quarta-feira, 6 de abril de 2011

Japão identifica radioatividade em peixes...A cadeia alimentar no Oceano Pacífico será afetada? Mutações?

Japão identifica radioatividade em peixes




São Paulo, quarta-feira, 06 de abril de 2011



Autoria e fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0604201101.htm
 

 
Governo estabelece limites para radiação em frutos do mar; amostras pescadas têm índices acima do máximo



Operários anunciam conserto do vazamento num dos reatores; água radioativa ainda é bombeada para o mar



Toru Yamanaka/France Presse

Japonesa separa peixes no mercado de Hirakatana, na cidade de Ibaraki; governo confirma contaminação por radiação



DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



O Ministério da Saúde do Japão anunciou ontem que peixes encontrados na costa de Ibaraki (cidade a 80 km da usina de Fukushima 1) apresentaram índices de iodo radioativo acima do limite aceitável para consumo.

A notícia ameaça comprometer ao menos em parte a indústria pesqueira do país, que movimenta US$ 16 bilhões por ano e emprega 212 mil pessoas. O Japão produz 15% do peixe mundial.

O anúncio aconteceu ao mesmo tempo em que o governo japonês estabeleceu um limite de segurança para índices de radioatividade encontrados em frutos do mar.

Vazamentos de radiação e o bombeamento de água usada no resfriamento dos reatores da usina, afetados por um tsunami em 11 de março, contaminaram o oceano.

A água do mar ao lado do complexo registrou ontem índices de iodo radioativo 4.800 vezes mais alto que o limite legal.

A espécie de peixe encontrada com índices elevados de radiação é o kounago pequeno, espécie de sardinha.

Além do iodo-131, ele apresentava índices de césio radioativo pouco abaixo do limite máximo tolerado. Segundo o governo, o peixe foi retirado do mar na última sexta-feira.

Amostras de espinafre e leite produzidos em Fukushima já revelaram radiação acima do limite legal.

Especialistas japoneses afirmaram, porém, que os limites são conservadores e seria necessário consumir quantidades enormes desses alimentos para sofrer problemas de saúde.

Apesar disso, a indústria pesqueira já sente o efeito da crise. "Mesmo se o governo disser que o peixe é seguro, as pessoas não vão comprar", disse Ichiro Yamagata, um pescador de Fukushima.

A Índia já se tornou o primeiro país a proibir totalmente a importação de comida do Japão por causa da radiação. Índices de radioatividade não nocivos ao homem já foram encontrados nos EUA e Cingapura.



VAZAMENTO

Ontem, a Tepco, empresa dona da usina, anunciou ter contido o vazamento de água radioativa do reator 2, que estava contaminando o mar.

Contudo, desde anteontem, operários bombeiam para o oceano 11,5 mil toneladas de água radioativa -correspondente a três piscinas olímpicas- usada para resfriar os reatores nucleares.

Segundo a Tepco, a quantidade total de água radioativa acumulada no interior da usina é de 60 mil toneladas, mas apenas a parte com os menores índices de radiação será jogada no mar

A empresa começou a distribuir dinheiro para cidades afetadas pela catástrofe, mas em quantidades consideradas pequenas. Ao menos seis prefeitos foram à capital Tóquio pedir mais verbas.




Japão estabelece novo limite de radiação para frutos do mar


05/04/2011 - 09h53

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS


Autoria e fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/898382-japao-estabelece-novo-limite-de-radiacao-para-frutos-do-mar.shtml

Diante do aumento em milhões de vezes o limite da radiação na água do mar, o governo do Japão decidiu criar seu primeiro padrão legal de radiação para frutos do mar e peixes.




A Tokyo Electric Power (Tepco), companhia operadora da usina nuclear de Fukushima Daiichi, informou nesta terça-feira que foi detectado na água do mar nas proximidades da central um nível de iodo radioativo cinco milhões de vezes superior ao limite legal, enquanto o césio-137 apresenta índice 1,1 milhão de vezes maior.



A Tepco insiste que a radiação vai se dispersar rapidamente no mar e que não impõe risco imediato. Mas especialistas indicam que a contaminação por iodo radioativo e césio-137 pode sim criar uma contaminação residual.

Diante de relatos de que a radiação está aumentando nos peixes, principal fonte de proteína da alimentação japonesa, o governo criou um padrão de radiação aceitável para este tipo de alimento.




Níveis elevados der iodo radioativo foram detectados em peixes launce, pescados em Kitaibaraki, na província de Ibaraki. Outro tipo de peixe pescado perto de Kitaibaraki também estava contaminado com 526 bequerels por kg de césio, excedendo o limite legal de 500 bequerels.



"Mesmo que o governo diga que o peixe é seguro, as pessoas não vão querer comprar frutos do mar de Fukushima", disse Ichiro Yamagata, pescador que vivia próximo ao complexo e hoje está em um abrigo em Tóquio. "Nós provavelmente não poderemos pescar lá por vários anos".



Uma amostra recolhida no início de segunda-feira em uma área marinha próxima ao reator 2 de Fukushima revelou uma concentração de iodo-131 de 200 mil becquerels por centímetro cúbico.



As análises também mostraram que a presença de césio-137 superava o limite legal em 1,1 milhão de vezes, segundo fontes da Tepco citadas pela emissora pública de televisão NHK.



Enquanto o iodo-131 tem vida média relativamente breve, de oito dias, o período de semidesintegração do césio-137 é de 30 anos.




Especialistas concordam que a radiação se dissipa rapidamente pelo oceano Pacífico, mas a exposição direta com a água contaminada pode levar a danos imediatos, segundo Yoichi Enokida, professor de ciência dos materiais na Universidade Nagoya.

Ele afirma ainda que a longa meia-vida do césio-137 é o maior risco, já que pode se acumular nos peixes ao longo do tempo.




Fukushima não é uma grande área pesqueira e a pesca é proibida nos arredores da usina nuclear. Já as áreas costeiras afetadas pelo tsunami do dia 11 de março representam cerca de um quinto da enorme indústria pesqueira do Japão.



Os pescadores afirmam, contudo, que os temores de radiação podem afetar a confiança dos consumidores em toda a produção do país. Embora o Japão importe mais do que exporta, o país enviou significativos US$ 2,3 bilhões em frutos do mar no ano passado.



COMPENSAÇÃO



A TEPCO disse nesta terça-feira que iniciou o pagamento de "dinheiro de condolência" para que governos locais possam ajudar as pessoas que tiveram de deixar suas casas ou que foram afetadas pela radiação da usina.



A companhia deve ter de pagar uma conta gigantesca pelos danos causados pela usina, mas disse que primeiro precisa avaliar a extensão dos danos na unidade antes de começar o pagamento de compensações.



"Ainda estamos discutindo o quanto será pago por nós mesmos e quanto precisaremos de ajuda do governo", disse o vice-presidente-executivo da Tepco, Takashi Fujomotohe, em entrevista coletiva.