sábado, 12 de fevereiro de 2011

Visões de sustentabilidade

Visões de sustentabilidade

Fonte: http://revide.com.br/gerais/visoes-de-sustentabilidade/

Autores: Yara Racy e Fernando Belezine




Convidados pela Revide, quatro profissionais diferenciados discorrem sobre esse tema tão atual

 
Dando início a uma série de discussões que a Revide pretende abordar em 2011, esta semana o portal da revista apresenta, em texto e vídeo, a opinião de quatro diferentes profissionais sobre o tema sustentabilidade.



Para comentar esse assunto tão atual e tão importante para a sociedade e o planeta foi realizado um encontro, na sede da revista, com os convidados: Vera Lúcia Blat Miglioni, arquiteta, urbanista e professora das Faculdades COC; Marcos Fava Neves, professor e doutor da Faculdade de Economia e Administração (FEA USP-RP); Marcelo Pereira de Souza, professor titular do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP-RP e Paulo Finotti, químico e presidente da Sociedade da Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma) e vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo.



O bate-papo informal, de quase duas horas, foi registrado em vídeo e os melhores momentos dessa "boa prosa" você confere aqui no portal. Sob a ótica de sua área de atuação, cada convidado abordou o conceito de sustentabilidade, apontando problemas ou levantando pontos contraditórios e oferecendo alternativas para a efetiva sustentabilidade do país e do mundo.



Com essa iniciativa, a Revide cumpre o seu papel de veículo de comunicação, encurtando distâncias e levando há um grande número de pessoas o acesso fácil e rápido a diferentes formas de pensamento sobre assuntos relevantes para a vida moderna. Conheça o que pensam nossos convidados e forme você também a sua opinião.



Considerações



Para a arquiteta e urbanista Vera Lúcia Miglioni, a sustentabilidade está associada a garantia de um meio ambiente onde as próximas gerações possam usufruir de um mundo com todos os recursos para a satisfação de suas necessidades de sobrevivência e, dentro de sua área de atuação, Vera não acredita ser possível a efetiva prática de sustentabilidade. “Nós não conseguimos conceber um ambiente urbano sustentável, isso é uma utopia. Podemos ter tentativas no sentido de fazer o meio ambiente mais equilibrado, mas o meio ambiente urbano sustentável é uma quimera”, observa.



Mais otimista, Marcos Fava Neves, acredita em um aprimoramento cada vez maior de técnicas e soluções capazes de tornar a sustentabilidade um pilar das ações empresariais. “A questão ambiental passou a fazer parte da importância brutal das atividades das empresas; a cada ano fica mais grave a situação de uma empresa que não está atenta à questão ambiental", alerta.



Para o professor a geração de hoje é muito feliz de viver um momento onde esse assunto é tão discutido, pois essa conscientização ambiental já veio tarde. “Agora temos que reparar os danos, alguns já irreversíveis, mas o pilar ambiental cresceu nos anos 2000 e está incorporado em boa parte das empresas. Esse aspecto é o grande ganho da sociedade mundial graças à internet, à comunicação, onde todo mundo fica sabendo de tudo num instante”, completa.



Já o professor de biologia, Marcelo Pereira de Souza, aponta para uma distinção entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e a necessidade de mudanças estruturais para se alcançar resultados efetivamente sustentáveis. “Eu colocaria em pauta, com muito mais veemência, a questão da biodiversidade. É muito difícil se falar em sustentabilidade e não mudar o sistema (capitalista), pois ele é perverso e induz as pessoas atuarem em varejo, e varejo, por sua vez, é muito vazio, efêmero. Nós precisamos de mudanças estruturais", opina.



Para Marcelo, a sustentabilidade eficiente não é apenas ambiental, mas sim integrada. "Posso desenvolver uma política sustentável sem tocar na área ambiental, é apenas retórico. Sustentabilidade é um assunto discutido e discutível. O desafio do ambiental é tentar aderir a todos esses valores (sociais, econômicos, biofísicos) da forma mais equilibrada possível", argumenta.



Químico e atuante nas questões de defesa ambiental, através da Soderma, Paulo Finotti coloca tanto o desenvolvimento sustentável quanto a sustentabilidade como termos etéreos em sua definição. “Na prática, sustentabilidade é deixar o planeta igual ou melhor do que aquele que recebemos, desde que isto favoreça todo o processo físico que nós encontramos no cotidiano”, ressalta.



Sob o ponto de vista ambiental, aspectos políticos, econômicos e sociais são tópicos distantes, mas que, na visão do químico, deveriam ser complementares. “Estamos “destruindo” o planeta há anos e agora queremos reconstruir o sistema o mais depressa possível. É preciso raciocinar macro, tratar o meio ambiente como algo de estado e não de governo, acabar com o egoísmo e as brincadeiras ambientais realizadas nas três esferas governamentais, pois como digo sempre “Deus perdoa. O homem, às vezes. A natureza, nunca. Então vamos aprender, ao menos, a respeitar a natureza”, conclui.



Especial Portal Revide



Confira AQUI os vídeos desse bate-papo.