quarta-feira, 18 de maio de 2011

Emergências Radiológicas...em Portugal!

Emergências Radiológicas 



Fonte: http://www.apambiente.pt/POLITICASAMBIENTE/EMERGENCIASRADIOLOGICAS/Paginas/default.aspx


As emergências radiológicas estão associadas a um vasto leque de cenários e a uma ampla magnitude de consequências de menor ou maior gravidade. As emergências desta natureza causam um impacto em larga escala na sociedade e os seus efeitos podem ir mais além do que o impacto local do evento, acabando por afectar sistemas indispensáveis para a manutenção do tecido social. No entanto a utilização de radiações ionizante nas actividades humanas é imprescindível, seja na medicina, na indústria ou na investigação.
A opção energética nacional não inclui o recurso a centrais nucleares e por isso a probabilidade de ocorrência de uma emergência radiológica que provoque consequências graves em grande parte do território nacional é bastante remota, no entanto, podem ocorrer outras emergências desta natureza, resultantes de outro tipo de fontes que não as centrais nucleares, com consequências diversas, em território nacional. Por outro lado, acidentes em instalações estrangeiras do ciclo nuclear representam um perigo real com efeitos que se podem fazer sentir a grandes distâncias.
Em Espanha estão em funcionamento 7 centrais nucleares, num total de 9 unidades, e outras instalações do ciclo de combustível nuclear, o que faz de Portugal um País "vizinho" e exige uma atenção cuidada para um potencial acidente nessas instalações.
Situações de emergência radiológica poderão também ocorrer, embora mais localizadas, devido à utilização de fontes radioactivas na medicina, indústria ou investigação, ou no transporte de substâncias radioactivas, sejam fontes para aplicações dos tipos anteriormente referidos, seja combustível nuclear utilizado no Reactor Português de Investigação (RPI) ou seja concentrado de urânio produzido nas nossas instalações mineiras, actualmente em fase de encerramento definitivo.
Melhorar a confiança nas decisões durante a gestão de emergência é um objectivo fundamental do processo de decisão. À medida que mais desastres ocorrem despertando a necessidade de novas tecnologias para lhes fazer face, também os desafios para a humanidade se tornam mais exigentes. Esta exigência implica uma necessidade de combinar características técnicas e organizacionais para produzir um conhecimento base que possa ser partilhado com os vários intervenientes, suportando as acções colectivas na resposta à emergência e permitindo uma optimização na reacção à mesma.  


Tipos de Emergências Radiológicas 

Perante uma situação de emergência radiológica, exige-se uma resposta rápida, bem coordenada a nível nacional, para diminuição das consequências.
A tipologia das várias situações possíveis é muito variada, mas no sentido de preparar a resposta mais adequada, elas podem ser agrupadas em cinco categorias tipo, conforme o que é adoptado pela própria Agência Internacional de Energia Atómica:
            1. emergências exclusivamente relacionadas com instalações nucleares;
            2. queda de satélite ou outro objecto espacial com uma fonte propulsora nuclear ou fontes radioactivas perigosas;
            3. desaparecimento de uma "fonte radioactiva perigosa";
            4. detecção de elevados níveis de radioactividade de origem desconhecida;
            5. outras emergências radiológicas ou ameaças, tais como acidente no transporte de substâncias radioactivas, descoberta de uma "fonte radioactiva perigosa", sobre-exposição séria de pacientes, e até actos de terrorismo de ataque a instalações nucleares ou ataque terrorista com bombas sujas.

No caso nacional, e no que se refere a emergências especificamente decorrentes de acidentes em instalações nucleares nacionais, apenas há a considerar o Reactor Português de Investigação (RPI). Mas é necessário ter em conta o risco de acidentes em centrais nucleares e instalações de reprocessamento de combustível estrangeiras, e ainda unidades navais estrangeiras com propulsão nuclear em território nacional.

O desaparecimento ou furto de fontes radioactivas é motivo para preocupação pois a sua utilização em condições não controladas pode causar sérios problemas, inclusive para além das fronteiras do País de que são originárias.
É exemplo disso, o acidente ocorrido no Brasil em 1987, conhecido como Acidente de Goiânia, um dos que mais graves consequências teve em toda a história da utilização pacífica do nuclear: causou a morte quase imediata de 4 pessoas; cerca de 280 pessoas receberam doses de radiação muito elevadas; 14 áreas em redor da cidade de Goiânia, capital do Estado de Goiás, foram contaminadas, embora na sua maior parte com níveis baixos de radiação, uma zona com cerca de 2.000 m2 na cidade, na qual ficavam 25 casas e 2 depósitos de sucata, teve que ser evacuada e demolida; os resíduos contaminados atingiram um volume de 3.000 m3 e o custo da sua remoção ultrapassou 2 milhões de dólares.
Este acidente foi provocado pela utilização indevida e totalmente desconhecedora dos perigos, de uma fonte de Césio-137 que fora utilizada em radioterapia para tratamento de cancro, e que ficou “esquecida” numa clínica entretanto abandonada. A extensão dos efeitos deveu-se certamente ao facto de que a fonte radioactiva, de cloreto de césio, ser uma sal que brilha no escuro com uma forte coloração azulada, que foi considerada “ideal” para efeitos de ornamentação, pelo que foi distribuída a amigos e parentes, alguns fora da cidade, chegando a ser utilizado directamente sobre o corpo para produzir efeitos brilhantes! Tudo num total desconhecimento do que se estava a manusear.
Se está interessado em saber um pouco mais sobre este acidente, existem vários documentos disponíveis sobre o assunto, ver links.
Um outro exemplo que, embora sem qualquer impacto significativo na saúde, provocou sérios prejuízos económicos devido à necessidade de descontaminação de vastas áreas, foi o incidente ocorrido em Espanha em 1998, provocado pela queima inadvertida de uma fonte radioactiva numa fundição em Algeciras.