sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Países insulares condenam lentidão das negociações climáticas




PARIS — Os países insulares, expostos ao risco de elevação do nível dos mares provocada pelo aquecimento global, condenaram esta quinta-feira as sugestões feitas por algumas nações ricas de que um acordo climático abrangente pode esperar até 2018 ou depois.
Tais propostas são "tanto ambientalmente negligentes quanto politicamente irresponsáveis", disse Joseph Gilbert, ministro do Meio Ambiente de Granada, em nome da Associação dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês), formada por 42 nações.
"Se permitirmos que isto aconteça, os problemas do aquecimento global vão piorar e o impacto em um país como Granada será devastador", afirmou, em um comunicado.
Austrália e Noruega propuseram estabelecer um limite até 2015 para um acordo climático atrelado a compromissos das principais nações emissoras de carbono.
Mas, negociadores de Japão e Rússia já anunciaram que consideram este prazo irreal, e Moscou sugeriu que seja adiado para 2018 ou 2020, acrescentou a Aosis em um comunicado.
O alto funcionário climático russo Oleg Pluzhnikov disse à agência de notícias Interfax no começo da semana que há "uma grande probabilidade de que um novo acordo seja adotado nos quatro ou cinco anos posteriores à expiração do Protocolo de Kioto", cujas metas de emissão expiram em 2012.
"Cientistas especializados em clima nos dizem que as emissões mundiais precisam chegar ao ponto máximo bem antes de 2020" para evitar que as temperaturas globais subam mais que 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, o que é considerado um limite para se evitar um aquecimento perigoso, disse Gilbert.
A janela de oportunidades para que permaneçamos abaixo do limite de 2ºC está encolhendo rapidamente, dizem os cientistas.
"Nós não podemos continuar adiando a tomada de decisões para 2018 ou 2020, pois não haverá tempo suficiente para os países agirem", acrescentou Gilbert.
Muitos países em desenvolvimento no Caribe, no Pacífico, na Ásia e na África já enfrentam secas frequentes, furacões mais fortes e elevação do nível dos mares, bem como uma perspectiva de impactos climáticos ainda mais severos no futuro, segundo o esboço final de um extenso relatório científico da ONU, que será divulgado no fim do mês.
Os comentários de Gilbert foram feitos às vésperas de uma nova rodada de negociações de alto nível em Durban, na África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro.