08
Fev
2012
http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=63708:-especialista-diz-que-eventos-climaticos-associados-a-poluicao-podem-provocar-catastrofes-&catid=45:cat-seguros&Itemid=324
Durante a apresentação do tema “Fenômenos
naturais, seguros e sustentabilidade”, no I Workshop Inovação e Oportunidades em
Sustentabilidade, promovido ontem em São Paulo pela CNseg, René Hernande
explicou que a poluição do solo, por exemplo, causada por infiltração de
combustíveis, mesmo restrita a uma área limitada, poderá ter seus efeitos
ampliados caso ocorra uma inundação. “Os resíduos podem se espalhar por uma área
muito maior e ocasionar uma catástrofe ambiental”, afirmou. Efeito semelhante
pode ocorrer se a passagem de furacão encontrar pela frente um vazamento em
plataforma de petróleo. “Um furacão pode estar na origem ou na maximização de
um problema de contaminação já existente”, disse.
Para René Hernande, a degradação ambiental,
ainda que seja tratada como uma questão meramente econômica, é uma grave ameaça
à vida. Tanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou um estudo que
relaciona a deterioração do meio ambiente com a saúde humana, apontando a
prevalência de doenças como diarréia, infecções respiratórias, lesões
involuntárias, malárias e outras. Diferentemente da diarréia, que é mais
frequente entre classes pobres, as infecções respiratórias, de acordo com o
especialista, afetam todas as faixas de população.
René Hernande atribui a causa principal das
doenças respiratórias à poluição do ar pela constante emissão de CO2 (dióxido de
carbono). A situação é tão grave, segundo ele, que se as emissões de CO2
pudessem ser encerradas, seus efeitos ainda seriam sentidos por muitos anos.
Mesmo assim, ele não condena o CO2, que será importante fonte de calor, a seu
ver, quando a Terra entrar na era glacial, daqui a 1,5 mil anos.
No presente, porém, o aumento de dióxido de
carbono na atmosfera mantém relação com o crescimento das grandes catástrofes
naturais. O fato está registrado, de acordo com René Hernande, em um estudo da
Munich Re, que relaciona o aumento das catástrofes entre 1950 e 2010 com o
crescimento da emissão de CO2. A destruição e as mortes provocadas por esses
eventos se relacionam, por sua vez, com o setor de seguros.
Para dar uma ideia da abrangência desses danos,
ele apresentou um gráfico da OMS que indica as regiões com maior índice de
mortalidade atribuída à poluição do ar. O Brasil e o Chile na América do Sul,
juntamente com toda América do Norte e parte da Ásia, são as regiões onde se
registraram mais de 5 mil mortes, em 2011.
René Hernande também identificou na frequência
de raios no Brasil uma relação com o aumento da poluição. Considerando apenas os
dados das regiões monitoradas (Sul, Sudeste e parte da Centro-Oeste), entre 2009
e 2010, São Paulo lidera com 48% das ocorrências, seguida pelo Rio de Janeiro,
com 20%. Nesses locais, segundo avaliação do Inpe, a poluição se equipara com o
fenômeno El Niño entre os fatores intensificadores de raios.[3]
Mas os brasileiros estão mais preocupados com a
preservação ambiental, segundo René Hernande. Uma pesquisa do Ministério do Meio
Ambiente, realizada em 2002, revela que 81% dos entrevistados estão dispostos a
comprar produtos fabricados de maneira ecológica e que 38% abririam mão de
aumentos na produção e no abastecimento de energia, se isso implicasse em melhor
tratamento ao meio ambiente. “Algumas empresas acreditam que doar plantinhas e
canequinhas são ações sustentáveis. Mas é enrolação. Precisamos levar mais a
sério os danos à natureza ou estaremos cometendo suicídio e homicídio”, disse.