Insetos ciborgues: Biocélula transforma barata em gerador de energia
Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/01/2012
SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Insetos ciborgues: Biocélula transforma barata em gerador de energia. 12/01/2012. Online. Disponível
em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=insetos-ciborgues-biocelula-barata-gerador-energia. Capturado
em 13/01/2012. 
Inseto robô
Os compostos químicos do corpo de insetos podem ser convertidos em 
eletricidade, fornecendo energia para sensores, câmeras ou para 
controlar o próprio inseto.
A descoberta é mais uma na crescente lista de tentativas de criar 
insetos ciborgues - na verdade, de usar a "maquinaria" dos insetos para 
criar robôs autônomos.
Colocar equipamentos eletrônicos em insetos pode ser uma maneira 
simples e barata para observação da natureza, monitoramento do meio 
ambiente, vigilância ou mesmo em caso de acidentes naturais, funcionando
 como batedores para auxiliar o trabalho dos bombeiros e da defesa 
civil.
"É virtualmente impossível partir do zero e criar algo que funcione 
como um inseto. Usar um inseto é muito mais fácil," afirma Daniel 
Scherson, da Universidade Case Western, nos Estados Unidos.
Musas da robótica
O grande desafio é fornecer eletricidade para alimentar os 
equipamentos a serem instalados "a bordo" do inseto e transmitir os 
dados coletados.
As opções preferidas têm sido usar nanogeradores piezoelétricos para capturar energia do próprio movimento do inseto, além de células solares ou baterias.
Scherson acredita que drenar energia química do próprio inseto é uma 
fonte mais promissora de energia, já que o inseto tenderá normalmente a 
se alimentar quando "suas baterias" estiverem fracas.
O animal escolhido para testar o conceito foi uma barata - as baratas chamam a atenção dos roboticistas há tempos: 
Biocélula
A chave para extrair a energia química do inseto é usar enzimas em série no anodo de uma biocélula de combustível.
A primeira enzima quebra o açúcar trehalose - que uma barata produz 
constantemente a partir de seu alimento - em açúcares mais simples, 
chamados monossacarídeos.
A segunda enzima oxida os monossacarídeos, liberando elétrons. A 
corrente elétrica é criada conforme esses elétrons são dirigidos para o 
catodo, onde o oxigênio do ar captura elétrons e é reduzido em água.
Depois de testar o sistema usando soluções de trehalose, os eletrodos
 foram inseridos no abdômen de uma barata viva, distante de seus órgãos 
vitais críticos.
"Os insetos têm um sistema circulatório aberto, de forma que o sangue
 não fica sob muita pressão," conta o Dr. Roy Ritzmann, membro da 
equipe.
Ou seja, ao contrário do que ocorreria em um vertebrado, no qual o 
sangue vai jorrar se você enfiar um eletrodo em uma veia ou artéria, o 
sangue do inseto não sai quando o eletrodo é colocado.
Os pesquisadores verificaram que a barata parece não sofrer nenhum 
dano de longo prazo, o que torna o "sistema adequado para uso a longo 
prazo" - isto parece bem menos traumático para os insetos do que outras 
propostas, onde eles são "comidos" para gerar energia para os robôs: 
Energia de barata
A biocélula movida a barata produziu quase 100 microwatts de potência
 por centímetro quadrado, a 0,2 volt, decaindo apenas 5% após 2,5 horas 
de operação. A densidade de corrente máxima foi de 450 microamperes por 
centímetro quadrado.
Agora os cientistas estão começando a miniaturizar a biocélula, para 
que ela possa ser totalmente implantável, permitindo que o inseto ande 
ou voe depois do implante.
"É possível usar o sistema de forma intermitente," explica Scherson. 
"Um inseto equipado com um sensor poderá medir a quantidade de um gás 
tóxico em um ambiente, transmitir a informação, desligar e recarregar 
por uma hora, então fazer outra medição, transmitir, e assim por 
diante."
A equipe do Dr. Ritzmann, que faz parte desta pesquisa, tem planos também de implantar um cérebro de barata em um robô: 
Bibliografia:
An Implantable Biofuel Cell for a Live Insect
Michelle Ann Rasmussen, Roy Ritzmann, Irene Lee, Alan J. Pollack, Daniel Alberto Scherson
Journal of the American Chemical SocietyJanuary 3, 2012
Vol.: Accepted Paper
DOI: 10.1021/ja210794c
 
