, às 9h. Em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, adultos e crianças, com e sem deficiência, farão um grande passeio de bicicleta que partirá da Ponte Estaiada e irá até a Universidade de São Paulo. A idéia é conscientizar a população para a prática de esportes e para a utilização de meios de transporte menos pouluentes.



Fotografia



Para registrar as inúmeras faces de uma das maiores metrópoles do mundo, a secretaria de Cultura organizou uma Jornada Fotográfica especial, com 24h de duração. Das 18h do dia 22 de janeiro às 18h do dia 23, grupos de fotógrafos sairão de hora em hora do Telecentro Olido – Cibernarium, na região central, para capturar imagens de São Paulo. Em tempo real, todas as fotos serão disponibilizadas na internet a partir do telecentro e comporão uma homenagem à capital.



Outras atrações



IV Vale da Participação e Parceria comemora o aniversário da cidade





Biblioteca Mário de Andrade reabre dia 25 de janeiro





Passeio de Trólebus visita pontos turísticos de São Paulo





Cine Olido homenageia São Paulo com filmes que contam a história da cidade





Parque do Carmo realiza revoada educativa de Pipas










DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PLANETA: OBJETIVOS DO MILÊNIO ATÉ 2030

Objectivos do Milénio até 2030



Alexandre Coutinho

11:05 Domingo, 23 de Janeiro de 2011

Fonte: http://aeiou.expresso.pt/objectivos-do-milenio-ate-2030=f627554
 
 
 
Olav Kjorven, assistente do secretário-geral das Nações Unidas e director do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) propõe um novo conjunto de oito metas a implementar após o prazo para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), que termina já em 2015.



O especialista norueguês aponta o desequilíbrio entre os desafios enfrentados por ricos e pobres para que cada uma das metas seja atingida, como o maior problema do compromisso actual, que, segundo ele, foca principalmente os chamados países em desenvolvimento, dando a impressão de que as nações mais industrializadas pouco ou nada teriam a melhorar. Kjorven argumenta ainda que, enquanto o mundo desenvolvido apresenta bom desempenho nos indicadores relacionados à pobreza, contribuindo para que outros países alcancem este status, tem um desempenho fraco em sustentabilidade.



O director do PNUD está preocupado com a taxa mundial de consumo de recursos minerais, peixes e água e com as alterações climáticas, pois "o nível actual de emissões de carbono representa uma ameaça à estabilidade global e à redução da miséria. O nosso consumo é insustentável e, cada vez mais, vai contribuir para tensões, conflitos e injustiças. Os países que estão empenhados no sétimo ODM (garantir a sustentabilidade ambiental) são os que causam o menor dano, enquanto os mais ricos, que consumem muito mais por pessoa, têm escapado às metas", afirma.



Embora seja possível identificar grandes progressos na redução da pobreza, estes são, muitas vezes, obtidos à custa do aumento da desigualdade social, argumenta Olav Kjorven. Isso porque, segundo o director do PNUD, é mais fácil colocar os "menos carentes" acima da linha da pobreza do que alcançar os mais necessitados. "Não há incentivos para reduzir a desigualdade, embora quase todos a reconheçam como um factor fundamental por detrás da pobreza e dos conflitos", diz.



As oito metas propostas por Olav Kjorven ainda estão em fase de elaboração e estão voltadas para as próximas duas décadas - até 2030 -, de modo a garantir condições habitáveis à crescente população mundial. A primeira delas seria o corte de emissões de gases com efeito estufa em 50%. Já a segunda inclui uma série de medidas para aumentar a produtividade e a resistência dos ecossistemas críticos: expandir as áreas protegidas em terra e no mar em, respectivamente, 17% e 10%, e aumentar em 20% as áreas agrícolas cultivadas de acordo com critérios de sustentabilidade.



O terceiro ODM seria reduzir o consumo de proteína animal per capita em 20%, pois a substituição da carne por verduras, grãos e frutas diminuiria a pressão sobre os sistemas de criação de animais. O quarto compromisso diz respeito ao combate à pesca desenfreada, garantindo a capacidade de renovação dos ecossistemas marinhos. Implementar políticas para impulsionar a produção industrial, reduzindo os desperdícios e minimizando a libertação de produtos tóxicos nos solos, nas águas e para o ar consiste no quinto objectivo.



Por sua vez, o sexto ODM passaria pela alteração da carga fiscal para reduzir a geração de resíduos e impedir o esgotamento do capital natural. Já o sétimo compromisso pugna pelo fortalecimento das regras de transparência e das medidas anti-corrupção, além do controle da especulação financeira. Finalmente, a oitava das novas metas seria garantir o cumprimento total dos oito ODM actuais e fortalecer a luta global contra a pobreza.



Recorde-se que, em Setembro do ano 2000, os chefes de Estado e de Governo de 189 países, incluindo Portugal, reuniram-se nas Nações Unidas, onde assinaram a Declaração do Milénio, comprometendo-se a lutar contra a pobreza e a fome, a desigualdade de género, a degradação ambiental e o vírus do VIH/SIDA. Assumiram ainda o compromisso de melhorar o acesso à educação, aos cuidados de saúde básicos e à água potável. Para avaliar o cumprimento daquele compromisso, estabeleceram oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a alcançar até 2015. Mas, desde então, a maioria dos países desenvolvidos (nomeadamente, Portugal), têm faltado aos compromissos assumidos em termos de ajuda aos países mais desfavorecidos, bem como no acesso dos seus produtos aos nossos mercados.



Atitude sustentável: Estudantes dos EUA passam verão no Brasil com aula e trabalho socioambiental. Desenvolver projetos sustentáveis que melhorem a vida da comunidade carente.

Estudantes dos EUA passam verão no Brasil com aula e trabalho social



Fonte: http://www.tvcanal13.com/blog/2011/01/23/estudantes-dos-eua-passam-verao-no-brasil-com-aula-e-trabalho-social/
 
 
 
23 jan, 2011 09:10:30
 

Estudantes de universidades top dos Estados Unidos estão interessados em estudos e trabalho no Brasil. Na última semana, um grupo da Universidade Harvard, considerada a melhor do mundo, desembarcou no país para aprender português e fazer trabalho social. Outro grupo chegou do conceituado Massachusetts Institute of Technology (MIT) para conhecer uma favela e desenvolver projetos sustentáveis que melhorem a vida dos moradores locais.



O interesse de estudantes, professores e pesquisadores estrangeiros pelo Brasil cresce com o desenvolvimento econômico e a proximidade das Olimpíadas e da Copa do Mundo no país, segundo o gerente do escritório da Universidade Harvard em São Paulo, Tomás Galli de Amorim. A instituição tem vários programas diferentes de estudos, trabalho e pesquisa no Brasil.



Para o programa de estudos da língua portuguesa aliado a trabalho social, houve 60 inscrições para 15 vagas, segundo Aaron Litvin, coordenador do programa de estudos brasileiros do centro de estudos latino-americanos de Harvard, chamado David Rockfeller Center for Latin American Studies.



O grupo está em Florianópolis, onde estuda pela manhã e trabalha à tarde na colônia de férias da ONG Cedep, no bairro Monte Cristo. Os jovens participam de atividades de leitura, música, dança, esportes e aulas de inglês e português. “Esse programa é um ponto de partida para poderem prosseguir os estudos sobre o Brasil”, disse Litvin.



Fazem parte da turma alunos de vários cursos como ciências sociais, ciência política, economia e literatura. Além dos Estados Unidos, há jovens de Canadá, México, Quênia, Romênia, França, Bahamas e Bolivia.



“A participação em um programa social ajuda os estudantes a ter uma visão da realidade brasileira e contribui para poderem entender questões de desigualdade social e a importância de contribuir para a inclusão, a educação e a criação de oportunidades no Brasil”, disse Aaron.



O aluno do curso de história de Harvard Ben Wilcox, de 20 anos, faz parte do grupo de estudantes que está em Florianópolis. Antes de vir ao Brasil, o norte-americano de Chicago estudou português por três semestres. “O mais interessante é poder praticar com os meninos. É mais difícil”, disse Wilcox.



Entre uma atividade e outra na ONG, o estudante disse que aproveita para divertir as crianças jogando basquete. “Eles gostam de ver um americano de dois metros de altura jogando”, afirmou. Diversão à parte, Wilcox planeja escrever sobre favelas brasileiras na tese final da universidade.



“Pretendo voltar em julho para trabalhar em São Paulo e pesquisar mais sobre favelas. Já estudei favelas do Rio de Janeiro, mas não sei nada sobre as de outras cidades. É muito mais complicado do que usualmente é entendido nos Estados Unidos e mesmo no Brasil”, afirmou.



Soluções



Enquanto os jovens de Harvard estudam em Florianópolis, um grupo de alunos do Massachusetts Institute of Technology (MIT) passou duas semanas imerso na realidade de um bairro pobre de Embu das Artes, em São Paulo, em busca de soluções sustentáveis que pudessem melhorar a condição de vida dos moradores.



