domingo, 18 de novembro de 2012

Resíduos eletroeletrônicos são negócio de empresa incubada no ES





Revertec recebe e separa componentes de geladeiras, computadores, celulares, entre outros; empreendimento incubado integra cadeia de logística reversa
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Vanessa Brito
Vitória – Reaproveitar componentes de geladeiras, equipamentos de refrigeração, computadores, impressoras, celulares, telefones, entre outros, é uma atitude ambientalmente correta e lucrativa.
Materiais valiosos como cobre, níquel, prata e até ouro fazem parte da estrutura deles, e se forem devidamente separados e diluídos, podem retornar ao processo produtivo como matéria-prima de um novo ciclo. A grande vantagem desse procedimento é reduzir a exploração de recursos naturais para produzir novos objetos de consumo. Todo esse processo, que envolve atitudes sustentáveis, empresas especializadas, normas e ética, se chama logística reversa e tem sido considerado a saída para um dos grandes impasses do século 21: a escassez de recursos naturais para acompanhar o crescimento frenético do consumo.
Esse é o negócio da Revertec, uma integrante da incubadora de econegócios (Incubalix) da Marca Ambiental, empresa responsável pelo primeiro aterro sanitário privado do Espírito Santo, referência em práticas sustentáveis e ações socioambientais. Dirigida pelos jovens Marcelo Henrique Silva Souza, Vitor e Luana Romero, o empreendimento ocupa galpão de 500 m² e conta com três funcionários. Atualmente a produção da Revertec é de 25 ton/mês.
Marcelo conta que a ideia surgiu ao constatarem a dificuldade em descartar corretamente equipamentos de refrigeração em desuso em 2005. Na época, ele trabalhava no Instituto Ideias e Vitor no programa de Eficiência Energética do estado capixaba. Pesquisaram e viram que só havia empresa especializada nesse serviço na capital paulista. Em 2007, começaram a desenvolver o projeto da Revertec para apresentar à Marca Ambiental. Em novembro de 2010, o empreendimento se tornou integrante da Incubalix.
“ Sabíamos das vantagens de ser incubado: redução de custos; estar dentro da Marca Ambiental; contar com o apoio do Sebrae, o que abriria portas pra gente”, justifica Marcelo. Ele revela que o licenciamento ambiental não foi fácil e levou praticamente dois anos para conseguir.
Mercado
O empresário lamenta que o serviço de destinação final de resíduos eletroeletrônicos ainda é desconhecido no mercado, apesar da legislação em vigor. “As pessoas não se sentem responsáveis por dar destinação correta ao material. Descartam no lixo normal. Além disso, há concorrência desleal nesse mercado, por exemplo, tem gente que recolhe gratuitamente, sem estar licenciado para isso”, relata.
A Revertec cobra pela destinação e armazena obrigatoriamente informações sobre os equipamentos descartados, como número de fabricação, nota fiscal e também emite certificado respectivo de destinação, com data, etc. O órgão ambiental fiscaliza os registros da empresa , informa. A Revertec não recebe: pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.
Todo o material separado pela Revertec é vendido para empresas de São Paulo e Rio de Janeiro, que exportam depois. Alguns dos materiais são reciclados apenas na Bélgica, segundo Marcelo. A meta da Revertec é exportar diretamente, futuramente, mas para isso será preciso crescer, contar com mais capital de giro, espaço e funcionários.
“Quando a Política Nacional de Resíduos Sólidos pegar, aí teremos mais negócios, porque as grandes e médias empresas terão de procurar empresas licenciadas como a nossa para descartar. Por enquanto, há muita concorrência de empresas de fora ou sem registro. Mas acreditamos que o mercado vai melhorar com a legislação”, prevê o Marcelo.