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29 Dezembro 2011 | 10:05
Francisco de Almeida
Na enorme incerteza que 
vivemos, há uma certeza que permanece: 2012 vai ser um ano difícil para as PME. 
A forma de vencer a adversidade é estar-se preparado para o ano que aí vem
No meio do clima de adversidade económica que vivemos em Portugal, tenho 
sido orgulhosamente testemunha de um número crescente de PME que, enfrentando de 
frente o desafio que se avizinha, têm feito um enorme esforço para se 
reinventar, inovar e criar oportunidades sustentadas de crescimento, tanto a 
nível interno como internacional. Estamos a ser testemunhas do início de uma 
nova era económica em que cada vez mais a capacidade de diferenciação e de 
criação de valor para os clientes é determinante para a sustentabilidade de uma 
empresa, sendo fundamental que as empresas acompanhem a mudança, e a evolução do 
mercado e das necessidades dos seus clientes. No seio de da enorme incerteza que 
vivemos, há uma certeza que permanece: 2012 vai ser um ano extremamente difícil 
para as nossas PME. A forma de vencer a adversidade e não sucumbir é estar 
preparado para o ano que aí vem. Como? As seguintes recomendações deverão 
ajudar. 
1. Aprofundar a relação com 
o cliente 
Os projectos de maior sucesso que tenho conhecido estão 
vocacionados para responder a necessidades muito concretas de um determinado 
segmento. São empreendedores que têm a capacidade de ouvir as necessidades dos 
clientes, de estruturar um projecto empresarial à volta dessas necessidades, e 
de adaptar e inovar a sua proposta de valor de acordo com a evolução dessas 
necessidades. Para vencer, torna-se essencial que as empresas consigam 
aprofundar a sua relação com os clientes e de perceber quais são as necessidades 
não satisfeitas. 
2. Actualizar a 
marca 
A marca é uma variável muitas vezes descurada por 
empreendedores, mas que pode ser determinante para o sucesso de uma empresa. É 
importante que os empresários percebam que as marcas não são eternas. Da mesma 
forma que as necessidades dos clientes evoluem, a marca, a imagem e a mensagem 
deverão acompanhar essa evolução. Actualmente, começamos a assistir a exemplos 
fantásticos de PME que estão a criar uma diferenciação sustentada numa série de 
sectores tradicionais (ex.: vinho ou a construção civil), através de uma 
modernização da marca, da imagem e da mensagem, e de uma adaptação dos canais de 
comunicação com os clientes. 
3. Capitalizar no crescimento das redes sociais 
As redes sociais 
são cada vez mais uma parte integrante da vida de muita gente. Nos EUA, saíram 
recentemente uma série de estudos que indicam que a população Americana passa em 
média mais de 15 minutos por dia no Facebook. O Facebook é 
uma ferramenta extremamente poderosa que permite às empresas, através de um 
orçamento controlado, direccionar a sua mensagem para um público alvo muito 
concreto e gerar oportunidades de comunicação com esses clientes numa base 
contínua. O Facebook é apenas um exemplo dos vários canais de comunicação online 
disponíveis para a utilização por PME. 
4. Apostar na Internacionalização 
O mercado português é um 
mercado extremamente limitado para que as empresas possam explorar o seu 
potencial. Tenho me cruzado com exemplos de PME inovadoras, com modelos de 
negócio vencedores mas que se encontram limitadas em termos de potencial, pelas 
fronteiras do nosso país - fronteiras essas que na realidade já nem existem. 
Numa época em que a globalização é uma realidade, e em que a economia Portuguesa 
está em estado de coma, torna-se imperativo que as nossas PME explorem o 
potencial de negócio em mercados maiores, em crescimento e com mais rendimento 
disponível. 
5. Colaborar com outras 
empresas 
O isolamento das empresas é sem dúvida o seu maior inimigo. 