O trabalho foi feito em parceria com estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além da ONG Família Inês, formada por jovens do bairro Santo Antônio.



Os jovens, 12 deles do MIT, passaram a primeira semana conhecendo os problemas e a segunda semana desenvolvendo projetos de melhoria nas áreas de água, energia, lazer e moradia. O programa do MIT envia estudantes de engenharia e outras áreas de exatas todo ano para países diferentes, como Índia, Tanzânia e Brasil. Vieram ao país alunos americanos, da África do Sul, de Gana, além de brasileiros.



Karine Tiemi Yuki, de 19 anos, que faz o segundo ano de graduação no MIT, é de São Paulo. Ela lidera o grupo da universidade no projeto. Na universidade, o foco principal dos estudos dela são as áreas de ciências políticas e física. “No ano passado fui à China. Neste ano, fiz questão de vir para o Brasil, porque é meu país”, disse.



Estudantes de universidades brasileiras aproveitaram a oportunidade para fazer contatos. Felipe Hessel de Paula, de 19 anos, que faz o primeiro ano de ciência da computação na UFSCar, fez questão de participar quando soube que haveria estudantes do MIT. “Queria ter contato com estrangeiros”, afirmou.



Charles Cristian Miers, de 36 anos, que faz doutorado em engenharia da computação na USP, participa pela primeira vez do projeto. “Pretendo aplicar os conhecimentos que tenho nos projetos”, disse.



Os projetos do grupo resultaram na construção de um parque para as crianças, em melhorias no campo de futebol, em um guia para o tratamento de água, manuais e protótipos para a confecção de uma tampa para poços e uma bomba d’água.



Doações dentro e fora da comunidade, mão de obra dos próprios moradores, material reciclado e materiais descartados foram algumas das soluções encontradas pelas equipes para contornar obstáculos financeiros, segundo Miguel Chaves dos Santos, de 25 anos, formado em mecatrônica pela USP e coordenador do projeto.



“O objetivo mais importante é trabalhar com os moradores da comunidade e não trabalhar para as pessoas da comunidade. O incentivo a essa atitude é essencial em comunidades mais pobres para mostrar que é possível desenvolver e implementar soluções sem a necessidade de sempre esperar por orgãos governamentais”, disse Miguel.



Fabiano Malaquias Souza da Conceição, de 30 anos, é um dos criadores da ONG Família Inês, que tenta tirar crianças e adolescentes da rua. Apenas com investimentos dos próprios integrantes e por moradores do bairro, a ONG promove cursos, como música e artesanato, além de eventos para os 30 participantes de 11 a 17 anos, com a ajuda de voluntários. “Já procuramos o poder público, mas só tem promessa. Acham que somos um bando de moleques”, afirmou.



A ONG é formada por oito jovens do bairro que conseguiram chegar à faculdade e querem fazer outros estudantes da região a acreditar que podem fazer o mesmo.



Mr. Spock: Cientista afirma ter teletransportado moléculas de DNA. Transporte sustentável do futuro?

Cientista afirma ter teletransportado moléculas de DNA




Com informações da New Scientist - 17/01/2011



http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=teletransporte-dna&id=010165110117&ebol=sim#Imprimir




SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Cientista afirma ter teletransportado moléculas de DNA. 17/01/2011. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=teletransporte-dna. Capturado em 23/01/2011.




Teletransporte de DNA




Seu nome é Luc Montagnier e sua biografia pode ser resumida a um feito único: ele ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 2008, por ajudar a demonstrar a conexão entre o HIV e a AIDS.



Montagnier agora está sacudindo as bases do mundo acadêmico com uma alegação absolutamente inesperada: ele afirma ter "teletransportado" as informações de moléculas de DNA.



"Se os resultados estiverem corretos," comentou Jeff Reimers, químico da Universidade de Sidnei, na Austrália, "isso será um dos experimentos mais significativos feitos nos últimos 90 anos, e exigirá uma reavaliação de todo o quadro conceitual da química moderna."



Nesta altura dos acontecimentos, a expressão "se os resultados estiverem corretos" está tendo mais ênfase entre os outros cientistas do que o alegado teletransporte de DNA, que poderá ter um impacto, na verdade, muito além da química.



O problema é que o artigo ainda não foi aceito para publicação por uma revista revisada pelos pares de Montagnier.



E, a julgar pela recente controvérsia de uma bactéria com jeitão alienígena, anunciada com estardalhaço pela NASA e depois largamente contestada por outros cientistas, o processo de avaliação desse artigo deverá levar mais tempo do que o normal.



Teletransporte quântico



Montagnier e seus colegas alegam ter feito um experimento que mostra que uma molécula de DNA pode transmitir as informações que contém, por meio de campos eletromagnéticos, para células distantes e até mesmo para a água.



Mais do que isso, o Prêmio Nobel afirma que enzimas podem tomar esse "carimbo" remoto de DNA por um DNA real, copiando-o para produzir a coisa real - o que faria do experimento uma espécie de teletransporte quântico da molécula de DNA.



O experimento consiste em dois tubos de ensaio, próximos mas separados fisicamente, colocados dentro de uma bobina de cobre, sujeitos a um campo eletromagnético fraco de frequência extremamente baixa, de apenas 7 hertz.



O conjunto é isolado do campo magnético natural da Terra, para evitar interferências.



O primeiro tubo contém um fragmento de DNA com cerca de 100 pares de base. O segundo tubo contém água pura.



Depois de um período que variou de 16 a 18 horas, o conteúdo dos dois tubos de ensaio foram submetidos à reação em cadeia da polimerase (PCR), o método rotineiramente usado para amplificar quantidades traço de DNA, usando enzimas para fazer inúmeras cópias do material original.



Foi aí que o mais surpreendente aconteceu: o fragmento de DNA foi aparentemente recuperado dos dois tubos de ensaio, incluindo aquele que só deveria conter água.



A maldição da diluição



Para incomodar ainda mais os cientistas mais conservadores, aqueles que se incomodam com resultados controversos, e que geralmente se colocam prontamente contra qualquer nova descoberta que possa abalar o "edifício da ciência", o DNA somente é teletransportado com sucesso depois que a solução original de DNA passa por diversos ciclos de diluição.



Diluição lembra homeopatia, e "cientistas céticos" - o termo é absolutamente sem sentido, mas há vários acadêmicos que se autodenominam assim -, cientistas céticos odeiam a homeopatia, argumentando que ela não possui bases científicas, e trabalham duro para desacreditá-la.



No experimento de teletransporte, em cada ciclo, a amostra original, do tubo número 1, foi diluída 10 vezes, e o DNA fantasma, do tubo número 2, só pode ser recuperado quando a amostra original é diluída entre sete e 12 vezes.



O teletransporte não funcionou nas super diluições usadas na homeopatia.



Vários cientistas ouvidos pela revista britânica New Scientist mostraram-se céticos quanto aos resultados.



Mas é difícil imaginar que a equipe de um pesquisador agraciado com o Prêmio Nobel seja ingênua a ponto de divulgar uma pesquisa tão controversa sem tomar todos os cuidados metodológicos necessários.



O fragmento de DNA foi aparentemente recuperado dos dois tubos de ensaio, incluindo aquele que só deveria conter água. [Imagem: Montagnier et al.]Ondas eletromagnéticas do DNA



Segundo o rascunho do artigo, os físicos da equipe sugerem que o DNA emite ondas eletromagnéticas de baixa frequência, que transmitem a estrutura da molécula para a água.



Essa estrutura, alegam eles, é preservada e amplificada por meio de efeitos de coerência quântica. Como a estrutura imita o formato do DNA original, as enzimas do processo PCR tomam-na pelo próprio DNA e, de alguma forma, usam-na como modelo para construir moléculas que coincidem com o DNA transmitido.



Mas se Montagnier e seus colegas não conseguiram de fato fazer o teletransporte do DNA, então o que eles descobriram?



"Os experimentos biológicos parecem intrigantes, e eu não posso desacreditá-los," disse Greg Scholes, da Universidade de Toronto, no Canadá, que demonstrou no ano passado que os efeitos quânticos ocorrem em plantas.



Klaus Gerwert, da Universidade Ruhr, na Alemanha, que estuda as interações entre a água e as moléculas biológicas, mostra preocupação quanto à persistência do fenômeno: "É difícil entender como a informação pode ser armazenada na água em uma escala de tempo maior do que picossegundos."



Memória da água



Em 1988, o cientista francês Jacques Benveniste publicou um artigo na revista Nature, onde ele e seus colegas afirmavam demonstrar que a água tinha memória.



Em seu experimento, a atividade de anticorpos humanos era retida em soluções tão diluídas que não poderiam conter quaisquer moléculas de anticorpos - o que estatisticamente também ocorre na homeopatia.



