Estudo feito em 52 países com mais de 20 mil pessoas associa a posse de automóvel e TV e o sedentarismo com maior risco de desenvolver problemas cardíacos (Wikimedia)
Estudo feito em 52 países com mais de 20 mil pessoas associa a posse de automóvel e TV e o sedentarismo com maior risco de desenvolver problemas cardíacos (Wikimedia)
12/01/2012
Agência FAPESP – Uma pesquisa internacional concluiu que a
atividade física, seja durante o trabalho ou em momentos de lazer, reduz
significativamente os riscos de infarto em países desenvolvidos ou em
desenvolvimento.
Em países emergentes e nos mais pobres a posse tanto de automóvel e
de aparelho de televisão se mostrou relacionada ao maior risco de
desenvolver problemas cardíacos.
Os resultados são do estudo Interheart, que avaliou mais de 20 mil
pessoas em 262 localidades em 52 países nas Américas, Ásia, Europa,
Oriente Médio, África e Oceania. Na América do Sul participaram pessoas
da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Guatemala e México. As conclusões
foram publicadas nesta quarta-feira (11/01) no European Heart Journal.
“Poucos estudos até agora focaram nos diferentes aspectos da
atividade física tanto durante o trabalho como nos momentos de lazer em
relação ao risco de ataques cardíacos”, disse Claes Held, do Hospital
Universitário de Uppsala, na Suécia, um dos autores do estudo.
“Os resultados indicam que a atividade física leve ou moderada
durante o trabalho ou em qualquer nível durante os períodos de lazer
reduzem os riscos de infarto, independentemente de outros fatores de
risco tradicionais, em homens e mulheres de todas as idades, na maior
parte das regiões do mundo e em países com diferentes rendas per capita”, disse.
Os cientistas compararam os hábitos de 10.043 pessoas que tiveram
infarto com os de 14.217 outros que não experimentaram o problema. Os
resultados do estudo levaram em consideração diversos fatores que podem
contribuir com aumento nos riscos de desenvolver problemas
cardiovasculares, como idade, renda, consumo de álcool e de bebida
alcoólica e dieta.
O estudo verificou que pessoas cujos trabalhos envolvem a realização
de atividades físicas leves ou moderadas apresentaram risco de 11% a 22%
menor de ter um infarto em comparação com aqueles cujas ocupações são
eminentemente sedentárias. Entretanto, a atividade física pesada durante
o trabalho não apresentou menor risco.
Durante os momentos de lazer, o risco de infarto se mostrou menor
para todos os níveis de exercício quando comparados com o sedentarismo,
reduzindo de 13% (para atividades físicas leves) a 24% (para atividades
moderadas ou intensas).
De acordo com o estudo, qualquer atividade física é melhor do que sua
ausência. Mesmo entre aqueles que se exercitavam nos momentos de lazer
muito menos do que o indicado apresentaram menor risco de desenvolver
infarto do que os totalmente sedentários.
Pessoas que tinham tanto automóvel como televisor em casa
apresentaram um risco 27% maior de ter infarto do que aqueles que não
possuíam nenhum dos bens.
O estudo observou que menos pessoas praticavam atividades físicas em
momentos de lazer em países mais pobres do que nos mais ricos. “Isso
pode ser explicado em parte por diferenças em educação e em outros
fatores socioeconômicos ou culturais”, disseram os autores.
“Manter-se em forma durante a vida é uma das formas mais simples,
baratas e eficientes de evitar problemas coronários”, concluíram.
O artigo Physical activity levels, ownership of goods promoting
sedentary behaviour and risk of myocardial infarction: results of the
Interheart study (doi:10.1093/eurheartj/ehr432), de Claes Held e outros, pode ser lido por assinantes da European Heart Journal em http://eurheartj.oxfordjournals.org.