Publicação mostra que ação humana foi responsável por deslizamentos no Rio
© Juliano Spyer/Flickr
Publicação lançada nesta terça-feira (21) ajuda, pela abordagem técnica e por  uma gigantesca documentação em imagens, a desmontar falsos argumentos sobre  necessidade de manutenção das reservas legais e das áreas de preservação  permanente (APPs). O livro  “Áreas de Preservação Permanente e Unidades de Conservação X Áreas de Risco – o  que uma coisa tem a ver com a outra” é o relatório de inspeção da área  atingida pela tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro no último  verão. Foi publicado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) com o apoio do  WWF-Brasil e outras organizações.
As conclusões são estarrecedoras. Os  técnicos do MMA avaliaram 657 deslizamentos ocorridos numa área de 6 mil  hectares. Constataram que 92% dos acidentes foram ocasionados por ocupações  indevidas das áreas. Nos restantes 8% dos casos não foi possível identificar a  pressão antrópica como causadora dos deslizamentos. 
De acordo com o  coordenador do estudo, Wigold Schaffer, as áreas mais afetadas são exatamente  aquelas que o Código Florestal determina que devem ser preservadas e que a  reforma em tramitação no Congresso permite o desmatamento: margens de rios,  encostas com alta declividade e topos de morro.
"A constatação é que as  áreas protegidas são as que oferecem riscos quando ocupadas. O estudo demonstra  que a intervenção antrópica contribuiu para os resultados que ocasionaram em  perdas humanas e patrimoniais", disse. 
Schaffer contou que as áreas de  agricultura consolidadas em APPS – que a proposta de reforma do Código Florestal  quer manter desmatadas - também foram muito atingidas. Além da perda da lavoura,  da safra e do solo, houve ainda a morte de cerca de 40 agricultores que  construíram suas casas dentro de APPs.
De acordo com o superintendente de  Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, a publicação é  “fundamental para desmontar falsas retóricas”, mostrando que a raiz do problema  está no uso indevido de áreas protegidas. “Esta publicação ajudará na  mobilização da sociedade e colaborará para dar ao poder público a coragem para  enfrentar desafios e responsabilidades nas discussões a respeito do Código  Florestal”, disse Scaramuzza. 
A reforma do Código Florestal, que tramita  agora no Senado Federal, permite o desmatamento de APPs e de Reservas Legais e  anistia todas as ocupações irregulares de APPs, desobrigando sua restauração.  
Esse desmonte do Código Florestal vai na contramão de pesquisa de  opinião feita pelo Instituto Datafolha. O levantamento mostra que a imensa  maioria da população é contra as mudanças. Para 85% dos entrevistados, a  prioridade deve ser a proteção das florestas e dos rios, e não a produção  agropecuária. A pesquisa concluiu também que apenas 5% da população concordam  com o perdão a desmatadores. Para 79% dos entrevistados, se a anistia for  aprovada pelo Congresso, a presidente Dilma deveria vetar o perdão. 
Também ontem, o MMA lançou o livro “Pagamentos por Serviços Ambientais  na Mata Atlântica - Lições aprendidas e desafios”. O estudo reúne 78 iniciativas  já em curso na Mata Atlântica. Os projetos contribuem para a restauração de  matas ciliares, proteção e conservação da biodiversidade e ações de conservação  e manutenção de recursos hídricos. 
As publicações estão disponíveis na  internet, pelo portal do MMA, ou podem ser acessadas nos links abaixo:
 