Frente a um enorme ceticismo, a revista convocou um "caçador de mitos" para averiguar a questão, que concluiu que os resultados eram "uma ilusão", gerada por um experimento mal projetado.



Em 1991, Benveniste repetiu seu experimento sob condições duplo cego e obteve novamente os resultados que demonstraram inicialmente a alegada "memória da água".



Contudo, nem a Nature e nem a Science aceitaram o novo artigo para publicação.



Desacreditado, o pesquisador foi expulso de seu instituto sob a alegação de haver manchado a reputação da instituição.



Benveniste morreu em 2004.



Única saída



O que se espera agora é que o experimento de Montagnier e seus colegas seja avaliado pelos seus pares com a isenção necessária - sem ser condenado previamente, sobretudo por conter a palavra maldita - "diluição".



Para isso, um único caminho pode ser trilhado: laboratórios independentes devem repetir os experimentos e checar os resultados.








Bibliografia:



DNA waves and water

L. Montagnier, J. Aissa, E. Del Giudice, C. Lavallee, A. Tedeschi, G. Vitiello

Nature

23 Dec 2010

Vol.: 333, 816 - 818

DOI: 10.1038/333816a0

http://arxiv.org/abs/1012.5166



Human basophil degranulation triggered by very dilute antiserum against IgE

E. Davenas, F. Beauvais, J. Amara, M. Oberbaum, B. Robinzon, A. Miadonnai, A. Tedeschi, B. Pomeranz, P. Fortner, P. Belon, J. Sainte-Laudy, B. Poitevin, J. Benveniste

Nature

30 June 1988




NÃO É IMPOSSÍVEL:

 


A Ficção Científica e sua Aplicação na Educação

06/09/08

Fonte: http://jornadanasestrelas.com/noticias/imprimirnoticia.php?id_noticia=83&id_menu=174

A Ficção Científica e sua aplicação na Educação

Um instrumento auxiliador para o professor

Carlos Alberto Machado

Doutorando em educação pela PUCRio

cipexbr@yahoo.com



Em 1926, um luxemburguês radicado nos EUA, Hugo Gernsback, criou o termo ficção científica (sempre que nos referirmos a ficção científica usaremos a sigla FC) para classificar o tipo de histórias que ele se dispunha a publicar, exclusivamente, numa revista que estava lançando “Amazing Stories” (Histórias Assombrosas). A iniciativa de Gernsback estimulou autores jovens e popularizou o gênero junto ao público.

Em termos de narrativas populares envolventes e apelo de massa como o emblemático filme Blade Runner e Mad Max, verdadeiros divisor0es de águas no cinema, a FC também oferece épicos como ‘Ilíada’ e ‘Odisséia’ cujo conteúdo temático espelha-se nas space operas – termo utilizado pelos autores do gênero para designar livros ou filmes contendo sagas históricas, Impérios galácticos, etc. –, cujas mitologias religiosas e narrativas heróicas em geral têm catalisado gerações entre o grande público, seguindo uma fórmula aqui bem definida pelo escritor Bráulio Tavares:

(...) uma narrativa popular tem que envolver o leitor – ou telespectador (sic), através de descrições vívidas, ação intensa e estruturas com as quais ele se identifique facilmente.

Outro exemplo emblemático do apelo popular da FC, encontramos na literatura, na qual temos a cultuada trilogia ‘Fundação’ de Isaac Asimov. Também no cinema, encontramos a mitológica saga de ‘Guerra nas Estrelas’ – ‘Star Wars’, mobilizando massas de aficcionados. Este tipo de literatura ou filme, apesar de, muitas vezes, estar longe da ciência formal ou de seus preceitos, atrai em demasia a curiosidade dos jovens em geral.

Quanto a legitimidade educacional de sua busca científica, Tavares (1986) lembra-nos que a FC se utiliza muito da matéria-prima da ciência, mas manipula seus instrumentos, resultando em um compromisso com a imaginação e a fantasia. Sabe-se, atualmente, que a verdade científica não é definitiva, e a própria ciência cartesiana já a modificou com o passar do tempo, inúmeras vezes. A verdade de um século não é, necessariamente, a mesma de outro, e a mesma ciência de hoje já não é mais sinônimo de verdade absoluta. Dentro de sua visão de causa e efeito, não explica mais a complexidade do universo moderno percebido e sempre irá esbarrar nos limites impostos pelo pensamento racional. Portanto, o discurso ficcional da FC, caracterizado pela extrapolação da imaginação científica, vem para manipular a matéria-prima do pensamento lógico-formal e estimular a busca de novos parâmetros para o pensamento científico.

Por outro lado a “(...) ficção científica tem recursos inesgotáveis, demonstrando uma infinita confiança nos recursos da imaginação humana.”

Heróis, ação e aventura não faltam nas space-operas para aqueles que se identificam com suas personalidades. Como estímulo à busca de novas respostas, um de seus recursos temáticos é o confronto diante do conhecido e do desconhecido, o qual cria uma tensão dinâmica e permanente para o herói e para o leitor. Algumas dessas circunstâncias de desafio forçam o leitor e os personagens “(...) a se depararem com situações ‘além da imaginação’, nas quais ele é obrigado a identificar, prever e controlar fenômenos inexplicáveis – mais ou menos a situação do cientista diante de um problema de laboratório.”

O filme sempre foi um instrumento poderoso para ser utilizado em sala de aula. Mas sua utilização acaba sendo abandonada muitas vezes por falta de tempo: como a duração dos filmes feitos para o cinema é longa, privilegiam-se, primordialmente, os conteúdos escolares que devem ser trabalhados. Exibir um filme com duração de aproximadamente duas horas, realmente, toma muito tempo do professor. Entretanto, propomos que a escola continue utilizando esse recurso tão necessário em nossos dias.

O vídeo (DVD) e a televisão não devem ficar abandonados em um armário da escola. Também é discutível utilizá-los apenas para exibir documentários educativos que, para os estudantes, acabam sendo monótonos e cansativos. Eles apreciam, em demasia, filmes e desenhos de ficção científica. Então, por que não lançarmos mão desse gênero cinematográfico que atravessa a história cultural de várias gerações, que já está integrado à vida de nossos alunos?

Muito se tem falado, também, da distância prática entre a proposta educacional da escola e o mundo real vivido pelo educando. Essa distância fica mais evidente ainda, quando determinado currículo aborda, por exemplo, disciplinas que exigem conhecimentos técnicos, como a Física, mas cuja vivência e observação de certos fenômenos é uma realidade remota, somente possível de ser experienciada pelos educandos através de livros, filmes de televisão ou cinema, quando são abordados assuntos tais como: Sistemas Solares, Laser; Computadores; Distâncias Interplanetárias, Teorias sobre a Velocidade da Luz, Viagens no Tempo, Antigravidade; Robôs e Andróides, Cérebro Positrônico, Scanners Portáteis (tricorders); especulações sobre Antimatéria, Velocidade de Dobra, Buracos Negros ou Buracos de Vermes; Miniaturizações, Dimensões Paralelas, Transmissores de Matéria; Invisibilidade, Imortalidade, Telepatia e muitos outros. Temas esses, geralmente utilizados na FC ou na ciência imaginária: “A ciência imaginária não só é justificada por sua importância para o enredo de uma história de FC, como pelo seu aspecto profético ou de antecipação.(...) Alguns destes elementos são inviáveis e obviamente fantásticos, outros são possíveis e mesmo previsíveis.” No que tange a essa viabilidade profética da FC, Fausto Cunha também nos chama a atenção para este importante aspecto da legitimidade de sua busca científica:



Alguns temas que antigamente eram de domínio da pura fantasia, como os foguetes teleguiados, os transplantes de órgãos, os satélites artificiais, as técnicas de conservação pelo frio (o velho sonho da animação suspensa) e especialmente, para nossa infelicidade, as bombas nucleares, são hoje realidades com as quais temos que conviver. A elas se juntam outras antecipações convertidas em ameaças, como a poluição atmosférica, e envenenamento dos rios e dos mares, o fim do verde, a superpopulação, a fome, as novas doenças. Em suma a morte da Terra.





Na sala de aula, o docente geralmente prende-se a esquemas, fórmulas e problemas teóricos que fogem à realidade animada, disponível em literatura ou filmes do gênero. A esse respeito, David Allen, em sua obra ‘No Mundo da Ficção Científica’ observa: “Desse modo, o campo da FC inclui várias obras que utilizam os dispositivos da FC para examinar questões, idéias, e temas de uma perspectiva diferente da que está comumente disponível para nós, a partir de outros tipos de ficção e em nossa vida diária.”

