Só um parque, de sete, é entregue no Rodoanel Sul
Demora nas desapropriações faz Dersa adiar repasse de seis áreas verdes previstas como compensação ambiental da estrada
24 de maio de 2011 | 0h 00
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110524/not_imp723282,0.php
Autoria: Renato Machado e Rodrigo Burgarelli - O Estado de  S.Paulo
Uma longa placa suspensa acima das pistas do Trecho Sul do Rodoanel anuncia o  início de quatro parques: Bororé, Varginha, Itaim e Jaceguava. Mas nenhum  existe. Eles fazem parte do pacote de sete parques previstos como compensação  ambiental pela maior obra viária do País. Mas, após mais de um ano de  funcionamento da rodovia, apenas um foi entregue. 
Municípios cortados pelo Trecho Sul foram informados de que os parques seriam  entregues pela Desenvolvimento Rodoviário S.A (Dersa) até o fim do ano passado.  A empresa ligada ao governo estadual seria responsável por desapropriar as  áreas, cercá-las e construir prédios e equipamentos necessários para depois  entregá-los às prefeituras. 
Até agora, apenas o parque de Embu foi repassado, em novembro de 2009. Todos  os outros ganharam novo prazo de entrega: o segundo semestre deste ano. Mas até  a única unidade considerada pronta pela Dersa está distante de se tornar parque.  "O que se está chamando de parque na verdade é um terreno desapropriado e  cercado, que era o combinado desde o início com a Dersa. O parque somos nós  agora que vamos fazer", diz o prefeito de Embu, Chico Brito (PT). O investimento  da empresa ligada ao governo estadual nesse parque foi de R$ 27,5 milhões (R$ 27  milhões para desapropriação e o restante para cercar o terreno).
A prefeitura elaborou um projeto de R$ 32 milhões. Um quarto desses recursos  já foi obtido com o governo federal, o que possibilitou o início das obras. 
Desapropriação. O maior problema para tirar os outros  parques do papel envolve dificuldades para desapropriar terrenos. Alguns  proprietários brigam na Justiça por valores maiores ou para não deixarem suas  casas. O problema se repete em outras obras públicas, mas decisões liminares  permitem que o empreendimento avance enquanto o processo judicial não termina.  
No caso dos parques do Rodoanel, no entanto, os municípios não aceitam  terrenos com pendências. O resultado é que muitos já estão cercados e com  portarias, mas na prática são terrenos abandonados e sem utilidade. O que era  para ser um parque aberto à população ou unidade de conservação se torna local  de mato alto e alvo de vândalos. 
"O novo prazo que nos deram é dezembro. Enquanto isso, a região sofre ações  de vândalos, parte da cerca foi roubada", conta o consultor da prefeitura de São  Bernardo Ronaldo Tonobohn. 
Mudança. Tantos entraves fizeram com que a própria Dersa  repensasse seu modelo de transferência de parques. A empresa afirma que, em  empreendimentos futuros, como o Rodoanel Norte, vai destinar recursos para que a  desapropriação seja feita pelas prefeituras.    
 
