segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

LOGÍSTICA REVERSA...

Governo Federal vai criar comitê para devolução de resíduos sólidos à indústria

9/Fevereiro/2011



Consultor do Obra Limpa explica como setor pode se mobilizar para atender ao sistema de logística reversa

Fonte: http://www.piniweb.com.br/construcao/sustentabilidade/governo-federal-vai-criar-comite-para-restituicao-de-residuos-solidos-208892-1.asp

Autor: Mauricio Lima




Com a PNRS, fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores vão compartilhar responsabilidade pela destinação de resíduos

No próximo dia 17 de fevereiro será formalizada a criação do Comitê Orientador para Implantação de Sistemas de Logística Reversa, órgão previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada em 2010. Conforme o artigo 33 do regulamento, o comitê será formado pelos ministros da Agricultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Fazenda, da Saúde e do Meio Ambiente.



O comitê deverá estabelecer parâmetros para viabilizar a logística reversa de resíduos sólidos no País. O processo consiste na coleta e restituição dos resíduos ao setor industrial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação ambientalmente adequada.



Os segmentos que obrigatoriamente integrarão o processo de logística reversa são os de agrotóxicos, eletroeletrônicos e seus componentes, lâmpadas fluorescentes, óleos lubrificantes e seus resíduos e embalagens, pilhas e baterias e pneus. Mas, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), há também a intenção de regulamentar a logística reversa para embalagens.



Se os setores não chegarem a um acordo, o comitê editará normas sobre a logística reversa dos materiais. Essas normas deverão ser válidas para todo país e terão a PNRS como base.



Na construção civil, as embalagens são colocadas em caçambas, juntamente com os resíduos oriundos da obra, dificultando a sua separação e futura reciclagem. Segundo Élcio Careli, diretor presidente da Obra Limpa, empresa de consultoria de gerenciamento de resíduos da construção civil, "a gestão de resíduos no País ainda está muito dispersa, sem exatidão de quem é a responsabilidade pelo armazenamento e reciclagem do material". Com a PNRS, fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores vão compartilhar essa responsabilidade.



Confira entrevista com o consultor:



Existem atualmente empresas do setor que utilizam a logística reversa para embalagens?

Existem apenas ações pontuais, como a de uma empresa de argamassa no Nordeste que recebia as embalagens de seu produto após o uso. Mas o setor em si não conta com grandes ações relacionadas à reciclagem das embalagens.



Como as construtoras, no âmbito da gestão de resíduos, podem trabalhar para a instalação da logística reversa de embalagens?

É necessária uma separação melhor já nos canteiros de obra, evitando que o material que irá ser reciclado se junte com outros entulhos. As embalagens acabam se misturando com resíduos perigosos e não-inertes, dificultando a sua reciclagem e afetando a qualidade do próprio aterro e correndo o risco de contaminar o espaço.



Como a indústria da construção no geral pode agir para viabilizar a logística reversa?

O melhor modo para a instalação da logística reversa no setor passa pela capacitação técnica da rede de reciclagem já existente. Como nem os fabricantes nem o canteiro de obras têm como abrigar todo o material que for enviado, há a necessidade de acordos com os aterros para a reciclagem das embalagens, que já contam com a infraestrutura adequada para o armazenamento correto do material enviado. E isso pode ser estendido aos chamados Ecopontos, já existentes em São Paulo, que são locais de entrega voluntária de pequenos volumes de entulho (até 1 m³), grandes objetos e resíduos recicláveis, através de um acordo com a prefeitura.



Como está a gestão de resíduos no Brasil atualmente?

Atualmente, o sistema está muito disperso. A PNRS abre um novo horizonte nessa questão, na tentativa de alinhar a cadeia. Hoje em dia, a logística reversa depende de uma ação voluntária esporádica, sem ter um sistema formado. Não é possível pensar em um sistema ideal onde o resíduo sai da obra e volta para a fábrica, pois assim o modelo fica furado. Tem que passar por lugares que já concentram resíduo.



Logística reversa cresce, soma US$ 20 bi e prevê crescer 10%




15/02/11 - 00:00
Fonte: http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=9&id_noticia=362240
Autor: Alex Ricciardi





São Paulo - As empresas que atuam no segmento de logística reversa - ou seja, no transporte de bens, embalagens e de outros materiais dos consumidores às empresas ou do pós-consumo às empresas - movimentaram no ano passado cerca de US$ 20 bilhões. A atividade já atinge a cerca de 10% de tudo que é vendido no País, e a projeção para este ano é que ela cresça de 10 a 12%. Para empresários do setor, o mercado ainda é embrionário e demonstra potencial em áreas como da indústria do plástico, o segmento de combustíveis, setor editorial, além das telecomunicações - especialmente promissoras para a logística reversa, principalmente com o aumento da preocupação das empresas com sustentabilidade.







De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog) Rodrigo Vilaça, o mercado nacional deste segmento tem muito a crescer. "Nos EUA, por exemplo, a Reverse Logistics Association, que representa o setor naquele país, calcula que a logística reversa movimente mais de US$ 750 bilhões em gastos ao ano", afirmou ele.







No Brasil, as empresas de diversos setores chegam a ter de 5% a 10% dos produtos que colocam no mercado devolvidos por algum motivo - e isto se faz com a logística reversa. Só no caso específico do pós-venda, a área movimenta no País R$ 16 bilhões/ano e há atividades, como o mercado editorial, em que até 50% de tudo que é colocado no mercado é de alguma forma devolvido às companhias. O custo do pós-venda no Brasil equivale a cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, indicam estimativas do setor.