Similarmente, os recursos tecnológicos utilizados pela FC na literatura, no cinema ou nas histórias em quadrinhos (HQs) - que os jovens também apreciam em demasia -, podem facilitar ao docente o ensino ilustrativo de uma matéria específica. Mas, para isso, faz-se necessário que este também tenha algum interesse pelo tema em questão, e que esteja atualizado, constantemente, com as últimas descobertas científicas pertinentes à sua área de conhecimento; bem como, com filmes, livros e revistas em quadrinhos sobre ficção científica, seja através de bibliotecas, bancas de revistas, cinema, televisão ou locadoras de filmes de sua cidade. Alguns professores podem preferir (e isso também vale para os educandos) comparecer com sua turma de alunos ao próprio cinema para, juntos, poderem assistir a um determinado filme pré-selecionado, com a finalidade de, em seguida, discutirem em sala de aula os conteúdos apresentados em forma de relatórios, mesas redondas ou outro recurso didático disponível. Aspectos sociais, filosóficos, tecnológicos, éticos, biológicos, antropológicos, matemáticos, lingüísticos, físicos, astronômicos, químicos, estéticos, etc., são apenas alguns aspectos que podem ser extraídos, analisados ou dissecados pelo educando. Conteúdos esses, devida e respectivamente, orientados pelo docente, relacionando-os à sua disciplina, facilitando assim a aprendizagem. Como afirma Clarke: “Uma pessoa que conheça tudo sobre as comédias de Aristófanes e nada sobre a Segunda Lei da Termodinâmica é tão inculta como aquela que dominou a teoria quântica, mas pensa que Van Gogh pintou a Capela Sistina.”

Outros professores podem sugerir que o próprio aluno selecione o filme de FC desejado, desde que, obviamente, o mesmo já seja antecipadamente conhecido pelo referido professor, para que este elabore os devidos paralelos com conteúdos programáticos.



As escolas podem perfeitamente se tornar locais singulares, como mundos próprios nos quais cyborgs geracionalmente diferentes se encontram e trocam narrativas sobre suas viagens na tecno-realidade – desde que nós nos permitamos reimaginá-los e reconstruí-los de uma forma inteiramente nova, em negociação com aqueles que um dia tomarão nosso lugar.



A primazia e a riqueza de conteúdo chegou a tal ponto que, até os cursos universitários vêm utilizando a ficção científica em suas disciplinas, como evidenciado em minha dissertação de mestrado. Menosprezar um gênero que já trabalhou uma versão espacial Shakespeareana como ‘O Planeta Proibido’, é menosprezar o conhecimento.

A estética da arte e os cursos de comunicação já analisam os filmes cinematográficos e televisivos desde sua criação em meados de 1920. Entre muitos exemplos podemos citar ‘Metrópolis’ de Fritz Lang, ‘Skanner: sua mente pode destruir’ e ‘Vídeo Drome’, ambos de David Cronemberger. Discussões políticas podem ser realizadas com ‘Dr. Fantástico’, ‘O Dia em que a Terra Parou’ e ‘Star Trek’ - Jornada nas Estrelas’, neste último analisando a Federação dos Planetas Unidos, órgão federativo que tenta promover a paz na Galáxia. Cabe às diferentes áreas do conhecimento também descobrirem a importância desses filmes como recurso pedagógico.

Professores de História sempre utilizaram filmes de época ou filmes de guerra, para discutir seus conteúdos (com primazia e didatismo). O mesmo vale para os professores de Geografia que têm no cinema um rico instrumento didático. Conhecer o mundo através da tela em nossos dias é mais fácil do que viajar e conhecê-lo pessoalmente.

Professores de inglês aproveitam a língua inglesa encontrada nos filmes atuais, simplesmente desligando o recurso de legenda, no caso dos DVDs, ou ocultando a parte inferior da televisão, no caso das fitas de vídeo, para trabalhar a pronúncia correta.

Albert Einstein costumava dizer que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Ela estimula a criatividade e, por conseguinte, auxilia na solução de problemas. Ora, a imaginação que utilizamos na criação de invenções, nas novas descobertas, na pesquisa científica e na solução de problemas é a mesma que nos permite escrever contos, criar roteiros, imaginar futuros que estão por vir. Alguns autores de ficção científica chegam a imaginar nossa história de forma diferente e para isso é necessário um exercício soberbo. Mundos alternativos onde verificamos como o mundo poderia ter sido se…Hitler não tivesse perdido a guerra; se o primeiro Presidente dos Estados Unidos da América fosse uma mulher; se os cientistas fossem venerados como as estrelas do Rock e por ai vai. Esses exemplos podem ser verificados literalmente nos episódios da série de FC ‘Sliders’ de Tracy Torme e Robert K. Weiss.

Sempre que falamos em trabalhar ficção científica em sala de aula logo vem a imagem de seu uso na disciplina de física e naturalmente ela teria um número muito maior de alternativas de uso em relação a seus conteúdos. Lamentavelmente alguns professores a utilizam apenas como exemplos negativos e deixam de lado bons exemplos. As séries de ‘Star Trek’ – ‘Jornada nas Estrelas’ são o melhor exemplo de vários conceitos corretos da física, da holografia, da astronomia e da cosmologia. Certamente alguns não procedem, como sons no espaço, teletransporte de matéria, viagens no tempo, mas que, ainda assim, podem ser discutidos pelo professor.

Um bom livro para professores de física que se interessem em utilizar a ficção científica em suas salas de aula é: ‘A Física de Jornada nas Estrelas’ . Ele discute todos os conceitos encontrados nos filmes e nas séries televisivas de ‘Star Trek’.

Ainda dentro dos exemplos de física, podemos citar alguns filmes feitos para o cinema: ‘A.I. Inteligência Artificial’, ‘2001: Uma Odisséia no Espaço’ e ‘2010: O Ano em que faremos Contato’, ‘Apollo 13’, ‘Contato’, ‘O Planeta Vermelho’, ‘Missão Marte’ etc.

Mas não é apenas a física que pode enriquecer-se com esse gênero cinematográfico e televisivo. A filosofia também encontra seus conceitos por aqui. Já existem várias obras especializadas que o demonstram. Os livros: ‘A Metafísica de Jornada nas Estrelas’ , da editora Makron Books, ‘Matrix: bem- vindo ao deserto do real’ , ‘A Pílula Vermelha: Questões de Ciência, Filosofia e Religião em Matrix’ , e o mais recente ‘Scifi=scifilo: a filosofia explicada pelos filmes de ficção científica’ , são alguns belos exemplos do que explanamos. Conceitos que vão além da Caverna de Platão, como a morte, a vida, realidade, ética, identidade, livre-arbítrio, moralidade, metafísica, onisciência, determinismo, entre outros. Mas os professores de filosofia descobriram uma outra ótima saída para despertar a curiosidade dos adolescentes, também seus alunos. O mercado editorial brasileiro, através da editora Madras, recheou as prateleiras com livros versando sobre filosofia e séries de televisão: ‘A filosofia de Bufy’, ‘A filosofia de Harry Potter’, ‘A filosofia de Senfield’ e a ‘filosofia de Sipsons’ são alguns que foram lançados até o momento.

Entre os filmes que trazem questões filosóficas bastante instigantes destacamos a trilogia de ‘Matrix’, ‘Gattaca: A Experiência Genética’, ‘O Exterminador do Futuro 1 e 2’, ‘Minority Report: A Nova Lei’, ‘Independance Day’, ‘Alien’, ‘Blade Runner, o Caçador de Andróides’, ‘Star Wars’, ‘O Sexto Dia’, ‘O Homem sem Sombra’, ‘Frankenstein’, entre muitos outros.

Professores de Biologia vêm trabalhando com filmes de ficção científica há algum tempo, pois eles trazem conceitos e questões relacionadas a essa área que podem ser analisados e discutidos em classe. Alguns exemplos são: ‘Viajem Fantástica’, ‘Gattaca: A Experiência Genética’, ‘A Corrida Silenciosa’ (o preferido dos professores da área), ‘Waterworld: o Segredo das Águas’, ‘Aquaria’, ‘O dia Depois de Amanhã’, ‘O Dia Seguinte’, ‘Missão Marte’, ‘O Planeta Vermelho’, ‘O Segredo do Abismo’, ‘Jornada nas Estrelas IV - A volta para casa’, ‘Duna’ e a abertura fantástica de ‘X-Man: o filme’, bem como seu conteúdo, para discutir mutação. Vida, genética, bio-ética, demografia, sobrevivência, ecologia, biodiversidade entre outros, são apenas alguns exemplos do que pode ser debatido em sala de aula a partir da visulização desses filmes. Um livro que pode dar suporte a essa relação biologia/cinema é ‘A Ciência de Star Wars’ .

