Haddad pressiona Alckmin a criar inspeção veicular em todo o Estado
Prefeito diz que, se isso não ocorrer, vai exigir vistoria de veículos de outras cidades que circulem na capital
Governo diz agir contra a poluição e que tem um projeto na Assembleia desde 2009; paulistano poderá reembolsar taxa
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), cobrou ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que a inspeção veicular ambiental seja implantada em todo o Estado ou pelo menos na região metropolitana.
Ontem, ao apresentar projeto que muda regras da inspeção, Haddad disse que, caso o Estado não implante a vistoria estadual, ele irá exigir que veículos licenciados em outras cidades e que circulem pelo menos 120 dias por ano na capital sejam obrigados a fazer a inspeção.
O controle será feito, segundo Haddad, por meio dos radares que fiscalizam o cumprimento do rodízio, que têm sistema de leitura de placa.
Para o prefeito, o objetivo é "estancar a sangria" de recursos públicos. A Secretaria de Finanças tem estudo que aponta que a cidade pode perder R$ 1 bilhão em quatro anos por causa da inspeção.
Veículos estariam sendo licenciados fora da cidade para fugir do teste -com isso, a cidade não recebe o IPVA.
"Estamos criando um desequilíbrio na região metropolitana e sem ganhos ambientais. A cidade não pode ficar sem creche, corredor de ônibus, hospital, porque ficamos sozinhos na defesa do ambiente", disse Haddad.
Em nota, o governo Alckmin disse que atua "fortemente" na redução da poluição veicular e citou a redução de impostos para o etanol (combustível menos poluente) e os investimentos no transporte sobre trilhos.
Disse, ainda, que há projeto sobre a inspeção estadual tramitando na Assembleia, "que é um poder independente". O projeto foi enviado por José Serra (PSDB) em 2009.
A possibilidade de exigir inspeção de veículos "forasteiros" está no projeto que chega hoje à Câmara. Ele prevê que donos de veículos aprovados na inspeção tenham direito a reembolso da taxa -R$ 47,44- já este ano. O custo anual para a prefeitura será de R$ 150 milhões.
Haddad recuou em pontos polêmicos: tornar a inspeção obrigatória apenas a cada dois anos (hoje é anual) e só para veículos com cinco anos ou mais de fabricação.
Ele decidiu contratar o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para definir como deve ser feita a inspeção. Com isso, deve diminuir as resistências na Câmara, no primeiro grande teste que Haddad enfrentará na Casa.