quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Grande Extinção e o aquecimento



São Paulo, domingo, 22 de julho de 2012Ciência + Saúde

Marcelo Gleiser

Obviamente não estamos no período Permiano, mas a lição do passado sobre a mudança ambiental é clara

A extinção em massa mais famosa da história do nosso planeta é, sem dúvida, a que acabou com os dinossauros e cerca de 50% da vida na Terra, em torno de 65 milhões de anos atrás. O principal culpado, ao que tudo indica, foi um asteroide de 10 km de diâmetro que caiu na península de Yucatán, no México.
Mas essa catástrofe mal se compara à Grande Extinção, que ocorreu cerca de 252 milhões de anos atrás, no final do Permiano.
Cientistas estimam que cerca de 95% de todas as espécies marinhas, e uma fração desconhecida -mas provavelmente comparável- das espécies terrestres encontraram o seu fim em alguns milhões de anos, o que não passa de um piscar de olhos em termos geológicos.
Embora outro impacto de um objeto vindo do espaço tenha sido proposto como causa, pesquisa recente sugere que a mortandade se deveu à falta de oxigênio na água, acoplada a um excesso de gás carbônico, que aumentou a acidez e a temperatura do oceano. (Só havia um oceano na época.) Uma amplificação não linear desses efeitos aumentou os danos; esponjas e corais foram devastados.
Em um artigo recente para a revista científica "Annual Reviews of Earth and Planetary Sciences", Jonathan Payne, da Universidade Stanford, e Matthew Clapham, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, propõem que a catástrofe coincidiu com uma das maiores erupções vulcânicas da história e consequente dilúvio de basalto, que formou grande parte da Sibéria. Essa erupção lançou quantidades enormes de gases na atmosfera, comprometendo a química oceânica e causando uma mudança climática global incluindo, possivelmente, a destruição da camada de ozônio, o que explicaria a extinção das espécies terrestres. No estudo das mudanças climáticas do passado ou na que ocorre atualmente, a ligação entre a dinâmica dos oceanos e a da atmosfera é essencial.
Essa extinção serve de laboratório para o que anda ocorrendo hoje, quando quantidades muito elevadas de gás carbônico vêm sendo lançadas na atmosfera, causando a rápida acidificação e aquecimento dos oceanos. Em 1996, Andrew Knoll, um geólogo da Universidade de Harvard, sugeriu que o aumento da concentração de CO2 na atmosfera teve consequências severas para a vida marinha no período Permiano. "Hoje, nós humanos somos tão ou mais eficazes do que os vulcões permianos no ato de despejar gás carbônico na atmosfera", disse Knoll à repórter Alanna Mitchell, do "New York Times".
Obviamente, não estamos no período Permiano, quando a Terra era muito diferente do que é hoje. Por exemplo, existia apenas um continente, Pangeia, e a química oceânica era bem diferente. Porém, a lição é bastante clara, para aqueles que se dispõem a escutá-la: o aumento da concentração de CO2 na atmosfera causa a acidificação dos oceanos, tendo severas consequências para a vida marinha.
A grande diferença é que, agora, somos nós os culpados principais dessa transformação global. E somos nós, também, os únicos que têm a possibilidade de fazer algo para atenuar as mudanças que já ocorrem no nosso planeta. Ignorar as lições da história nos leva a repetir os erros do passado.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook: goo.gl/93dHI

Comida só para astronautas?