A Psicologia, consciência e inconsciência, o eu, ego e outros tantos conceitos-chave das teorias freudiana, jungiana e lacaniana também podem ser identificados no conteúdo de filmes como ‘Esfera’, ‘Solaris’ (de Andrei Tarkovski), ‘Gattaca: A Experiência Genética’, a trilogia de ‘Matrix’, ‘Enigma do Horizonte’, ‘Q-Pax’, ‘O Vingador do Futuro’, ‘Laranja Mecânica’, ‘O Segredo do Abismo’. Um exemplo mais recente é o filme ‘O Diário do Mochileiro das Galáxias’, onde pode ser encontrado um robô maníaco-depressivo, portas que gemem ao serem abertas ou fechadas, um rei da galáxia que tem um ego gigantesco, uma arma que ao ser apontada para alguém o induz a dizer a verdade (mesmo oculta). A burocracia e o tédio são notavelmente escrachados denotando uma realidade pós-moderna bem ao estilo Monty Python.

De certa forma o exercício da exploração de potenciais futuros é um dos principais objetivos disciplinares da FC na educação. Vivemos em uma sociedade atribulada com mudanças sociais rápidas, as quais nos forçam a olhar para o futuro. Essa busca futurística deve ser uma função básica e contínua no campo da educação. Se levarmos em conta o princípio de que os educandos devem estar preparados para um mundo em que uma iminente diversidade embrionária de novos estilos de vida, valores e sistemas sociais concorrerão para coexistir, então, a educação deve necessariamente expandir seu domínio disciplinar para o campo da projeção futurística também, a fim de poder abarcar o exame do que é possível no potencial do desenvolvimento humano.

Naturalmente, a FC também é um importante instrumento didático para se dar a conhecer aos estudantes futuros alternativos. Essa literatura vem, há pelo menos um século, discorrendo sobre temas pertinentes às transformações incipientes da sociedade humana em seus aspectos sócio-psicológicos, antropológicos e, em particular, às derivadas da ciência e tecnologia. Assim sendo, a FC é uma verdadeira biblioteca de imagens futuristas, depósito de esperanças, receios, projeções e conjecturas de homens e mulheres, cujo espírito de vanguarda acompanha e perscruta a condição evolutiva da humanidade. Conseqüentemente, é um campo inestimável de treinamento para seus leitores, na antecipação e criação de fatos que estão por vir.

Comungando com essa idéia, em entrevista cedida ao jornalista Wilson H. da Silva para a revista ‘Livro Aberto’, o professor de física da PUC-SP Pierluigi Piazzi, que ministra a disciplina de cibernética em cursos de Pós-Graduação, afirma que: “a ficção científica é uma ferramenta pedagógica poderosíssima e minha esperança é que a escola descubra a ficção como esta ferramenta, para preparar, inclusive, as pessoas para um futuro imprevisível, oferecendo todas as opções especulativas que existem.” Outra professora em consonância de opinião ressalta que os filmes cinematográficos em sua natureza eminentemente pedagógica são o maior interesse para o campo educacional e destaca que os filmes de FC tem um lugar especial na educação.

Neste contexto, pode-se afirmar, sem muito exagero, que não se trata da legitimidade da FC como força cultural e social que está em discussão, mas a legitimidade da própria escolarização. Apesar de os autores e estudiosos de FC reagirem com certa frustração por sua preferência literária não constar nas listas indicadas nas escolas, a esta altura, parece que as escolas é que estão precisando mais da FC do que ela precisa de sua validação escolar. Legitimarem o status pedagógico da FC perante a comunidade acadêmica, através de seu emprego na educação, não é meramente desejo pessoal dos escritores e professores admiradores do gênero. Mais do que isso é motivado pelo espírito de renovação educacional, que estes docentes, em crescente número, já contemplam as vantagens de sua possível inclusão em seus conteúdos programáticos, ou já a utilizam, eficazmente, em suas turmas.

Em termos de criatividade escolar, portanto, reitera-se aqui que a imaginação, ferramenta responsável pela criação, é um dos muitos olhares diferenciados da realidade que permitem ao estudante explorar a criatividade em sua vida.

Citando Siclier e Labarthe, finalizamos este artigo com uma advertência digna de nota, como incentivo à busca essencial da FC:



(...) o cinema de ficção científica não sobreviverá, se não tomar consciência de algumas evidências: que, antes de mais nada, é o veículo de novas formas de pensar; e que, como tal, é principalmente um instrumento abstrato comparável às matemáticas tradicionais, e que deverá evitar as ilustrações pseudo-realistas, se pretende valorizar com rigor uma geometria inédita baseada sobre postulados modernos.



A Ficção Científica e sua aplicação na Educação

Um instrumento auxiliador para o professor

Resumo

Este artigo mostra que a Ficção Científica de forma literária e fílmica pode auxiliar a educação como apoio didático pedagógico, estimulando no aluno a imaginação e a criatividade. Abordam-se livros e filmes que apresentam exemplos relacionados aos conteúdos específicos de várias disciplinas. A tentativa de abandono de preconceitos culturais considerando a variedade de padrões sociais pode também ser alcançada pelo uso da FC. O confronto com questões éticas, morais e inimagináveis encontradas no cotidiano podem trazer questionamentos e reflexões relevantes em sala. Procurar imaginar soluções para situações curiosas levantadas por um filme, professor ou pelo próprio aluno auxilia no desenvolvimento intelectual, ampliando horizontes.



Palavras-chave: Ficção científica, filmes, material didático





Science Fiction and its application in Education

A helpful tool for the teacher

Abstract

This article shows that Science fiction both in literature and in cinema may help the educational process as a didactical and pedagogical support, fostering the student’s imagination and creativity. Books and movies which present examples related to specific contents of various subjects are approached. The attempt of abandonment of cultural prejudices taking into consideration the variety of social standards may also be achieved by the use of Science fiction. The confrontation of ethical, moral and unimaginable issues found in everyday life may arise relevant questions and reflections in classroom. The attempt of imagining curious solutions arisen by a movie, teacher or the student himself helps the intellectual development, broadening horizons.



Keywords: Science fiction, movies, pedagogic material.




FILMES DE FICÇÃO CIENTÍFICA COMO MEDIADORES DE CONCEITOS RELATIVOS AO MEIO-AMBIENTE  03/09/08  





Carlos Machado


Doutor em Educação PUC-RJ

Visite o Blog do Machado http://futurantiqua.blogspot.com/




OS DEBATES SOBRE MEIO AMBIENTE NO BRASIL



Muito se fala sobre o meio ambiente nos meios de comunicação e nas escolas, mas pouco se sabe sobre toda sua gama e envergadura. Confundem-se princípios ecológicos com o ensino generalizado do meio ambiente que cobre uma gama muito maior de conceitos e uma complexidade de relações urgentes. Na década de 60 o Brasil passava por políticas ditatoriais e não demonstrava preocupações a respeito, ao contrário de outros países, principalmente dos considerados de primeiro mundo, que vivenciavam mais intensamente os efeitos negativos de um desequilíbrio ambiental. Na década de 1970 o Brasil foi convidado a participar de um encontro internacional sobre o Meio Ambiente, mas foi o único a comparecer de forma diversa dos demais. Seus representantes oficiais erguiam em plenário faixas e cartazes com os dizeres: “Bem-vindos à poluição, estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não tem restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso desenvolvimento”. O escândalo internacional que provocamos, autorizado pelo então ministro do interior, General Costa Cavalcanti, só evidenciou ainda mais o quanto estávamos longe de ser um país ecológico ou preocupado com o meio ambiente. Nos encontrávamos em plena adolescência política abrindo os braços ao desenvolvimento a qualquer preço, mesmo que isso custasse o ar de nossos filhos ou de nossos descendentes. Como nos lembra Dias (1991), Cubatão, Rio Guaíba, Tietê, Projeto Carajás foram apenas alguns exemplos das mazelas que ainda hoje estamos tentando reparar. Na década de 1970 o Brasil confundia meio ambiente com ecologia, não entendendo que esta última estava contida no primeiro, de maior dimensão e importância.

Essa importância é corroborada nos estudos sobre a Educação Ambiental que aos poucos vêm sendo percebida pelas políticas e seus governos. É necessário entender que a Educação Ambiental visa uma mudança nas relações de conversão, como nos lembra Vasconcellos (1994) em seu artigo Educação Ambiental e Qualidade de Vida, pois devemos cooperar em vez de competir, ter uma visão interdisciplinar e não individual e egoísta, saber aproveitar os recursos em vez de desperdiçá-los, reconhecimento dos direitos e deveres em vez de irresponsabilidade social. “A educação ambiental é um processo contínuo, em que não basta plantar árvores, mas inclui decidir coletivamente, não só aonde isso será feito, mas quem acompanhará o seu crescimento e as manterão saudáveis.” (VASCONCELLOS, 16:1994). A sociedade atual costuma incentivar em quase tudo a competição saudável. Sobre isso Maturana (1998) nos lembra que a competição está longe de ser sadia, porque se constitui na negação de alteridade, na negação do outro. Ele também acrescenta que “A vitória é um fenômeno cultural que se constitui na derrota do outro.” (MATURANA, 21:1998).

