Super-repelente de insetos
10/05/2011
http://agencia.fapesp.br/13850
Cientistas descobrem composto que, em testes, se mostrou  milhares de vezes mais eficaz do que os repelentes tradicionais, agindo contra  tipos variados de insetos (CDC)
Agência FAPESP – Cientistas nos Estados Unidos anunciaram um novo tipo  de repelente que se mostrou milhares de vezes mais eficaz do que os produtos  tradicionais em testes realizados. Além disso, o super-repelente atua contra  todos os tipos de insetos, incluindo moscas, mariposas e formigas.
O estudo feito pelo grupo do professor Laurence Zwiebel, na Universidade  Vanderbilt, foi publicado no site e sáirá em breve na edição impressa da revista  Proceedings of the National Academy of Sciences.
“Descobrir um novo repelente não era nosso objetivo. Foi o resultado de uma  anomalia que verificamos em nosso estudo”, disse David Rinker, um dos autores da  pesquisa.
A pesquisa, que tem apoio dos Institutos de Saúde dos Estados Unidos (NIH),  visa ao desenvolvimento de novas formas de controlar epidemias de malária por  meio da atuação sobre os sensores olfativos dos mosquitos.
“Ainda é muito cedo para saber se o composto identificado poderá ser usado  como base para um produto comercial. Mas ele é o primeiro de uma nova classe e,  por conta disso, poderá ser usado no desenvolvimento de outros compostos que  poderão ter características apropriadas para a comercialização”, disse  Zwiebel.
A descoberta da nova classe de repelentes teve como base o conhecimento  adquirido nos últimos anos a respeito das características dos sensores olfativos  dos insetos.
Esses sensores se localizam nas antenas e atuam, no nível molecular, de forma  semelhante aos sensores dos mamíferos. Entretanto, os sistemas olfativos dos  insetos são fundamentalmente diferentes dos encontrados nos mamíferos.
Nos insetos, os receptores de cheiro não atuam autonomamente, mas por meio de  um complexo com um único correceptor, chamado orco, que detecta as moléculas  odoríferas. Os receptores de cheiro estão espalhados pela antena e cada um  responde a um odor específico. Para funcionar, entretanto, cada um precisa estar  conectado com um orco.
Zwiebel e equipe inseriram receptores de cheiro de mosquitos em células  embrionárias do rim de humanos. Essas células foram testadas com uma biblioteca  de mais de 118 mil pequenas moléculas utilizadas no desenvolvimento de  drogas.
Os cientistas encontraram um número de compostos que ativou resposta nos  receptores comuns e um outro que consistentemente disparou o complexo  receptor-orco. A molécula, a primeira a estimular diretamente o correceptor, foi  denominada VUAA1.
“Se compostos como a VUAA1 puderem ativar cada receptor de cheiro de um  mosquito, então eles poderão dominar o olfato do inseto, criando um forte efeito  repelente”, disse Rinker.
Em testes preliminares com mosquitos, o grupo observou que a VUAA1 foi  milhares de vezes mais eficiente para repelir esses insetos do que compostos que  usam o DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), comumente empregado em  repelentes.
O composto também se mostrou eficaz contra moscas, mariposas e formigas. “A  VUAA1 abre a porta para o desenvolvimento de novos agentes que poderão não  apenas atuar contra vetores de doenças que atingem os humanos como também contra  pragas agrícolas”, disse Jones. A Universidade Vanderbilt entrou com pedido de  patente para a nova classe de compostos químicos de uso potencial contra  insetos.
O artigo Functional agonism of insect odorant receptor ion channels  (doi/10.1073/pnas.1102425108), de Laurence J. Zwiebel e outros, pode ser lido  por assinantes da PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1102425108. 

 
