A Prefeitura perguntou a 25 mil paulistanos como a cidade deve ser em 3 décadas. As respostas devem orientar políticas públicas
13 de janeiro de 2012 | 3h 02
FELIPE FRAZÃO - O Estado de S.Paulo
O maior desejo do paulistano para o futuro é ter uma cidade com transporte 
rápido e trânsito livre. E voltar a viver em harmonia com os rios que cortam a 
capital - sobretudo o Pinheiros e o Tietê. 
Pelo menos essas foram as duas prioridades mais votadas no questionário 
respondido por 25,3 mil pessoas, em consulta pública do projeto SP2040 - a 
cidade que queremos.
A consulta - uma etapa do plano de desenvolvimento urbano criado pela 
Prefeitura em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) - começou em 
setembro e teve os resultados divulgados ontem.
A pesquisa indica que os moradores de São Paulo querem um cidade fluida, 
principalmente quando se trata de mobilidade urbana (25%), sustentável (20%) e 
justa (15%). 
Deslocamento rápido. Os principais projetos desejados, que ajudariam a 
atingir tais objetivos, são a "cidade de 30 minutos" (20,1%) - em que o tempo 
médio de qualquer deslocamento dentro da capital duraria no máximo meia hora -, 
o "rios vivos" (19,9%), de revitalização dos córregos urbanos, e o "comunidades" 
(17%), de urbanização e acesso a cultura e lazer em qualquer ponto da cidade, 
inclusive favelas.
"Os rios vão ser recuperados mesmo, porque não é possível tirar toda a carga 
poluidora. Mas serão rios com uma boa cor na água, em alguns teremos vida. As 
pessoas querem que os rios voltem a ser parte da paisagem", diz o secretário de 
Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, para quem será primordial investir em 
transporte público de massa.
Futuro. Em 30 anos, o governo deveria ainda prover infraestrutura adequada 
(23%), recuperar a qualidade ambiental (21%) e aproximar moradia e emprego (21%) 
de quem vive na capital. 
O SP2040 prevê que um documento seja formalizado para orientar as políticas 
públicas municipais para que a cidade alcance os objetivos traçados agora. Mas, 
apesar de a aprovação do planejamento de longo prazo ser de 93%, somente 49% 
creem que ele se tornará realidade.
Para garantir que o plano seja seguido pelos próximos sete governos 
municipais, 22 entidades da sociedade civil, como o Movimento Defenda São Paulo, 
foram convocadas a integrar um conselho consultivo. 
"Essa questão (o cumprimento dos objetivos) está muito ligada ao engajamento 
da sociedade. O monitoramento é o que pode dar respaldo para que um plano de 30 
anos se torne realidade e direcione as transformações necessárias", diz Bucalem. 
"A apropriação do plano pela cidade é fundamental."
A pesquisa. A maior parte dos participantes respondeu ao questionário pela 
internet: foram 12.654 formulários preenchidos. Em seguida, vieram as respostas 
dadas em tablets distribuídos em pontos fixos da cidade. Também foram ouvidas 
pessoas em grandes aglomerações, como parques, terminais do Metrô e da CPTM, 
além de aeroportos e Centros Educacionais Unificados (CEUs).
Por região da cidade, a que teve maior participação de moradores engajados na 
consulta foi a zona leste, com 29%, seguida pela zonas sul, com 25%, e oeste, 
com 22%.
O perfil da pesquisa indica ainda que das mais de 25 mil pessoas, 43% tinham 
curso superior completo e 33% eram pós-graduadas. Apenas 1% tinha somente o 
Ensino Fundamental.
 