Em contrapartida, para Morin (1995) e Dias (2004), surgiram associações e partidos ecológicos, criou-se em 70 países Ministérios do Meio-Ambiente, Organismos Mundiais do Meio-Ambiente que surgiram em detrimento da conferência de Estocolmo em 1972. A ECO-RIO conseguiu reunir 175 países que demonstraram preocupações referentes ao Meio-Ambiente. Mendes e Nóbrega (2004) nos lembram que hoje sabemos que a origem do conhecimento depende da existência do mundo que por sua vez é inseparável de nosso corpo, de nossa linguagem e de nossa história social. Assim sendo o estudo do meio ambiente deve tratar do todo envolvido pelo homem, do todo ao redor. (MATURANA, 1998).

Uma visão consciente a respeito desse tema é evidenciada no filme de FC dirigido por Douglas Trumbull: A Corrida Silenciosa – Silent Running, EUA, (1972). Nele, o botânico Freeman Lowell (Bruce Dern) há três anos preservava, em nove enormes domos geodésicos flutuando em órbita de Júpiter, os únicos espécimes botânicos que restaram da Terra, transformada em concreto puro. Consciente da situação que estava em suas mãos, rebela-se contra seus dois companheiros, após receber a ordem da Terra que deveriam destruir as espécies restantes e voltar para casa. Fugindo em desespero para os anéis de Saturno com uma única nave restante, e tendo a esperança de que um dia a humanidade se arrependeria de seu ato insano, Freeman deixa programados dois robôs para que cuidem da floresta restante, possivelmente o único vestígio verde do sistema solar, quiçá da galáxia.

Já em 1972, Douglas Trumbull sensibilizou-se com o presente investindo em um filme que no mínimo tocou uma platéia desavisada sobre uma catástrofe eminente que ela mesma estaria providenciando aos poucos. Estamos em 2007 e essa visão apocalíptica de Trumbull ainda é uma possibilidade assustadora. Em pesquisa realizada durante o curso de mestrado (MACHADO, 2000), evidencio que esse filme vem sendo utilizado em sala de aula por vários professores de biologia e ciências como um demonstrativo do quão importante é a preservação do meio ambiente. Segundo Murray (2003), a importância da narrativa que está presente na FC, é reforçada como mecanismo cognitivo primário para a compreensão do mundo.

Essa consciência, que vem sendo buscada desde que o homem percebeu seu papel na natureza e o que vinha fazendo dela, é objeto de reflexão por parte de inúmeros pensadores. Pesquisadores que estão refletindo e percebendo que, mesmo com os projetos e gestões atuais, ainda estamos longe de alcançar o ideal. Como afirma Dias (2004), involuimos ética e espiritualmente. A necessidade de novos paradigmas para tentar resolver os problemas que são muitos e multiplicadores, urge. Pensadores como Morin e Prigogine tentam, a sua maneira, sugerir caminhos que podemos seguir. Os modelos insustentáveis vigentes nos obrigam a tentar encontrar modelos auto-sustentáveis, mas que exigem sacrifícios de todos. Sacrifícios esses compreendidos, mas não respeitáveis. Morim (1995) acrescenta que: “Homens de saber alheios à dialógica da complexidade não passam de gafanhotos - simpáticos, quando isolados; predadores, em bando.”A indústria continua a fabricar objetos de consumo em grande escala e muita poluição. Concebem filtros que, quando funcionam, apenas amenizam a situação. Meros paliativos. O futuro sem sustentação não garante mais nada. Não existem previsões seguras. Acrescentando-se a isso, ainda agrava-se a crise ambiental provocando mudanças indesejáveis.

Filmes distópicos de FC recentes, como Waterworld - o segredo das águas, USA, (1995) de Kevin Reynolds e O Mensageiro – The Postman, USA, (1997), de Kevin Costner, ambos estrelados por esse último, evidenciam mundos pós-apocalípticos onde é difícil sobreviver. O primeiro passa-se após o degelo, conseqüência do calor extremo provocado pelo aumento do “buraco” ocasionado pela poluição na camada de ozônio, que a humanidade não conseguiu reverter. Apesar da água ‘salgada’ abundante, água ‘potável’ e terra equivaliam aos metais preciosos de nossa era. A conscientização de que o homem precisa tomar providencias fica evidente nessa película, mal recebida pela crítica cinematográfica. O segundo filme, não menos importante, passa-se após a 3ª Guerra Mundial. Poucos grupos de homens sobreviveram e os que restaram não conseguem se comunicar. A mata Atlântica sobrevive e acaba servindo de obstáculo para as poucas aldeias existentes, onde residem grupos de assaltantes. O protagonista vivenciado por Costner acaba tendo um insight em meio a essa correria e reinventa o correio, utilizando para isso ele próprio e um cavalo. Procurava atravessar os campos e matas levando cartas de uma aldeia a outra tentando incentivar o retorno da comunicação entre os seus. Com o tempo a idéia contagia e várias pessoas acabam ingressando na nova missão, pois descobrem que a comunicação é um importante atributo para a sobrevivência da humanidade, mesmo em um mundo aparentemente sem esperanças.

Vivemos de projeções quanto ao devir que provocam angústias em relação ao nosso futuro e ao de nossos descendentes. É preciso “pensar o futuro sem abandonar o presente.” (MORIN, 12:1995). Este artigo pretende mostrar que a FC, com a multiplicidade de visões futuras que a caracteriza, pode auxiliar o educador a desenvolver criticamente, com seus alunos, assuntos de meio ambiente tão necessário em nossos dias, pois gostemos ou não, ainda estamos na idade de ferro planetária (MORIN, 1995).



FILMES DE FICÇÃO CIENTÍFICA COMO MEDIADORES DE CONCEITOS RELATIVOS AO MEIO-AMBIENTE



Na contemporaneidade a FC é o gênero de filmes mais procurado pelos adolescentes e pela população em geral. Basta checarmos as pesquisas de mercado. Essa busca é resultado, por um lado, da avançada tecnologia que Hollywood vem empregando cada vez mais em seus produtos cinematográficos e televisivos e, por outro, da intensa fascinação que narrativas sobre o futuro exercem, principalmente, sobre os jovens. São os filmes de FC que costumam ter mais sucesso na bilheteria ou uma audiência maior e são também os mais comentados pela mídia, devido, em grande parte, aos efeitos especiais.

Alguns pensadores acreditam que a vida, em seu contexto mais elevado, possivelmente seja uma característica particular e privilegiada de nosso planeta. Por outro lado, outros, como Morin, pensam que ela pulula pelo cosmos. De qualquer forma, isso não a desmerece em absoluto, pelo contrário, deve ser preservada e respeitada. “Existe a elevadíssima probabilidade de que, num universo de bilhões e bilhões de astros, haja milhões de planetas análogos a Terra, portanto, a probabilidade de existência de seres vivos em outras regiões do cosmos.” (idem, 53:1995). O planeta não é nosso, mas sim nossa moradia. Não somos proprietários, apenas locatários e, como tal, devemos cuidar de nosso “quintal” pois é apenas esse que temos. Não se pode mais separar homem, natureza, vida, cosmos. Terra, um pequeno cesto de lixo cósmico, transformado em nosso jardim e, assim sendo, rara, frágil e preciosa. Viver fora da biosfera é praticamente impossível. Se um dia formos para o espaço, como pareçe ser inevitável devido ao crescimento populacional desenfreado da humanidade , teremos que dar um jeito de levar junto conosco o ar que respiramos, o verde que fabrica o ar e o alimento que nos sustenta. “Nenhum ser vivo, mesmo humano pode libertar-se da biosfera.” (ibidem, 55:1995). Essa afirmação é muito bem trabalhada, mostrando os dois lados da moeda, no filme já citado A Corrida Silenciosa - Silent Running (1972).

Morin também nos adverte que não conhecemos todo tipo de vida que possa existir no universo e que pode inclusive, nesse momento, haver alguma forma de vida desconhecida ao nosso redor: “não se pode descartar uma terceira hipótese; talvez haja no universo, organizações muito complexas, dotadas de propriedades, de autonomia, de inteligência e até de pensamento, mas que não estariam fundadas numa organização núcleo-protéica e que seriam (atualmente? para sempre?) inacessíveis à nossa percepção e a nosso entendimento” (ibidem, 54:1995). Ora, a FC formulou essa hipótese há muito tempo: a idéia de que podem haver seres vivos completamente diferentes do ser humano, baseados em silício, hidrogênio e até em elementos desconhecidos para nossa ciência. As séries Jornada nas Estrelas (1966-2001), Babylon 5 (1994-1998), de J. Michael Straczynski, Stargate - SG1, CAN/USA, (1997) de Mario Azzopardi e Dennis Berry e Stargate - Atlantis, CAN/USA, (2004), de Brad Wrighte Robert C. Cooper, são quatro bons exemplos que ilustram essas hipóteses. Elas falam da possibilidade de virmos a conviver, em um futuro relativamente próximo, com espécies biológica e culturalmente muito distintas de nós.

