Americanos temem que clima quente gere invasão de piranhas
O Departamento de Recursos Naturais do estado da Carolina do Sul dos Estados Unidos encomendou a um grupo de pesquisadores um estudo sobre cenários em um mundo mais quente. O relatório final do estudo alerta para o risco da invasão de espécies exóticas perigosas como piranhas e enguias. Também alerta para riscos de inundação, doenças tropicais e desaparecimento dos pântanos.
O estudo está gerando polêmica nos EUA porque, apesar do conteúdo preocupante, foi mantido em segredo desde novembro de 2011 por autoridades estaduais. Ele vazou nesta semana graças a uma investigação do jornal americano The State.
A revelação faz parte de um novo cenário americano. Nos últimos meses, o público vem ganhando mais consciência dos riscos associados às mudanças climáticas.
O estudo avalia o que pode acontecer diante de um aumento de 1,5 grau centígrado nos próximos 70 anos. Hoje, a Carolina do Sul já está mais quente do que nos últimos 40 anos. Uma das consequências é a decadência da pesca de camarão. Aparentemente, ele busca águas mais geladas.
Os pesquisadores detalham o risco da invasão de espécies estranhas à região. Uma delas são as piranhas. Alguns exemplares já foram encontrados em rios americanos. Mas foram casos isolados. A maioria dos peixes da espécie não sobrevive aos meses de inverno. Com o avanço do calor, teme-se que populações da espécie proliferem na América do Norte.
As principais consequências do aquecimento para a Carolina do Sul incluem:
- redução na pesca por causa de alteração no plânton derivadas do aquecimento das águas;
- risco para a população de tartarugas marinhas, por causa do aquecimento da areia da praia;
- redução na taxa de oxigênio de partes do mar, gerando zonas mortas para a pesca;
- avanço da água salobra, afetando o suprimento de água.
Esses perigos não são exclusivos da Carolina do Norte nem mesmo do sul dos EUA. Embora alguns rios brasileiros já tenham piranhas, o estudo também mostra como um aquecimento aparentemente pequeno – de 1,5 grau – pode trazer grandes consequências. Cientistas de algumas organizações de peso como a Royal Society britânica ou o Banco Mundial já falam num aumento de pelo menos 4 graus ao longo do século.
No Brasil, casos de ataques de piranhas são frequentes, principalmente na região Norte. Nos EUA, as piranhas fazem parte do imaginário do terror. Inspiraram uma série de filmes de qualidade duvidosa. No último, Piranha 3D, variedades pré-históricas do peixe voraz escapam em um lago do Arizona, depois de um terremoto. Os peixes fósseis trazem medo, morte e destruição. No caso atual, menos absurdo, são os combustíveis fósseis que mudam o clima da Terra e abrem espaço para a expansão de espécies invasoras de áreas tropicais.
(Alexandre Mansur)