17/07/2012 - 12h22

Nasa começa a preparar cardápio de viagem a Marte



Em meio a um labirinto de corredores de um prédio construído na década de 1950 e que abrigou pesquisas do início da exploração espacial americana, um grupo de cientistas vestidos de jaleco branco cozinha, mistura, mede e, mais importante, experimenta o resultado dessa culinária.
A missão deles: elaborar um cardápio para uma possível viagem a Marte, planejada para os idos de 2030.
O menu deve alimentar entre seis e oito astronautas, mantendo o grupo saudável e feliz, além de também oferecer uma ampla variedade de alimentos. Uma tarefa que não é simples, considerando que a missão levará seis meses só para chegar ao planeta vermelho.
Michael Stravato/Associated Press
A cienitsta Maya Cooper mostra uma pizza vegetariana deselvolvida pela equipe, uma das opções de alimentação proposta à Nasa para os astronautas viajando a Marte
A cienitsta Maya Cooper mostra uma pizza vegetariana deselvolvida pela equipe, uma das opções de alimentação proposta à Nasa para os astronautas viajando a Marte
Depois, os astronautas ainda devem ficar mais 18 meses por lá, antes de, finalmente, encararem os seis meses da viagem de retorno à Terra.
O tamanho do desafio? É só imaginar uma família tendo que fazer todas as suas compras de alimentação de uma vez só, tendo o suficiente para preparar todas as suas refeições para um período de três anos.
"Marte é diferente disso apenas porque está muito longe", disse Maya Cooper, pesquisadora sênior do Lockheed Martin que está conduzindo os esforços para criar o cardápio.
"Nós não temos a opção de enviar um veículo com mais comida a cada seis meses, como nós fazemos na Estação Espacial internacional), diz ela.
Os astronautas que viajam à ISS tem uma grande variedade de alimentos disponíveis. São mais de cem opções diferentes. Quase tudo é pré-cozido e liofilizado (uma técnica especial de desidratação), tendo uma vida útil de pelo menos dois anos. E, apesar da tripulação poder experimentar e aprovar a comida ainda na Terra, a microgravidade faz com que a percepção de cheiro e sabor fique prejudicada. ou seja, a comida é sem graça.
Em Marte, no entanto, há um pouco de gravidade, permitindo à Nasa considerar mudanças significativas no atual cardápio espacial. E é aí que a equipe de Cooper entra,
Viajar a Marte abre a possibilidade de que os astronautas consigam fazer coisas como cortar vegetais e até cozinhar um pouco por conta própria. Muito embora os níveis de pressão sejam diferentes dos da Terra, os cientistas acreditam que será possível até ferver a água em uma panela de pressão.
Uma das opções que Cooper e seus companheiros estão considerando é que os astronautas cuidem de uma "estufa marciana". Eles teriam uma variedade de frutas e vegetais --desde cenouras a pimentões-- em uma solução hidropônica, significando que as plantas seriam cultivadas em uma solução nutritiva de água, e não em vasinhos com terra.
A tripulação iria cuidar desse jardim e então usar esses ingredientes, combinados a outros --como castanhas e temperos levados da Terra-- para fazer suas próprias refeições.
"Esse cardápio é positivo porque permite que os astronautas realmente tenham plantas vivas e cultivadas, o que permite uma entrega de nutrientes otimizada com frutas frescas e vegetais. E isso permite que eles tenham liberdade de escolha sobre o que eles cozinharão para se alimentar, porque a comida não está pré-cozida em uma receita específica", disse Cooper.
A maior prioridade é garantir que os astronautas consigam a quantidade correta de nutrientes, calorias minerais para manter a a saúde física e sua capacidade de performance na missão, avalia a cientista.
O cardápio também deve garantir a saúde psicológica do grupo, considerando que estudos demonstraram que o consumo de certos alimentos --como bolo de carne com purê de batatas ou peru no dia de Ação de Graças-- melhora o humor das pessoas e lhes dá satisfação.
Essa "conexão com o lar" será crucial para os astronautas na missão para Marte, e já existem dois estudos acadêmicos em andamento querendo analisar mais fundo a conexão entre humor e a comida. Além disso, diz Cooper, a deficiência de certas vitaminas e minerais também pode prejudicar o cérebro.
O time da cientista já desenvolveu cerca de cem receitas, todas vegetarianas, uma vez que os astronautas não terão leite ou carne à disposição. Não é possível preservar esse produtos por tempo suficiente para a viagem à Marte. "E levar uma vaca na nave não é uma opção", brinca a cientista.
Michael Stravato/Associated Press
A comida desidratata que atualmente é usada para as missões de seis messes na Estação Espacial Internacional
A comida desidratata que atualmente é usada para as missões de seis messes na Estação Espacial Internacional
Para garantir que a dieta vegetariana contenha a quantidade certa de proteínas, os pesquisadores estão elaborando uma variedade de pratos que incluem tofu e castanhas, incluindo uma pizza tailandesa, que não tem queijo, mas é coberta com cenouras, pimentões vermelhos, cogumelos, cebolinha, amendoim e um molho caseiro que tem um toque apimentado.
Para manter o cardápio funcionando, e tirar o maior proveito de qualquer pesquisa sobre a sustentabilidade da alimentação em Marte, é possível que a Nasa escolha apenas um astronauta para se dedicar à preparação dos alimentos.
O tempo que as pessoas no planejamento da missão vão querer que seja gasto na preparação dos alimentos, porém, permanece incerto. E, por isso, Cooper está preparando um cardápio alternativo, com refeições pré-embaladas, como já é feito para as missões de seis meses na ISS, mas com uma vida útil de cinco anos.
A ideia é combinar ambas as opções.
Um dos maiores obstáculos no momento são os possíveis cortes orçamentários. O presidente Barack Obama cortou, no orçamento proposto em fevereiro, uma missão robótica a Marte conjunta entre os EUA e a Europa. O restante do orçamento da Nasa também foi reduzido.
Michele Perchonok, cientista de alimentação da Nasa, afirma que cerca de US$ 1 milhão é gasto por ano, em média, na pesquisa e elaboração do cardápio da missão a Marte.
A viagem ao planeta vermelho é importante porque fará aos cientistas a chance de realizar pesquisas únicas em todos os aspectos. Desde procurar novas formas de vida até buscar as origens da vida na Terra. Ela também permitirá que os cientista da alimentação examinem questões como a sustentabilidade. "Como nós sustentamos uma tripulação reciclando 100% de tudo por dois anos e meio?", pergunta Perchonok,
Mas, antes de tudo: nada disso acontecerá sem comida.