Segundo Morin (1995), a superação de nossas cegueiras ego-etnocêntricas ou ideológicas só desaparecerá quando alcançarmos o desenvolvimento correlato da compaixão do coração, do humanismo de espírito, do verdadeiro universalismo e principalmente do respeito às diferenças. O preconceito e o racismo ainda prevalecem no ser humano. Homem bicho/bicho homem, a noção de homem se desfez em fragmentos e o estruturalismo pensou poder eliminar esse “fantasma irrisório”.

O episódio Os Filhos de Platão - Plato's Stepchildren, (1968), de David Alexander, da série clássica de Jornada nas Estrelas exibia, há mais de 40 anos, mostra o primeiro beijo inter-racial da história da televisão. A série não só propugnava a convivência entre diferentes, em plena década de 1960, como fazia questão de mostrar que a tripulação da Enterprise era composta de representantes de países terrestres que naquele momento (Guerra Fria) estavam em conflito. Além dos norte-americanos e, naturalmente de alienígenas como o vulcano Sr. Spock, existiam tripulantes de diferentes países e continentes da Terra, como Japão, Rússia, Escócia e África.

Atualmente está em evidência falar e escrever sobre “desenvolvimento sustentável”, mas cria-se um dilema, um contra-ponto, pois “põe em dialógica a idéia de desenvolvimento, que comporta aumento das poluições, e a idéia de meio-ambiente, que requer limitação das poluições”(ibidem, 74:1995). Buscar um desenvolvimento sem poluição seria uma alternativa lógica que já vem sendo pesquisada em vários países, inclusive no Brasil. O engenheiro curitibano Emilio Hoffmann Neto, publicou em 2005, seu livro Hidrogênio: evoluir sem poluir, que aponta várias formas de utilizarmos o hidrogênio como forma alternativa para soluções de problemas ambientais. Na introdução de sua obra ele lança mão de um conto de FC para descrever como seria, em sua imaginação, nosso planeta com o uso desse elemento químico. Seria uma utopia social?

Enquanto a utopia de Platão nos leva a imaginar apenas um tipo de sociedade, o pluralismo encontrado na FC, devido à enorme quantidade de livros e filmes do gênero, nos permite pensar em múltiplas possibilidades e nos proporciona visões mais plurais e pormenorizadas de futuros possíveis. Apesar de ser constantemente associada ao futuro, a FC é acima de tudo uma análise do presente. Um bom exemplo disso vem de 1969, quando Solaris foi exibido nas telas de cinema, pela maestria do diretor soviético Andrei Tarkovsky. Bressand e Distler (1989) recordam que o cineasta, desprezando o habitual cenário eletrônico, apresenta em Solaris um futuro pleno de nostalgia que nos conduz à contemporaneidade. O filme sempre expõe o telespectador através do protagonista a situações e problemas do cotidiano, situações que muitas vezes podem gerar conflitos e angústias, como a relação entre pais e filhos, problemas entre casais, imaturidades sexuais e até aberrações contidas. Tudo isso é visto no filme através dos desejos inconscientes materializados pelo planeta Solaris, na verdade uma entidade viva, que ao contrário do que possa parecer para alguns, só queria realizar um tipo de contato, o seu tipo de contato. “O oceano de Solaris é bem, portanto, o símbolo simultaneamente de uma perdição possível e de uma superação imaginável.” (BRESSAND e DISTLER, 35:1989). Devemos, pois, superar as dificuldades e a imaginação contida na FC, é um bom instrumento.

A evolução tecnológica dicotomicamente diferente da do homem acaba por trazer preocupações com o futuro. Esse tema também está presente na FC distópica, como se vê em Passageiro do Futuro - LawnmowerMan (1992), de Brett Leonard, onde a tecnologia representa diversão e, ao mesmo tempo, ditadura. Um deficiente mental é requisitado para uma experiência “não oficial” em um projeto de desenvolvimento mental, proporcionado através de jogos virtuais para computador. O experimento não apenas dá certo como se sobrepuja ao lançar a mente do protagonista para as linhas telefônicas e para a Internet. De dominado para dominador.

Mas não é apenas neste texto fílmico que observamos essa realidade. Em nossos dias, foi lançada pelos japoneses, mais precisamente em outubro de 1981, uma expedição para “a criação do computador que converse em linguagem natural com seu utilizador e que seja capaz de efetuar deduções e de dirigir o seu próprio processo de aprendizagem, coisas que até agora se consideravam apanágio do homem” (idem, 51:1989). Ora, se o homem ainda não se entende, quem dirá com as máquinas que estão surgindo. A premissa de que o Fantasma da Máquina está presente, cada vez está mais próxima. E é exatamente disso que trata o filme Matrix, (1999) dos irmãos Andy e Larry Wachowski, onde o homem se transformou em um tipo de pilha ou bateria para alimentação de máquinas dominadoras que, em troca, proporcionam ao homem uma “liberdade” virtual, uma fantasia de vida real. Em paralelo a nossa realidade, atualmente existem jogos virtuais denominados Second Life, que estão, aos poucos, virando febre ao redor do mundo.

Segundo Morin (1995), após a Segunda Grande Guerra surgiram grandes esperanças progressistas. Um futuro utópico era aguardado pela população. O futuro radioso naufragou na carona da revolução socialista, no sistema totalitário na Rússia e nas guerras da Coréia e do Vietnã.

Nesse período, a FC de George Orwel 1984, escrito em 1948, e Admirável Mundo Novo (1931) , de Aldoux Huxley parecem explicitar o sentimento de que o sonho acabou. O futuro seria negativo e aterrador. A ciência tornaria os governos totalitários e dominadores, uma população engendrada geneticamente seria subserviente e melancólica. Sem dúvida esses contos eram um alerta para a humanidade de que poderia estar por vir se nada fosse feito para mudar o curso da história.

As solidariedades locais, que funcionavam muito bem, estão, gradativamente, desaparecendo entre as sociedades. Os políticos, não conseguem incorporar em seus programas os problemas da civilização que se tornam políticos. O que se vê são paliativos ou remediações na tentativa de resolver as dificuldades sociais locais. Partidos e candidatos prometem, e até cumprem parcialmente, a realização de projetos sociais destinados a solucionar problemas como fome, moradia, desemprego, mas apaziguam a situação apenas momentaneamente. Não atingem a raiz do problema. “A racionalidade fechada produz irracionalidade”, diz Morin (95:1995). O desvio do rio São Francisco, persistido pelo governo atual, é um exemplo do que explanamos aqui. Os seres humanos continuam insistindo em querer dominar a natureza, esquecendo-se de que faz parte dela: “O homem transformou a Terra, domesticou suas superfícies, vegetais, tornou-se senhor de seus animais. Mas não é o senhor do mundo, nem mesmo da Terra.” Seus poderes técnicos, seu pensamento, sua consciência devem doravante ser destinados, não a dominar, mas a arrumar, melhorar, compreender. (Morin, 1998).

Em concomitância com esse pensador encontramos pensamentos semelhantes na obra de Maturana e algumas sugestões alternativas:



“Uma educação que nos leve a atuar na conservação da natureza, a entendê-la, para viver com ela e nela, sem pretender dominá-la, uma educação que nos permita viver na responsabilidade individual e social, que afaste o abuso e traga consigo a colaboração na criação de um projeto nacional em que o abuso e a pobreza sejam erros que se possam e se queiram corrigir”. (MATURANA, 35:1998).



A tecnologia atual poderia resolver verdadeiramente problemas como erradicação da fome e desenvolver uma educação para a complexidade, mas isso ainda não se verificou. Recorro novamente à série Jornada nas Estrelas-Nova Geração (1987) que, no episódio A Zona Neutra - The Neutral Zone, de James L. Conway, evidencia uma sociedade livre de preceitos capitalistas onde não existe mais a posse material e o dinheiro. Todos trabalham solidariamente para melhorar a sociedade, não lhes faltando moradia ou comida. A exploração do conhecimento é a filosofia do homo-futurus seria uma utopia inalcançável?

Morin (1995) acredita que existe uma extrema variedade de possíveis roteiros futuros; não existe apenas um ou alguns poucos caminhos como se acreditava antes. Isso é perfeitamente demonstrado na série Sliders (1995), cujos protagonistas viajam a cada episódio para Terras paralelas onde existem infinitas possibilidades de vida em um mesmo período de tempo. “Histórias multiformes podem ajudar-nos a perceber causas complexas de acontecimentos complexos, assim como imaginar diferentes desfechos para uma mesma situação” (MURRAY, 10:2003).

