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Durante as Olimpíadas, o Estádio Olímpico será de uso exclusivo do atletismo, além de servir de palco das cerimônias de Abertura (27 de julho) e de Encerramento (12 de agosto).
Londres - Organizar uma edição dos Jogos Olímpicos é motivo de orgulho para qualquer cidade por conta das transformações necessárias na infraestrutura, que vão muito além das construções de estádios e locais de competições. Trata-se de um privilégio raro, exceto para Londres. A partir de 27 de julho, a capital inglesa se tornará a primeira do mundo a ter sediado três vezes as Olimpíadas — depois das edições de 1908 e 1948. O palco maior da festa, o Estádio Olímpico, estará à altura, com números superlativos e a preocupação com a sustentabilidade.
O projeto do estádio foi lançado em 7 de novembro de 2007, para 80 mil lugares. Mas, depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, diminuirá para 25 mil, graças ao modelo de construção em módulos desmontáveis.
O uso de materiais ecologicamente sustentáveis foi planejado para o estádio, que tem um custo de aproximadamente 490 milhões de libras (R$ 1,47 bilhão) e ficou pronto ano passado. O design foi da empresa de arquitetura Populous, a mesma que projetou os estádios da Luz e Algarve, em Portugal; o Olímpico de Sydney, na Austrália; Wembley e Arsenal, ambos em Londres; e o das Olimpíadas de Inverno-2014, em Sochi, na Rússia.
A Populous também é a responsável pelo projeto da Arena das Dunas, em Natal, um dos estádios da Copa-2014.
— O desejo da nossa equipe era desenhar, em Londres, o mais sustentável estádio olímpico já construído e reduzir a quantidade de aço e concreto empregada — explicou Jeff Keas, o diretor da Populous.
Impacto no transporte
O uso do concreto foi planejado para a fabricação em uma área localizada no perímetro do Parque Olímpico, junto a um ramal ferroviário, minimizando o impacto com transporte e garantindo que metas ambientais não fossem afetadas. Isso possibilitou que todos os materiais fossem entregues e transportados a granel por trem, o que tirou milhares de caminhões do trânsito londrino e das rodovias, minimizando congestionamentos e os efeitos da poluição.
Ter espaço para material de construção permitiu também a redução no transporte de vários componentes importantes para a edificação.
— Está marcada nos parâmetros de design dos Jogos Olímpicos de Londres a necessidade de prevenir o futuro e de garantir o legado de um megaevento. Era um desafio enfrentar o conceito de permanência de construções. Londres terá um número expressivo de construções provisórias — explicou Keas.
O critério de sustentabilidade para redução, reutilização e reciclagem foi adotado para criar um design compacto, flexível e leve. A estrutura principal do estádio é claramente expressa pela articulação diagonal externa da cobertura em aço tubular branco e pela superfície delgada em aço escuro que dá suporte à arquibancada superior provisória.
A pista de atletismo também sobressai. Ficou pronta em 3 de outubro do ano passado e é feita de borracha sintética capaz de dar mais velocidade aos corredores.
Para iluminar o campo e a pista em padrões suficientes para as transmissões por TV em HD estão instaladas 532 lâmpadas especiais, organizadas em 14 torres. A preocupação com o modelo de instalação leva em conta que os espectadores não sintam desconforto com a luminosidade.
Teste em túnel de vento
Instaladas a 63 metros acima do campo, as torres são o principal elemento da cobertura do estádio. Cada uma pesa 35 toneladas, tem forma triangular tridimensional que reflete a geometria de outros elementos do design e foi feita em aço tubular pintado de branco.
A cobertura também foi pensada para favorecer a quebra de recordes mundiais do atletismo, um esporte particularmente sensível às condições do vento. No estágio inicial de construção, até teste em túnel de vento foi feito para se encontrar o melhor design de cobertura para as condições do Parque Olímpico, minimizando o impacto do vento contrário na pista.
A própria área do Parque Olímpico, em Stratford, no Leste de Londres, experimentou admirável transformação. Mais de 1,4 milhão de metros cúbicos de solo contaminado foi retirado, lavado e descontaminado. Oitenta por cento desse total pôde ser reutilizado na construção.
Mais de quatro mil árvores foram plantadas nas áreas do parque e da Vila Olímpica, para proporcionar um ambiente melhor para os torcedores e os 14 mil atletas que irão competir em 26 esportes olímpicos e 20 paralímpicos.
(*) O repórter viajou a convite da Agência de Promoção de Comércio e Investimentos do Reino Unido