São Paulo terá selo verde para empresas
Objetivo é incentivar uso de energia "limpa", em especial de bagaço de cana
Uma das medidas em estudo é a concessão de benefícios fiscais para quem decidir investir em bioeletricidade
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO
O governo de São Paulo prepara o lançamento de um selo verde para empresas que consumirem apenas energia renovável em sua cadeia de produção, em especial aquela proveniente de biomassa de bagaço de cana-de-açúcar e outros resíduos sólidos.
Segundo José Aníbal, secretário de Energia do Estado, o governo quer ampliar a participação da energia "limpa" na matriz energética do Estado, concedendo benefícios fiscais a investimentos em bioeletricidade.
"As empresas têm interesse em carimbar em seus produtos o selo de energia limpa, mas, para isso, temos de aumentar a oferta", disse à Folha.
A biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior chance de crescimento dos próximos anos, tanto no mercado doméstico como no internacional.
Em São Paulo, forte no setor sucroalcooleiro, esse potencial é ainda maior.
Entre as medidas em análise, estão: reduzir tributos para a renovação de caldeiras que processam o bagaço de cana (processo chamado de "retrofit"); conceder diferimento de ICMS (postergação temporária do pagamento do imposto) e fazer parcerias com a CPFL, que cuidaria da distribuição da energia produzida por usinas, inclusive se encarregando de construir subestações.
Para o governo, há vantagens nesse setor: baixo custo e possibilidade de reaproveitamento dos resíduos. Além disso, a fase de colheita da commodity coincide com a estiagem em várias regiões.
Um mapa da secretaria indica demanda pelo selo verde. São 24 novas usinas já leiloadas, com capacidade de produzir mais de 316 megawatts de energia.
A capacidade de geração atual do Estado é de 2.600 megawatts, com potencial de dobrar até 2014.
Na produção de etanol, por exemplo, cerca de 28% da cana é transformada em bagaço, conforme dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
"Até 2020, podemos ter uma Itaipu só em bagaço de cana", diz José Aníbal.
LIXO
Em outra frente, a secretaria paulista pretende investir na geração de energia a partir do lixo.
"São Paulo produz 11 mil toneladas de lixo. Já há empresas interessadas", afirmou o secretário.
São Paulo está analisando plantas em países como a França para fechar um modelo e conceder à iniciativa privada a construção de usinas para a exploração desse tipo de matriz.