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O termo “eficiência” descreve, segundo Hordeski (2005), a capacidade de equipamentos que operam em ciclos ou processos produzirem os resultados esperados. Em uma visão física, o conceito de “eficiência” estaria limitado aos processos em que há conversão de energia e em que as formas inicial e final são visíveis ou perceptíveis – energia cinética, potencial, elétrica.
O conceito apresentado pela International Energy Agency (IEA, 2007) – de que eficiência energética é a obtenção de serviços energéticos, como produção, transporte e calor, por unidade de energia utilizada, como gás natural, carvão ou eletricidade – é análogo ao apresentado por Raskin et al. (2002), que utiliza o termo “atividade” para relacionar o uso de energia, ou melhor, a necessidade de sua redução.
Aqui, será adotado uma definição geral que resume esses conceitos: eficiência energética é a relação entre e a quantidade de energia final utilizada e de um bem produzido ou
serviço realizado.
Dentro dessa conceituação, eficiência está associada à quantidade efetiva de energia
utilizada e não à quantidade mínima teoricamente necessária para realizar um serviço,
conceito que se aproximaria do potencial de eficiência. Além disso, observe-se que o conceito adotado é aplicável tanto à manufatura, em que há um bem físico cujo conteúdo energético pode ser delimitado, quanto para serviços, em que o conteúdo energético não é por vezes tão claramente definido, embora neste caso seja mais pertinente considerar a energia requerida para prestação do serviço.
A despeito do questionamento sobre sua conveniência ou atualização, serão utilizadas neste trabalho expressões como “energia conservada” ou “conservação de energia” como sinônimos de consumo evitado ou reduzido. Embora não se trate aqui da conservação de energia (no sentido físico da expressão), mas sim a redução efetiva do consumo, tendo em vista sua larga aplicação na literatura expressões como “conservação de energia” e “energia conservada” serão utilizadas para indicar o processo (conservação) ou resultados de redução no consumo final de energia.
Patterson (1996) destaca o entendimento de “eficiência energética” como um processo
associado a um menor uso de energia por cada unidade de produção. Assim, mais relevante é a apuração de indicadores que expressem a variação na eficiência energética. Esses indicadores são em geral agrupados em quatro categorias principais, a saber:
- Termodinâmicos: baseados inteiramente na ciência da termodinâmica, indicam a relação entre o processo real e o ideal quanto à necessidade de uso de energia;
- Físicos-termodinâmicos: consideram a quantidade de energia requerida em unidades termodinâmicas, mas as saídas (produtos) são expressas em unidades físicas;
- Econômicos-termodinâmicos: têm como referência a energia requerida em unidadestermodinâmicas, mas os produtos são expressos em unidades econômicas (valores monetários);
- Econômicos: tanto a energia requerida como os produtos são expressos em grandezas econômicas.
Ao longo deste trabalho, a eficiência energética estará referida tanto a indicadores
específicos de consumo de energia por produto (termodinâmicos), quanto ao processo de
redução deste consumo para uma mesma quantidade de produto (físico-termodinâmicos).
Adicionalmente, a eficiência energética será expressa com utilização de indicadores sócio-
econômicos, como o consumo por residência ou habitante.
Os valores de eficiência energética no horizonte decenal (2010-2019) aqui apresentados
indicam a diferença entre a projeção do consumo final de energia2
, que incorpora esses ganhos de eficiência, e a projeção desse consumo na hipótese de serem os padrões tecnológicos e de uso da energia observados para o ano base. Esta é uma premissa relevante para a correta compreensão e contextualização dos resultados aqui apresentados e significam que:
- A quantificação apresentada considera um mesmo volume de saídas – produção física de bens industriais, prestação de serviços e conforto – sendo variável apenas a quantidade de energia necessária à sua produção ou realização;
- Não são consideradas mudanças de hábitos ou regime de operação de equipamentos, mas apenas ganhos associados ao consumo específico de cada equipamento ou processo avaliado.
Indicadores de eficiência energética
Seguindo-se a estruturação proposta por Patterson (1996), os critérios possíveis para
expressão da eficiência energética se associam aos setores ou atividades econômicas. Para
Schipper et al. (2001), indicadores energéticos descrevem as relações entre o uso de energia
e atividade econômica de forma desagregada, representando medições do consumo de energia e permitindo identificar os fatores que o afetam. Tolmasquim et al.(1998) destacam,
ainda, que os indicadores globais prestam-se a avaliar a eficiência energética de um país
como um todo, possibilitando a comparação com outros países e o acompanhamento da
evolução da eficiência ao longo do tempo.
Uma extensa lista de indicadores é apresentada em IAEA (2005), dentre os quais foram
selecionados como mais relevantes os apresentados na Tabela 2.
A terminologia utilizada neste trabalho para os indicadores globais que se aplicam na análise
das projeções de demanda realizadas no âmbito do planejamento da expansão da oferta de
energia no Brasil é, em geral:
NOTA TÉCNICA DEA 14/10
Avaliação da
Eficiência energética
na indústria e nas residências
no horizonte decenal (2010-2019)