A Sala de Emprego desta segunda-feira (13) fala sobre três áreas que devem gerar muitas vagas nos próximos anos: saúde, tecnologia e infraestrutura. Os profissionais dessas áreas precisam ter o curso superior, que pode ser até de outra área, mas ele vai ter que se especializar para poder se dar bem. As três áreas oferecem vagas, o problema é achar profissionais capacitados para exercer as funções.
O trabalho da Mayra Tofanetto é ajudar na administração de um asilo em São Paulo. Ela conversa, auxilia nas atividades, dá carinho aos idosos. Ela é uma gerontóloga. “A gente precisa de conhecimento técnico para trabalhar com esses idosos, para que possa atuar nos serviços, na gestão de serviços com idosos”, afirma.
Com o crescimento da expectativa de vida, o profissional dedicado à população idosa vai ser cada vez mais procurado no Brasil. A Universidade de São Paulo foi a primeira do Brasil a criar o curso de gerontologia, em 2005. “O nosso profissional pode atuar em três grandes áreas, porque ele consegue ter uma visão dos aspectos biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento”, explica Beatriz Ozello Gutierrez, professora do curso de gerontóloga.
Para o coordenador do Programa de Estudos do Futuro da USP, James Wright, saúde, infraestrutura e tecnologia são as áreas que mais vão ter que formar profissionais melhor capacitados. “Com a maturação da nossa população, já estamos no pleno emprego e o número de trabalhadores não vai crescer muito forte nas próximas décadas. Com isso, precisamos aumentar dramaticamente a produção de cada trabalhador. Significa trablhar melhor, produzir usando a automação usando intensamente tecnologia da informação, usando inteligência artificial produzir com inovação”.
Outra profissão de destaque, presente em filmes de ficção científica ou análises criminais, mas que estão muito presentes no nosso dia-a-dia, é o perito digital. Não há nada em eletrônica e tecnologia que eles não consigam abrir e analisar. Fraude bancária, invasão de computador, celular, imagens que para muita gente parecem perdidas, eles conseguem recuperar.
O perito digital precisa ter uma faculdade. “Como as áreas da ciência da tecnologia e da computação não são regulamentares como é a da medicina e a da engenharia, o profissional pode ter qualquer formação. O imprescindível é que ele tenha formação e domínio do assunto”.
Já a área de infraestrutura vai precisar de um profissional extremamente qualificado e que ainda não é muito conhecido: o especialista em resíduos. Para muita gente, conhecido como especialista em lixo.
Topógrafos, operadores de máquina e profissionais de várias áreas podem receber treinamento e se tornar especialistas em lixo. “Há sociólogos que trabalham como catadores, há engenheiros civis que fazem projetos de aterros sanitários, arquitetos, urbanistas, sanitaristas, há uma grande gama de profissionais para trabalhar na área desde que se preparem com a questão especifica dos resíduos”, afirma Maria Eugênia Boscov, especialista em geotecnia ambiental.
Rogério de Lima era ajudante geral, virou técnico de instrumentação e passou a ganhar 20% a mais. Com um equipamento chamado de piezômetro ele avalia o nível de chorume, o liquido que sai do lixo armazenado no aterro. “O geólogo ensinou para mim o básico e eu fui aprendendo. Hoje, tenho uma nova profissão”, comemora.
A compactação do lixo e o gás produzido debaixo da terra são monitorados pelo gestor de resíduos. Esta é a função do gestor de resíduos Clóvis Benvenuto, formado em engenharia ambiental. Ele faz relatórios mensais sobre a estabilidade do aterro e envia as informações aos órgãos de meio ambiente. “Hoje, nós temos no Brasil 5.570 municípios, na verdade, nós deveríamos ter pelo menos esse número de profissionais dedicados ao gerenciamento e a gestão do lixo”, analisa.
Essa é uma área onde o volume de trabalho só aumenta. Nos últimos 30 anos, o volume de lixo produzido no mundo cresceu três vezes mais que a população. No Brasil, são 160 mil toneladas por dia, quase um quilo por habitante, e faltam profissionais, principalmente para gerenciar os aterros sanitários.
A nova política de resíduos sólidos prevê que a partir de agosto todos os lixões devem ser eliminados dando lugar aos aterros para o tratamento correto. “A gente está falando de 60% a 70% de municípios que não têm disposição adequada. Tudo isso tem que ser construído e depois os locais que eram lixões vão ter que ser recuperados com o tempo, ou seja, uma demanda imensa nos próximos anos”.
Estevão Anselmo, consultor em gestão estratégica, participou de uma conversa no site do JH e respondeu dúvidas sobre o tema. Veja no vídeo ao lado.