Atualizado em 27 de novembro, 2012 - 09:08 (Brasília) 11:08 GMT
Uma pesquisa realizada na Califórnia, Estados Unidos, sugere que o autismo está ligado à poluição gerada por veículos.
O estudo envolveu mais de 500 crianças e as descobertas foram apresentadas na revista especializada Archives of General Psychiatry.
Os pesquisadores da Universidade do
Sul da Califórnia usaram dados da Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos para calcular os níveis de poluição registrados nos
endereços escolhidos para participar da pesquisa.
Os dados foram usados para comparar a exposição à
poluição no útero e durante o primeiro ano de vida. Foram analisadas
279 crianças com autismo e 245 crianças sem o problema.
De acordo com os cientistas, as crianças que
viviam nas casas expostas à uma quantidade maior de poluição "tinham
três vezes mais chances de ter autismo, comparadas às crianças que
moravam em casas com níveis mais baixos de exposição" à poluição.
Os pesquisadores da Califórnia alertam que esta
constatação pode ter implicações mais amplas, pois a poluição do ar é
"comum e pode ter efeitos neurológicos duradouros".
Outras variantes
Outros pesquisadores questionaram como a poluição pode alterar o desenvolvimento do cérebro de uma criança e levar ao autismo.
"Me parece muito improvável que a associação
(entre poluição do ar e autismo) seja causal", afirmou Uta Frith,
professora de desenvolvimento cognitivo do University College de
Londres.
Para a professora, o estudo californiano não
"nos fez avançar em nada, pois não apresenta um mecanismo convincente
pelo qual os poluentes podem afetar o desenvolvimento do cérebro para
resultar em autismo".
Um dos problemas com estudos deste tipo é que é
difícil analisar todos os aspectos da vida de uma pessoa que podem
afetar a probabilidade de desenvolver autismo, como o histórico
familiar, por exemplo.
Isto significa que o estudo não pode afirmar que
o autismo é causado por poluição gerada por veículos, apenas que pode
haver uma ligação entre as duas coisas.
Mas, para Sophia Xiang Sun, do centro de
pesquisas em autismo da Universidade de Cambridge, diminuir a poluição
seria uma boa ideia.
"Sabemos que a poluição do ar relacionada ao
trânsito de veículos pode contribuir com muitas outras doenças e é
biologicamente plausível que também tenha um papel no desenvolvimento do
autismo", afirmou.
"No entanto, existindo ou não uma associação
potencial entre autismo e poluição do ar, a redução desta poluição
relacionada ao trânsito seria boa para a saúde pública", acrescentou.