Ao ver tais excelentes perspectivas para a atividade, a empresa Talog irá inaugurar dia 17 de fevereiro um novo centro de distribuição (CD) em Recife (PE). O espaço está localizado ao lado do aeroporto de Guararapes, e fica próximo ao polo industrial da região - considerado um dos maiores do Nordeste do País. A Talog integra as empresas da holdingTA - Transportadora Americana, e é considerada uma das maiores do setor no mercado nacional. A empresa atende ao mercado de transporte nos segmentos farmacêutico, químico, veterinário, cosméticos, autopeças e eletrônicos, dentre outros.







Plástico



Outra companhia - esta de menor porte - que viu no segmento de logística reversa um filão interessante é a TerraCycle, que se foca na reciclagem de produtos. A empresa afirma ter encontrado no transporte de insumos e itens descartados e na sua transformação em produtos de consumo "verdes" uma área nova, e desafiante. Segundo Guilherme Brammer, presidente da empresa, alguns dados dão conta do porte local do setor: "Só a reciclagem de plásticos no Brasil (um das atividades mais representativas da logística reversa) cresce de 7 a 8% ao ano", revela.







Em 2011, a projeção é que esta área de reciclagem movimente em torno de R$ 6 bilhões. O executivo explica que a empresa faz todo o atendimento aos clientes, da retirada do produto, até o processamento. E as palavras dele são complementadas pelas de Miguel Bahiense, diretor executivo da Plastivida - Instituto Sócio Ambinetal dos Plásticos: "É fundamental ressaltar que o índice de reciclagem mecânica no Brasil, 21,2%, é maior do que o índice médio da comunidade européia, que é de 18,3% - e isto levando-se em conta que os europeus contam com bem mais infraestrutura no setor do que nós".







Razões



O professor Paulo Roberto Leite, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), dá algumas razões pelas quais a logística reversa vem crescendo tanto no País: "A quantidade de produtos em circulação cresce, acompanhando a própria economia, e muitos são novos e ainda sujeitos a falhas. Há também uma tendência à redução do ciclo de vida dos bens produzidos e legislações cada vez mais duras no que tange à qualidade que os mesmos tem de apresentar para que não sejam passíveis de devolução".







Vilaça, da Aslog, complementa: "A logística reversa no Brasil é uma tendência. O setor será cada vez mais importante, e se uma organização não o levar em conta certamente perderá mercado". E quais as demandas que o setor apresenta? Renata Franco, advogado especializada no assunto, aponta: "O que falta no Brasil é incentivo ao setor empresarial para que este recicle mais e, ao fazê-lo, use mais de logística reversa. Precisamos de redução de tributos na atividade", pede ela. "Sem dúvida alguma, uma menor tributação sobre a logística reversa é essencial para a saúde da atividade no País e, consequentemente, para toda a economia nacional", reforça Rodrigo Vilaça.







Evento



O Centro Empresarial de São Paulo receberá, em 24/03, o 2º Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa, para discutir o tratamento e a destinação de resíduos sólidos no Brasil.




MMA dá primeiro passo rumo à logística reversa






17/02/2011


fonte:http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=ascom.noticiaMMA&idEstrutura=8&codigo=6501

Suelene Gusmão



Nos próximos quatro meses, o Comitê Orientador da Logística Reversa, empossado nesta quinta-feira (17/2) no Ministério do Meio Ambiente, vai definir os critérios de aprovação para os estudos de viabilidade técnica e econômica da logística reversa. Vai também deliberar sobre a forma de realização de consulta pública relativa à proposta de implementação desses sistemas. O calendário inicial de atividades do Comitê foi aprovado hoje durante a solenidade de posse.



A presidente do Comitê, ministra Izabella Teixeira, afirmou que a solução para a questão dos resíduos sólidos não depende só do setor produtivo, mas envolve o Governo e a sociedade e pressupõe mudança de comportamento. Segundo ela, a lei determina que as empresas são responsáveis pelos resíduos que gera. "Temos de investigar quais são os requisitos para que isso seja de fato operacional. Já temos, por exemplo, empresas recolhendo voluntariamente o lixo eletroeletrônico, mas isso ainda não acontece em todo País", disse.



A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, considerou a instituição do comitê como o instrumento mais importante e estratégico para fazer valer a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) aprovada em 2010. Segundo ela, o comitê vai definir de fato como se dará a logística reversa em nosso País."Estamos começando a resolver o maior problema ambiental do País que é o lixo", disse.



Além do MMA, o Comitê Orientador é composto pelos ministros da Saúde; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); e da Fazenda. Além da ministra Izabella estiveram presentes à cerimônia de posse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e os secretários-executivos dos outros ministérios que compõem o comitê. Também participaram da cerimônia os representantes do Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Recicláveis, recentemente instituído.



De acordo com a regulamentação da PNRS, a logística reversa tem por objetivo a implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. A lei estabelece a obrigatoriedade de estruturação e implementação de sistema para as cadeias produtivas de agrotóxicos (seus resíduos e embalagem); pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes (seus resíduos e embalagens); lâmpadas fluorescentes (de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista); e produtos eletroeletrônicos e seus componentes.



A ministra lembrou que uma pesquisa realizada no Brasil mostrou que 17% da população brasileira ainda guarda lixo eletroeletrônico em casa. Izabella disse não ser mais aceitável que em nossas cidades e também no campo ainda seja feito o descarte inadequado de embalagens de agrotóxicos. "Estamos evoluindo. Isso é sustentabilidade no dia-a-dia. Isso é mudança de comportamento".



Os sistemas de logística reversa serão implementados por meio de acordos setoriais, regulamentos expedidos pelo Poder Público ou Termos de Compromisso. Comitê Orientador será assessorado por grupo técnico.