Indústria do coco cresce, mas alto desperdício gera desafio tecnológico
Com informações da BBC - 18/02/2014
Empresários dizem que reciclagem é cara, mas tem potencial - os subprodutos do coco é que ainda são pouco conhecidos.[Imagem: BBC/Fibraztech/Divulgação]
Segundo Francisco Porto, presidente do Sindcoco, o Brasil produz anualmente 2 bilhões de cocos - 1 bilhão de cocos verdes, para extração da água, e 1 bilhão de cocos secos, matéria-prima do coco ralado e do leite de coco.
Apenas 10% desse total é reciclado. O restante vai para o lixo.
Produtores e empresas afirmam que a reciclagem tende a ser cara e trabalhosa. Esforços para reaproveitar o coco estão parados em algumas cidades.
MDF de coco e nanocelulose
Por outro lado, crescem as iniciativas - e as pesquisas - em busca de usos cada vez mais inovadores e ecologicamente corretos do material.
Na linha de frente das pesquisas está a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que estuda uma forma de transformar os resíduos do coco verde em um material prensado semelhante ao MDF (compensado de madeira). A ideia é que, no futuro, o produto final seja uma alternativa à madeira na produção de móveis.
"Nossa pesquisa já está em fase final, avaliando a resistência do material", explica Fernando Abreu. "O que falta é um investidor, uma empresa que tenha interesse em passar um período aqui dentro (da Embrapa) para a transferência dessa tecnologia."
Seu colega Adriano Mattos cita também estudos para obter, a partir da casca, resinas e nanocristais de celulose, que possam ser usados para aumentar a resistência de materiais plásticos.
Enquanto isso, recicladores de coco tentam difundir o uso de produtos reciclados que já são mais conhecidos.
Um exemplo é o pó do coco triturado, que gera um substrato com alta capacidade de absorção de água. Por isso, é usado como adubo na agricultura - por exemplo, na plantação de cana-de-açúcar, de flores ou mesmo dos próprios cocos.
Os resíduos também podem ser processados para gerar energia por meio da queima. E a fibra da casca é usada em vasos, como substituto de xaxins, para compor estofados de assentos de veículos, para isolantes térmicos e para fazer mantas biológicas usadas na contenção de encostas, evitando deslizamentos.