Embrapa cria sistema de gestão ambiental para aquicultores
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08 de maio de 2012 • 11h28
Sistema desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, São Paulo, permite que produtores possam avaliar se os processos conduzidos em suas propriedades estão alinhados às orientações de Boas Práticas de Manejo da Aquicultura. A ferramenta está em fase de validação e a previsão é liberação de acesso ao público externo até agosto.
O sistema informatizado de gestão ambiental da aquicultura (Aquisys) foi desenvolvido por pesquisadores do Projeto de Manejo e Gestão Ambiental da Aquiculutra da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, em São Paulo.
A pesquisadora responsável pelo plano de ação do Aquisys, Maria Conceição Pessoa, diz que o acesso ao sistema pode ser feito via web. "O Aquisys é um sistema informatizado desenvolvido para ser acessado pela internet. Ele auxilia a gestão ambiental da aquicultura em apoio às boas práticas de manejo - com foco inicial no cultivo de tilápia."
O sistema reúne em um único local diversas informações e estimativas importantes para o produtor, antes dispersas ou em linguagem de difícil entendimento. Assim, o sistema considera três temas principais: Boas práticas de manejo da aquicultura na propriedade, Leis, Órgãos e serviços relacionados à aquicultura e Apoio à gestão ambiental da aquicultura. Cada tema oferece diversos módulos para obtenção de diagnósticos, estimativas, informação ou organização de dados que apoie políticas públicas para o setor.
O Aquisys leva em conta as principais demandas de piscicultores, identificadas nos levantamentos realizados em solicitações de informações técnicas formuladas em dias de campo do projeto e de questionamentos direcionados ao serviço de apoio ao contribuinte da Embrapa Meio Ambiente.
AQUABRASIL - Bases Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura no Brasil
Resumo
Embora o Brasil seja detentora de abundantes recursos hídricos e grande biodiversidade, sua produção aquícola é irrisória. O desempenho da aqüicultura é baseado em espécies exóticas com o uso de tecnologias importadas, como acontece com o camarão marinho e a tilápia. A produção de espécies nativas é pouco representativa e bastante amadora, por falta de informações e tecnologias. O projeto procurará desenvolver informações e tecnologias adaptadas às condições locais para melhorar o desempenho da aqüicultura, a fim de propiciar o abastecimento do mercado interno e a exportação, tendo como linha mestra a promoção de um grande salto tecnológico capaz de promover a sustentabilidade da atividade, do ponto de vista econômico, social e ambiental, com geração de emprego e renda e a inclusão social de parcelas significativas do campo. Está baseada na ênfase à pesquisa nas espécies de valor econômico, considerando as peculiaridades regionais e, na medida do possível, a proteção à biodiversidade. Serão abordados os grandes fatores de estrangulamento do desenvolvimento da atividade, ligados a questões de melhoramento genético, nutrição e alimentação, biossegurança e sanidade, manejo e gestão ambiental dos sistemas de produção e aproveitamento agroindustrial num enfoque integrado de pesquisa em rede. Serão objetos de pesquisa as espécies camarão marinho, L. vannamei, a tilápia, O. niloticus, o tambaqui, C. macropomum e o pintado, P. corruscans. A ostra do mangue, incluída na versão anterior, não foi mantida, pois embora tenha grande importância social, não possui atributos técnicos já determinados que justifiquem sua manutenção, sob risco de não poder contemplá-la em várias das áreas definidas anteriormente. A metodologia proposta para melhoramento genético pressupõe um ganho na taxa de crescimento de 15% a cada geração melhorada e com a transferência imediata dessas gerações melhoradas para produção de alevinos por parte dos produtores. No que tange à sanidade, procurar-se-á a obtenção de métodos de prevenção e o desenvolvimento de tecnologias visando a redução no uso indiscriminado de antibióticos e quimioterápicos ao tempo em que se destaca a importância do diagnóstico parasitológico, histopatológico e hematológico nas espécies selecionadas. Serão desenvolvidas e/ou testadas rações que promovam a absorção máxima com um mínimo de rejeito, bem como o uso de ingredientes alternativos regionais para minimização de custos e redução de impactos ambientais e o estabelecimento de uma metodologia de engorda do camarão marinho em sistema heterotrófico sob alta densidade de estocagem e baixa renovação de água. O manejo e gestão ambiental dos ambientes de cultivo serão direcionados para o desenvolvimento de boas práticas de manejo em resposta às contestações cada vez mais freqüentes dos impactos ambientais da atividade. A qualidade da matéria–prima é o ponto chave para a qualidade do produto. O manejo adequado visando a qualidade da água e a combinação dos fatores de produção que levem à obtenção do pescado em bom estado higiênico-sanitário, permitirá a obtenção do pescado in natura que, uma vez rastreado e em conformidade com a legislação, poderá ser certificado como um alimento seguro, a partir do qual poderão ser desenvolvidos tecnologias de processamento que agreguem valor ao produto e transformem os sub-produtos em matéria prima para novos produtos. Reconhecendo que as soluções não serão alcançadas por iniciativas isoladas, o eixo central da proposta será a integração de esforços em rede, aproveitando ao máximo as competências e infra-estruturas instaladas existentes nas unidades da Embrapa e de outras Universidades e Instituições de Pesquisa, bem como da iniciativa privada. Espera-se a obtenção de linhagens melhoradas para ganho de peso na tilápia, linhagens mais resistentes de camarão marinho ao vírus da mionecrose infecciosa e para as espécies nativas, tambaqui e pintado, a implantação do primeiro plantel de reprodutores melhorados dessas espécies. Estas linhagens superiores deverão ser avaliadas sob as condições propostas nos distintos projetos componentes, visando a geração de técnicas e tecnologias biosseguras e com alto valor agregado. Deverão ser conhecidas as exigências nutricionais das espécies elencadas para obtenção de rações de baixo custo e ambientalmente corretas; produzir animais mais sadios através do diagnóstico e prevenção de doenças; recomendações de boas práticas de manejo para assegurar a qualidade do pescado e a segurança ambiental da aqüicultura, ferramentas para rastreabilidade do pescado cultivado e tecnologias para agregação de valor ao pescado bem como a consolidação e treinamento da equipe técnica integrada para estudos em rede sobre aqüicultura no Brasil.