09/06/2012 - 07h30
A conta de luz dos consumidores de energia atendidos pelas 63 distribuidoras do país --como Eletropaulo e Cemig-- vai ficar mais cara nos próximos anos, informa reportagem deAgnaldo Brito publicada na Folha deste sábado.
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Além dos habituais reajustes anuais, há outro fator de pressão sobre os preços: a fuga de grandes consumidores para o chamado mercado livre de energia.
O problema mais imediato dessa debandada é o furo no planejamento de compra de energia pelas distribuidoras. Elas compraram energia para um cliente que foi embora. Essa fuga tem gerado a sobrecontratação das concessionárias.
Para reduzir o excesso de energia "encomendada", as distribuidoras devolvem contratos de velhas usinas, que têm preço menor. Sobram os contratos mais elevados, encarecendo a aquisição da energia, com reflexo na conta do consumidor.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | ||
Leia mais na edição da Folha deste sábado e entenda como isso afeta a tarifa da luz do consumidor residencial.
Sobra de energia vai elevar conta de luz do consumidor comum
São Paulo, sábado, 09 de junho de 2012
Compra de energia pelas concessionárias corresponde à metade do valor da conta; tema já preocupa o governo
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A conta de luz dos consumidores de energia atendidos pelas 63 distribuidoras do país -como Eletropaulo e Cemig- vai ficar mais cara nos próximos anos.
Além dos habituais reajustes anuais, há outro fator de pressão sobre os preços: a fuga de grandes consumidores para o chamado mercado livre de energia.
Criado em 1995, esse mercado é um ambiente de contratação fora das distribuidoras, cujo acesso para negociação só é permitido a consumidores com demanda acima de 500 KW -carga suficiente para abastecer 800 residências.
De acordo com a Abradee (Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica), em 18 meses, o número de consumidores livres no Brasil dobrou para 670 agentes, o que inclui clientes como shoppings e indústrias.
Jamais a fuga de consumidores do mercado comum de energia alcançara tamanha velocidade. Mas qual o problema dessa debandada?
O mais imediato é o furo no planejamento de compra de energia pelas distribuidoras.
Elas compraram energia para um cliente que foi embora. Essa fuga tem gerado um problema: a sobrecontratação das concessionárias.
SOBRA
A Abradee diz que algumas distribuidoras têm mais de 7% de sobra de energia entre 2013 e 2015. Há casos de sobras superiores a 20%.
Por lei, as empresas só podem ter 3% de excedente. É o máximo que os consumidores comuns pagam.
Para reduzir o excesso de energia "encomendada", as distribuidoras devolvem contratos de velhas usinas, que têm preço menor -os contratos mais novos, mais caros, não podem ser desfeitos.
É aí que o efeito da fuga de grandes consumidores para o mercado livre se materializa para o consumidor comum.
Com a saída de energia barata do mix tarifário, sobram os contratos mais caros. O resultado é que o custo de aquisição dessa energia fica maior. A compra de energia pela concessionária corresponde à metade do valor da conta de luz de um consumidor residencial.
O tamanho do aumento não será uniforme, mas a questão já entrou no radar do governo e pode anular o esforço que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) fez nos últimos anos para tentar frear a alta da tarifa de energia, com a redução do ganho das distribuidoras.
"Há tendência de elevação [da tarifa de energia], na medida em que são devolvidos contratos com preços mais baixos", diz Nelson Fonseca, presidente da Abradee.
CASOS CONCRETOS
O sinal amarelo surgiu com o recente reajuste tarifário de quatro distribuidoras em abril: Celpe (PE), Coelba (BA), Consern (RN) e Energisa (SE).
O custo de compra de energia delas foi maior de 2011 para 2012. Elas gastaram entre 14,63% e 21,80% mais para adquirir o mesmo volume.
O efeito desse sobrecusto resultou em aumento entre 7,71% e 10,73% na tarifa final.
A saída dos grandes clientes pesou para o consumidor não só porque terá de pagar mais para ter a mesma energia, mas também por ter de dividir, agora com menos clientes, o custo dos subsídios embutidos nas tarifas.