Uma parceira entre Incra e Universidade Federal do Ceará (UFC) promete ser um marco no que se refere às políticas públicas nos assentamentos da reforma agrária. Neste mês de abril, a pesquisa "Fossas Verdes", que reutiliza água de esgoto sem prejudicar a natureza, está sendo concluída no Projeto de Assentamento (PA) São Joaquim (25 de Maio), em Madalena, a 187 quilômetros de Fortaleza. São 65 "Fossas Verdes" implantadas no PA.
Uma canaleta é instalada ligando o banheiro da casa ao meio externo, onde está localizada a "Fossa Verde", uma caixa impermeável submersa. Lá dentro, os dejetos ficam retidos em uma estrutura piramidal e a água é drenada por tijolos furados, passando por um processo de tratamento, e serve para a reutilização, inclusive para irrigar culturas como banana, mamão e tomate.
O professor doutor e coordenador do projeto, José Carlos, garante "um fruto totalmente limpo". Ainda de acordo com o professor "não há concentração de gás. As plantas liberam o vapor d´água aos poucos na natureza' afirma. Ele também explica que um esgoto doméstico é formado por 97,7% de água e 0,3% de outros materiais. Daí a importância de reutilização desta água, sobretudo no semi-árido nordestino.
De acordo com o último relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), somente 7% das residências do semi-árido cearense possuem esgotos. Isso reforça a importância do projeto, que é parte da tese de doutorado de Ana Ecilda Lima Ellery, orientadora de projeto de assentamento do Incra. Conforme Ana Ecilda, "as Fossas Verdes têm potencial para contribuir na saúde e na segurança alimentar das famílias assentadas, sem desrespeitar o meio ambiente", diz.
O custo para instalar uma "Fossa Verde" é, em média R$ 500,00. O valor garante a operacionalização por famílias geralmente de baixo poder aquisitivo. O baixo custo é mais um item a favor do projeto.
O projeto é totalmente financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que garante visitas técnicas regulares aos assentamentos. A equipe é formada por sete pessoas entre doutores, mestres e bolsistas, inclusive por Maria Auderice assentada e bolsista do CNPq, que se anima com a conclusão do projeto que começou em 2009.
Hidrosed - Grupo de Estudos Hidrossedimentológicos do Semiárido
- Análise de água das cisternas.
- Curso de capacitação com os pedreiros.
- Início da construção da fossa.
- Colocação do contra-piso.
- Início da alvenaria.
- Pirâmide de tratamento do efluente.
- Preenchimento com uma camada de entulho.
- Preenchimento com uma camada de casca de coco.
- Construção finalizada.
- Equipe responsável pela obra.
- Comunidade de "Paus Branco"
- Comunidade do "Quieto"
2011 © Marcos Meireles
PROJETO FOSSA VERDE
Bioremediação vegetal do esgoto domiciliar em comunidades rurais do semi árido: "água limpa, saúde e terra fértil"
O projeto visa o desenvolvimento e aplicação de técnicas eficientes, de baixo custo e baixo consumo de energia para o tratamento de água, esgotos e chorumes, adequadas às necessidades específicas regionais/locais, em especial no semiárido brasileiro.Para a realização dos trabalhos, existe a colaboração da Engenharia Agrícola (UFC), Epidemiologia (UFC), Serviço Social (UECE) e INCRA.
O trabalho será realizado no Assentamento 25 de maio no município de Madalena, envolvendo 500 famílias.
O financiamento está sendo realizado com recursos oriundos do CNPq.
Equipe de Execução
- José Carlos de Araújo - UFC
- Liana Brito de Castro Araújo - UECE
- Rachel Maria Rigoto - UFC
- Ana Ecilda Lima Ellery - INCRA
- Mario Cesar Wiegand - UFC
- Laldiane de Souza Pinheiro - UFC
- Guilherme Sabadia - UFC
- Saulo Rodrigues Chaves - MST
- Maria Alderice - Assentamento 25 de maio
- Maria Evilânia Rodrigues Pereira - Assentamento 25 de maio