PARIS — Os países insulares, expostos ao risco de elevação do nível dos mares
provocada pelo aquecimento global, condenaram esta quinta-feira as sugestões
feitas por algumas nações ricas de que um acordo climático abrangente pode
esperar até 2018 ou depois.
Tais propostas são "tanto ambientalmente negligentes quanto politicamente
irresponsáveis", disse Joseph Gilbert, ministro do Meio Ambiente de Granada, em
nome da Associação dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês),
formada por 42 nações.
"Se permitirmos que isto aconteça, os problemas do aquecimento global vão
piorar e o impacto em um país como Granada será devastador", afirmou, em um
comunicado.
Austrália e Noruega propuseram estabelecer um limite até 2015 para um acordo
climático atrelado a compromissos das principais nações emissoras de
carbono.
Mas, negociadores de Japão e Rússia já anunciaram que consideram este prazo
irreal, e Moscou sugeriu que seja adiado para 2018 ou 2020, acrescentou a Aosis
em um comunicado.
O alto funcionário climático russo Oleg Pluzhnikov disse à agência de
notícias Interfax no começo da semana que há "uma grande probabilidade de que um
novo acordo seja adotado nos quatro ou cinco anos posteriores à expiração do
Protocolo de Kioto", cujas metas de emissão expiram em 2012.
"Cientistas especializados em clima nos dizem que as emissões mundiais
precisam chegar ao ponto máximo bem antes de 2020" para evitar que as
temperaturas globais subam mais que 2 graus Celsius acima dos níveis
pré-industriais, o que é considerado um limite para se evitar um aquecimento
perigoso, disse Gilbert.
A janela de oportunidades para que permaneçamos abaixo do limite de 2ºC está
encolhendo rapidamente, dizem os cientistas.
"Nós não podemos continuar adiando a tomada de decisões para 2018 ou 2020,
pois não haverá tempo suficiente para os países agirem", acrescentou
Gilbert.
Muitos países em desenvolvimento no Caribe, no Pacífico, na Ásia e na África
já enfrentam secas frequentes, furacões mais fortes e elevação do nível dos
mares, bem como uma perspectiva de impactos climáticos ainda mais severos no
futuro, segundo o esboço final de um extenso relatório científico da ONU, que
será divulgado no fim do mês.
Os comentários de Gilbert foram feitos às vésperas de uma nova rodada de
negociações de alto nível em Durban, na África do Sul, entre 28 de novembro e 9
de dezembro.
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