Isto é verdade no que se refere ao isolamento em relação ao mercado mas também o 
é no isolamento em relação a outras empresas. A exploração de sinergias nos 
processos de sourcing, operação ou comercialização, com empresas semelhantes, 
complementares ou mesmo concorrentes pode ser um factor de competitividade 
altamente diferenciador. Espaços ou eventos que potenciem a troca de 
experiências e a exploração de sinergias entre PME podem ser um grande activo a 
explorar. 
6. Apostar na 
formação 
Os mercados estão em constante evolução. Esta evolução leva 
ao nascimento de novas empresas, muitas vezes mais actuais em termos de proposta 
de valor e de operação, e que competem de forma agressiva por um mercado 
existente. Para que as empresas incumbentes consigam sustentar a sua posição 
competitiva é fundamental que também elas se estejam constantemente a actualizar 
de forma a acompanhar a evolução. A formação é a oportunidade que existe para 
que uma PME se possa actualizar de forma contínua, dominando as tendências do 
mercado, as técnicas do negócio e sustentando a sua vantagem competitiva. 
7. Procurar um mentor 
Ser gestor de uma PME pode ser das actividades mais solitárias que há. A 
empresa pode ter dezenas de empregados mas são empregados que esperam liderança, 
um caminho claro e respostas por parte do gestor. O gestor por sua vez 
normalmente não tem a quem pedir conselhos, trocar ideias ou validar passos 
importantes no desenvolvimento da sua empresa. É determinante para o sucesso de 
qualquer empresa que os gestores consigam esse acompanhamento, que consigam 
arranjar um mentor ou conselheiro com quem possam de facto trocar ideias e 
validar os passos que querem dar. Da inúmeras conversas que fui travando com um 
universo alargado de gestores consagrados de grandes empresas, estes mostraram 
não só disponibilidade mas também vontade de apoiar gestores de PME no seu 
desenvolvimento de negócio. 
8. Procurar capital privado 
Numa altura em que o financiamento 
bancário se torna uma miragem para muitas PME, os empresários têm de começar a 
equacionar outras formas de financiamento que lhes permita dinamizar o 
crescimento dos seus negócios. O mercado do capital privado está em grande 
desenvolvimento em Portugal, e os fundos de capital de risco, "business angels" 
ou simplesmente investidores privados têm demonstrado não só apetite mas também 
disponibilidade financeira para investir em negócios verdadeiramente inovadores 
e que demonstrem grande potencial de crescimento. Na maioria dos casos o 
financiamento não vem só. Trás também o apoio de uma pessoa ou equipa com 
capacidade de acrescentar verdadeiro valor aos negócios, muito para além do 
capital. 
9. Planear o futuro 
A melhor forma de enfrentar uma crise é com um plano de actuação muito 
concreto que equacione os vários cenários possíveis, e que permita às empresa 
preparar uma reacção adequada para cada um. As épocas de crise são 
reconhecidamente alturas de grandes oportunidades, mas só é possível aproveitar 
efectivamente essas oportunidades se as empresas estiverem preparadas para 
responder aos cenários mais improváveis. 
10. 
Saber desistir 
Esta é sem dúvida a recomendação mais 
difícil para um empreendedor aceitar, mas possivelmente também a mais 
importante. Os projectos empresariais são, por definição, perecíveis - têm 
principio, meio e fim. Os mercados são dinâmicos e portanto um produto ou 
serviço que hoje faz sentido e vende, amanhã pode ser inútil e substituído por 
outro. A arte de reconhecer objectivamente o fim pode ser determinante não só 
para minimizar potenciais perdas mas também para dar aos gestores as fundações 
necessárias para a adaptação da proposta de valor, novos produtos que façam mais 
sentido ou mesmo novos projectos empresariais. As empresas de maior sucesso 
global forma construídas sobre as fundações de serviços, produtos ou projectos 
que tiveram uma vida limitada. O fim da vida de um produto ou mesmo o encerrar 
de uma empresa não deve ser visto com um fracasso mas sim como um passo 
necessário na criação de algo maior e mais sustentável. 
*Managing director da Leap
 
