Como a Natura quer explorar a Amazônia — Parte II
Há 12 anos a empresa passou a investir na região norte — e ganhou muito dinheiro. Resolveu dobrar a aposta. Nunca o futuro da Natura e o da Amazônia estiveram tão ligados
Laboratório de inovação da Natura
Belém - A 2 horas de carro e a 10 minutos de barco de Belém, no Pará, às margens do rio Moju, o ribeirinho Cândido Pereira, de 65 anos, discorre sobre a Natura. Ele conta que foi a empresa de cosméticos que fez com que as famílias da região passassem a gostar da palmeira de murumuru.
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Até então, ela era um problema: seus frutos não são saborosos, tem espinhos, e ainda disputa terra e sol com o açaí, a queridinha da região. Por isso, atear fogo à espécie era uma prática comum. Há cinco anos, a Natura passou a comprar a amêndoa do murumuru para transformá-la em uma manteiga usada na composição de vários de seus produtos. Foi quando a palmeira feiosa virou dinheiro — o quilo de sua semente vale hoje 5,35 reais.
Longe dali, na cidade paraense de Altamira, seis cooperativas de produtores espalhadas ao longo da rodovia Transamazônica também estão ligadas à Natura. Neste ano, elas fornecerão à empresa 125 toneladas de cacau orgânico. Em 2007, as primeiras amostras entregues à companhia não atenderam às especificações técnicas. A Natura insistiu.
"Não se trata de uma simples relação comercial: você entrega o cacau e eu te dou o dinheiro", diz Alino Zavarise Bis, funcionário da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), do Ministério da Agricultura, que trabalha com as cooperativas. "A empresa nos ajuda com treinamentos e logística."