Mariposa inspira nanotecnologia para estudar Mal de Alzheimer
Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/05/2011
SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Mariposa inspira nanotecnologia para  estudar Mal de Alzheimer. 09/05/2011. Online. Disponível em  www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=antena-mariposa-nanotecnologia-mal-alzheimer.  Capturado em 10/05/2011. 
O revestimento dos nanotúneis existentes na antena da mariposa da  seda serviu de inspiração para a criação de nanoporos sintéticos que funcionam  como minúsculos instrumentos de medição.[Imagem: Chris Burke]
Imitando a estrutura das antenas da mariposa da seda, pesquisadores  desenvolveram um nanoporo que irá ajudar a lidar com uma classe de doenças  neurodegenerativas que inclui o Mal de Alzheimer.
Nanoporos
A minúscula ferramenta em forma de túnel - tecnicamente chamada de nanoporo - foi desenvolvida por uma  equipe coordenada por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados  Unidos.
Os nanoporos são essencialmente furos muito pequenos e muito precisos, feitos  em uma pastilha de silício. Eles funcionam como minúsculos dispositivos de  medição, que permitem o estudo de moléculas individuais e proteínas conforme  estas passam através deles.
Mesmos os melhores nanoporos construídos hoje entopem facilmente, o que tem  impedido que a tecnologia cumpra todo o seu potencial - os cientistas esperam  que os nanoporos permitam a construção de uma nova geração de equipamentos de  sequenciamento de DNA mais rápidos e mais baratos, apenas para citar um  exemplo.
Biomimetismo
A equipe foi buscar na natureza a inspiração para resolver essas  limitações.
A solução veio na forma de uma cobertura oleosa que reveste o nanoporo. O  revestimento captura e conduz a molécula de interesse suavemente através do  nanoporo, sem causar entupimento.
O revestimento também permite que os pesquisadores ajustem a espessura do  nanoporo com uma precisão próxima ao nível atômico.
"Isso nos dá uma ferramenta muito melhor para a caracterização das  biomoléculas," disse Michael Mayer, coautor do estudo.
"O nanoporo nos permite obter dados sobre o seu tamanho, carga, forma,  concentração e a velocidade com que se montam. Isto poderá nos ajudar a  entender, e possivelmente diagnosticar, o que sai errado em uma categoria de  doenças neurodegenerativas que inclui Parkinson, Huntington e Alzheimer,"  explica o cientista.
O revestimento oleoso melhora a funcionalidade dos nanoporos, que se  transformam em dispositivos de medição muito sensíveis, capazes de avaliar  moléculas individuais. [Imagem: Chris Burke]
Antenas da mariposa da seda
A "bicamada lipídica fluida" foi inspirada em um revestimento que recobre as  antenas da mariposa da seda do sexo masculino, que ajuda o animal a detectar o  cheiro das mariposas fêmeas que se encontram nas proximidades.
O revestimento captura as moléculas de feromônio no ar e as transporta  através de nanocanais no exoesqueleto até as células nervosas, que enviam uma  mensagem ao cérebro do inseto.
"Estes feromônios são lipofílicos. Eles tendem a se ligar a lipídios,  materiais semelhantes à gordura. Assim, eles ficam presos e se concentram na  superfície desta camada lipídica da mariposa da seda. A camada lubrifica o  movimento dos feromônios para que eles cheguem onde são necessários. Nosso novo  revestimento tem a mesma finalidade," explica Mayer.
Peptídeos beta-amiloide
Uma das principais linhas de pesquisa do grupo é o estudo de proteínas  chamadas peptídeos beta-amiloide, que os cientistas acreditam se coagule em  fibras que afetam o cérebro no Mal de Alzheimer.
Eles estão interessados em estudar o tamanho e a forma destas fibras, e como  exatamente elas se formam.
Para usar os nanoporos em experimentos, os pesquisadores colocam a pastilha  perfurada entre duas câmaras de água salgada, uma das quais contém as moléculas  a serem estudadas. A seguir, uma corrente elétrica é aplicada entre as câmaras,  criando um movimento iônico que força as moléculas a passarem através dos  nanoporos.
Conforme a molécula ou proteína atravessa o nanoporo, ela altera a  resistência elétrica do poro. A mudança observada dá aos pesquisadores  informações valiosas sobre o tamanho da molécula, sua carga elétrica e sua  forma.
Bibliografia:
Controlling protein  translocation through nanopores with bio-inspired fluid walls
Erik C.  Yusko, Jay M. Johnson, Sheereen Majd, Panchika Prangkio, Ryan C. Rollings, Jiali  Li, Jerry Yang, Michael Mayer
Nature Nanotechnology
Vol.: 6, Pages:  253-260 (2011)
DOI: 10.1038/nnano.2011.12


 