A série Sliders, em vários episódios, bem como muitas outras séries de FC, nos demonstram como os hábitos são difíceis de se modificar. Alertando-nos para isso, Maturana (1998) nos lembra que quando ingressamos uma criança em um colégio as interações com o ambiente em que ela está é que irão formar seus hábitos. Portanto, de acordo com a escolha dos pais, o professor e o educador têm uma enorme responsabilidade em suas mãos: estão influenciando a educação e o futuro de várias gerações, estão atuando como moldadores do futuro. Nesse contexto, trabalhar com diferentes pontos de vista futuros, pode ampliar reflexões sobre o presente.



EXISTEM SOLUÇÕES?



De acordo com Morin (1995), o tempo alterou-se devido a tecnologia civilizatória e dessa forma necessitamos literalmente desacelerar a marcha para chegarmos a um outro futuro.

O consumo vira histeria para os ricos. Procuram a bibelomania pensando apenas no aqui e agora, o turismo não procura relações pessoais, mas apenas folclores e monumentos. Morin (1995) nos alerta ainda para a seguinte questão: “Nossa civilização marcha para sua autodestruição ou sua metamorfose?” (MORIN, 92:1995).

Ele aposta na metamorfose, pois acredita que a esperança e a solução para os problemas da humanidade residem no verdadeiro amor. Maturana (1998) concorda com Morin a esse respeito. Ambos acreditam que o Amor seja a resposta primordial que mobiliza a solidariedade. Mas Maturana acrescenta: “prega-se o amor, mas ninguém sabe em que ele consiste porque não se vêem as ações que o constituem, e se olha para ele como a expressão de um sentir. Ensina-se a desejar a justiça, mas os adultos vivem na falsidade.” (MATURANA, 36:1998). Contradições à parte, o homem ainda tem muito que aprender, sem dúvida. O problema é que nossa tecnologia está evoluindo muito rápido e nós estamos apenas engatinhando na condição de compreendê-la e poder usá-la de forma inteligente. A desigualdade dessa evolução é tão evidente que tememos por nós mesmos. É como uma criança no berço com uma arma na mão. O perigo espreita constantemente.

Em contrapartida música, cinema, danças, jogos e brinquedos atravessam fronteiras levando a memória de quem os criou além de sua própria morte. (MENDES e NÓBREGA, 2004). É a verdadeira imortalidade através de seus feitos e não através de sua ganância, como nos lembra Hannah Arendt (2004). Além disso, a autora de Condição Humana, também afirma o que a biologia atualmente nos demonstra, que temos “tudo” dentro de nós. Essa afirmação é reforçada pelo filósofo Leandro Konder (42:2005), parafraseando os Ensaios de Montaigne: “cada indivíduo traz com ele, inteira, a condição humana”.

O Homo occidentalis de Morin, até a metade do século passado, era ignorante de que trazia toda a história do cosmo (identidade terrestre e cósmica) dentro de si. O filme Viagens Alucinantes – Altered States, USA (1980), de Ken Russell, demonstra didaticamente muito bem esse conceito quando o protagonista, após ter sido cobaia de sua própria experiência, viaja, literalmente, para dentro de sua mente, para o princípio da história da humanidade e da criação, quase que se obscurecendo totalmente. O cientista do filme, como muitos em nossa realidade, insistia em analisar a origem do homem apenas pela razão e pela práxis. Finalmente percebeu que as emoções, no caso, o amor, era que o salvaria.

Para Maturana “as emoções dominam a razão. Todo sistema racional se constitui no operar com premissas aceitas, a partir de uma certa emoção.(…) Conhecer as emoções do outro permite conhecer suas ações” (MATURANA, 16 e 23:1998). A série Jornada nas Estrelas-Nova Geração, através de seu personagem Data, expressa muito bem essa idéia da emoção por trás da razão. Data é um andróide sofisticado, análogo fisicamente com o ser humano, que é movido integralmente pela razão mas busca, constantemente, compreender os sentimentos humanos a ponto de receber um chip de emoções, pois só assim, no caso dele, isso seria possível. A busca frenética e utópica de Data por emoções humanas nos faz ponderar o quanto os sentimentos são importantes em nossas ações e na tomada de decisões. Antes de receber o chip, muitas vezes Data realiza algumas funções sem compreender o por quê de estar fazendo aquilo, precisamente por lhe faltar emoções. O fato de Data não entender o sentido das emoções e dessa forma não conseguir reproduzi-las como os humanos a compreendem (como as artes por exemplo), nos alerta como recorda Maturana (1998), para o quão eles são importantes em nossas ações e conseqüentemente em nossas vidas.



PLANETA SOB CONTROLE



O homem é guiado pela idéia de controle, o que acarreta a exclusão do outro. Além disso, como adverte Maturana (1998), “estamos imersos na idéia de que temos que controlar a natureza, porque cremos que o conhecimento permite o controle”. Na FC vemos constantemente essa crença sendo contestada. Os filmes que melhor exemplificam essa contestação são Impacto Profundo – Deep Impact, USA, (1998), de Mimi Leder, onde o ‘impacto’ não é apenas na natureza, mas no ego humano, que pensa ser dono e proprietário da natureza. Impotente perante uma ameaça de um asteróide gigantesco, um grupo seleto de pessoas é obrigado a esconder-se nas profundezas da terra, deixando, em sua hipocrisia, a maioria dos seres humanos do lado de fora, sob a alegação de que a humanidade precisava sobreviver. O Dia depois de Amanhã – The Day After Tomorrow, USA, (2004), de Roland Emmerich, é outro filme exemplar em demonstrar a arrogância do homem perante as forças da natureza. Um climatologista tenta alertar os governantes do planeta de que a Terra poderia estar prestes a extinguir-se como a conhecemos, em uma Nova Era Glacial, em conseqüência do derretimento da calota polar, por causa do buraco de ozônio mas, é ignorado. Tornados arrasam Los Angeles; um maremoto submerge Nova York e todo o hemisfério norte começa a congelar. O inimigo, neste caso, é imbatível, a própria natureza! Já o acolhimento dos sobreviventes do hemisfério norte pela população do hemisfério sul, é um interessante exemplo de alteridade e solidariedade que emergem como contrapartida a um futuro trágico.

A aceitação do outro é relevante, pois “se não tenho imaginação para incorporar aqueles japoneses [vítimas de Hiroshima e Nagazaki] no meu mundo, aceitando-os como legítimos outros na convivência, não posso preocupar-me com o que lhes acontece como conseqüência de meus atos”(idem, 73:1998).





USANDO FILMES DE FC NA ESCOLA



Usar trechos específicos dos filmes mencionados nesse texto bem, como de outros, que podem ser pesquisados pelo professor, seria o mais recomendado. Um trecho do início da obra cinematográfica Blade Runner, por exemplo, pode permitir ao educador explanar sobre nuvens, chuva ácida e poluição. Também podem ser explorados o conceito de superpopulação a inexistência de animais domésticos num futuro relativamente próximo. Narrativas fílmicas exercem uma forte atração sobre crianças e adolescentes e a presença delas em contextos de ensino pode contribuir para despertar o interesse por temáticas complexas e de difícil compreensão. Para uma edição “doméstica”, o professor interessado pode realizar sua fita matriz utilizando dois aparelhos de vídeo-cassete, ou, se for o caso, um computador potente que contenha placa de captura de vídeo e um gravador de DVD. Como nem todos têm acesso ao conhecimento da edição de imagens, recomenda-se a procura de profissionais da área e/ou produtoras de vídeo. O custo benefício acaba compensando, visto que as fitas (ou DVDs) editados poderão ser reutilizados em várias aulas. A maneira como serão utilizadas as imagens e a forma como o professor ministrará sua aula, poderá constantemente ser modificada de acordo com seu programa, seus objetivos e o tema em debate.

Os episódios de seriados de tevê não necessitam edição, pois costumam ser mais curtos, em comparação ao filmes feitos para cinema, tendo em geral de 45 a 50 minutos de duração. Eles também seriam uma forma adequada para discutir conceitos relativos a conteúdos específicos sobre o meio-ambiente. Alguns exemplos de episódios de várias séries foram citados nesse artigo e muitos outros podem ser encontrados e pesquisados pelo professor interessado. Muitas dessas séries estão entrando no mercado brasileiro e basta ficarmos alertas para seus lançamentos.

Vale lembrar que filmes não são meros instrumentos didáticos. Eles têm uma história, um contexto de produção e diferenças estéticas e narrativas que precisam ser mencionados quando da exibição deles em contextos de ensino. Filmes de ficção científica têm uma magia e um encanto muito próprios, são calcados na fantasia e estimulam a imaginação e a criatividade. Não devem, portanto, ser tomados exclusivamente como recurso para trabalhar um certo conteúdo curricular. O cinema é uma forma de arte e deve ser visto e apresentado como tal.





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