Maior parte dos municípios brasileiros não tem Plano de Gestão de Resíduos Sólidos



Postado em 23/07/2012 às 09h02

São necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário até 2014. | Foto: Agência Brasil
A maior parte dos estados e municípios brasileiros ainda não elaborou seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, apesar de o prazo para concluir o projeto – que deve indicar como será feito o manejo do lixo em cada localidade – estar próximo do fim. A partir de dois de agosto, a cidade que não tiver o planejamento fica impedida de solicitar recursos federais para limpeza urbana. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, até o momento houve apenas 47 pedidos de verba para construção dos planos, entre solicitações de administrações municipais e estaduais.
Como não é obrigatório pedir auxílio da União para elaborar os planejamentos, pode haver projetos em curso dos quais o ministério não tenha ciência. Mas a avaliação do órgão é a de que o interesse pela criação dos planos de gestão é baixo, mesmo que se leve em conta estados e municípios atuando por conta própria. “O pessoal tinha outras demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria não elaborou [o projeto]”, diz Saburo Takahashi, gerente de projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
As cidades e unidades da Federação tiveram dois anos para construir seus planos de manejo de resíduos, cuja criação está prevista na Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. As consequências do pouco comprometimento com a exigência federal poderão ser sentidas cedo por estados e municípios. “De acordo com a legislação, até 2014 devem ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz da noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não vão poder solicitar recursos para fazer isso”, destaca Takahashi.
O represente do ministério reconhece, porém, que a verba disponível para ajudar municípios e unidades da Federação a elaborar os planos é escassa. No ano passado, houve destinação de R$ 42 milhões para essa finalidade, dos quais R$ 36 milhões foram usados. Este ano não foi disponibilizado dinheiro, e o governo federal limitou-se a liberar os R$ 6 milhões que não haviam sido executados em 2011.
Saburo Takahashi ressalta, no entanto, que o ministério redigiu um manual de orientação para ajudar prefeitos e governadores na elaboração do plano, disponível no site do órgão. Além disso, a pasta firmou convênio com a e-Clay, instituição de educação a distância que pode treinar gratuitamente gestores para a criação do plano de manejo.
A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), considera positiva a capacitação a distância, mas acredita que para tornar a gestão de resíduos uma realidade é preciso mais divulgação desse instrumento, além da conscientização sobre a importância do manejo do lixo. “Tem que haver propaganda, um incentivo para as pessoas fazerem isso [o curso]”, opina. Elaine acredita que a dificuldade para introdução de políticas de manejo – como reciclagem e criação de aterros sanitários – atinge sobretudo os municípios pequenos, com até 20 mil habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas pequenas prefeituras”, destaca.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Zianesi Netto, também avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns [Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental você aumenta os custos”, afirma.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama da falta de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da Lei n°12.305. Segundo ele, são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário, até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de todos os municípios do país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a lei”, disse. De acordo com ele, a estimativa da CNM é que mais de 50% das cidades brasileiras ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos.
Por Mariana Branco - Agência Brasil
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Quadras de parques têm piso desgastado e trave sem rede


23/07/2012

http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u1124249.shtml

Paula Felix
do Agora

As quadras poliesportivas dos parques municipais lotam nos finais de semana e são uma opção de passeio para o período de férias, mas a maioria delas não está com a manutenção em dia.
Entre segunda e quarta-feira da semana passada, o Vigilante Agora visitou quadras de 16 parques das cinco regiões da cidade e encontrou problemas como pintura desgastada, traves sem rede, tabelas de basquete sem aro e piso áspero.
Uma das duas quadras do parque Raul Seixas, em Itaquera (zona leste de SP), está interditada.
Ela está com o piso bastante desgastado, sofre com buracos e metade da quadra está sem pintura.

Resposta
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que os problemas apontados pela reportagem já estão na "agenda de atendimento do setor de manutenção" e que todos os parques passam por manutenções periódicas.
Sobre a quadra interditada no parque Raul Seixas, em Itaquera (zona leste de SP), a pasta disse que a reforma está em processo de licitação, mas não informou o prazo de conclusão das obras.
Em relação à informação disponível no site de que o parque linear Itaim, também na zona leste, tinha quadras poliesportivas, quando, na verdade, ele tem quadras de saibro, a secretaria informou que as quadras são de saibro e que "a informação já foi corrigida no site".
A pasta disse ainda que a atenção das equipes de segurança é reforçada pela administração dos parques para evitar vandalismo.