quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quando se trata da produção mundial de alimentos, o discurso do "triple bottom line" é esquecido...

Protestos esquentam debate florestal




Ruralistas levam 10 mil pessoas a Brasília para pressionar por aprovação de novo código sobre uso de florestas



Projeto do deputado Aldo Rebelo favorece proprietários rurais, mas diminui reservas para matas nativas



Evaristo Sá/France Presse



Agricultores participam de manifestação organizada por políticos ruralistas em Brasília



MARIA CLARA CABRAL

ANA CAROLINA OLIVEIRA

DE BRASÍLIA



Representantes do agronegócio fizeram vários atos durante todo o dia de ontem em Brasília, para pressionar pela aprovação do projeto que revisa o Código Florestal.

Segundo a Polícia Militar, 10 mil pessoas participaram da passeata e de uma missa campal. A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), que representa os agricultores, fala em 20 mil.

Líderes do movimento ficaram frustrados com a posição do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que quer aguardar o fim do debate em uma nova comissão especial para levar o novo código ao plenário.

A falta de posição clara do governo sobre o tema também é um empecilho para a votação. Os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura têm divergências.

Sentindo que os ambientalistas podem perder a queda de braço com os ruralistas, a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) esteve na Câmara e falou da possibilidade de estender o prazo do decreto presidencial, que vence em 11 de junho, para que os produtores façam a averbação (ou seja, a delimitação) de sua reserva legal.

Izabella é contra o relatório de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Reclama, principalmente, da anistia que será concedida a pequenos agricultores que desmataram suas terras.

Já o ministério da Agricultura é a favor do texto de Rebelo. Segundo o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), o Planalto deve encerrar o impasse até o fim da semana.

Ontem, Rebelo confirmou que vai retirar do seu substitutivo a "moratória do desmatamento". O artigo prevê período de cinco anos no qual não seria permitido o corte raso de floresta nativa para uso agropecuário.

Outra mudança será a possibilidade de a reserva legal ser compensada no mesmo tipo de ambiente, mas em Estados diferentes.

De acordo com Kátia Abreu, presidente da CNA, o projeto põe fim à "agonia de brasileiros". "Os mais de 24 mil agricultores vieram aqui para demonstrar o desespero de cada um. Deles, 99% estão com sua produção de alimento na ilegalidade."



ALDO E MARINA

A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata derrotada à presidência Marina Silva entrou na briga entre ruralistas e ambientalistas.

Disse, em sua conta do Twitter, que as mudanças no Código Florestal deveriam "proteger florestas, recuperar áreas destruídas e apoiar agricultores para que produzam de forma sustentável".

Em resposta, Rebelo disse que a intransigência de Marina "mostra que ela tem responsabilidade na legislação que levou para a ilegalidade muitos agricultores do país".




 
Esperar queda da inflação de alimentos é aposta arriscada para os BCs mundiais

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0604201110.htm

Autor: SÉRGIO VALE

ESPECIAL PARA A FOLHA



Os últimos anos têm sido trabalhosos para os bancos centrais ao redor do mundo.

Nas décadas de 1990 e 2000, houve uma evolução dos mecanismos de controle de preços, principalmente com o desenvolvimento do sistema de metas de inflação.

Mas os riscos que devem ser controlados por essas instituições aumentaram. Há uma maior instabilidade tanto da inflação quanto do nível de crescimento, o que traz incertezas sobre as políticas a serem seguidas.

Um grande responsável por essa incerteza são os preços dos alimentos. Se fosse apenas uma demanda mais elevada de países como a China, talvez sua evolução fosse um pouco mais previsível. Mas, como há muito dinheiro disponível no mundo e poucos investimentos rentáveis, os fundos de investimentos que negociam commodities se tornaram mais atrativos. Isso ajuda no aumento dos preços.

Combater esses aumentos não é trivial. Como o Banco Central brasileiro reconhece, não há muito a fazer em termos de política monetária contra os choques da inflação de alimentos. Mas cabe aos bancos centrais evitar que essa inflação contamine as diversas cadeias de preços e façam um choque temporário virar permanente.

O BCE (Banco Central Europeu) vai enfrentar uma escolha de Sofia nesta quinta-feira: combater a inflação ou manter os estímulos ao crescimento, ainda fraco em boa parte da zona do euro.

Para o BCE, o risco de inflação sempre foi mais relevante, decisão que deverá prevalecer agora. Para o Fed (Federal Reserve), o risco da economia em baixa ainda é mais importante, mas até 2012 a inflação tenderá a se tornar um problema maior.

O caso brasileiro não é essencialmente diferente. Também sofremos efeitos dos preços de commodities.

Entretanto, o Banco Central deveria ser mais comedido em sua aposta sobre os efeitos temporários desses choques. O Brasil tem duas diferenças essenciais em relação aos outros países: a demanda cresce em ritmo forte e os riscos de reindexação são muito maiores.

Esperar que choques quaisquer se acomodem nessa situação nos parece uma aposta por demais arriscada para o Banco Central fazer neste momento.



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SÉRGIO VALE é economista-chefe da MB Associados.




Após inflação de alimentos, China aumenta juros


Autoria e fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0604201108.htm

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



A preocupação com a alta da inflação levou o Banco Central chinês a elevar ontem as taxas de juros do país. Foi o quarto aumento desde outubro do ano passado.

A escalada dos preços de alimentos criou uma tendência de aperto na política monetária (juros mais altos) não só nos países emergentes.

As economias desenvolvidas, que ainda sofrem com a crise financeira, enfrentam o dilema de segurar a inflação ou estimular o crescimento. O mercado financeiro aposta que vai prevalecer o controle de preços.

O BCE (Banco Central Europeu) deu indicações ao mercado de que amanhã pode elevar os juros, atualmente em 1%, a mínima histórica.

Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve) informou ontem que os diretores ainda estão divididos sobre o ajuste monetário. O presidente do banco, Ben Bernanke, disse que a inflação de alimentos deve ser passageira.

Na China, as taxas subirão em 0,25 ponto a partir de hoje. Os juros de empréstimos, que são comparáveis à Selic, ou seja, taxa básica do país, irão para 6,31%. Já a taxa de depósito sobe para 3,25%.

Essa segunda taxa foi um instrumento criado pelo país para controlar a poupança da população. Quando esse juro sobe, a população deixa o dinheiro rendendo nos bancos. E, com a queda da taxa, a população é estimulada a aumentar o consumo.

Os preços ao consumidor na China subiram 4,9% em fevereiro. Somente a inflação de alimentos registrou um aumento de 11%.

A alta dos juros terá como consequência possível uma pequena redução do crescimento econômico na China -a previsão atual do FMI para 2011 é de 9,5%.